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terça-feira, 9 de abril de 2024

Pompeia, uma cidade interrompida!

 1. Origens até a colonização romana


Pompeia foi originalmente um assentamento osco no século 8 a.C., antes de passar sob o controle dos samnitas, e eventualmente se tornar parte do Império Romano no século 1 a.C. Com sua localização estratégica e o desenvolvimento de infraestruturas como o porto e as estradas, Pompeia floresceu, atraindo comerciantes e visitantes de todo o Mediterrâneo.

Pompeia atual, foto Campania Hotel


Obs: Os Oscanos, ou Óscos, eram um dos vários povos itálicos que habitavam a península Itálica antes e durante o início da expansão romana. Eles falavam o osco, uma língua do grupo itálico que também incluía o latim, entre outras línguas. Os samnitas eram outra tribo que também falava o oscano mas era mais organizada e mais guerreira


Conquista Romana e Aliança


Pompeia, originalmente um assentamento osco, entrou pela primeira vez na esfera de influência romana no século IV a.C. Durante as Samnitas Wars, particularmente a Segunda Guerra Samnita (326-304 a.C.), Pompeia e outras cidades da Campânia encontraram-se no meio do conflito entre Roma e os Samnitas, um poderoso povo itálico que controlava uma grande área da Itália central e meridional. Após a derrota dos Samnitas, Pompeia e suas cidades vizinhas foram forçadas a reconhecer a supremacia de Roma, tornando-se aliadas (socii) de Roma.


Estatuto de "Socii"

Como socii, Pompeia manteve um grau de autonomia, incluindo o direito de governar-se e de gerir os seus próprios assuntos internos, mas estava obrigada a fornecer apoio militar a Roma quando solicitado. Esta relação permitiu a Pompeia prosperar sob a paz romana (Pax Romana), beneficiando-se do comércio e da estabilidade proporcionados pelo império em expansão.
Rebelião e Revolta

A relação entre Pompeia e Roma não foi, no entanto, sem tensões. No contexto da Guerra Social (ou Guerra dos Aliados) de 91-88 a.C., Pompeia juntou-se a outros povos itálicos numa revolta contra Roma, buscando o pleno direito de cidadania romana e uma maior igualdade dentro do sistema romano. A guerra foi marcada por conflitos brutais e extensos, mas terminou com a concessão da cidadania romana aos povos itálicos, incluindo os habitantes de Pompeia.
Colonização e Romanização

Após a Guerra Social, Pompeia foi transformada numa colônia romana, a Colônia Cornelia Veneria Pompeianorum, em 80 a.C., sob o general romano Sula. Este evento marcou o início de uma intensa romanização de Pompeia. A cidade foi reestruturada segundo o modelo romano, com a construção de novos edifícios públicos, um fórum, templos e um teatro, refletindo a arquitetura e os valores romanos. A população local foi aumentada com a chegada de veteranos romanos, que se estabeleceram na cidade como colonos, trazendo consigo as práticas, a língua e a cultura romanas.

2. - Organização e vida de Pompeia entre 60 e 79 d.C.


O Terremoto de 62

Na época da erupção, a cidade tinha aproximadamente 20 000 habitantes, estando localizada na região onde os romanos mantinham suas vilas de férias. Os moradores já haviam se habituado a tremores de terra de pequena intensidade, mas, em 5 de fevereiro de 62, um grave sismo provocou danos consideráveis na baía e particularmente em Pompeia. 

Acredita-se que o terremoto tenha atingido uma intensidade de 5 ou 6 na escala de Richter, provocando caos na cidade, então em festividades. Templos, casas e pontes foram destruídos, e as cidades vizinhas de Herculano e Nuceria foram também afetadas. Não se sabe quantas pessoas deixaram Pompeia, mas um número expressivo mudou-se para outros territórios do Império Romano, enquanto as remanescentes deram início à árdua tarefa de superar os saques, fome e destruição, enquanto tentavam reconstruir a cidade.


Economia e Comércio

Pompeia beneficiava-se de sua localização estratégica próxima ao Mar Tirreno, servindo como um importante centro comercial que facilitava o comércio entre Roma e as províncias do sul da Itália. A economia da cidade era diversificada, com um forte enfoque na agricultura, especialmente na produção de vinho e azeite, que eram exportados por todo o império. Além disso, a cidade abrigava uma variedade de ofícios e comércios, incluindo padarias, lavanderias, oficinas de tecelagem e cerâmica, evidenciando uma comunidade urbana vibrante e economicamente ativa.

Vida Urbana e Social

A estrutura urbana de Pompeia refletia o planejamento típico de uma cidade romana, com ruas reticulares, um fórum central que funcionava como coração político e social, termas públicas, teatros e anfiteatros. Estas estruturas não apenas atendiam às necessidades diárias dos cidadãos, mas também serviam como locais para eventos sociais, políticos e religiosos que fortaleciam a coesão da comunidade.

A vida social em Pompeia era rica e diversificada, com uma agenda cheia de festivais religiosos, competições atléticas, espetáculos teatrais e lutas de gladiadores. Estes eventos eram momentos cruciais para a expressão da identidade comunitária e para o entretenimento da população.

Práticas Religiosas

A religião desempenhava um papel central na vida dos pompeianos, com um panteão que incluía deidades romanas, locais e importadas. Templos dedicados a Júpiter, Apolo, Vênus e outros deuses romanos pontuavam a paisagem urbana, enquanto santuários menores e larários (altares domésticos) atestavam a prática de cultos domésticos e a veneração dos antepassados. A inclusão de deidades egípcias, como Ísis, reflete a natureza cosmopolita da cidade.

Vida Doméstica

As casas em Pompeia, desde modestas residências até luxuosas villas, eram centros de vida familiar e social. Muitas casas eram ricamente decoradas com afrescos que retratavam cenas mitológicas, paisagens e atividades cotidianas, oferecendo um vislumbre da estética e dos valores da época. Os pompeianos valorizavam a hospitalidade, e muitas casas eram projetadas com átrios e peristilos que facilitavam a realização de banquetes e reuniões sociais.


3. - A Erupção do Vesúvio


Quando o Vesúvio finalmente entrou em erupção, a magnitude e a violência do evento foram surpreendentes. A erupção começou no dia 24 de agosto de 79 d.C., lançando uma coluna de cinzas e rocha a uma altura de cerca de 30 quilômetros no céu. Isso foi seguido pela precipitação de pomes e outros materiais vulcânicos sobre Pompeia, enterrando a cidade. Nas horas seguintes, fluxos piroclásticos e surges (ondas de gases quentes e cinzas) atingiram Pompeia e as áreas circundantes, causando destruição adicional e a morte daqueles que não haviam fugido.

Percepção e Reação

Apesar dos sinais precursores, a maioria dos habitantes de Pompeia e Herculano não reconheceu a gravidade do perigo iminente até que fosse tarde demais. A falta de conhecimento sobre vulcanologia e a inexistência de sistemas de alerta precoce contribuíram para a tragédia. Alguns habitantes conseguiram fugir a tempo, mas muitos outros foram pegos de surpresa pela rapidez e intensidade da erupção.

Um estudo vulcanológico multidisciplinar e bio-antropológico das consequências e vítimas da erupção, aliado à simulações e experimentos numéricos, indicam que no Vesúvio e nas cidades circunvizinhas, o calor foi a principal causa de morte, no que anteriormente se supunha ser devido às cinzas e sufocação. Os resultados do estudo demonstram que a exposição ao calor de pelo menos 250 °C a uma distância de 10 quilômetros da erupção foi suficiente para causar morte instantânea, mesmo daqueles abrigados em construções. 

A população e construções de Pompeia foram cobertos por doze diferentes camadas de piroclasto, que caiu durante seis horas e totalizou 25 metros de profundidade. Plínio, o Jovem, forneceu um relato de primeira-mão da erupção do Vesúvio de sua posição em Miseno, do outro lado do golfo de Nápoles, numa versão escrita 25 anos após o evento.


4. - Pompeia atual


4.1 - O Fórum Romano


O Fórum de Pompeia foi construído por volta do século IV a.C., próximo a um ponto de comunicação crucial que ligava Neápolis, Nola e Stabiae. Construído com tufo vulcânico e lava solidificada, havia muitas lojas na área que acabaram sendo conquistadas e expandidas pelos romanos por volta do século II a.C.

A renovação completa feita pelos romanos incluiu o surgimento de vários edifícios culturais e políticos. Sob o comando do imperador romano Augusto, foram realizadas obras de restauração durante o século I a.C., que incluíram novas estruturas, como o edifício de Eumachia, o santuário de Augusto e o Macellum.




Após os efeitos devastadores do terremoto em 62 d.C., os esforços de reavivamento começaram em toda a cidade de Pompeia, incluindo o Fórum de Pompeia. Os resultados e os vestígios desse reavivamento são o que vemos hoje no Fórum de Pompeia e em seus arredores.

4.2 - O Anfiteatro




4.3 - A Casa dos Vetii









4.4 - O Lupanare




4.5 - As Termas



4.6 - Villa dei Misteri


5. - Referências


domingo, 7 de abril de 2024

Capri, beleza da costa

 1. - Introdução


Capri, uma ilha encantadora localizada no golfo de Nápoles, na Itália, tem uma história rica e fascinante que se estende desde a pré-história até os dias atuais. Ao longo dos séculos, Capri foi habitada por gregos, romanos, e conquistada por diversas nações, cada uma deixando sua marca na cultura, arquitetura e tradição da ilha.

Visão Geral



2. - Pequeno Resumo Histórico


Os primeiros habitantes de Capri são um tema de estudo e fascínio, com evidências que remontam à pré-história. Acredita-se que a ilha tenha sido inicialmente ocupada durante o Neolítico, por volta de 8.000 a.C., por grupos de caçadores-coletores que mais tarde deram lugar a comunidades agrícolas.

As primeiras evidências concretas de assentamentos permanentes em Capri datam da época dos gregos, especificamente dos séculos VIII e VII a.C. Os gregos foram atraídos para a ilha devido à sua localização estratégica no Mar Tirreno, bem como pela sua beleza natural. Eles estabeleceram as bases para muitos dos caminhos, muros e estruturas que seriam posteriormente desenvolvidos e expandidos pelos romanos. Além disso, é aos gregos que se atribui a introdução do cultivo de videiras e oliveiras, práticas agrícolas que se tornariam importantes para a economia local.

Mapa da Ilha de Capri


A presença grega em Capri é evidenciada por achados arqueológicos, incluindo fragmentos de cerâmica e inscrições, que sugerem uma presença e influência significativas. Estes primeiros habitantes nomearam a ilha como "Kapros", em referência aos javalis selvagens que eram comuns na região.

Após o período grego, Capri caiu sob o domínio romano, tornando-se um retiro popular para os ricos e poderosos do Império Romano, incluindo os imperadores Augusto e Tiberius. No entanto, a importância e o impacto dos primeiros habitantes gregos na formação da identidade cultural e histórica de Capri permanecem evidentes até hoje.


História de Capri

Era Antiga: A história de Capri é marcada pela presença de figuras ilustres desde a antiguidade. Os romanos foram especialmente atraídos pela beleza da ilha, com o Imperador Augusto e seu sucessor, Tiberius, sendo os personagens mais notáveis. Tiberius, em particular, construiu várias villas na ilha, incluindo a famosa Villa Jovis, demonstrando seu amor por Capri.

Idade Média até o século XIX: Ao longo da Idade Média, Capri foi invadida por piratas e conquistada por várias potências, incluindo os normandos e os espanhóis. No século XIX, Capri tornou-se um destino popular entre artistas, escritores e intelectuais europeus, encantados pela beleza natural da ilha e pelo seu clima ameno.

Século XX até o Presente: No século XX, Capri continuou a atrair figuras de destaque da cultura e do entretenimento, consolidando-se como um destino de luxo e inspiração artística.


3. - Locais de Interesse em Capri

  • Villa Jovis (Vila de Júpiter): A maior das residências imperiais romanas em Capri.

Vila de Júpiter ou "Villa Jovis" é um palácio romano construído pelo imperador Tibério e completado em 27 d.C. Tibério governou principalmente de lá até sua morte em 37 d.C.

Villa Jovis é a maior das doze vilas tiberianas em Capri mencionadas por Tácito. O complexo inteiro, abrange vários terraços e uma diferença na elevação de cerca de 40 m, cobre alguns 7,000 m² (1.7 acres).



Enquanto os restantes oito níveis de muros e escadarias apenas denotam a grandeza que o edifício deveria ter tido em seu tempo, reconstruções recentes têm mostrado a vila para ser um notável testamento para a arquitetura romana do século I.
  • Gruta Azul (Grotta Azzurra): Uma caverna marinha famosa pela cor azul intensa de suas águas.
  • Villa San Michele: A casa do médico sueco Axel Munthe, hoje um museu.
Villa Michele, foto Wikipedia


  • I Faraglioni: Três espetaculares formações rochosas que emergem do mar.

As pilhas de Capri são três formações rochosas localizadas a sudeste da ilha de mesmo nome , famosas em todo o mundo graças ao panorama evocativo e histórico que oferecem os jardins de Augusto .

Estas saliências são identificadas com três nomes distintos: o primeiro (unido ao continente) é Faraglione di Terra; a segunda, separada da primeira pelo mar, é a do Meio; enquanto o terceiro, que se estende em direção ao mar, é o Faraglione di Fuori. Este último é muito conhecido por ser o único habitat do famoso lagarto azul .




I faraglioni, foto dreamstime

Etimologicamente o nome deriva do grego faros , que significa farol.

Antigamente, de facto, nas montanhas e rochas próximas da costa, acendiam-se grandes fogueiras durante a noite, para sinalizar aos navegadores tanto o percurso como quaisquer obstáculos perigosos para a própria navegação. As pilhas provavelmente tinham a mesma função.

  • Giardini di Augusto: Belos jardins com vistas espetaculares das falésias de Capri.

  • Porto de chegada - Marina grande:




  • Piazetta


4. - Dados de Interesse


Como ir para Capri a partir de Nápoles:

Para a viagem de barco Nápoles - Isola di Capri, é melhor viajar com: Snav ou NLG. Além disso, você pode acessar a plataforma ou o app Omio para encontrar opções para a viagem Nápoles - Isola di Capri. Afinal, o mais importante é chegar ao seu destino, Isola di Capri, em segurança!

Ida Capri ==> 08:00h / 08:35h / 09:10h / 10:10h (50 min)
Volta Capri ==> 14:40h / 16:30h / 19:15h (50 min)

Reservas podem ser feitas online no site da Direct Ferries.
local de partida em Nápoles:
Os barcos (aliscafi) para Capri partem do Molo Beverello. Do Plebiscito Boutique rooms é 9 min de carro (2,1 km) ou 15 min andando (1,1 km).  Eles chegam Capri na Marina Grande.

Como ir de Marina Grande para a Piazetta ? 

A maioria dos visitantes chega a Capri nos barcos que atracam na Marina Grande. Para chegar ao centro da cidade, a opção mais fácil e barata é o funicular, um teleférico que sobe a colina até a cidade desde a marina.  Opera a cada 2 minutos entre as 6h30 e as 23h, a viagem dura 5 minutos e o bilhete custa 1,80 €

Um bilhete único custa 1,80 € (preço em 2022) e pode ser adquirido nas bilheteiras da Marina Grande, na Piazza della Pace em Anacapri e perto da Piazzetta no centro da cidade de Capri.

Um bilhete diário custa 8,60 € e permite um número ilimitado de viagens de autocarro ou duas viagens no funicular entre a Marina Grande e Capri.
A rota mais popular é aquela que circula entre Capri e Anacapri. É uma viagem curta (cerca de 15 minutos), mas emocionante, porque percorre penhascos íngremes com vistas extraordinárias. Olhar pela janela, em certos momentos, pode causar algum desconforto a quem tem medo de alturas.

Os passeios de barco são uma das coisas mais populares para fazer em Capri. É fácil alugar um barco para um passeio privado ou simplesmente fazer uma excursão de grupo.
Os passeios organizados partem da Marina Grande, o porto principal de Capri, e em regra continuam ao longo da costa sul da ilha até às famosas formações rochosas Faraglioni e até o pitoresco Farol de Punta Carena.

A Gruta Azul é uma das atrações mais visitadas da ilha. Além dos encantadores reflexos azul-turquesa das suas águas cristalinas, é a experiência de entrar na gruta que a torna verdadeiramente excecional: o acesso só é possível nos tradicionais barcos "gozzi", guiados com mestria pelos barqueiros de Capri.

A Gruta Verde, localizada no lado sul da ilha, imediatamente a seguir à Marina Piccola, também merece uma visita pelos seus reflexos únicos e tons de esmeralda da água cristalina.



Como ir para Capri a partir de Sorrento:




5. - Referências