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sábado, 25 de abril de 2020

História do Egito VII - Império Novo II (Akhenaton, Nefertiti, Tutankhamon)

I. Império Novo


O império novo se iniciou com a expulsão dos Hicsos, com a expansão das fronteiras e fortalecimento da figura dos Faraós. Tebas passou a ser a capital do império e o culto a Amon tornou-se dominante. Nesse período o faraó Amenófis III (Amenhotep III) deu início a construção do templo de Luxor e reinou por um período de cerca de 40 anos, provavelmente entre 1391 a.C. - 1353 a.C..


Colossos de Memnon

Colossos de Mêmnon é a designação atribuída a duas estátuas gigantescas do faraó Amenófis III da XVIII Dinastia, situadas na necrópole da antiga cidade de Tebas, a oeste da cidade de Luxor, no Egito.


foto das Estátuas de Amenhotep III também cahamadas de Colossos de Memnon devido ao tamanho gigantesco
Estátuas de Amenhotep III, foto HistoriacomGosto


Estas duas estátuas eram entendidas como guardiãs do templo funerário do faraó. O templo tinha cerca de 385 000 metros quadrados, sendo um dos maiores da Antiguidade, mas foi completamente destruído devido às inundações do Nilo e à extração de materiais.

As estátuas representam Amenófis III sentado no trono com as mãos pousadas sobre os joelhos. Em cada lado das suas pernas está a sua mãe, Mutemuia, e a sua esposa principal, a rainha Tié. Nos dois lados do trono figuram a representação do sema-taui, símbolo que aludia à união entre o Alto e o Baixo Egito, sendo possível ver o deus Hapi a realizar a união das duas plantas heráldicas, o papiro e o lírio.

As estátuas foram feitas em quartzito, possuindo cerca de dezoito metros de altura, com um peso de 1300 toneladas.


Aton

No ano vinte e oito do seu reinado iniciaram-se os preparativos para o jubileu que celebraria os trinta anos. Para limitar a influência dos sacerdotes, que detinham muitas terras, minas e uma grande influência política, o faraó pretendeu afirmar-se como filho do deus Aton.  

Esta situação levou a conflitos entre os partidários das duas divindades (Amon e Aton). O seu filho e sucessor, Amenófis IV (Aquenáton) levou as ideias do pai às últimas consequências, rompendo com o clero de Mona e fazendo de Aton a única divindade digna de culto. 

II. - Akhenaton (Aquenáton)

foto da parte do rosto da estátua de Akhenaton no museu do Cairo - O faraó tem as feições alongadas
Estátua de Akhenaton no museu do Cairo
Aquenáton tornou-se rei aos quinze anos de idade e por volta de 1364 a.C. Pensa-se que nesta altura já estaria casado com Nefertiti, a sua famosa esposa. Em Tebas, bem como em Mênfis e em Hermópolis, Amenófis IV iniciou um programa de obras públicas. Em volta do templo de Amon em Karnak (Tebas) mandou construir quatro templos dedicados a Aton, o que para alguns autores seria uma tentativa de realizar uma fusão entre os dois deuses.

No ano 5 do seu reinado o jovem rei decide mudar de nome. De Amen-hotep, nome que significa "Amon está satisfeito" muda para Aquenáton o que significa "o espírito atuante de Aton", o que representou o seu repúdio ao deus Amon. 

O rei declarou-se também filho e profeta de Aton, uma divindade representada como um disco solar. Aquenáton instituiu o deus Aton como a única divindade que deveria ser cultuada, sendo o próprio faraó o único representante dessa divindade.


placa dourada com Nefertiti e sua filha cultuando o deus Aton
Nefertiti e sua filha cultuando o deus áton
placa dourada com a família real cultuando o deus áton
família real cultuando o deus áton

Aquetaton

No ano 6 de seu governo, Aquenáton decide abandonar Tebas para fundar uma nova cidade dedicada a Aton. Ao contrário de outros deuses, Aton não tinha ainda um local de culto próprio e Aquenáton decide-se por criar um. O local escolhido situa-se entre Mênfis e Tebas, na margem direita do Nilo e recebeu o nome de Aquetaton ("o horizonte de Aton"); atualmente as ruínas deste local são conhecidas como Amarna, o nome da aldeia egípcia próxima.


mapa com a localização de Aquetaton entre Menfis e Tebas


Características de Akhenaton (Aquenáton)

Aquenáton deixou-se absorver pelo sua devoção a Aton, talvez pela sua personalidade artista e pacifista, descuidando os aspectos práticos da administração do Egito. Perante este desinteresse, Aye e o general Horemheb, duas personalidades que mais tarde se tornariam faraós, desempenharam um importante papel no governo.

Entre o ano 8 e o ano 12 do seu reinado, sabe-se que Aquenáton desencadeou uma perseguição aos antigos deuses, e em particular, aos que estavam associados à cidade de Tebas (Amom, Mut e Quespisiquis). O faraó ordenou que os nomes destes deuses fossem retirados de todas as inscrições em que se encontravam em todo o Egito. Esta situação atingiu diretamente não só os sacerdotes, mas a própria população.


foto de estátua com feições de Akhenaton   outra estátua de Akhenaton - O faraó tem faces alongadas e labios cheios em um tipo meio andrógino


O reinado de Aquenáton assistiu à emergência da chamada "arte amarniana", que se caracteriza por um lado pelo naturalismo (abundância de plantas, flores e pássaros) e pela convivência familiar do faraó e por outro lado, por uma representação mais realista dos personagens que por vezes atinge o ponto da caricatura. A arte oficial apresenta o rei com uma fisionomia andrógina, com um crânio alongado, lábios grossos, ancas largas e ventre proeminente.

Aquenáton reinou por cerca de 17 anos. Aproximadamente no ano 15 do seu reinado surge um misterioso co-regente chamado Semencaré. Alguns egiptólogos acreditam que Semencaré era a rainha Nefertiti que assumiu atributos de faraó para tornar suave a transição de governo para o herdeiro do trono que, nessa época, deveria ter por volta de quatro anos de idade. Outros acreditam que ele era, na verdade, o filho mais velho de Aquenáton e irmão de Tuthankamon, que lhe sucedeu.

Treze anos depois da fundação de sua cidade, Aquenáton morreu. Há quem acredite que ele tenha sido assassinado para que seu reinado terminasse.

A cidade foi abandonada e, mais tarde, sistematicamente destruída e apagada dos registros. Também foram esquecidos o culto à Atón e o próprio Aquenáton, que durante muito tempo só foi lembrado por ser, segundo indicam os registros, o pai do grande Tutancâmon, seu sucessor. 

III. - Nefertiti



 foto do famoso busto de Nefertiti que está no museu de Berlin Nefertiti ( /ˌnɛfərˈtti/) (c. 1370 - 1330 a.C.) foi a  esposa principal de Aquenáton. Nefertiti e o seu esposo tornaram-se conhecidos pela revolução religiosa, na qual adoravam apenas um deus, Áton, ou o disco solar. Com o seu esposo, reinou em um período muito próspero na história do Antigo Egito.  Alguns historiadores acreditam que Nefertiti reinou durante algum tempo como Neferneferuaten depois da morte do seu marido e antes da sucessão de Tutankhamon, tal identificação é ainda hoje objecto de debate.

As origens familiares de Nefertiti são pouco claras. O seu nome significa "a mais Bela chegou", o que levou muitos investigadores a considerarem que Nefertiti teria uma origem estrangeira, contudo, nos últimos tempos tem prevalecido a hipótese de Nefertiti ser egípcia, filha de Ay, alto funcionário egípcio responsável pelo corpo de carros de guerra que chegaria a ser faraó após a morte de Tutankhamon. Aye era irmão da rainha Tié, esposa principal do rei Amenófis III, o pai de Aquenáton; esta hipótese faria do marido de Nefertiti o seu primo. 

A família Aquenáton e Nefertiti

Em muitos lugares acham-se esculpidos a família de Aquenáton prestando culto ao deus Áton. A importância dada a Nefertiti na vida de Aquenáton fica então muito caracterizada uma vez que as rainhas não costumavam ser representadas juntas com o Faraó e nem tampouco sózinhas.


Outra estela que representa a família real adorando Aton
Estela que representa a família real, Museu Egípcio do Cairo, font wikipédia



O busto de Nefertiti


A 6 de Dezembro de 1912 foi encontrado em Amarna o famoso busto da rainha Nefertiti, por vezes também designado como o "busto de Berlim" em função de se encontrar na capital alemã. A descoberta foi da responsabilidade de uma equipe arqueológica da Sociedade Oriental Alemã (Deutsche Orient Gesellchaft) liderada por Ludwig Borchardt (1863-1938). A peça foi encontrada na zona residencial do bairro sul da cidade, na casa e oficina do escultor Tutemés.


 outra foto de um angulo lateral mostrando o busto de Nefertiti que está em Berlim O busto de Nefertiti mede 50 cm de altura, tratando-se de uma obra inacabada. A prova encontra-se no olho esquerdo da escultura, que não tem a córnea incrustada; Ludwig Borchardt julgou que esta se teria desprendido quando encontrou o busto, mas estudos posteriores revelaram que esta nunca foi colocada para não causar inveja às deusas.

Segundo o costume da época os achados de uma escavação eram partilhados entre o Egito e os detentores da licença de escavação. O busto de Nefertiti acabaria por ser enviado para a Alemanha, onde foi entregue a James Simon, uma dos patrocinadores da expedição. Em 1920 a obra foi doada ao Museu Egípcio de Berlim, onde passou a ser exibida a partir de 1923, tornando-se uma das atrações da instituição.

Descendência de Akhenaton - Filho com Kia


representação do casal Akhenaton e Nefertiti andando de mãos dadas  Nefertiti não gerou nenhum filho homem com Aquenáton. Ela teve seis filhas. Com Kia, uma esposa secundária, Aquenáton teve dois filhos, Nebnefer, que morreu durante o surto de peste e Tutancaton que depois que voltou á Tebas foi obrigado a mudar seu nome para Tutancámon, pois depois da morte de Aquenáton, o Deus Aton, foi proscrito por alguns anos. 

Kia teria morrido no parto de Tutankhamon, e a mesma serviu apenas para dar a Aquenáton dois filhos homens para continuar o reinado, visto que Nefertiti não conseguia gerar filhos varões.


Muitas representações do casal Aquenáton e Nefertiti são encontrados. Algumas estão no Museu do Cairo e  essa mostrado ao lado se encontra no Louvre.

IV. - Tutankamon


Tutankhamon era filho de Aquenáton (anteriormente Amenhotep IV) muito provavelmente com uma esposa menos relevante chamada Kia. Ainda como príncipe, era conhecido como Tutancaton por causa do deus áton. Ele subiu ao trono em 1333 a.C., com a idade de nove ou dez anos e quando restaurou o culto ao deus ámon ele mudou nome para Tutankhamon. Sua ama de leite foi uma mulher chamada Maia, segundo conta em seu túmulo em Sacará. Seu professor foi Sennedjem.


busto de Tutankhamon ainda criança / adolescente
Tutankhamon, wikipedia
Dada a sua idade, o rei provavelmente teve conselheiros muito poderosos, presumivelmente estava entre eles o General Horemhebe  e o grão-vizir Aí ( que sucedeu a Tutankhamon). Horemhebe registra que o rei o nomeou "senhor da terra" como príncipe hereditário para manter a lei. Ele também notou sua capacidade de acalmar o jovem rei quando seu temperamento se agitava. 

Em seu terceiro ano de reinado, sob a influência de seus conselheiros, Tutankhamon reverteu várias mudanças feitas durante o reinado de seu pai. Ele terminou a adoração do deus Áton e restaurou o deus Amom à supremacia. A proibição do culto de Amom foi suspensa e os privilégios tradicionais foram restaurados ao seu sacerdócio. A capital foi transferida de volta para Tebas e a cidade de Aquetatom foi abandonada. Foi quando ele mudou seu nome para Tutankamon, "Imagem viva de Amom", reforçando a restauração de Amom.


 cabeça do faraó Tutankhamon ainda criança
Cabeça do faraó Tutankhamon,
museu do Cairo, wikipedia


Tutankhamon buscou restaurar relações com os povos vizinhos, em particular com o reino de Mitani. A evidência de seu sucesso é sugerida pelos presentes de vários países encontrados em sua tumba. Apesar de seus esforços para melhorar as relações, foram registradas batalhas contra os núbios e asiáticos em seu templo mortuário em Tebas.

Morte de Tutankhamon

Tutankhamon morreu bastante jovem, ele devia ter em torno de 18 a 19 anos. Por muitos anos os historiadores pensaram que ele havia morrido de uma pancada na cabeça em virtude de um fragmento de osso solto encontrado dentro de seu crânio. No entanto uma tomografia feita em 2005, mostrou que essas fraturas ósseas aconteceram após a sua morte e provavelmente provocadas pelo seu descobridor, Howard Carter, quando tentavam remover a sua máscara de ouro. 

A Tumba de Tutankhamon


foto da famosa máscara dourada com que Tutankhamon foi enterrado
Máscara de Tutankhamon,
Museu do Cairo
Apesar de ter reinado por pouco tempo e ter morrido ainda jovem, o faraó Tutankhamon ficou muito conhecido no mundo inteiro, pois a sua tumba foi a única que foi encontrada preservada e com a quase totalidade dos seus tesouros intactas.

A tumba continha 5.398 items, incluindo um caixão de ouro maciço, a máscara mortuária de Tutankhamon, tronos, arcos de arco e flecha, trombetas, um cálice de alabastro, 130 bengalas e suportes, comida, vinho, sandálias e roupas íntimas de linho. 

Howard Carter levou 10 anos para catalogar os itens. Uma análise recente sugere que a lâmina do punhal de Tutankhamon, uma adaga recuperada da tumba, era uma lâmina de ferro confeccionada a partir de um meteorito; o estudo dos artefatos da época, incluindo outros artefatos da tumba de Tutankhamon, poderia fornecer informações valiosas sobre as tecnologias de fabricação em todo o Mediterrâneo na época.


foto do trono real no museu do Cairo
Trono real, Museu Cairo
foto do sarcófago no Museu do Cairo
sarcófago, Museu Cairo

 foto de um baú decorado de Tutankhamon - museu do Cairo
Baú, Museu Cairo
 foto das sandálias douradas do faraó Tutankhamon
Sandálias faraó Tutankhamon, Museu Cairo

V. - A Sucessão de Tutankhamon


"" - Tutankhamon faleceu com dezenove anos sem deixar um herdeiro. "Aí", era o seu grão-vizir que teria na época mais de sessenta anos,  foi quem sucedeu-o no trono egípcio. No túmulo de Tutankhamon é possível ver pintado numa parede "Aí" a realizar a cerimónia de abertura da boca, habitualmente realizada pelo filho do faraó que tinha falecido.
De acordo com alguns investigadores, Aí casou com a viúva de Tutankhamon de modo a poder tornar-se faraó, dado que Aí não tinha raízes nobres, ao contrário desta, que foi uma das várias filhas de Aquenáton. Esta rainha desapareceu da história logo após a morte de Tutankhamon.   

 pintura mostrando o casal Horemheb e Ísis
Horemheb e Ísis
"Horemheb- Nasceu na cidade de Alabastrônpolis, e é provável que tenha desempenhado uma função militar importante no norte do país (Baixo Egito), durante o reinado de Aquenáton, juntamente com o vice-rei Iancamu, mencionado nas Tábuas de Tell el-Amarna. Horemheb sucedeu Aí e governou por mais de 30 anos dando continuidade ao trabalho de restauração dos templos e das fronteiras do Egito iniciado por Tutankhamon. Horemheb também faleceu sem deixar herdeiro.

Comentário

Na próxima publicação abordaremos o período de Ramsés II, Ramsés III, Abu-Simbel, ...,.

VI. - Referências


Os Egípcios Antigos para Leigos - Charlotte Booth

Art and History Luxor - Editora Bonechi

Império Novo, Akhenaton, Nefertiti, Tutankhamon - Wikipedia

Outras Publicações



O Império Novo II (Akhenaton, Nefetiti, Tutankhamon)

O Império Novo III - (Ramsés II, Abu-Simbel, ...)