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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A história do quadro "Jesus Misericordioso".

1. - Introdução  


A Divina Misericórdia é uma devoção consistindo da atitude da confiança para com Deus e da misericórdia para com o próximo. A divulgação dessa devoção se deve a Santa Faustina Kowalska, que é considerada uma das grandes místicas cristãs da Igreja Católica. Em seu Diário, a religiosa relatou ter recebido instruções de Jesus, através de aparições, para que desse a conhecer ao Mundo a Sua Misericórdia.

Quadro Original de Jesus Misericordioso


quadro com a Pintura original, Eugênio Kazimirowski depois de restaurada
Pintura original, Eugênio Kazimirowski depois de restaurada



De acordo com os dizeres de Santa Faustina a devoção ao Jesus Misericordioso se deve proceder através dos seguintes passos:

  1. a Imagem de Jesus Misericordioso com a inscrição Jesus, eu confio em Vós
  2. o Terço à Divina Misericórdia;
  3. a Festa da Misericórdia;
  4. a Oração das três horas da tarde (em memória da hora da Sua morte);
  5. divulgando a devoção à Divina Misericórdia.

Esses meios especiais são,  um acréscimo ao Sacramento da Eucaristia e da Reconciliação que foram dados à Igreja.


2. - Irmã Faustina


Santa Maria Faustyna Kowalska nasceu em Głogowiec, Łódź, Polônia em 25 de agosto de 1905 e faleceu em Cracóvia, 5 de outubro de 1938. Ela foi uma freira e mística que tinha visões de Jesus Cristo e deu início ao movimento de devoção pela Divina Misericórdia. Ela é venerada como santa pela Igreja Católica e conhecida simplesmente por Santa Faustina.

Histórico

Santa Faustina, nascida Helena Kowalska, veio ao mundo em 1905 no seio de uma pobre família camponesa no lugarejo de Głogowiec, a oeste de Łódź na Polônia.

Com 18 anos, a jovem Faustina disse à sua mãe que desejava ser religiosa, mas os pais não permitiram. Aos 19 anos, estava dançando em um baile, quando viu Jesus coberto de chagas parado junto a si, então, Ele lhe disse: “Até quando hei de ter paciência contigo? Até quando tu me enganarás?”. Faustina disfarçou o acontecido para que sua irmã não percebesse. Quando pôde, abandonou discretamente o baile e dirigiu-se até a Catedral de São Estanislau Kostka. Na Igreja, ela pediu ao Senhor, em oração profunda, que lhe mostrasse o caminho a ser seguido, logo escutou uma voz que lhe dizia: “Vá imediatamente a Varsóvia, lá entrarás em um convento”.

Seguindo o seu chamado religioso, embora contrariando a vontade dos pais, com 19 anos ela se dirigiu a Varsóvia com a finalidade de entrar para um convento. 

Após várias tentativas ela era recusada devido às suas condições financeiras e à sua escolaridade. Depois de várias semanas de busca, a Madre Superiora do convento das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia decidiu lhe dar uma chance com a condição de que pagasse pelo ingresso, o que a levou a trabalhar como doméstica por um ano, período em que fazia depósitos na conta do convento até que completasse o montante exigido.

quadro da Irmã Faustina de hábito
Em abril de 1928 fez votos como freira, seus pais estiveram presentes na cerimônia. Um ano mais tarde Faustina foi enviada a um convento de Vilnius, Lituânia, que na época pertencia à Polônia, onde também trabalhou como cozinheira. Ela ficou por pouco tempo em Vilnius, mas retornou ao local mais tarde, ocasião em que encontrou com Michał Sopoćko, que tornou-se seu confessor, diretor espiritual e após uma investigação inicial de sanidade mental, apoiou integralmente a sua missão.

A Primeira revelação de Jesus

Em 22 de fevereiro de 1931, Irmã Faustina relatou, em seus diários (diário I, sessões 47, 48 e 49), ter tido a primeira revelação de Jesus enquanto Rei da Divina Misericórdia em seu quarto. Segundo ela, Jesus apareceu vestido de branco e de seu coração emanava feixes de luz vermelho e branco. Entre outras coisas, Jesus pediu-lhe que pintasse uma imagem sua, fiel à imagem que se mostrava a ela, tal imagem deveria conter a inscrição Jesus, eu confio em vós

O Encontro com o Padre Sopocko

Quando Faustina fez sua primeira confissão com Sopoćko, ela lhe contou sobre sua conversa com Jesus e sobre a missão da qual estava incumbida. Depois de algum tempo, Sopoćko insistiu que Faustina fosse submetida a uma avaliação psiquiátrica completa pela Dra. Helena Maciejewska ao que foi declarada completamente sã. Depois disso, Sopoćko teve confiança em Faustina e passou a assisti-la em seus esforços. Ele aconselhou-a a escrever um diário para que registrasse as mensagens que recebia e conversas que tinha com Jesus. Faustina contou a Sopoćko sobre a imagem da Divina Misericórdia e em janeiro de 1934 ele a apresentou ao artista plástico Eugene Kazimirowski que era também professor da Universidade de Vilnius

Faustina foi freira por uma década, falecendo em outubro de 1938,


3. - A Realização da Pintura 


a)  Pintura


O que havia sido dito sobre o quadro segundo a irmã Faustina era:

"Pinta uma imagem de acordo como modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Desejo que esta imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte."   Diário 48

e

"Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha Misericórdia, quando na Cruz, o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança. Diário 299


 
Beato Sopocko
Beato Sopocko
Foi apenas em 1934, três anos após a sua visão, que com a ajuda do padre Sopocko, deu-se o início da pintura.

O padre Sopocko confiou a pintura da imagem de Jesus Misericordioso ao pintor de Vilna, Eugênio Kazimirowski. A residência do pe. Sopocko e a residência e o ateliê de pintor localizavam-se no mesmo prédio. 

Durante a pintura da imagem, ao menos duas vezes por semana a Irmã Faustina – que durante todo o período da pintura imagem permaneceu em Vilna  – ia ao ateliê a fim de fornecer orientações e sugerir detalhes relacionados com a aparência da imagem.


Local de realização da pintura original

casa onde foi pintado o quadro original
Casa onde foi realizada a pintura original, ao fundo uma igreja

O padre Sopocko cuidou pessoalmente que a imagem fosse pintada exatamente de acordo com as orientações da religiosa. A pintura se estendeu por cerca de seis meses. Já no final é relatado no diário que a Irmã Faustina chorou porque não conseguiu um quadro tão belo como a realidade vista por ela:

“Quando fui à casa daquele pintor que estava pintando a imagem e vi que ela não era tão bela como é Jesus, fiquei muito triste com isso, mas escondi essa mágoa no fundo do meu coração”, escreveu Santa Faustina em seu diário.

“Imediatamente dirigi-me à capela e chorei muito. Eu disse ao Senhor: Quem vos pintará tão belo como sois? Então ouvi estas palavras: ‘O valor da imagem não está na beleza da tinta nem na habilidade do pintor, mas na Minha graça’”.


Palavras Salientadas

O Padre Sopocko fez questão de se certificar a respeito da legenda a ser colocado conforme segue relatado no diário: “Em determinado momento, o confessor perguntou-me como deveria ser colocada essa inscrição, visto que tudo isso não cabia nessa imagem. Respondi que rezaria e responderia na semana seguinte. Quando saí do confessionário e estava passando diante do Santíssimo Sacramento, recebi a compreensão interior de como devia ser essa inscrição. Jesus me lembrou o que tinha dito na primeira vez, isto é, as palavras que devem ser salientadas: JESUS, EU CONFIO EM VOS” (Diário, 327).

b) Primeira Exposição


A seguir, atendendo a uma explícita exigência de Jesus Cristo, transmitida pela irmã Faustina, o pe. Sopocko deu início aos empenhos para expor a imagem na igreja de São Miguel, em Vilna, da qual ele era reitor. Em razão disso, no dia 4 de abril de 1937, com a autorização do metropolita de Vilna, o arcebispo Romualdo Jalbrzykowski, e após uma opinião positiva dos peritos, a imagem de Jesus Misericordioso foi exposta na igreja de São Miguel em Vilnius, onde por cerca de onze anos lhe devotaram a grande veneração que lhe cabia.


foto antiga de Igreja de São Miguel do Espírito Santo em Vilnius
Igreja de São Miguel do Espírito Santo em Vilnius


4. - Pós-guerra - Vilnius volta para a Lituânia (bloco soviético), fechamento das Igrejas, compra secreta.


Em 1948, depois que a Igreja de São Miguel foi fechada pelas autoridades soviéticas, a pintura (sem a moldura e a inscrição “Jesus, eu confio em você”) foi comprada secreta e ilegalmente de um trabalhador lituano que estava se livrando da mobiliário. 

Duas mulheres o compraram (uma polonesa e uma lituana), adoradoras da Divina Misericórdia. Elas sabiam das possíveis consequências que poderiam sofrer nas mãos das autoridades soviéticas, por isso retiraram o quadro enrolado da igreja e esconderam-no por algum tempo no sótão. Posteriormente, foi repassado para a Igreja do Espírito Santo, onde também foram depositados todos os bens móveis da igreja fechada.

O pároco da igreja do Espírito Santo, pe. João Ellert, não se mostrou interessado em ficar com a imagem nem em expô-la, e então escondeu-a num arquivo nos fundos da igreja.

5. - O Quadro vai para Nowa Ruda, Bielo-Rússia


Somente em 1956 o pe. José Grasewicz, amigo do pe. Sopocko, que havia voltado a Vilnius após alguns anos de prisão num campo de trabalhos forçados soviético, decidiu reencontrar a imagem. O pe. Sopocko, estava muito preocupado porque até então não havia descoberto onde se encontrava a imagem de Jesus Misericordioso. 

O padre Grasewicz obteve autorização voltar ao trabalho pastoral na paróquia de Nowa Ruda. Antes de partir de Vilnius,  após ter identificado onde estava o quadro procurado, o padre pediu ao pároco da igreja do Espírito Santo que entregasse a imagem à sua paróquia, o que o pároco fez de bom grado. 

O padre Grasewicz levou a imagem a Nowa Ruda e a expôs na igreja, mantendo segredo a respeito da sua origem.

Naquele mesmo período o pe. Sopocko considerou a possibilidade de trazer a imagem à Polônia, no entanto deixou de se empenhar por isso quando se verificou que essa operação seria perigosa.  

Igreja vira depósito, mas imagem permanece

Em 1970, as autoridades comunistas locais em Nowa Ruda decidiram converter a igreja em um depósito. Os móveis da igreja fechada foram transferidos para outra paróquia. No entanto, a pintura foi deixada na igreja deserta por um motivo aparentemente trivial: estava pendurada no alto e a escada que usavam para remover objetos não era longa o suficiente para alcançá-la

foto antiga de Igreja de Nowa Ruda, Bielorrússia
Igreja de Nowa Ruda, Bielorrússia


Naquela época, o padre Sopoćko estava na Polônia e nada podia fazer para proteger a pintura.  Todos os padres da Bielorrússia estavam com muito medo de hospedar a pintura. A pintura de Jesus Misericordioso, foi deixada durante anos naquela igreja abandonada de madeira, sobrevivendo à perigosa era do comunismo.

6. - O Quadro volta para Vilnius - Igreja do Espírito Santo


O padre Sopoćko permaneceu preocupado com a pintura durante toda a sua vida.  Ele solicitou que a pintura fosse colocada no Portão da Aurora em Vilnius, onde foi originalmente exibida para ser adorada publicamente. Este pedido só foi transmitido em 1982 (já depois da morte do Padre Sopoćko). Ao recebê-lo, o padre Tadeusz Kondrusiewicz, então padre do Portão da Aurora, recusou e sugeriu que o quadro fosse colocado na Igreja do Espírito Santo, onde o padre Aleksander Kaszkiewicz era o pároco. Inicialmente hesitante, o padre Kaszkiewicz acabou concordando em pendurar o quadro na Igreja do Espírito Santo. Então, o padre Grasewicz tomou a decisão de trazer a pintura de volta para Vilnius.

Para desviar a atenção dos comunistas da origem extraordinária da pintura, uma noite de novembro de 1986, a pintura original em Nowa Ruda foi secretamente substituída por uma cópia preparada anteriormente. Os moradores de Nowa Ruda, que se reuniram em oração na igreja abandonada, não sabiam disso

Com o auxílio das Irmãs da Mãe da Misericórdia (do Portão da Aurora), a tela foi retirada da barra da maca, enrolada e, na mesma noite, levada primeiro para Grodno, e depois para a Igreja do Espírito Santo em Vilnius.


7. - O Santuário da Divina Misericórdia - Vilnius



A imagem exposta a partir na igreja do Espírito Santo em Vilnius não despertou especial interesse, tanto dos peregrinos como das autoridades eclesiásticas. Não havia um local especial de exibição.

Somente a partir de julho de 2001, com o consentimento do pe. Miroslau Grabowski, pároco da igreja do Espírito Santo, a Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso pôde abrir um novo núcleo em Vilnius, e envolver com a sua proteção essa singular e valiosa imagem de Jesus Misericordioso,aquela que surgiu na atmosfera do milagre Divino – da oração e do sofrimento de irmã Faustina, da sua presença e coparticipação.

Graças aos empenhos e à dedicação das Irmãs, em abril de 2003 foi feita uma restauração geral da imagem, que se realizou na casa religiosa das Irmãs em Vilnius. 
 
quadro antes da restauração
 antes da restauração

quadro depois da restauração
 depois da restauração


Em consequência da restauração realizada, devolveu-se à imagem a aparência primitiva de Jesus Misericordioso.

Santuário da Divina Misericórdia

Para criar condições adequadas de contemplação individual - adoração à imagem de Jesus Misericordioso - para todos, em qualquer momento, independentemente da origem - o Arcebispo Metropolitano de Vilnius, Cardeal Audrys Juozas Bačkis, decidiu transferir a imagem de Jesus Misericordioso para uma pequena Igreja vizinha da Santíssima Trindade, que foi convertida em Santuário da Divina Misericórdia.

santuário da divina misericórdia
Santuário da Divina Misericórdia

Onde está exposto atualmente o quadro original de Jesus Misericordioso ?

Desde setembro de 2005, a imagem original de Jesus Misericordioso é apreciada no Santuário da Divina Misericórdia em Vilnius, onde irmãs e numerosos peregrinos confiam a fé do mundo à Divina Misericórdia em sua adoração orante diária da Imagem Santíssima de Jesus. O Arcebispo Metropolitano de Vilnius confiou o serviço de oração no Santuário à Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso.


8. - Outra pintura de "Jesus Misericordioso".


Por volta de 1942/1943, o pintor Adolfo Hyla chegou à casa de Cracóvia da Congregação com a proposta de pintar um quadro como voto por ter se salvado na guerra. Deram-lhe um santinho da Divina Misericórdia e as descrições de Santa Faustina. O pintor terminou o quadro em 1943 e foi abençoado na capela pelo Pe. Andrasz, confessor de Faustina.

Somente o quadro de Hyla ficou na capela por recomendação do Cardeal Adan Sapieha, que o escolheu porque tinha sido pintado como voto.


montagem com os dois quadros de Jesus Mmisericordioso, o original e o pintado por Hyla


Como o quadro de Hyla não entrava no altar, o pintor fez uma imagem menor, que foi abençoada no Segundo Domingo da Páscoa de 1944 também por Pe. Andrasz.

Em 1954, o artista repintou a tela, eliminando os prados e matas que havia feito, e colocou um fundo escuro com o chão sob os pés de Jesus.


9. - O Papa João Paulo II e a Divina Misericórdia


Em 18 de abril de 1993, João Paulo II declarou Maria Faustina Kowalska com o título de "Beata" diante de uma multidão de devotos da Divina Misericórdia que ocupavam a Praça de São Pedro no Vaticano. Foi canonizada em 30 de abril de 2000. 

O Papa João Paulo II presidiu a cerimônia de canonização diante de uma multidão de peregrinos da Divina Misericórdia.  Durante a celebração, olhando para o futuro da Igreja e da humanidade, o Papa João Paulo II afirmou: “a luz da misericórdia divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milênio”.

Nessa mesma ocasião o Papa João Paulo II incluiu a festa da Divina Misericórdia no calendário litúrgico da Igreja. Ela é celebrada no segundo domingo de Páscoa.

foto do santuário da divina misericórdia em Cracóvia
Santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia


Entre 1999 e 2002, foi construído o Santuário da Divina Misericórdia, em Cracóvia, consagrado em 2002 pelo Papa João Paulo II. A basílica do local abriga o túmulo de Santa Faustina Kowalska.

10. - Referências


Site oficial do Padre Michael Sopocko - https://sopocko.pl/image-of-merciful-jesus/

Site em português: https://www.jesus-misericordioso.com/primeira-imagem.htm

wikipedia - Divina Misericórdia / Santa Faustina.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Cinema Italiano - Uma breve história

I - Cinema Italiano 


A história do cinema italiano tem origem antiga, iniciando-se praticamente logo depois da primeira projeção dos irmãos Lumière em 1895.

Depois de um primeiro filme pioneiro, a produção cinemtatográfica italiana se inicia a pleno regime no primeiro decenio de 1900, trazendo ao cinema um importante movimento de vanguarda como o "Futurismo".


foto do estúdio da Cinecitta
Estudio da Cinecitta, foto de shutterstock.com


Depois de haver conhecido um decênio de forte crise logo após a Primeira Guerra Mundial, o cinema italiano recomeça a partir da fundação em 1937 da "Cinecittà", o mais importante estúdio de produções cinematográficas existente até hoje na Itália. Entretanto, é senso comum que a qualidade das produções artísticas daquela época, era muito fraca. Limitava-se quase sempre a propaganda a favor do regime fascista.

II. - Anos 40 e 50 - O Neorealismo


Com o fim da ditadura nos anos 40 e 50, se afirma na Italia o movimento cinematográfico conhecido em todo o mundo como "Neorealismo", que alçará o cinema italiano a um nível  de brilhantismo como nunca mais foi visto. 

Diretores como "De Sica", "Visconti", "Rossellini" dirigiram obras-primas do gênero dramático como "ladrão de bicicleta", "Obsessão", e "Roma, cidade aberta", representando com atores não profissionais a realidade romana do segundo período pós-guerra (período pós segunda guerra mundial) de maneira nua e crua, evitando qualquer comentário retórico. Nesse período o cinema italiano se transforma em um dos mais premiados e influentes a nível mundial.

foto de Lucchino Visconti
Lucchino Visconti

O filme - Obsessão (Visconti, 1943)

Itália, início dos anos 40. No miserável Vale do Pó, Giovanna (Clara Calamai), a frustrada dona de uma pensão, planeja com o amante Gino (Massino Girotti, de Teorema) o assassinato do marido. Pela primeira vez no Brasil, "Obsessão" marca a estréia do grande Luchino Visconti como diretor. O filme é uma adaptação não autorizada de O Destino Bate à sua Porta, romance noir de James M. Cain filmado outras vezes, uma delas com Jack Nicholson e Jessica Langer; este clássico é considerado por muitos críticos o marco inicial do influente movimento neo-realista, por ter sido filmado quase que inteiramente em locações reais e ter afrontado a ideologia do regime fascista."  (fonte: cinetoscópio.com.br)


Crítica do Filme Obsessão por Arthur Tuoto, Cineasta e Crítico de Cinema




III. - Anos 50 e 60 - Anos de Ouro - Diretores Famosos


Nos anos 50 e 60 começa a exaurir-se a corrente "neorealista" mas continua o período de ouro do cinema italiano graça a diretores famosos em todo o mundo. O primeiro de todos, Federico Fellini que dirige numerosas obras-primas, mas também Antonioni, e ainda Visconti que, tendo terminado a fase neorealista continua de qualquer forma a produzir filmes que fazem parte da história do cinema italiano (Il Gattopardo, Morte a Venezia). 

Federico Fellini


foto de Federico FelliniFederico Fellini (Rimini, 20 de janeiro de 1920 — Roma, 31 de outubro de 1993) foi um diretor e roteirista de cinema italiano. Conhecido por seu estilo distinto, que mistura fantasia e imagens barrocas com terridez, ele é reconhecido como um dos maiores e mais influentes cineastas de todos os tempos. Seus filmes foram classificados, em pesquisas como Cahiers du cinéma e Sight & Sound, como alguns dos melhores filmes de todos os tempos.

Em uma carreira de quase cinquenta anos, Fellini ganhou a Palma de Ouro por La Dolce Vita, foi indicado a doze prêmios Óscar e ganhou quatro na categoria de melhor filme em língua estrangeira, o melhor para qualquer diretor da história da Academia. No Oscar 1993, em Los Angeles, ele recebeu um prêmio honorário. Além de La Dolce Vita e , seus outros filmes conhecidos incluem La Strada, Le notti di Cabiria, Julieta dos Espíritos, Satyricon, Amarcord e Il Casanova di Federico Fellini.


La dolce Vita

La dolce vita (br/pt: A doce vida) (AFI: [ˈla ˈdol.tʃe ˈviː.ta]) é um filme franco-italiano de 1960, de gênero drama dirigido pelo cineasta Federico Fellini, sendo normalmente citado como o marco da transição de seus estilos, do neorrealismo para o simbolismo, e um dos filmes mais importantes da década de 1960 e do século XX. Uma das características capitais da obra é a imagem em preto-e-branco, e as sequências noturnas realçando um laço com o cinema noir e com o expressionismo alemão, apresentando um cenário festivo, e em algumas vezes com altos contrastes de luz e sombra. 




É considerado uma das obras-primas de Federico Fellini, juntamente com 8½ e Amarcord. O filme é uma crítica aberta á sociedade romana do pós-guerra, retratando uma instituição decadente e hedonista, marcada pela superficialidade e incomunicabilidade, temas desenvolvidos ao longo do filme


Pier Paolo Pasolini

Ao lado desses diretores devemos recordar também Pier Paolo Pasolini, poeta, escritor e diretor, que dirige nos anos 60 filmes como (Mamma Roma, O Evangelho segundo São Mateus, e nos anos de 1975, um dos filmes mais controversos na história do cinema italiano: Saló ou os 120 dias de Sodoma. 

Il Gatopardo (Visconti, )


Il Gattopardo, de Luchino Visconti, é uma obra-prima do filme histórico do século XX. A partir do romance de Tomasi Di Lampedusa, Visconti nos apresenta, com vigor narrativo, a ascensão das "classes médias" (a burguesia) e a decadência da nobreza sob o Risorgimento italiano, em 1860.

É impressionante a construção de personagens típicos e seus vínculos com a estrutura de classe. Deste modo, o filme de Visconti não é apenas um filme histórico, mas é uma narrativa sociológica baseada nas categorias de classes e luta de classes, apreendidas num momento histórico típico. (fonte: https://www.sociologia.seed.pr.gov.br/)





IV - Anos 60 e 70 - A Comédia Italiana / Faroeste Spagueti


Do fim dos anos 50 emerge ainda a assim chamada "comédia italiana", outro gênero que atingirá grande sucesso na Italia, e será conhecido no exterior principalmente graça a atores como Marcello Mastroianni, Sofia Loren e Vitorio Gassman. 

O filme - Matrimônio à Italiana 






O faroeste espaguete

Um outro gênero em que se destaca o cinema italiano é o faroeste revisitado e logo chamado "faroeste spaguetti". O diretor mais famoso é Sergio Leone que depois de ter sido pouco considerado nos anos 60 e 70 foi reavaliado e muito querido na Itália e no exterior, tendo lançado atores do calibre de Clint Eastwood.




V. - Anos 80 - O período da crise



cartaz do filme Cinema ParadisoNos anos 80 o cinema italiano viveu uma grande crise de criatividade. Praticamente durante toda a década tivemos em sua grande maioria filmes de baixa qualidade artística. Podemos dize r que quem salva a década é o filme Cinema Paradiso. Ele é um drama italiano de 1988 escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore . O enredo de Cinema Paradiso é vagamente baseado na história da família Protti, que é dona de um cinema em Mântua , Itália , desde 1904.






VI - Anos 90 - Um novo começo



cartaz do filme A Vida é Bela mostra o casal se despedindo com um beijo na face e a criança em uma bicicletaA Vida é bela - Nos anos noventa vimos aparecer novos comediantes e atores como Roberto Benigni que fez o excepcional "A Vida é Bela" em 1998. O filme se passa na Segunda Guerra Mundial onde Guido Orefice, um judeu dono de uma singela livraria judaica na Itália fascista, é capturado e mandado para um campo de concentração em Berlim, juntamente com seu filho, o pequeno Giosué; usando sua inteligência, espirituosidade e bom humor, Guido faz com que a criança acredite que ambos estão em um jogo, com o objetivo de protegê-lo do horror em que estão inseridos. 




foto do carteiro do filme italiano Renato Scarpa com o chapéu da sua profissãoO Carteiro e o Poeta - 

Il Postino é um filme belgo-franco-italiano de 1994, do gênero comédia dramático-romântica, dirigido por Michael Radford, com roteiro de Anna Pavignano, Furio Scarpelli, Giacomo Scarpelli, Massimo Troisi e do próprio diretor baseado no livro Il Postino, de Antonio Skármeta.

O filme se baseia no exílio do poeta Pablo Neruda, por razões políticas,  em uma ilha na Itália. Lá, um desempregado quase analfabeto é contratado como "carteiro" extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta. Gradativamente se forma uma sólida amizade entre os dois. O carteiro Mario, aos poucos, aprende a escrever seus sentimentos por Beatrice, e Neruda ganha, em troca, um ouvinte compreensivo para suas lembranças saudosas do Chile


VII.- Principais Diretores, Música, Filmes e Atores   


Diretores

Notáveis diretores de filmes italianos incluem Vittorio De Sica, Federico Fellini, Sergio Leone, Pier Paolo Pasolini, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni, Ettore Scola, Franco ZeffirelliRoberto Rossellini e Giuseppe Tornatori; Alguns dos quais são reconhecidos entre os maiores e mais influentes produtores de filmes de todos os tempos. 

Filmes


Título  Diretor Atores Principais
1.  Obsessão (1943)
2.  O Ladrão de Bicicletas (1948)
3.  A Doce Vida
1. Luchino Visconti
2. Vittorio De Sica
3. Federico Fellini
1. Massino Girotti
2. Lamberto Maggiorani
3. Marcelo Mastroiani e
Anita Ekberg
4.  Il Gatopardo (1963) 4. Luchino Visconti 4. Burt Lancaster, Alain Delon, Claudia Cardinale
5.- Matrimônio à italiani (1964)
6.  Ontem, Hoje e Amanhã (1963)
5. Vitorio De Sica
6. Vittorio De Sica
5. Marcello Mastroianni, Sofia Loren
6. Marcello Mastroianni e Sofia Loren
7. - O dólar furado (1965)
8. Por um punhado de dólares (1964).
9. O bom, o mau e o feio (1966)
7. Giorgio Ferroni
8. Sergio Leone
9. Sergio Leone
7. Giuliano Gemma e Evelyn Stewart
8. Clint Eastwood
9.Clint Eastwood, Lee van Cliff

10. Cinema Paradiso (1988)
11. Mediterrâneo (1991)
12. O Carteiro e o Poeta (1994)
13. A Vida é Bela (1997)

10. Giuseppe Tornatore
11. Gabriele Salvatores
12. Michael Radford
13. Roberto Benigni
10. Philippe Noiret e Salvatore Cascio
11.Diego Abatantuono, Claudio Bigagli. 
12. Philippe Noiret, Renato Scarpa e Maria Cuccinota
13. Roberto Benigni, Nicoleta Braschi e Giorgio Cantarini
14. Malena (2000)
15. O LEITOR INDICA
14. Giuseppe Tornatore
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14. Monica Bellucci e Giuseppe Sulfaro
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Atores e Atrizes

Atrizes como Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Giulietta Masina e Gina Lollobrigida, Roberto Benigni, Monica Vitti, Virna Lisi, Ornella Mutti, Pierfrancesco Favinni, Luca Zingarretti, Terence Hill, Isabela Rosselini, Vitorio Gassman, Claudia Cardinale são dos mais famosos que sempre vêm a nossa memória quando falamos de filmes italianos.

Com as fotos de Sophia Loren e Marcello Mastroianni homeangeamos todos os atores italianos de 1900 até hoje.
  
foto colorida da bela Sohia Loren
Sophia Loren e Mastroiani
foto preto e branco de Marcello Mastroianni




O Rei da Trilha Sonora - Ennio Morricone

foto de Enio MorriconiEnnio Morricone nasceu em Roma em 10 de novembro de 1928, e faleceu recentemente em 06 de julho de 2020. Ele foi um compositor, arranjador e maestro italiano  que escreveu músicas em diversos estilos. Morricone compôs mais de 400 partituras para cinema e televisão, além de mais de 100 obras clássicas. Sua trilha sonora para O Bom, o mau e o feio (1966) é considerada uma das trilhas sonoras mais influentes da história e foi introduzida no Grammy Hall of fame.   Sua filmografia inclui mais de 70 filmes premiados, incluindo todos os filmes de Sergio Leone, todos os filmes de Giuseppe Tornatore e de muitos outros diretores. 

A partir da década de 1970, Morricone se destacou em Hollywood, compondo para prolíficos diretores americanos como Don SiegelMike NicholsBrian De PalmaBarry LevinsonOliver StoneWarren BeattyJohn Carpenter e Quentin Tarantino. Em 1977, ele compôs o tema oficial da Copa do Mundo da FIFA de 1978. 


Ennio Morricone também é o compositor da linda música "Gabriel's Oboé" do filme A Missão. Relembre abaixo

 


  VIII - A Cinecittà


O já mencionado estúdio Cinecittà é ainda hoje a maior instalação de produção de filmes e programas televisivos na Europa Continental e o centro do cinema italiano, onde os filmes com os maiores orçamentos são filmados e uma das maiores comunidades produtoras de filmes no mundo. 

Nos anos 1950, o número de produções internacional sendo feitas lá levaram Roma a ser apelidada de "Hollywood do Tibre". Mais de 3.000 produções foram feitas na sua porção, das quais 90 receberam uma nomeação da Academy Award e 47 delas ganharam, do cinema clássico a filmes premiados mais recentes (Ben-Hur, Romeu e Julieta, O Paciente Inglês, Gladiador, A Paixão de Cristo, e Gangs of New York). 

A Itália é o país mais laureado na Academy Awards para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, com 14 prêmios ganhos, 3 premiações no Oscar Honorário e 31 nomeações para o Oscar. Por volta de 2016, filmes italianos já haviam vencido 12 Palmas de Ouro (o segundo país com mais prêmios), 11 Leões de Ouro e 7 Ursos de ouro.


iX. - Referências


Livro texto - L'italiano all'università vol 2 - Breve história do cinema italiano, sem autor especificado. (Obs: a maior parte do texto foi retirado desse livro).

Wikipedia - Cinema Italiano

Neorealismo - https://cinetoscopio.com.br/2015/05/23/15-filmes-essenciais-do-neo-realismo-italiano/