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sexta-feira, 3 de julho de 2020

Arquitetura Manuelina - Exemplos Portugal e Brasil

I - O Estilo Manuelino


O Estilo manuelino, por vezes também chamado de gótico português tardio, é um estilo decorativo ou escultórico que se desenvolveu no reinado de D. Manuel I e prosseguiu depois da sua morte. Embora já existisse desde o reinado de D. João II foi no reino de Dom Manuel I que ele se consolidou. É uma variação portuguesa do Gótico final, bem como da arte luso-mourisca, marcada por uma sistematização de motivos iconográficos próprios, simbolizando o poder régio e incorporando mais tarde, ornamentações do Renascimento italiano. 


foto da entrada do mosteiro dos Jerônimos em Lisboa onde se vê uma profusão de pequenas esculturas e decorações em pedra semelhandos-se a um bordado
Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, foto de Sergey Kelin em shutterstock.com


O termo "Manuelino" foi criado por Francisco Adolfo Varnhagen na sua Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de Belém, de 1842. O Estilo desenvolveu-se numa época propícia da economia portuguesa e deixou marcas em todo o território nacional.


Características Principais


A característica dominante do Manuelino é a exuberância de formas e uma forte interpretação naturalista-simbólica de temas originais, eruditos ou tradicionais. A janela, tanto em edifícios religiosos como seculares, é um dos elementos arquitetónicos onde melhor se pode observar este estilo. Estes motivos aparecem em construções, pelourinhos, túmulos ou mesmo peças artísticas, como em ourivesaria.

O conjunto decorativo de um elemento escultórico manuelino apresenta-se quase sempre como um discurso de pedra, onde diversos elementos e referências se cruzam como o simbolismo cristão, a alquimia, a tradição popular, etc.

Três exemplos de elementos decorativos - fotos da wikimedia commons

primeira foto: Esfera armilar como elemento ornamental, no Claustro de D. João I, no Mosteiro da Batalha.

segunda foto: Janela do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar é uma das mais referidas obras neste estilo.

terceira foto: Interior da Igreja do Convento dos Jerônimos com seu teto de abóbadas poli nervuradas


Esfera armilar como elemento ornamental, no Claustro de D. João I, no Mosteiro da Batalha.
foto Manuel Anastácio
A janela do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar é uma das mais referidas obras neste estilo.
foto Alvesgaspar
abóbada poli nervurada
foto Zuffe


Os motivos mais frequentes da arquitectura manuelina são a esfera armilar, conferida como divisa por D. João II ao seu primo e cunhado, futuro rei D. Manuel I, mais tarde, interpretada como sinal de um desígnio divino para o reinado de D. Manuel, a Cruz da Ordem de Cristo e elementos naturalistas: Corais, Algas, Alcachofras, Pinhas, animais vários e elementos fantásticos: Ouroboros, Sereias, gárgulas.


II. - Exemplos da Arquitetura Manuelina em Portugal


a) Mosteiro dos Jerônimos


Iniciado a pedido do Rei Dom Manuel I, em 1501, o Mosteiro dos Jerônimos tinha a finalidade de reunir em panteão a dinastia Avis-Beja por ele iniciado. O Mosteiro vinha substituir a igreja de Santa Maria de Belém, onde os monges da Ordem de Cristo prestavam assistência aos marinheiros em trânsito. A construção levou cerca de cem anos para ficar pronta, e foi praticamente custeada pelo rei.


Outra foto da entrada do Mosteiro dos Jerônimos mostrando sua decoração quase bordada em pedra
Mosteiro dos Jerônimos, foto HistoriacomGosto


Para ocupar o Mosteiro, O rei Dom Manuel escolheu a ordem de São Jerônimo, e deu-lhes as funções de rezar pela alma do rei e prestar assistência espiritual aos marinheiros e navegadores que dali partiam para o descobrimento de novas terras. A ordem de São Jerônimo ocupou o espaço por cerca de quatro séculos. Ela foi dissolvida em 1833 e o lugar foi então desocupado.



foto do claustro do mosreiro dos jerônimos mostrando seus arcos
interior do mosteiro, foto historiacomgosto
foto dos corredores do claustro mostrando o excesso de nervuras e arcos
interior mosteiro, foto de Tito Wong


b) Torre de Belém


Ponto de partida dos navegadores portugueses na Era dos Descobrimentos, a Torre de Belém foi encomendada por Dom Manuel I para ser construída como uma fortaleza no meio do Tejo. A sua construção durou de 1515 a 1521 e a beleza da sua decoração externa imitando cordas esculpidas na pedra, tornaram a Torre o cartão postal de Lisboa e é o monumento mais visitado e fotografado da capital portuguesa.


foto da torre de Belém com sua decoração externa parecendo cordas esculpidas em pedra
Torre de Belém, Lisboa, foto HistoriacomGosto


c) Mosteiro da Batalha


O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, é um mosteiro dominicano situado na vila de Batalha, na região do Centro, província da Beira Litoral, em Portugal, que foi mandado edificar em 1386 pelo rei D. João I de Portugal como agradecimento à Virgem Maria pela vitória contra os rivais castelhanos na batalha de Aljubarrota. 

Este mosteiro da Ordem de São Domingos foi construído ao longo de dois séculos até cerca de 1563, durante o reinado de sete reis de Portugal, embora desde 1388 já ali vivessem os primeiros frades dominicanos. Exemplo da arquitectura gótica tardia portuguesa, ou estilo manuelino, é considerado património mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete Maravilhas de Portugal.


foto do mosteiro de Batalha no estilo manuelino e considerado uma das sete maravilhas de Portugal
mosteiro de Batalha, vila de Batalha, foto de Nessa Gnatoush  em shutterstock.com

d) Convento de Cristo - Tomar


O Convento de Cristo (século XII – século XVIII) é a denominação atribuída a um conjunto de edificações históricas situado na freguesia de São João Baptista, cidade de Tomar, Portugal. O início da sua construção remonta a 1160 e está intimamente ligado aos primórdios do reino de Portugal e ao papel então desempenhado pela Ordem dos templários, tendo sido reconfigurado e expandido nos séculos subsequentes, quando aí estava sedeada a Ordem de Cristo.

Construído ao longo de centenas de anos por alguns dos mais importantes mestres e arquitetos a trabalhar em território nacional (Diogo de Arruda, João de Castilho e Diogo de Torralva entre tantos outros), este conjunto arquitetónico inclui edificações diversificadas, quase todas de notável relevância patrimonial, podendo destacar-se o castelo medieval, os claustros quatrocentistas, a igreja manuelina e o convento renascentista.


Pa´tio interno do convento de Tomar que foi o refúgio dos templários depois de sua expulsão da França e o madato de fechamento da ordem pelo Papa. Portugal conseguiu autorizaçao para que os abrigasse mas sem ser a ordem propriamente dita. apenas como religiosos
Igreja do Convento de Cristo, Tomar, foto de  Pigprox em shutterstock.com


III. - Exemplos da Arquitetura Manuelina no Brasil


a) Real Gabinete Português de Leitura - Rio de janeiro



Em 14 de maio de 1837, na residência do Dr. Antônio José Coelho Lousada, após uma exposição do advogado e jornalista José Marcelino da Rocha Cabral, foi criado o Gabinete Português de Leitura. Estavam presentes 43 acionistas, e o objetivo da associação era promover a instrução e melhorar o nível de conhecimento dos compatriotas que chegavam para realizar seus projetos de vida no país de acolhimento.

Quando se consumou a decisão de integrar o lançamento da pedra fundamental da biblioteca no âmbito daquela data comemorativa, foi afastado o projeto de Rafael da Silva Castro e, o “plano do edifício, cuja fachada principal seria modelada no estilo manuelino”, era o que tinha sido encomendado ao “provecto e distinto arquiteto o Sr comendador Bethencourt da Silva” o que significava a certeza antecipada de se tratar de uma “obra de mérito”; apesar disso, era ponto assente que “a fachada manuelina viria completa de Lisboa, e que no plano da obra entraria considerável material de ferro”.


Fachada do Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro com suas esculturas de personagens historicos, mutos arcos nas janelas e muito rebuscado na decoração parecendo bordado em pedra
Real gabinete português de leitura, Rio de Janeiro, foto historiacomgosto


Em 10 de Setembro de 1887 se festejou o quinquagésimo aniversário da fundação do Gabinete, “a livraria já se achava colocada nas galerias da grande sala da biblioteca” e as festividades puderam desenrolar-se nas novas instalações sitas na antiga rua da Lampadosa, embora as obras só tivessem terminado em Setembro do ano seguinte. Foi realizada uma cerimônia com a presença da Princesa Isabel e o Conde d'Eu em 10 de setembro de 1887

A inauguração oficial foi efetivamente acontecida a 22 de Dezembro de 1888.


b) Biblioteca real portuguesa - Salvador



A construção segue ao mesmo estilo neomanuelino dos edifícios de outros gabinetes, como o erguido no Rio de Janeiro para sede do Real Gabinete Português de Leitura e o em Santos, embora com fachada maior, e em três frentes: uma para a Praça da Piedade, outra para a rua Direita da Piedade e outra para a Avenida Joanna Angélica, sendo ao fundo uma pequena praça, pertencente à própria instituição. O estilo possui influência árabe.

O edifício ocupa o pequeno quarteirão onde se localiza e foi obra do arquiteto Alberto Borelli.

Em sua fachada erguem-se imponentes duas estátuas, representando Pedro Álvares Cabral e Camões. Possui, ainda um belo vitral alegórico da primeira missa no Brasil, e dois murais representando "O Adamastor" e Camões a salvar Os Lusíadas.



Outro gabinete de leitura portugûes se encontra em Salvador. A sua fachada é parecida com a do Rio com o pé direito menor. Mesmo estilo manuelino nas janelas com arcos e costuras em pedra
Biblioteca Real de Leitura, Salvador, foto mundolusitano.com.br



IV. - Referências



wikipedia - Todos os temas

historiacomgosto - gabinete real de leitura rio de janeiro

mundolusitano.com.br - foto da biblioteca real de leitura em Salvador