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terça-feira, 28 de abril de 2020

História do Egito VIII - Império Novo III (Ramsés II "O Grande", Nefertari, Abu Simbel)

I. - O início da décima nona dinastia


Ramessés I


Ramessés I, também chamado Menofrés (Menophres), foi o primeiro faraó da XIX dinastia do Reino Novo, reinando entre 1 292 e 1 290 a.C.

Ramessés era filho do comandante de tropas Seti e começou a carreira sob Horemebe (r. 1323–1295 a.C.), quando era oficial militar no Delta Oriental e então ascendeu à posição de vizir (tjati). 

Incapaz de produzir herdeiro e vendo nele um amigo íntimo e confidente, Horemebe adotou-o como herdeiro como indica a inscrição adicionada ao interior de granito do ataúde (no Museu Egípcio do Cairo) que foi aparentemente feito enquanto era vizir.

Seti ISeti I era filho de Ramessés I e Tiya, e também pai de Ramessés II. Seu reinado é mais comumente atribuído como tendo ocorrido entre 1290 a 1279 a.C.


foto de decoração da tumba de Seti I
Tumba de Seti I
Seti provem, de uma linhagem nobre, de grandes comandantes militares. O seu avô, Seti, era um comandante oriundo do Delta. Seu pai, antes de se tornar faraó, fora um grande comandante. A mãe de Seti, Sitré (Filha de Ré) era também uma nobre de nome Tia.



A maior glória de Seti foi a conquista da cidade síria de Kadesh e da província vizinha de Amurru ao Império Hitita. Estes territórios tinham sido perdidos no tempo de Aquenáton e malgrado as tentativas de Tutancâmon e Horemebe os hititas conseguiram conserva-los. Contudo, pouco tempo durou o domínio egípcio, pois a cidade voltou a cair pouco depois.


Detalhe da tumba de Seti I, uma das mais bonitas e conservadas do vale dos reis.
foto de detalhe em azul da decoração da tumba de Seti I
outr detalhe em azul e amarelo de decoração da tumba de Seti I

Por Jean-Pierre Dalbéra - originally posted to Flickr 
La tombe de Sethi 1er (KV.17) 



Ramsés II


Seti I foi sucedido pelo seu filho Ramsés II (1279 - 1212 a.C.). Ramsés II teve muitos nomes e títulos que lhe foram dados através dos séculos. Na sua descendência 11 faraós conservaram o nome de Ramsés, entretanto somente Ramsés II foi chamado de "O Grande".


II. - Ramessés II ("O Grande")



escultura de Ramsés II no templo de Karnak
Ramsés II, busto no templo de Karnak
Ramessés II ou Ramsés II, também conhecido pela titulatura Ozymandias, foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C., tendo tido um dos mais prestigiosos reinados da história egípcia, nos aspetos económico, administrativo, cultural e militar. Foi também um dos mais longos reinados da história egípcia. Houve 11 Ramessés no reino do Egito, mas apenas ele foi chamado de Ramessés, o Grande.



Aos dez anos Ramessés recebeu o título de "filho primogénito do rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e Ramessés acompanhou-o contra os Líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.



Esposas e filhos de Ramsés II

a) Nefertari



 pintura de Nefertari com decoração na sua tumba Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramessés já era casado com Nefertari e Isitnefert. A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramessés teve na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do reinado de Ramessés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramessés, Amenófis, conhecendo-se pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam seis filhos com Nefertari.


A importância de Nefertari está representada no monumento que Ramses II fez para homenageá-la em Abu Simbel e na sua tumba construída no vale dos reis.
 Um exemplo de pintura na tumba de Nefertari é representada abaixo:



 foto de pintura de Nefetari sentada
Esta  cópia de uma das pinturas do túmulo de Nefertari mostra a rainha sentada  na frente de uma mesa jogando uma partida de senet diante de um oponente invisível. Este era um jogo popular na vida, mas quando representado em uma tumba, como aqui, tem significado simbólico. A palavra senet significa "passagem" e o jogo era visto como um paralelo à jornada para a vida após a morte e aos obstáculos que se tinha que superar no caminho.

Na cena, Nefertari usa um vestido de plissado elaborado e com franjas. Ela também usa uma pulseira de ouro, uma gola larga e provavelmente brincos de prata. Na cabeça dela está o cocar de abutre de uma rainha



outra pintura na bela tumba de Nefertari
Tumba de Nefertari, fonte arqueologia egípcia

b) Isetnefert

Isetnefert é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor atestada no Baixo Egito. Com ela Ramessés teve um filho que tornou-se o seu sucessor, Merneptá, em virtude da morte prematura dos filhos mais velhos de Ramessés.


III. - Principais Monumentos a Ramsés II



Ramsés II é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do Império Antigo, mas sobretudo do faraó Amenófis III), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramessés II encontram-se a sala hipostila do templo de Carnaque em Tebas e o templo funerário do seu pai em Abidos.

Abu Simbel


Na Núbia Ramessés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos, escavados na rocha, encontram-se em Abul-Simbel, perto da segunda catarata do Nilo.

O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramessés) penetra sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramessés, associado a Amom-Ré, Ptah e Ré-Haraqueti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramessés com mais de 20 metros de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do templo encontra-se um sala hipostila onde se acham oito estátuas de Osíris. A versão egípcia da Batalha de Cadexe está representada no templo. O segundo templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari (associada a Hator). Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramessés e duas de Nefertari.


parte frontal do templo de Abu Simbel com quatro enorme estátuas de Ramsés II em diferentes fases de sua vida
Parte frontal do Grande Templo de Abu Simbel, foto historiacomgosto



Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramessés II, no templo da deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramessés II. O templo de Bastet está localizado na colina de Bubástis, um dos sítios arqueológicos mais antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2 500 a.C.). Além da estátua de Ramessés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de arenito.



detalhe do cartucho com a inscrição / identificação de Ramsés II
detalhe cartuxo Ramsés, foto historiacomgosto

foto com o detalhe da pequena estátua da rainha perto da grande estátua de Ramsés II
detalhe pequena estátua da rainha, foto historiacomgosto

Abul-Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi descoberta por Jean-Louis Burckhardt. A construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo, razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha internacional promovida pela UNESCO.


entrada do templo
Entrada templo, foto historiacomgosto
estátuas de deuses e Ramsés II
Deuses e Ramsés II, foto historiacomgosto


Em Uádi Sebua Ramessés mandou construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a construção. No mesmo local Ramessés ordenou a reconstrução de um templo erguido por Amenófis III que fora danificado durante a era de Amarna.


A segunda batalha de kadesh


No ano quinto do seu governo inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas. Ramessés atravessa a fronteira egípcia em Sila e um mês depois chega aos arredores da cidade de Cadexe, perto do rio Oronte, com o objectivo de expulsar os hititas do norte da Síria.

O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o nome de um deus da mitologia egípcia: Amom, Ré, Ptá e Seti. O exército aguardou nos arredores de Cadexe, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Cadexe. Ramessés decide então avançar com a unidade Amom que lidera, desconhecendo que os hititas estavam escondidos a leste de Cadexe. Subitamente, a unidade Amom é cercada pelos hititas.

escultura em relevo na parede de Ramsés II liderando a batalha de Kadesh
Ramsés II liderando a vitória na batalha de kadesh, foto historiacomgosto


Segundo o relato egípcio, o "Poema de Cadexe" gravado nas paredes dos templos de Carnaque, Luxor, Abidos, Abul-Simbel e no Ramesseum, Ramessés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a Amom, lamentando-se por seu destino. Amom escuta sua prece e Ramessés transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os hititas.

A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço da propaganda faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado Cadexe, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.


Monumento de Nefertari



Enquanto o Grande templo de Abul-Simbel é um templo com estatuária excessiva e de tamanho exorbitante, o templo de Nefertari parece ser baseado no templo funerário da rainha Hatexepsute (1 520 a.C.). O templo é muito simples e construído em dimensões bastante inferiores às do templo de Ramessés.



foto do templo de Nefertari
templo de Nefertari, foto historiacomgosto

O pequeno templo de Abul-Simbel, localizado 150 metros a norte do templo maior, foi construído em honra à sua esposa preferida, Nefertari, e é dedicado à deusa do amor e da beleza, Hator. A fachada do templo representa no total seis estátuas, de dez metros cada uma, todas com a perna esquerda mais à frente da direita em posição de marcha. Duas delas são de Nefertari (uma de cada lado da entrada) e cada uma dessas estátuas está ladeada por duas estátuas de Ramessés.

A movimentação de Abu Simbel - projeto UNESCO



foto da montagem do templo d Abu Sumbel
foto dePer-Olow Anderson
 (1921-1989)
O templo atual não está no seu local de construção original; Devido à construção da barragem de Assuã , e do consequente aumento do caudal do rio Nilo, o complexo foi trasladado do seu local original durante a década de 1960, com a ajuda da UNESCO, a fim de ser salvo de ficar submerso.



Esta operação teve um custo total de 40 milhões de dólares e consistiu na remoção, pedra por pedra, de cada monumento, transferindo os monumentos para uma montanha artificial 61 metros acima da posição original, e cerca de 200 metros mais longe da margem do Nasser. O projeto foi uma colaboração internacional com participação de vários países.


Ramesseum - Luxor


O templo funerário do faraó Ramessés II é conhecido como o Ramesseum. Situado na margem ocidental de Tebas, estava dedicado ao Deus Amon e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramessés em posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram representados eventos como a Batalha de Kadesh e a celebração da festa do Deus Min, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês Eloquente" e textos de carácter médico.



 foto do templo  funerário de Ramsés II em Luxor
Fachada do Ramesseum em Luxor, foto de Merlin74




foto aérea do Ramesseum - templo funerário de Ramsés II  em Luxor
Vista área do Ramesseum em Luxor, foto de RealityImages
 foto das grandes colunas do Ramesseum
Ramesseum, foto de Hang Dinh


Colosso Ramsés em Memphis


Capital do Egito durante o Império Antigo, Memphis continuou a ser uma cidade importante ao longo da história do Mediterrâneo. Ocupava uma posição estratégica, na embocadura no delta do Nilo; seu principal porto, Peru-nefer, abrigava diversas oficinas, fábricas e armazéns que distribuíam comida e mercadorias por todo o reino. Durante sua era de ouro, Memphis floresceu como centro regional religioso e comercial.


Acreditava-se que Memphis estava sob a proteção do deus Ptá, padroeiro dos artesãos.


Atualmente, Mênfis é considerada um museu a céu aberto, onde se encontram dezenas de relíquias do país, destacando-se duas das estátuas mais importantes do Egito.

  • Colosso de Ramsés II: Apesar da falta de duas pernas, a estátua mede 13 metros de altura e nela se pode observar todo tipo de detalhe. Na nossa opinião, é uma das jóias do país.

  • Esfinge de Alabastro: Esculpida a partir de uma única peça de alabastro, essa esfinge mede 4 metros de altura, 7 metros de largura e pesa 80 toneladas. Devido às suas feições e outros detalhes, acredita-se que representa a rainha Hatshepsut.

foto do Colosso de Ramsés II em Memphis - Atualmente a estátua está deitada
colosso de Ramses II, Museu de Memphis, foto historiacomgosto



foto da grande estátua de Ramsés II deitada,  vista de cima
foto historiacomgosto
 foto de escultura em pe
foto historiacomgosto

foto de esfinge que acredita-se que seja de Hatshepsut
esfinge museu Memphis, foto historiacomgosto


IV. - Assuã



Assuã é uma cidade no sul do Egito e capital do governorado de Assuã. Assuã é um movimentado mercado e centro turístico localizado ao norte da represa de Assuã, na margem leste do Nilo, na primeira catarata . A cidade moderna se expandiu e inclui a comunidade anteriormente separada na ilha de Elephantine.

foto do rio Nilo vista da ilha de elefantina, hotel movenpick
Vista do rio Nilo, da ilha de elefantina, hotel Movenpick, foto historiacomgosto


Aswan é a antiga cidade de Swenett , mais tarde conhecida como Syene , que na antiguidade era a cidade fronteiriça do Egito Antigo, voltada para o sul. Supõe-se que Swenett tenha derivado seu nome de uma deusa egípcia com o mesmo nome.


Como Swenett era a cidade mais austral do país, o Egito sempre foi concebido para "abrir" ou começar em Swenett. A cidade ficava em uma península na margem direita (leste) do Nilo, imediatamente abaixo (e ao norte) da primeira catarata das águas correntes, e logo perto temos o templo de Philae. A navegação para o delta foi possível a partir deste local sem encontrar uma barreira.


Represa de Aswan


Os britânicos começaram a planejar a construção da primeira represa em 1899 e terminaram em 1902. Ela possuía 54 metros de altura e 1 900 m de extensão, logo este tamanho se mostrou inadequado por isso a barragem foi ampliada em duas novas etapas, a primeira entre 1907 e 1912 e depois entre 1929 e 1933. Em 1946, a represa quase se rompeu, e percebeu-se que seria necessário construir uma segunda represa.

foto da represa de Aswan

Para concluir a construção da segunda represa, Nasser nacionalizou o canal de Suez, pretendendo utilizar a renda proveniente para o intento. Isto fez com que Reino Unido, França e Israel atacassem o Egito, ocupando o Canal de Suez, começando a Guerra de Suez. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a URSS forçaram os invasores a devolver o Canal a Nasser. Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa com um terço dos recursos financeiros necessários, máquinários e técnicos especializados.

Sua capacidade instalada de produção de energia é de 2,1 gigawatt, sendo que cada uma das 12 turbinas é capaz de produzir 175 megawatts. Em 1967, a produção de energia começou, passando a gerar 50% de toda energia elétrica do Egito. Em 1998, a represa produziu 15% de toda energia do Egito.


V. Templo de Philae


Philae era uma das ilhas localizadas no rio Nilo, a cerca de sete quilómetros de Aswan. Com a construção da barragem famosa desta cidade, os templos ficaram submersos, sendo possível a visitação somente com barco. Até meados dos anos muitos dos monumentos de Philae foram transferidos para a ilha vizinha de Agilika, como parte de um projeto da UNESCO.

O Templo de Philae, conhecido como Templo de Ísis era um ponto para adoração da deusa.

 foto da entrada do templo de Philae
Templo de Philae, foto HistoriacomGosto


VI. - Referência


Wikipédia - Seti I, Ramses II, Aswan, 

Os Egípcio antigos para leigos - Charlotte Booth


Notas de viagem - HistoriacomGosto  

sábado, 25 de abril de 2020

História do Egito VII - Império Novo II (Akhenaton, Nefertiti, Tutankhamon)

I. Império Novo


O império novo se iniciou com a expulsão dos Hicsos, com a expansão das fronteiras e fortalecimento da figura dos Faraós. Tebas passou a ser a capital do império e o culto a Amon tornou-se dominante. Nesse período o faraó Amenófis III (Amenhotep III) deu início a construção do templo de Luxor e reinou por um período de cerca de 40 anos, provavelmente entre 1391 a.C. - 1353 a.C..


Colossos de Memnon

Colossos de Mêmnon é a designação atribuída a duas estátuas gigantescas do faraó Amenófis III da XVIII Dinastia, situadas na necrópole da antiga cidade de Tebas, a oeste da cidade de Luxor, no Egito.


foto das Estátuas de Amenhotep III também cahamadas de Colossos de Memnon devido ao tamanho gigantesco
Estátuas de Amenhotep III, foto HistoriacomGosto


Estas duas estátuas eram entendidas como guardiãs do templo funerário do faraó. O templo tinha cerca de 385 000 metros quadrados, sendo um dos maiores da Antiguidade, mas foi completamente destruído devido às inundações do Nilo e à extração de materiais.

As estátuas representam Amenófis III sentado no trono com as mãos pousadas sobre os joelhos. Em cada lado das suas pernas está a sua mãe, Mutemuia, e a sua esposa principal, a rainha Tié. Nos dois lados do trono figuram a representação do sema-taui, símbolo que aludia à união entre o Alto e o Baixo Egito, sendo possível ver o deus Hapi a realizar a união das duas plantas heráldicas, o papiro e o lírio.

As estátuas foram feitas em quartzito, possuindo cerca de dezoito metros de altura, com um peso de 1300 toneladas.


Aton

No ano vinte e oito do seu reinado iniciaram-se os preparativos para o jubileu que celebraria os trinta anos. Para limitar a influência dos sacerdotes, que detinham muitas terras, minas e uma grande influência política, o faraó pretendeu afirmar-se como filho do deus Aton.  

Esta situação levou a conflitos entre os partidários das duas divindades (Amon e Aton). O seu filho e sucessor, Amenófis IV (Aquenáton) levou as ideias do pai às últimas consequências, rompendo com o clero de Mona e fazendo de Aton a única divindade digna de culto. 

II. - Akhenaton (Aquenáton)

foto da parte do rosto da estátua de Akhenaton no museu do Cairo - O faraó tem as feições alongadas
Estátua de Akhenaton no museu do Cairo
Aquenáton tornou-se rei aos quinze anos de idade e por volta de 1364 a.C. Pensa-se que nesta altura já estaria casado com Nefertiti, a sua famosa esposa. Em Tebas, bem como em Mênfis e em Hermópolis, Amenófis IV iniciou um programa de obras públicas. Em volta do templo de Amon em Karnak (Tebas) mandou construir quatro templos dedicados a Aton, o que para alguns autores seria uma tentativa de realizar uma fusão entre os dois deuses.

No ano 5 do seu reinado o jovem rei decide mudar de nome. De Amen-hotep, nome que significa "Amon está satisfeito" muda para Aquenáton o que significa "o espírito atuante de Aton", o que representou o seu repúdio ao deus Amon. 

O rei declarou-se também filho e profeta de Aton, uma divindade representada como um disco solar. Aquenáton instituiu o deus Aton como a única divindade que deveria ser cultuada, sendo o próprio faraó o único representante dessa divindade.


placa dourada com Nefertiti e sua filha cultuando o deus Aton
Nefertiti e sua filha cultuando o deus áton
placa dourada com a família real cultuando o deus áton
família real cultuando o deus áton

Aquetaton

No ano 6 de seu governo, Aquenáton decide abandonar Tebas para fundar uma nova cidade dedicada a Aton. Ao contrário de outros deuses, Aton não tinha ainda um local de culto próprio e Aquenáton decide-se por criar um. O local escolhido situa-se entre Mênfis e Tebas, na margem direita do Nilo e recebeu o nome de Aquetaton ("o horizonte de Aton"); atualmente as ruínas deste local são conhecidas como Amarna, o nome da aldeia egípcia próxima.


mapa com a localização de Aquetaton entre Menfis e Tebas


Características de Akhenaton (Aquenáton)

Aquenáton deixou-se absorver pelo sua devoção a Aton, talvez pela sua personalidade artista e pacifista, descuidando os aspectos práticos da administração do Egito. Perante este desinteresse, Aye e o general Horemheb, duas personalidades que mais tarde se tornariam faraós, desempenharam um importante papel no governo.

Entre o ano 8 e o ano 12 do seu reinado, sabe-se que Aquenáton desencadeou uma perseguição aos antigos deuses, e em particular, aos que estavam associados à cidade de Tebas (Amom, Mut e Quespisiquis). O faraó ordenou que os nomes destes deuses fossem retirados de todas as inscrições em que se encontravam em todo o Egito. Esta situação atingiu diretamente não só os sacerdotes, mas a própria população.


foto de estátua com feições de Akhenaton   outra estátua de Akhenaton - O faraó tem faces alongadas e labios cheios em um tipo meio andrógino


O reinado de Aquenáton assistiu à emergência da chamada "arte amarniana", que se caracteriza por um lado pelo naturalismo (abundância de plantas, flores e pássaros) e pela convivência familiar do faraó e por outro lado, por uma representação mais realista dos personagens que por vezes atinge o ponto da caricatura. A arte oficial apresenta o rei com uma fisionomia andrógina, com um crânio alongado, lábios grossos, ancas largas e ventre proeminente.

Aquenáton reinou por cerca de 17 anos. Aproximadamente no ano 15 do seu reinado surge um misterioso co-regente chamado Semencaré. Alguns egiptólogos acreditam que Semencaré era a rainha Nefertiti que assumiu atributos de faraó para tornar suave a transição de governo para o herdeiro do trono que, nessa época, deveria ter por volta de quatro anos de idade. Outros acreditam que ele era, na verdade, o filho mais velho de Aquenáton e irmão de Tuthankamon, que lhe sucedeu.

Treze anos depois da fundação de sua cidade, Aquenáton morreu. Há quem acredite que ele tenha sido assassinado para que seu reinado terminasse.

A cidade foi abandonada e, mais tarde, sistematicamente destruída e apagada dos registros. Também foram esquecidos o culto à Atón e o próprio Aquenáton, que durante muito tempo só foi lembrado por ser, segundo indicam os registros, o pai do grande Tutancâmon, seu sucessor. 

III. - Nefertiti



 foto do famoso busto de Nefertiti que está no museu de Berlin Nefertiti ( /ˌnɛfərˈtti/) (c. 1370 - 1330 a.C.) foi a  esposa principal de Aquenáton. Nefertiti e o seu esposo tornaram-se conhecidos pela revolução religiosa, na qual adoravam apenas um deus, Áton, ou o disco solar. Com o seu esposo, reinou em um período muito próspero na história do Antigo Egito.  Alguns historiadores acreditam que Nefertiti reinou durante algum tempo como Neferneferuaten depois da morte do seu marido e antes da sucessão de Tutankhamon, tal identificação é ainda hoje objecto de debate.

As origens familiares de Nefertiti são pouco claras. O seu nome significa "a mais Bela chegou", o que levou muitos investigadores a considerarem que Nefertiti teria uma origem estrangeira, contudo, nos últimos tempos tem prevalecido a hipótese de Nefertiti ser egípcia, filha de Ay, alto funcionário egípcio responsável pelo corpo de carros de guerra que chegaria a ser faraó após a morte de Tutankhamon. Aye era irmão da rainha Tié, esposa principal do rei Amenófis III, o pai de Aquenáton; esta hipótese faria do marido de Nefertiti o seu primo. 

A família Aquenáton e Nefertiti

Em muitos lugares acham-se esculpidos a família de Aquenáton prestando culto ao deus Áton. A importância dada a Nefertiti na vida de Aquenáton fica então muito caracterizada uma vez que as rainhas não costumavam ser representadas juntas com o Faraó e nem tampouco sózinhas.


Outra estela que representa a família real adorando Aton
Estela que representa a família real, Museu Egípcio do Cairo, font wikipédia



O busto de Nefertiti


A 6 de Dezembro de 1912 foi encontrado em Amarna o famoso busto da rainha Nefertiti, por vezes também designado como o "busto de Berlim" em função de se encontrar na capital alemã. A descoberta foi da responsabilidade de uma equipe arqueológica da Sociedade Oriental Alemã (Deutsche Orient Gesellchaft) liderada por Ludwig Borchardt (1863-1938). A peça foi encontrada na zona residencial do bairro sul da cidade, na casa e oficina do escultor Tutemés.


 outra foto de um angulo lateral mostrando o busto de Nefertiti que está em Berlim O busto de Nefertiti mede 50 cm de altura, tratando-se de uma obra inacabada. A prova encontra-se no olho esquerdo da escultura, que não tem a córnea incrustada; Ludwig Borchardt julgou que esta se teria desprendido quando encontrou o busto, mas estudos posteriores revelaram que esta nunca foi colocada para não causar inveja às deusas.

Segundo o costume da época os achados de uma escavação eram partilhados entre o Egito e os detentores da licença de escavação. O busto de Nefertiti acabaria por ser enviado para a Alemanha, onde foi entregue a James Simon, uma dos patrocinadores da expedição. Em 1920 a obra foi doada ao Museu Egípcio de Berlim, onde passou a ser exibida a partir de 1923, tornando-se uma das atrações da instituição.

Descendência de Akhenaton - Filho com Kia


representação do casal Akhenaton e Nefertiti andando de mãos dadas  Nefertiti não gerou nenhum filho homem com Aquenáton. Ela teve seis filhas. Com Kia, uma esposa secundária, Aquenáton teve dois filhos, Nebnefer, que morreu durante o surto de peste e Tutancaton que depois que voltou á Tebas foi obrigado a mudar seu nome para Tutancámon, pois depois da morte de Aquenáton, o Deus Aton, foi proscrito por alguns anos. 

Kia teria morrido no parto de Tutankhamon, e a mesma serviu apenas para dar a Aquenáton dois filhos homens para continuar o reinado, visto que Nefertiti não conseguia gerar filhos varões.


Muitas representações do casal Aquenáton e Nefertiti são encontrados. Algumas estão no Museu do Cairo e  essa mostrado ao lado se encontra no Louvre.

IV. - Tutankamon


Tutankhamon era filho de Aquenáton (anteriormente Amenhotep IV) muito provavelmente com uma esposa menos relevante chamada Kia. Ainda como príncipe, era conhecido como Tutancaton por causa do deus áton. Ele subiu ao trono em 1333 a.C., com a idade de nove ou dez anos e quando restaurou o culto ao deus ámon ele mudou nome para Tutankhamon. Sua ama de leite foi uma mulher chamada Maia, segundo conta em seu túmulo em Sacará. Seu professor foi Sennedjem.


busto de Tutankhamon ainda criança / adolescente
Tutankhamon, wikipedia
Dada a sua idade, o rei provavelmente teve conselheiros muito poderosos, presumivelmente estava entre eles o General Horemhebe  e o grão-vizir Aí ( que sucedeu a Tutankhamon). Horemhebe registra que o rei o nomeou "senhor da terra" como príncipe hereditário para manter a lei. Ele também notou sua capacidade de acalmar o jovem rei quando seu temperamento se agitava. 

Em seu terceiro ano de reinado, sob a influência de seus conselheiros, Tutankhamon reverteu várias mudanças feitas durante o reinado de seu pai. Ele terminou a adoração do deus Áton e restaurou o deus Amom à supremacia. A proibição do culto de Amom foi suspensa e os privilégios tradicionais foram restaurados ao seu sacerdócio. A capital foi transferida de volta para Tebas e a cidade de Aquetatom foi abandonada. Foi quando ele mudou seu nome para Tutankamon, "Imagem viva de Amom", reforçando a restauração de Amom.


 cabeça do faraó Tutankhamon ainda criança
Cabeça do faraó Tutankhamon,
museu do Cairo, wikipedia


Tutankhamon buscou restaurar relações com os povos vizinhos, em particular com o reino de Mitani. A evidência de seu sucesso é sugerida pelos presentes de vários países encontrados em sua tumba. Apesar de seus esforços para melhorar as relações, foram registradas batalhas contra os núbios e asiáticos em seu templo mortuário em Tebas.

Morte de Tutankhamon

Tutankhamon morreu bastante jovem, ele devia ter em torno de 18 a 19 anos. Por muitos anos os historiadores pensaram que ele havia morrido de uma pancada na cabeça em virtude de um fragmento de osso solto encontrado dentro de seu crânio. No entanto uma tomografia feita em 2005, mostrou que essas fraturas ósseas aconteceram após a sua morte e provavelmente provocadas pelo seu descobridor, Howard Carter, quando tentavam remover a sua máscara de ouro. 

A Tumba de Tutankhamon


foto da famosa máscara dourada com que Tutankhamon foi enterrado
Máscara de Tutankhamon,
Museu do Cairo
Apesar de ter reinado por pouco tempo e ter morrido ainda jovem, o faraó Tutankhamon ficou muito conhecido no mundo inteiro, pois a sua tumba foi a única que foi encontrada preservada e com a quase totalidade dos seus tesouros intactas.

A tumba continha 5.398 items, incluindo um caixão de ouro maciço, a máscara mortuária de Tutankhamon, tronos, arcos de arco e flecha, trombetas, um cálice de alabastro, 130 bengalas e suportes, comida, vinho, sandálias e roupas íntimas de linho. 

Howard Carter levou 10 anos para catalogar os itens. Uma análise recente sugere que a lâmina do punhal de Tutankhamon, uma adaga recuperada da tumba, era uma lâmina de ferro confeccionada a partir de um meteorito; o estudo dos artefatos da época, incluindo outros artefatos da tumba de Tutankhamon, poderia fornecer informações valiosas sobre as tecnologias de fabricação em todo o Mediterrâneo na época.


foto do trono real no museu do Cairo
Trono real, Museu Cairo
foto do sarcófago no Museu do Cairo
sarcófago, Museu Cairo

 foto de um baú decorado de Tutankhamon - museu do Cairo
Baú, Museu Cairo
 foto das sandálias douradas do faraó Tutankhamon
Sandálias faraó Tutankhamon, Museu Cairo

V. - A Sucessão de Tutankhamon


"" - Tutankhamon faleceu com dezenove anos sem deixar um herdeiro. "Aí", era o seu grão-vizir que teria na época mais de sessenta anos,  foi quem sucedeu-o no trono egípcio. No túmulo de Tutankhamon é possível ver pintado numa parede "Aí" a realizar a cerimónia de abertura da boca, habitualmente realizada pelo filho do faraó que tinha falecido.
De acordo com alguns investigadores, Aí casou com a viúva de Tutankhamon de modo a poder tornar-se faraó, dado que Aí não tinha raízes nobres, ao contrário desta, que foi uma das várias filhas de Aquenáton. Esta rainha desapareceu da história logo após a morte de Tutankhamon.   

 pintura mostrando o casal Horemheb e Ísis
Horemheb e Ísis
"Horemheb- Nasceu na cidade de Alabastrônpolis, e é provável que tenha desempenhado uma função militar importante no norte do país (Baixo Egito), durante o reinado de Aquenáton, juntamente com o vice-rei Iancamu, mencionado nas Tábuas de Tell el-Amarna. Horemheb sucedeu Aí e governou por mais de 30 anos dando continuidade ao trabalho de restauração dos templos e das fronteiras do Egito iniciado por Tutankhamon. Horemheb também faleceu sem deixar herdeiro.

Comentário

Na próxima publicação abordaremos o período de Ramsés II, Ramsés III, Abu-Simbel, ...,.

VI. - Referências


Os Egípcios Antigos para Leigos - Charlotte Booth

Art and History Luxor - Editora Bonechi

Império Novo, Akhenaton, Nefertiti, Tutankhamon - Wikipedia

Outras Publicações



O Império Novo II (Akhenaton, Nefetiti, Tutankhamon)

O Império Novo III - (Ramsés II, Abu-Simbel, ...)