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domingo, 19 de maio de 2019

Músicas do Rio Grande do Sul - "Querência Amada", Teixerinha

1. - Querência Amada


Em uma de suas músicas mais famosas Teixeirinha cantava: “Quem quiser saber quem sou, olha para o céu azul, e grita junto comigo: Viva o Rio Grande do Sul!”. Mais à frente, na mesma música, ele dizia: “O lenço me identifica. Qual a minha procedência?!

Ao final da mesma ‘Querência Amada’, ele proclamava: “Deus é gaúcho. De espora e mango. Foi maragato ou foi chimango. Querência amada. Meu céu de anil. Este Rio Grande gigante. Mais uma estrela brilhante. Na bandeira do Brasil”. (Querência amada, TEIXEIRINHA)


Observação:

Querência - Palavra usada pelos gaúchos ou pessoas da região sul do Brasil para se referirem a sua cidade, povoado, vila. Significa também afetividade, afeto, amor.


A música





2. - Revolução Federalista


Texto abaixo foi retirado do Blog de Rafael Burd ele aborda a Revolução Federalista
Link:  http://historiaeavida.blogspot.com.br/2011/08/foi-maragato-ou-foi-chimango.html

A Revolução Federalista foi um dos episódios mais sangrentos da história rio-grandense. A disputa foi marcada pelo embate entre federalistas e republicanos, com o uso da violência por ambas as partes.  


 foto do Marechal Deodoro da Fonseca   Inicialmente é preciso entender as razões do confronto. O Brasil havia se tornado uma república em 1889. Os primeiros governos, Deodoro e Floriano, assumiram uma condição centralizadora e autoritária, apesar de a Constituição de 1891 dar certa autonomia para os estados, no modelo norte-americano.

O Rio Grande do Sul, portanto, também teve a sua Constituição, que teve o dedo do chefe político da região, Julio de Castilhos. Esta tinha uma forte inspiração no positivismo do francês Augusto Comte, que pretendia avanços industriais e econômicos, mas sem grandes mudanças sociais. No Rio Grande do Sul, este projeto foi abraçado pelas classes médias e pelos grupos de imigrantes que prosperavam.

A Constituição do estado, por sua vez, previa um Poder Executivo forte, com direito a reeleição e um Poder Legislativo débil. Assim, Julio de Castilhos poderia governar com mais força e autoridade. Isso acabaria desagradando alguns setores, principalmente as velhas oligarquias dos coronéis estancieiros ligados à antiga Coroa. Grosso modo, se formaram dois grupos:

Os federalistas ou maragatos – Os revoltosos, favoráveis à monarquia e ao parlamentarismo. Eram contrários ao texto constitucional rio-grandense, pois limitava o poder destes “coronéis”, ou estancieiros, principalmente da região da Campanha. Além disso, as medidas econômicas do novo governo republicano eram insatisfatórias para eles. Seu principal líder foi Gaspar Silveira Martins. Usavam o lenço vermelho em volta do pescoço. Em “O sobrado” são representados pela família Amaral, que promove o cerco ao casarão.

Os republicanos ou chimangos – Os legalistas, defensores do regime republicano, tendo o apoio do presidente do Brasil, Floriano Peixoto. Tinham o apoio das elites rurais do litoral e da serra do estado e das classes médias urbanas. Seus principais líderes eram Julio de Castilhos e seu sucessor, Borges de Medeiros. Tinham um uniforme azul e quepe vermelho, que lhes valeu o apelido de “pica-paus”. Adotaram o lenço branco em volta do pescoço. Na obra de Erico Verissimo são representados pela família Terra Cambará, sitiada no sobrado.

 foto de Julio de Castilhos
Julio de Castilhos
A revolta começou em 1893, pouco depois de Julio de Castilhos ter vencido as eleições daquele ano. Terminou em 1895, com a promessa de que o texto constitucional do Rio Grande do Sul seria revisto pelos governistas, o que não ocorreu. No plano militar, a guerra foi vencida pelos republicanos, que por serem as tropas do governo, dispunham de mais recursos, como, por exemplo, o uso da Brigada Militar.

O sucessor de Floriano Peixoto na presidência do país foi Prudente de Morais, que deu início à chamada “República do café-com-leite”, marcada pelo domínio das elites paulistas e mineiras. Os candidatos a presidentes se revezavam, ora de um estado ora de outro.

foto de Getúlio Vargas
Getúlio Vargas
Os estados ganharam ainda mais autonomia a partir desse momento. Mesmo assim, predominava no Rio Grande do Sul o governo dos republicanos, comandados por Borges de Medeiros, que se reelegeu inúmeras vezes. A continuidade dos problemas e da rivalidade entre federalistas e republicanos foi eclodir em outra revolta no ano de 1923. A questão só foi se acalmar em 1928, com a ascensão de Getúlio Vargas ao governo rio-grandense.

A Revolução Federativa durou “apenas” dois anos, tempo suficiente para derramar muito sangue na província. Ela não foi marcada por atos de heroísmo, mas pela violência e pela barbárie, assim como qualquer outra guerra.

3. - Teixerinha


Vítor Mateus Teixeira (Rolante, 3 de março de 1927 — Porto Alegre, 4 de dezembro de 1985), mais conhecido pelo seu nome artístico Teixeirinha ou o "Rei do Disco" (pelos recordes de vendas), foi um cantor, compositor e ator gaúcho nascido na cidade de Rolante (RS).

Sua música de maior sucesso é Coração de Luto, que vendeu mais de 25 milhões de cópias, e já foi regravada por diversos intérpretes, entre eles, a dupla Milionário e José Rico, com uma roupagem mais sertaneja.

Teixeirinha com seis anos, perdeu o pai e, com nove anos, perdeu a mãe, ficando órfão. Foi morar com parentes, mas esses não tinham condições de o sustentar. Saiu de sua cidade natal ainda menino, seguindo sua caminhada pelo mundo.


 foto de Teixeirinha
Aos 18 anos alistou-se no exército, mas não chegou a servir. Nessa ocasião foi trabalhar no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), como operador de máquinas, onde ficou por seis anos. Dali saiu para tentar a carreira artística, cantando nas rádios do interior, nas cidades de Lajeado, Estrela, Rio Pardo e Santa Cruz do Sul.

Com o coração voltado para a música, nas horas vagas já era solicitado para animar festas, iniciando assim sua carreira com shows. Sem estudar canto nem música, possuía muita capacidade de improvisação e repentismo. A beleza simples de suas letras e a melodia comunicativa de suas músicas eram frutos de inspiração espontânea, gerados por sua vivência, seu amor à vida e aos seus semelhantes.

Teixeirinha teve um recorde de venda de discos sendo que,até 1983, lançou 70 LPs, compôs por volta de 1 200 canções e vendeu mais de 100 milhões de cópias.

4. - Curiosidade: A escolha da música do Rio Grande do Sul

Em meados do ano 2000, o tradicional jornal gaúcho Zero Hora criou um evento "A Música do Rio Grande do Sul", que através do voto popular deveria indicar qual a música mais representativa do estado. 

Um júri composto por músicos jornalistas e pesquisadores convidados ficou incumbido de indicar as cinco músicas mais representativas. As cinco saíam impressas diariamente no jornal e o público ficou encarregado de escolher entre elas. 

No dia 20 de setembro, dia do gaúcho, o resultado foi anunciado  e a vencedora foi "Céu, sol, Sul, terra e cor" de Leonardo. Entretanto o que foi mais enfatizado na reportagem do dia foi a segunda colocada "Querência Amada". A surpresa foi em razão dessa música, apesar de ter recebido votos dos jurados, não entrou noa relação das cinco mais votadas pelo júri e indicadas para a escolha popular. Houve uma mobilização dos fãs da música e do povo em geral que acabou mesmo ela não constando oficialmente na cédula, figurando como a segunda mais indicada pelo povo.


5. - Referência


Por Fátima Feliciano - https://portal.metodista.br/mutirao-do-brasileirismo/cartografia/verbetes/america-do-sul/teixeirinha

"Canta meu povo", dissertação de mestrado na UFRGS de Francisco Alcides de Cougo Junior.

Wikipedia - Teixerinha