I. - O Rio Nilo - Fonte da Vida
Única fonte de água nessa região ao norte da África, podemos dizer que o Nilo é a fonte que possibilita a existência de vida continuada nessa imensa área. Sem ele não existiria a civilização egípcia e nenhuma outra forma de vida organizada na região.
Vista do Rio Nilo, foto Historiacomgosto |
"Os povos antigos que viveram no Egito eram uma grande mistura de diversos grupos étnicos, com várias origens diferentes. Antes de 5000 a.C. o vale do Nilo não tinha nenhum povo estabelecido, porque a área no entorno tinha uma rica vegetação e era habitada por tribos nômades de caçadores coletores que perseguiam grandes animais, como leões, girafas, e avestruzes, como fonte de alimento.
No entanto devido à mudança climática ocorrida aproximadamente em 5000 a.C., as áreas em volta do Nilo começaram a secar e já não eram capazes de sustentar os grandes animais. Essa mudança fez com que os povos nômades convergissem para o vale do Nilo, pois o rio estava se tornando a única fonte de água da região.
Como resultado, a primeira população do Egito era um grupo de diferentes tribos nômades, que se integraram umas as outras e criaram uma nova sociedade.
No sul do Egito, mais próximo da Núbia o povo tinha uma pele mais escura. No norte do Egito, mais próximo do Oriente o povo tinha uma pele mais clara.
No sul do Egito, mais próximo da Núbia o povo tinha uma pele mais escura. No norte do Egito, mais próximo do Oriente o povo tinha uma pele mais clara.
Por volta de 3100 a.C. no começo do período faraônico da história egípcia, uma cultura totalmente nova se desenvolveu."
fonte: "Os Egípcios antigos para leigos".
O rio Nilo em dados
O Nilo é o rio mais extenso do mundo. Situado no nordeste do continente africano, sua nascente está a sul da linha do Equador e sua foz ocorre no mar Mediterrâneo.
A sua bacia hidrográfica ocupa uma área de 3.349.000 km², abrangendo Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito. A partir da sua fonte mais remota, situada no "Nyungwe National Park" de Rwanda, o Nilo tem um comprimento de 7 088 km.
É formado pela confluência de três outros rios, o Nilo Branco , o Nilo Azul e o rio Atbara. O Nilo Azul nasce no lago Tana (Etiópia), confluindo com o Nilo Branco em Cartum, capital do Sudão
Mapa do Nilo, google maps |
Seis cataratas, decorrentes de acidentes nas rochas do leito do rio, dividem a seção sul do Nilo entre Aswuan e Khartoun. A primeira catarata em Aswan criou uma fronteira natural para o Egito até o novo império (1550 a.C.)
O Nilo flui do sul para o norte. O Egito meridional é chamado de alto Egito porque se encontra mais perto da nascente. O Egito setentrional, perto do Mediterrâneo, é chamado de baixo Egito.
Todos os anos entre os meses de julho e outubro, o Nilo transbordava cobrindo as terras nas duas margens com mais de meio metro de água. Quando a água baixava, um limo negro muito fértil cobria a terra.
margens férteis (fotos: historiacomgosto)
Apesar das inundações serem essenciais para a agricultura, o excesso ou a pouca água em algumas temporadas causava o fracasso da safra e consequentemente fome e morte.
A partir de 1830 e mais recentemente em 1960 com a barragem de Aswan alta, os egípcios passaram a ter melhor controle das inundações.
O Nilo flui do sul para o norte. O Egito meridional é chamado de alto Egito porque se encontra mais perto da nascente. O Egito setentrional, perto do Mediterrâneo, é chamado de baixo Egito.
A área do Egito que é cultivável, e também é chamada de vale do Nilo, possue cerca de 34.000 Km2, com pouca variação através do tempo.
Inundações: Sobrevivência e Prosperidade
Todos os anos entre os meses de julho e outubro, o Nilo transbordava cobrindo as terras nas duas margens com mais de meio metro de água. Quando a água baixava, um limo negro muito fértil cobria a terra.
margens férteis (fotos: historiacomgosto)
barragens
A partir de 1830 e mais recentemente em 1960 com a barragem de Aswan alta, os egípcios passaram a ter melhor controle das inundações.
barragem de Aswan alta, foto historiacomgosto |
II. - As dinastias egípcias
A história da civilização egípcia, conhecida também como a história do Egito Antigo, foi melhor organizada por Maneto, um historiador e sacerdote egípcio do terceiro século antes de Cristo. Ele criou o sistema cronólogico baseado nas dinastias. As dinastias começam com o controle unificado do Alto e do Baixo Egito. A história começa a partir dessa unificação.
Paleta de Narmer
A Paleta de Narmer refere-se a uma placa cerimonial egípcia com inscrições e relevos representando o acontecimento histórico da unificação do Alto e Baixo Egito sob o rei Narmer e que data de, aproximadamente, 3100 - 3200 a.C. contendo alguns dos mais antigos hieróglifos atualmente conhecidos.
Começando por Narmer, o historiador Maneto dividiu a cronologia da seguinte forma:
Período dinástico inicial dinastia 0 a 2, por volta dos anos 3150-2686 a.C |
Antigo Império da terceira a sexta dinastia; por volta dos anos 2686 a 2181 a.C. |
Primeiro período intermediário da sétima a décima dinastia, por volta dos anos 2181-2040 a.C. |
Médio Império da 11o a 12o dinastia por volta dos anos 2040 a 1782 a.C. |
Segundo período intermediário da 13o a 17o dinastia, por volta dos anos 1782 a 1570 a.C. |
Novo império da 18o a 20o dinastia, por volta dos anos 1570 a 1070 a.C. |
Terceiro período intermediário da 21o a 26o dinastia, por volta dos anos 1080 a 525 a.C. |
Período tardio da 27o a 30o dinastia por volta dos anos 525 a 332 a.C. |
Os períodos estáveis do antigo, médio e novo império, são interlaçados com períodos mais conturbados de guerras, tomadas de poder, ...,. Esses períodos são chamados períodos intermediários.
III. - A Organização Social do Reino Egípcio
Os Reis
A pessoa mais poderosa da sociedade do Egito antigo era o rei. Ele já nascia nessa posição e normalmente era filho ou herdeiro do rei anterior. Como chefe do estado ele era grão sacerdote de todos os templos, chefe do exército, diplomata para tratados comerciais e intermediário entre o povo e os deuses.
A forma clássica da designação dos reis egípcios é composta por cinco nomes: para além do nome que lhe tinha sido dado quando nasceu, os soberanos egípcios assumiam quatro nomes quando se tornavam reis.
O uso dos cinco nomes surge a partir da V dinastia, por volta de 2500 a.C., na época do Império Antigo.
Os cinco títulos que eles tinham seguiam um ordem canónica: nome de Hórus, nome das Duas Damas, nome do Hórus de Ouro, nome do Rei do Alto e Baixo Egito e o nome do filho de Ré. Este último era o nome próprio do rei e ligava-o muitas vezes a uma divindade (a título de exemplo, Amenófis (Amen-Hotep) significa "o deus Amon esteja satisfeito" e Ramsés "nascido de Ré").
Os cinco nomes que um rei assumia no começo do seu reinado podem ser interpretados como definidores de um certo programa e da forma como o rei se situava no plano temporal.
O termo "faraó", habitualmente utilizado para designar os monarcas do Antigo Egito, surge pela primeira vez nas fontes egípcias durante o reinado de Tutmés III (Tutmósis III), monarca da XVIII Dinastia, em cerca de 1400-1450 a.C..
Trabalhadores (agricultura, construção)
A sociedade no Egito antigo era altamente estratificada. Em primeiro lugar vinha o rei, seguido por pequenos grupos de sacerdotes vindos das elites, um grupo um pouco maior da elite dominante como escribas, construtores, ...,. e por fim a classe trabalhadora (trabalhos que exigiam alguma técnica e trabalhos braçais).
A maior parte do povo trabalhava na agricultura envolvidos com a produção de alimentos.
Existiam também os trabalhadores da construção que como esses envolvidos na agricultura, não eram escravos mas recebiam o seu salário em forma de alimento para eles e suas famílias.
Existe uma lenda que os construtores das pirâmides eram escravos, mas isso não corresponde a realidade. Eles eram trabalhadores do estado e recebiam o pagamento na forma de alimentação e acomodação.
Artesãos
Os artesãos consituiam uma classe de trabalhadores especiais que serviam para fazer as decorações das tumbas e monumentos dos reis. Eles eram entalhadores, carpinteiros, pintores, desenhistas, ...,.
O Sacerdócio
O sacerdócio era uma função muito poderosa, especialmente em seus altos escalões. Os sacedortes trabalhavam para o templo e podiam ganhar honrarias riquezas e títulos.
Os templos
Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade, que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo, por isso, muito diferentes dos modernos edifícios religiosos.
Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.
Templo de Edfu, Egito, foto HistoriacomGosto |
Os Nomarcas
Nos reinos antigos e médios, uma grande parte do poder dos reis eram transferidos para os nomarcas, ou governadores. Eles eram responsáveis pelo seu governo na província e controlavam a economia, os impostos, os empregos e a formação dos exércitos.
Exército Permanente
No novo império, o rei não precisava de depender dos nomarcas para recrutar soldados. Nessa época foi instituído um exército permanente liderado por dois generais. Um para o Alto Egito e outro para o Baixo Egito.
O exército egícpcio utilizava uma carruagem de guerra diferente em várias formas das carruagens convencionais usadas pelos mesopotâmicos e hititas. A carruagem egípcia era mais leve, e projetada para carregar , além dos cavalos, dois homens: um responsável por conduzi-la, que também contava com a proteção de um escudo, e o guerreiro, que contava com um arco e flecha ou dardos de arremesso e, caso ambos acabassem, uma lança curta para ataques próximos.
IV - Resumo
A civilização egípcia se aglutinou em torno de 3 150 a.C. com a unificação política do Alto e Baixo Egito, sob o primeiro faraó (Narmer), e se desenvolveu ao longo dos três milênios seguintes.
Sua história desenvolveu-se ao longo de três grandes reinos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, separados por períodos de relativa instabilidade conhecidos como Períodos Intermediários.
O Antigo Egito atingiu o seu auge durante o Império Novo (c. 1 550-1 070 a.C.), uma era cosmopolita durante a qual, graças às campanhas militares do faraó Tutmés III, o Egito dominou, uma área que se estendia desde a Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo, até ao rio Eufrates, tendo após esta fase entrado em um período de lento declínio.
O Egito foi conquistado por uma sucessão de potências estrangeiras neste período final. O governo dos faraós terminou oficialmente em 31 a.C., quando o Egito caiu sob o domínio do Império Romano e se tornou uma província romana, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Áccio
V. Referências
Os Egípcios antigo para leigos - Chalotte Booth
Wikipedia - Egito Antigo