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quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A História da Civilização Egípcia I - O Nilo e o início das Dinastias

I. - O Rio Nilo - Fonte da Vida



Única fonte de água nessa região ao norte da África, podemos dizer que o Nilo é a fonte que possibilita a existência de vida continuada nessa imensa área. Sem ele não existiria a civilização egípcia e nenhuma outra forma de vida organizada na região.

foto com vista do Nilo e suas margens
Vista do Rio Nilo, foto Historiacomgosto


"Os povos antigos que viveram no Egito eram uma grande mistura de diversos grupos étnicos, com várias origens diferentes. Antes de 5000 a.C. o vale do Nilo não tinha nenhum povo estabelecido, porque a área no entorno tinha uma rica vegetação e era habitada por tribos nômades de caçadores coletores que perseguiam grandes animais, como leões, girafas, e avestruzes, como fonte de alimento.

No entanto devido à mudança climática ocorrida aproximadamente em 5000 a.C., as áreas em volta do Nilo começaram a secar e já não eram capazes de sustentar os grandes animais. Essa mudança fez com que os povos nômades convergissem para o vale do Nilo, pois o rio estava se tornando a única fonte de água da região. 

Como resultado, a primeira população do Egito era um grupo de diferentes tribos nômades, que se integraram umas as outras e criaram uma nova sociedade.

No sul do Egito, mais próximo da Núbia o povo tinha uma pele mais escura. No norte do Egito, mais próximo do Oriente o povo tinha uma pele mais clara.

Por volta de 3100 a.C. no começo do período faraônico da história egípcia, uma cultura totalmente nova se desenvolveu."

fonte: "Os Egípcios antigos para leigos".

O rio Nilo em dados

O Nilo é o rio mais extenso do mundo. Situado no nordeste do continente africano, sua nascente está a sul da linha do Equador e sua foz ocorre no mar Mediterrâneo.

A sua bacia hidrográfica ocupa uma área de 3.349.000 km², abrangendo Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito.  A partir da sua fonte mais remota, situada no "Nyungwe National Park" de Rwanda, o Nilo tem um comprimento de 7 088 km.

É formado pela confluência de três outros rios, o Nilo Branco , o Nilo Azul e o rio Atbara. O Nilo Azul nasce no lago Tana (Etiópia), confluindo com o Nilo Branco em Cartum, capital do Sudão

foto do mapa do Nilo
Mapa do Nilo, google maps

Seis cataratas, decorrentes de acidentes nas rochas do leito do rio, dividem a seção sul do Nilo entre Aswuan e Khartoun. A primeira catarata em Aswan criou uma fronteira natural para o Egito até o novo império (1550 a.C.)

O Nilo flui do sul para o norte. O Egito meridional é chamado de alto Egito porque se encontra mais perto da nascente. O Egito setentrional, perto do Mediterrâneo, é chamado de baixo Egito.

A área do Egito que é cultivável, e também é chamada de vale do Nilo, possue cerca de 34.000 Km2, com pouca variação através do tempo.

Inundações: Sobrevivência e Prosperidade


Todos os anos entre os meses de julho e outubro, o Nilo transbordava cobrindo as terras nas duas margens com mais de meio metro de água. Quando a água baixava, um limo negro muito fértil cobria a terra.

margens férteis (fotos: historiacomgosto)


Outra foto das margens do Nilo com animais pastando


Foto do Nilo, suas margens e embarcações em Aswan


Apesar das inundações serem essenciais para a agricultura, o excesso ou a pouca água em algumas temporadas causava o fracasso da safra e consequentemente fome e morte.

barragens


A partir de 1830 e mais recentemente em 1960 com a barragem de Aswan alta, os egípcios passaram a ter melhor controle das inundações.


foto da barragem de Aswan alta
barragem de Aswan alta, foto historiacomgosto

II. - As dinastias egípcias


A história da civilização egípcia, conhecida também como a história do Egito Antigo, foi melhor organizada por Maneto, um historiador e sacerdote egípcio do terceiro século antes de Cristo. Ele criou o sistema cronólogico baseado nas dinastias. As dinastias começam com o controle unificado do Alto e do Baixo Egito. A história começa a partir dessa unificação.

Paleta de Narmer



A Paleta de Narmer refere-se a uma placa cerimonial egípcia  com inscrições e relevos representando o acontecimento histórico da unificação do Alto e Baixo Egito sob o rei Narmer e que data de, aproximadamente, 3100 - 3200 a.C. contendo alguns dos mais antigos hieróglifos atualmente conhecidos.



foto da Paleta de Narmer



Começando por Narmer, o historiador Maneto dividiu a cronologia da seguinte forma:



Período dinástico inicial
dinastia 0 a 2, por volta dos anos 3150-2686 a.C
Antigo Império
da terceira a sexta dinastia; por volta dos anos 2686 a 2181 a.C.
Primeiro período intermediário
da sétima a décima dinastia, por volta dos anos 2181-2040 a.C.
Médio Império
da 11o  a  12o dinastia por volta dos anos 2040 a 1782 a.C.
Segundo período intermediário
da 13o a 17o dinastia, por volta dos anos 1782 a 1570 a.C.
Novo império
da 18o a 20o dinastia, por volta dos anos 1570 a 1070 a.C.
Terceiro período intermediário
da 21o a 26o dinastia, por volta dos anos 1080 a 525 a.C.
Período tardio
da 27o  a 30o dinastia por volta dos anos 525 a 332 a.C.


Os períodos estáveis do antigo, médio e novo império, são interlaçados com períodos mais conturbados de guerras, tomadas de poder, ...,. Esses períodos são chamados períodos intermediários.


III. - A Organização Social do Reino Egípcio


Os Reis

A  pessoa mais poderosa da sociedade do Egito antigo era o rei. Ele já nascia nessa posição e normalmente era filho ou herdeiro do rei anterior. Como chefe do estado ele era grão sacerdote de todos os templos, chefe do exército, diplomata para tratados comerciais e intermediário entre o povo e os deuses.


foto da Tríade de Menkhalf
A forma clássica da designação dos reis egípcios é composta por cinco nomes: para além do nome que lhe tinha sido dado quando nasceu, os soberanos egípcios assumiam quatro nomes quando se tornavam reis.

O uso dos cinco nomes surge a partir da V dinastia, por volta de 2500 a.C., na época do Império Antigo.

Os cinco títulos que eles tinham seguiam um ordem canónica: nome de Hórus, nome das Duas Damas, nome do Hórus de Ouro, nome do Rei do Alto e Baixo Egito e o nome do filho de Ré. Este último era o nome próprio do rei e ligava-o muitas vezes a uma divindade (a título de exemplo, Amenófis (Amen-Hotep) significa "o deus Amon esteja satisfeito" e Ramsés "nascido de Ré").

Os cinco nomes que um rei assumia no começo do seu reinado podem ser interpretados como definidores de um certo programa e da forma como o rei se situava no plano temporal.

O termo "faraó", habitualmente utilizado para designar os monarcas do Antigo Egito, surge pela primeira vez nas fontes egípcias durante o reinado de Tutmés III (Tutmósis III), monarca da XVIII Dinastia, em cerca de 1400-1450 a.C..


Trabalhadores (agricultura, construção)


A sociedade no Egito antigo era altamente estratificada. Em primeiro lugar vinha o rei, seguido por pequenos grupos de sacerdotes vindos das elites, um grupo um pouco maior da elite dominante como escribas, construtores, ...,. e por fim a classe trabalhadora (trabalhos que exigiam alguma técnica e trabalhos braçais).

A maior parte do povo trabalhava na agricultura envolvidos com a produção de alimentos. 

Existiam também os trabalhadores da construção que como esses envolvidos na agricultura, não eram escravos mas recebiam o seu salário em forma de alimento para eles e suas famílias.


foto de pinturas de parede egípcia


Existe uma lenda que os construtores das pirâmides eram escravos, mas isso não corresponde a realidade. Eles eram trabalhadores do estado e recebiam o pagamento na forma de alimentação e acomodação.

Artesãos

Os artesãos consituiam uma classe de trabalhadores especiais que serviam para fazer as decorações das tumbas e monumentos dos reis. Eles eram entalhadores, carpinteiros, pintores, desenhistas, ...,.

Evidências foram encontradas de vilas especiais montadas para esses trabalhadores em Gizé, Kahun, Amarna, Deir El Medina.


foto de pintura de artesãos trabalhando

O Sacerdócio


O sacerdócio era uma função muito poderosa, especialmente em seus altos escalões. Os sacedortes trabalhavam para o templo e podiam ganhar honrarias riquezas e títulos.


foto de pinturas de sacerdotes


Os templos


Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade, que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo, por isso, muito diferentes dos modernos edifícios religiosos.

Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.


foto da entrada do Templo de Edfu
Templo de Edfu, Egito, foto HistoriacomGosto


Os Nomarcas

Nos reinos antigos e médios, uma grande parte do poder dos reis eram transferidos para os nomarcas, ou governadores. Eles eram responsáveis pelo seu governo na província e controlavam a economia, os impostos, os empregos e a formação dos exércitos.


Exército Permanente


No novo império, o rei não precisava de depender dos nomarcas para recrutar soldados. Nessa época foi instituído um exército permanente liderado por dois generais. Um para o Alto Egito e outro para o Baixo Egito. 


pintura do carro de cobate dos gurreiros egípciosO exército egícpcio utilizava uma  carruagem de guerra diferente em várias formas das carruagens convencionais usadas pelos mesopotâmicos e hititas. A  carruagem egípcia era mais leve, e projetada para carregar , além dos cavalos, dois homens: um responsável por conduzi-la, que também contava com a proteção de um escudo, e o guerreiro, que contava com um arco e flecha ou dardos de arremesso e, caso ambos acabassem, uma lança curta para ataques próximos.


IV - Resumo 



A civilização egípcia se aglutinou em torno de 3 150 a.C.  com a unificação política do Alto e Baixo Egito, sob o primeiro faraó (Narmer), e se desenvolveu ao longo dos três milênios seguintes. 

Sua história desenvolveu-se ao longo de três grandes reinos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, separados por períodos de relativa instabilidade conhecidos como Períodos Intermediários. 

O Antigo Egito atingiu o seu auge durante o Império Novo (c. 1 550-1 070 a.C.), uma era cosmopolita durante a qual, graças às campanhas militares do faraó Tutmés III, o Egito dominou, uma área que se estendia desde a Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo, até ao rio Eufrates, tendo após esta fase entrado em um período de lento declínio. 

O Egito foi conquistado por uma sucessão de potências estrangeiras neste período final. O governo dos faraós terminou oficialmente em 31 a.C., quando o Egito caiu sob o domínio do Império Romano e se tornou uma província romana, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Áccio

V. Referências


Os Egípcios antigo para leigos - Chalotte Booth

Wikipedia - Egito Antigo