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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A Imaculada Conceição por Bartolomé Esteban Murillo

1. - A Imaculada Conceição


A Imaculada Conceição ou Nossa Senhora da Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha  do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus da falta de graça santificante que aflige a humanidade, porque ela estava cheia de graça divina. A Igreja Católica também professa que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.

Embora a crença de que Maria era sem pecado, ou concebida sem pecado original, tenha sido amplamente aceita desde a Antiguidade tardia , a doutrina não foi definida dogmaticamente na Igreja Católica até 1854, quando o papa Pio IX declarou ex cathedra , ou seja, usando infalibilidade papal, em sua bula papal Ineffabilis Deus,  a Imaculada Conceição para ser doutrina. 

A Igreja Católica celebra a solenidade da Imaculada Conceição em 8 de dezembro; em muitos países católicos , é um dia sagrado de obrigação ou festa patronal , e em alguns feriados nacionais.

2. - A Imaculada Conceição do Escorial, Bartolomé Esteban Murilo


A Imaculada Conceição de El Escorial é uma pintura religiosa a óleo de 1660 a 1665, do artista barroco espanhol Bartolomé Esteban Murillo, agora no Museo del Prado, em Madri. As muitas representações artísticas de Murillo da concepção imaculada da Virgem Maria foram enormemente influentes na arte posterior.

 quadro da Imaculada Conceição por Bartolomé Murillo
Imaculada Conceição, Murilo, 1656-1660, Museu do Prado


3. - Bartolomé Esteban Murillo


Bartolomé Esteban Murillo é, quiçá, o pintor que melhor define o barroco espanhol. Nasceu em Sevilha, onde passou a maior parte da sua vida. O dia exato do seu nascimento é desconhecido, mas terá, provavelmente, nascido em dezembro de 1617, já que foi batizado no dia 1 de janeiro de 1618, na Igreja da Madalena. Era costume na Idade Moderna, batizar as crianças somente alguns dias após o seu nascimento, como tal é normal que os especialistas façam tal afirmação.

quadro com retrato de Bartolomé Murillo   Os primeiros quadros de Murillo eram muito influenciados pelo estilo do seu mestre, Del Castillo, como se pode apreciar no quadro A "Virgem do Rosário, com São Domingo".

Em 1645 recebeu a sua primeira encomenda importante: treze quadros para um claustro do Convento de São Francisco, em Sevilha. Nestas obras demonstrou uma notável influência de Van Dyck, Ticiano e Peter Paul Rubens.

O êxito alcançado com as pinturas no claustro do Convento de São Francisco motivou o aumento do número de encomendas.

Em 1665, teve início o seu período mais produtivo, ou seja, o período em que recebeu mais encomendas. Neste ano, a fama alcançada por Murillo estendeu-se por todo o país, chegando à corte madrilhena, onde, segundo Palomino, o próprio rei Carlos II convidou Murillo a estabelecer-se em Madrid.

Em 1681 mudou-se para a paróquia de Santa Cruz, onde recebe a sua última encomenda: vários retábulos da igreja do Convento de Santa Catalina de Cádis. Quando trabalhava nesta encomenda, sofreu uma grave queda, que resultou na sua morte, alguns meses mais tarde, já no ano de 1682.


4. - Referências


Wikipedia - Imaculada Conceição / Bartolomé Esteban Murilo

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

História dos Livros II - Literatura e primeiros poemas épicos.

I. - O que é Literatura ?


Desenho colorido de casas em forma de livros
foto de Vipman em shutterstock.com


O hábito de contar histórias parece ser tão antigo quanto a própria humanidade. A tradição de capturar os acontecimentos e as crenças das comunidades e transformá-las em histórias para serem passadas de geração em geração, deve  ter surgido tão logo os  humanos se sentaram em torno de uma fogueira e começaram a partilhar a suas experiências e casos. 



foto de um grupo em torno de uma fogueira à noite
foto de  Volodya Senkiv em shutterstock.com
Inicialmente essa transmissão das histórias era feita oralmente e era relacionada principalmente à lendas e mitologias. Isso conectava principalmente o homem com o universo e particularmente com o mundo ao seu redor.




Com a invenção da escrita os primeiros registros foram dedicados basicamente ao registro de transações comerciais. Entretanto, ela logo evoluiu para preservar as histórias que eram inerentes de cada cultura registrando suas ideias, costumes, crenças e moral que regiam o comportamento de um povo.


Além da função primordial de veículo de registro para transmissão posterior, o desenvolvimento da escrita foi evoluindo para que se apreciasse a qualidade da sua representação. Essa representação passou a ter as formas líricas, épicas e as dramáticas. Ou nos dias de  hoje ficção, teatro e poesia.


foto de uma pena tinteiro emcima de um livro
foto de Brian A. Jackson em shutterstock.com


Podemos dizer de um modo que mais se aproxima do significado atual que a Literatura é uma imitação ou representação da realidade mediante as palavras  que tem como uma das finalidades a expressão estética. Ou seja não basta registrar ou contar uma história, queremos que ela seja feita de uma maneira bela e inteligente.

2. - A História da Literatura


Cerca de de quatro mil anos atrás surgiram as primeiras histórias escritas e elas vieram na forma de poemas, como a "A epopeia de Gilgamesh" na Mesopotâmia, e o Mahabharata na Índia. Elas eram baseadas em tradições orais. Acredita-se que as rimas, ritmos e métricas eram essenciais para auxiliar a memória e por isso essas primeiras histórias tinham esse formato.

Muitos dos primeiros textos escritos eram religiosos e contam histórias antigas.

A origem do teatro grego utilizou narrativas sememlhantes a uma balada. Coleções de histórias como As mil e uma noites têm várias origens e torna-se a base para o encadeamento de histórias, uma dentro da outra, que originaram os romances.

3. - A literatura no Oriente


a) A Epopeia de Gilgamesh (2100 a.C. - Mesopotãmia)

 escultura de Gilgamesh
foto por Dima Moroz
em shutterstock.com
Esse texto é uma coleção de histórias que conta como o déspota opressor da cidade mesopotãmica de Uruk aprende uma lição e se torna um herói local.

"Para punir Gilgamesh por sua arrogância, os deuses enviam o "selvagem" Enkidu, feito a partir do barro para atormentá-lo. Depois de uma briga, contudo, eles se tornam amigos e partem para uma série de aventuras para aniquilar monstros. Irritados com essa reviravolta nos acontecimentos, os deuses senteciam Enkidu à morte, Gilgamesh fica perturbado por perder seu companheiro, mas também toma consciência de sua própria mortalidade. A segunda metade da história narra a busca de Gilgamesh pelo segredo da vida eternae seu retorno a Uruk. Ainda que mortal, agora ele é um homem mais sábio e um soberano mais nobre." (fonte: O Livro da Literatura, editora Globo)


b) O Mahabharata (Índia - séculos IX a IV a.C.)

O Mahabharata provavelmente começou a tomar forma no século IX a.C. e cehgou ao seu formato final aproximadamente no século IV a.C. O trabalho é muito extenso e abrange mais de 100 mil pares de versos, conhecidos como shloka, e divididos em dezoito livros ou parvas.

Assim como relata a história de duas famílias em guerra, a obra também conta a história da Índia e da religião hindu. 

No início o narrador do primeiro livro, o Ardi pava (livro do começo), explica: "O que quer que esteja aqui pode ser encontrado em outro lugar. Mas o que não está aqui não está em lugar nenhum".

 desenho colorido de Ganesha e Vyasa
Ganesha e Vyasa
O Mahabharata foi escrito por um poeta e sábio chamado Vyasa. Acredita-se que ele tenha vividono milênio III a.C. um avatar do deus hindu Vishnu. O narrador é Vaisampayana, discípulo de Vyasa. Vaisampayana explica como Vyasa ditou a história inteira para Ganesha, o deus com cabeça de elefante, de uma só vez. 

Apesar de o enredo central abordar a separação da família bharata que dominava o norte da Índia, e a batalha subsequente em Kurukshetra e seu resultado, a história recebe uma dimensão mítica com a introdução do personagem Krishna, outro avatar de Vishnu. Há também vários subenredos e diversas divagações filosóficas e religiosas - uma das quais chamada de Bhagavad Gita, que se tornou importante por si só.

A epopeia explora temas como laços e conflitos familiares, dever e coragem, destino e escolha, e os apresenta em uma série de alegorias para explicar os elementos do dharma, um conceito completo de "conduta correta".

O Bhagavad Gita

 foto da capa do livro Bhagavad Gita

O sexto livro do Mahabharata trata da guerra em Kurukshetra que inclui a seção conhecida como bhagavad gita ou "A canção dos abençoados".  Antes da batalha, Arjuna, o príncipe Pandava, reconhece membros de sua família no exército Kaurava que luta no lado oposto. Arjuna então baixa o seu arco, mas o seu primo e companheiro Krishna o faz lembrar de seu dever de lutar essa guerra justa. O diálogo se tornou uma escritura hindu importante ao explicar conceitos como o dharma (conduta correta).

O cenário da batalha pode ser interpretado como uma metáfora para as forças do bem e do mal, e a crise de consciência de Arjuna, como uma representação das escolhas que todos temos que fazer. 

4. - A literatura no Ocidente   


As epopeias são poemas narrativos que recontam a história de um herói representante de uma cultura em particular. Elas registram as missões e provações do herói e contam quais são suas escolhas e motivações para ajudar a  estabelecer os princípios morais de uma sociedade. 


a) Ilíada (Grécia - século VIII a.C.)


 foto da capa do livro Ilíada A Ilíada é uma narrativa atribuída a Homero sobre a guerra entre Grécia e Tróia.  Ela é considerada a obra fundadora da literatura ocidental. Os historiadores reconhecem que os poemas épicos foram inspirados por guerras reais que aconteciam entre Grécia e Tróia cerca de cinco séculos antes da história ser escrita. Entretanto atribuem o enredo e seus personagens a imaginação do escritor.

A Ilíada é um exemplo sofisticado de contar história. Ela relata a guerra de Tróia entremeando deuses, personagens mitológicos, e personagens reais. 

A origem da guerra


 foto de Diane Krueger que faz o papel de Helena de Tróia Na ilíada a guerra tem origem a partir de uma disputa entre as três deusas Hera, Atena e Afrodite para saber quem era a mais bela. Para resolver a disputa, Zeus pediu a Páris filho do rei Príamo para fazer o julgamento. As três deusas tentaram subornar Páris de diferentes maneiras. Hera lhe oferece um império, Atena lhe oferece glória, e Afrodite lhe oferece Helena a mulher m
ais bonita do mundo. Essa foi a opção de Páris, mas acontece que Helena já era casada com Menelau, irmão do rei Agamenon de Micenas, um estado grego. O rapto subsequente de Helena por Páris desencadeou o conflito.

Uma história com dois heróis


 foto de Heitor (Eric Bana)
Heitor, filho do rei Príamos de Tróia, é o mais nobre e poderoso guerreiro troiano. Heitor luta por lealdade a Tróia e a sua família. Heitor protege Páris que é seu irmão mais novo e o responsável pelo desencadeamento da guerra. Com uma consciência comunitária, Heitor é um homem de família que tenta evitar um derramamento de sangue ainda maior. Digno de confiança, Heitor lidera seus homens com bravura, unidos por uma lealdade ancestral. Heitor é um filho fiel e devotado e por isso o braço direito e sucessor querido e aclamado do seu pai.



 foto de Aquiles - Brad Pitt Aquiles era o filho da nereida Tétis (ninfa do mar) e de Peleu, rei dos mirmidões. Quando Aquiles nasceu, Tétis teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar. Aquiles era portanto um guerreiro praticamente invencível. 

Convocado para ir a guerra defender os reinos gregos, Aquiles no início dos combates ficou possesso com o rei Agamenon que tomou para si Briseida, uma mulher que havia sido dada a Aquiles como prêmio de guerra. Aquiles se recolhe a sua tenda e se recusa a lutar novamente. Apenas a morte em combate de seu amigo próximo, Pátroclo, pelas mãos de Heitor o traz de volta à batalha. Acontece que Pátroclo foi para a luta escondido de Aquiles e vestindo a sua armadura. Heitor luta com Pátroclo achando que lutava com Aquiles. 

Aquiles, soldado profissional, invencível e individualista, vive absorvido em sua própria sede de glória. De temperamento difícil e inclinado à raiva Aquiles prospera na violência da batalha. Ele transfere toda sua coléra contra Heitor, ao qual desafia para um duelo, por ter matado seu companheiro mais querido e ao mesmo tempo por ter achado que tinha ganho o duelo contra Aquiles. 

Resultado

Os dois heróis acabam mortos. Heitor é derrotado por Aquiles em duelo. As cenas mais comoventes são as que Aquiles arrasta o corpo de Heitor e leva para seu acampamento como despojo de guerra. O rei Príamo, disfarçado vai até a tenda de Aquiles e lhe implora para liberar o corpo de seu filho para que possa enterrá-lo com as honras de um guerreiro. Aquiles se sensibiliza e libera o corpo de Heitor.

Comentários adicionais sobre a Ilíada


Apesar da Grécia acabar derrotando Tróia, Aquiles morre em combate ferido por uma flechada no seu calcanhar disparada por Páris. Isso não é abordado na Ilíada.

O desfecho da guerra e o famoso cavalo de tróia não são mencionados na Ilíada. O cavalo de tróia só aparece brevemente na Odisseia, também de Homero, que narra a acidentada viagem de Odisseu de volta para casa, na Grécia.

Posteriormente, Virgílio, em Roma, cria o poema Eneida, em que dá sequência à Ilíada, relatando a fuga de Enéias, cunhado de Heitor e segundo guerreiro mais valoroso de Tróia. Enéias irá aportar na península itálica fundado então um reino.  Seu destino era ser o ancestral de todos os romanos.


5. Referências


 Globo Livros - O Livro da Literatura (Literatura/Gilgamesh/Mahbaratah/Ilíada) 

Wikipédia - Literatura / Gilgamesh / Mahbaratah / Ilíada / Homero

sábado, 23 de novembro de 2019

História dos livros I - Da tabuleta de argila à prensa de Gutenberg

1. - Johannes Gutenberg (1400 a 1468)


gravura de Gutenberg
Gutenberg
Johannes Gutenberg nasceu em Mainz, Alemanha em 1400 e faleceu também em Mainz, em 3 de fevereiro de 1468. Gutenberg foi o inventor que desenvolveu um sistema mecânico de tipos móveis que deu início à Revolução da Imprensa, e que é amplamente considerado um dos inventos mais importantes do segundo milênio.

Teve um papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, Reforma e na Revolução Científica e lançou as bases materiais para a moderna economia baseada no conhecimento e a disseminação em massa da aprendizagem. 

Gutenberg foi o segundo no mundo a usar a impressão por tipos móveis, por volta de 1439, após o chinês Bi Sheng no ano de 1040, e o inventor global da prensa móvel. Entre suas muitas contribuições para a impressão estão: a invenção de um processo de produção em massa de tipo móvel, a utilização de tinta a base de óleo  e ainda a utilização de uma prensa de madeira similar à prensa de parafuso agrícola do período. 

Sua invenção verdadeiramente memorável foi a combinação desses elementos em um sistema prático que permitiu a produção em massa de livros impressos e que era economicamente rentável para gráficas e leitores.


  gravura da maquete da prensa de Gutemberg
maquete da prensa de Gutenberg

O uso de tipos móveis foi um marcante aperfeiçoamento nos manuscritos, que era o método então existente de produção de livros na Europa, e na impressão em blocos de madeira, revolucionando o modo de fazer livros na Europa. A tecnologia de impressão de Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo mundo.

Sua obra maior, a Bíblia de Gutenberg (também conhecida como a Bíblia de 42 linhas), foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica.

2. O desenvolvimento da escrita


Na Antiguidade a escrita surgiu anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio utilizado condicionava a escrita. Ela foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve no mármore

Tabuletas de argila e cilindros de papiro (Volumen)



 foto de uma tabuleta da argila usada pafra escrita
tabuleta
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita).

Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.

 foto de um volumen - folhas de papiro enroladas que se passa horizintalmente
A Torá dos judeus segue o
estilo "Volumen"
O volumen (palavra latina que significa "coisa enrolada") é um livro baseado em folhas de papiro coladas umas às outras e que rola sobre si mesma. Foi criado no Egito por volta de 3000 aC. O texto é escrito em colunas paralelas bastante estreitas. É o meio do texto por excelência durante os trinta séculos anteriores à nossa era, primeiro no Egito, depois em todo o mundo mediterrâneo. Ele será substituído gradualmente pelo codex .

Papiro x pergaminho


O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C.,.
 foto da flor do papiro
papiro
  foto de um pergaminho
pergaminho


Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado.

Códex


  foto da capa do livro de Kells
Livro de Kells
o códice é um caderno costurado com folhas de papiro ou pergaminho O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.



Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro.

Papel

O papel é um material constituído por elementos fibrosos de origem vegetal, geralmente distribuído sob a forma de folhas ou rolos. Tal material é feito a partir de uma espécie de pasta desses elementos fibrosos, secada sob a forma de folhas, que por sua vez são frequentemente utilizadas para escrever, desenhar, imprimir, embalar, etc.

 foto de uma folha de papel em branco
papel branco 
A maioria dos historiadores concorda em atribuir a Cai Luan (ou Tsai Luan) da China a primazia de ter feito papel por meio da polpação de redes de pesca e trapos, e mais tarde usando fibras vegetais. Este processo consistia num cozimento forte das fibras, após o que eram batidas e esmagadas. A pasta obtida pela dispersão das fibras era depurada e a folha, formada sobre uma peneira feita de juncos delgados unidos entre si por seda ou crina, era fixada sobre uma armação de madeira. 

Com esse processo, conseguia-se formar a folha celulósica sobre este molde, mediante uma submersão do mesmo na tinta contendo a dispersão das fibras ou mediante o despejo da certa quantidade da dispersão sobre o molde ou peneira. 

Procedia-se a secagem da folha, comprimindo-a sobre a placa de material poroso ou deixando-a pendurada ao ar. Os espécimes que chegaram até os nossos dias provam que o papel feito pelos antigos chineses era de alta qualidade, o que permite, até mesmo, compará-los ao papel feito atualmente. (fonte: wikipedia)


3. - A impressão de livros na China


A história da impressão sobre papel começara na China, no final do século II da era cristã. Os chineses sabiam fabricar papel, tinta e usar placas de mármore com o texto entalhado como matriz. Quatro séculos depois, o mármore foi trocado por um material mais fácil de ser trabalhado, o bloco de madeira. Os mais antigos textos impressos que se conhecem são orações budistas. Foram feitos no Japão entre os anos 764 e 770; o primeiro livro propriamente dito de que se tem notícia apareceu na China em 868

O desenvolvimento da escrita deu novo salto no século XI graças a um alquimista chinês, Pi Cheng, que inventou algo parecido com tipos móveis – letras reutilizáveis, agrupadas para formar textos.

Mas por alguma razão ignorada o invento não prosperou e desapareceu junto com seu inventor. Até essa época, a Europa só conhecia da tipografia o papel. No século VIII, os chineses começaram a distribuí-lo como mercadoria no mundo árabe.  (fonte: superinteressante)

4. - A confecção de livros na Europa


Gutenberg inventou a prensa de tipos móveis por volta de 1440. Antes dessa criação monumental, os livros eram copiados à mão. Laboriosamente, monges e outros estudiosos passavam horas e horas sob a luz do sol e a luz fraca de uma lâmpada a óleo para fazer cópias de textos religiosos, literatura e documentos oficiais. Pode levar anos apenas para copiar um livro. 


 foto de uma página de livro com iluminura da letra P
letra P com a sua decoração
Um outro tipo de livro eram aqueles que continham as iluminuras que eram um tipo de pintura decorativa aplicada às letras capitulares dos códices de pergaminho medievais. O termo se aplica igualmente ao conjunto de elementos decorativos e representações imagéticas executadas nos manuscritos produzidos principalmente nos conventos e abadias da Idade Média. A sua elaboração era um ofício refinado e bastante importante no contexto da arte do Medievo.

Livro das Horas


 foto de uma página ilustrada do livro de horas do Duc de Berry
livro de horas do
Duque de Berry
Como era um trabalho custoso e demorado, os livros até a idade média eram de acesso praticamente pelos religiosos, pessoas muito ricas que tinham educação para ler e que podiam pagar pelas obras. Os livro mais comuns da época eram os livros das horas que continham orações para serem recitadas a cada hora canônica do dia. Esses livros eram ricamente ilustrados e além das iluminuras traziam gravuras, pinturas representando estações do tempo, cenas do evangelho, ...,. 

Um  livro de horas muito famoso era "O riquíssimo livro de horas do Duc de Berry".

Quando Gutenberg criou uma prensa de impressão que poderia imprimir cópia após cópia em apenas uma pequena fração do tempo, o mundo inteiro mudou drasticamente. 
(fonte: https://owlcation.com/)

5. - A Bíblia de Gutenberg


A Bíblia de Gutenberg é a impressão da tradução em latim da Bíblia, por Johann Gutenberg, em Mogúncia (atual Mainz), Alemanha. A produção da Bíblia começou em 1450, tendo Gutenberg usado uma prensa de tipos móveis. Calcula-se que tenha terminado em 1455. Essa Bíblia é considerada muito importante, pois marca o início da produção em massa de livros no Ocidente. Ela também é chamada de Bíblia de 42 linhas que é o número existente em cada uma das colunas.


 foto da Bíblia de Gutenberg aberta
Bíblia de Gutenberg
Uma cópia completa desta Bíblia possui 1282 páginas, com texto em duas colunas; a maioria era encadernada em dois volumes.

Em março de 1455, o futuro Papa Pio II (aquele que reformou Pienza) escreveu que viu páginas da Bíblia expostas em Frankfurt. Não se sabe quantas cópias foram produzidas, com a carta de 1455 citando fontes que mencionam 158 ou 180 cópias, 45 em pergaminho e 135 em papel. Elas foram impressas, rubricadas e iluminadas à mão em um período de três anos.

6. Referências


Wikipedia - Papiro / Pergaminho / Volumen / Códex / Bíblia de Gutenberg

Superinteressante - Impressão de livros na China

terça-feira, 19 de novembro de 2019

A região do Chianti Clássico - Toscana

1. - A Região do Chianti Clássico


A Toscana está localizada no centro da Itália e, no centro da Toscana, entre Florença, Siena e Arezzo fica Chianti , uma encantadora região coberta de colinas, cercada pelas principais cidades “artísticas” da região. Ainda no centro dessa região fica a área visitada que chamamos "Região do Chianti Clássico". 


Panorama da região de Chianti vendo a região bem verde de vinhedos, ciprestes e olivais
Panorama da região de Chianti, foto historiacomgosto



Geograficamente falando, Chianti é uma terra montanhosa que se estende por cerca de 60 km a 70 km na sua extensão, cujo ponto mais alto é Monte San Michele, a 893 mt. Existem 5 rios que cruzam e definem a área com: os rios Pesa, Greve, Ombrone, Staggia e Arbia.

2. O Vinho Chianti e a Sangiovesi



O cultivo de videiras e oliveiras na região de Chianti vem de muito tempo. A história começa talvez no tempo dos etruscos e dos romanos. Sabemos com certeza que no século XII as videiras da região eram bem conhecidas e nos anos trezentos os vinhos de chianti gozavam de bom reconhecimento. 

O significado do nome Chianti vem de “bater de asas” ou “fanfarra de buzinas e sons” ou simplesmente a extensão da palavra etrusca “Clante”, encontradas em registros do século XIV.

Uma das características típicas da legítima sangiovese é elevada acidez e concentração de taninos. Por isso, é muito comum que os produtores de vinho a misturem com outras uvas, como a canaiolo, mais macia e suave.


Criação da Liga del Chianti



No século XIII auge das constantes guerras entre Florença e Siena, a região de Florença foi dividida em ligas militares de cidades. Em 1384 foi criada a Lega del Chianti, que compreendia as vilas de Radda, Gaiole e Castellina (até hoje o centro da região que se denomina Chianti Classico), e essa liga durou até 1774, atuando ativamente durante as batalhas entre Firenze e Siena.

Autorização específica para produção do Chianti


No entanto, o nome do vinho ficaria definitivamente gravado na história a partir de 1716, quando Cosimo III de Médici, o penúltimo de sua família a ser Grão Duque da Toscana, determinou que as três cidades da Lega del Chianti, mais uma parte da vila de Greve, estavam aptas a produzir o vinho de nome Chianti. 

Esta pode ter sido a primeira demarcação territorial, ou seja, a primeira Denominação de Origem, conhecida no mundo. Apesar de o reinado de Cosimo III ter sido desastroso para a região, que se viu diante de uma enorme crise econômica e social, a demarcação durou até 1932, quando a área foi gradualmente expandida (a última expansão seria em 1967).


Barão de Ricasoli e as regras para a produção do Chianti


No início, juntamente com a Sangiovese, uma das principais uvas usadas na produção do vinho era a Canaiolo. Seria somente durante o Risorgimento italiano no século XIX, que o vinho tomaria uma forma, muito próxima do que é hoje.


Credita-se ao Barão Bettino Ricasoli a criação do vinho Chianti, quando no ano de 1872, após trinta anos de pesquisas e experimentações – unindo paixão, arte e ciência – escreveu a “fórmula do Chianti” na famosa carta endereçada ao professor Cesare Studiati da Universidade de Pisa, na qual exaltava os aromas e a estrutura da Sangiovese, a maciez da Canaiolo e a tendência da Malvasia a diluir o vinho, o que fez o Barão sugerir que esta uva não fizesse parte do corte dos vinhos de guarda da sua região. A receita do Barão era 70% Sangiovese, 15% Canaiolo and 15% Malvasia bianca.

Obs 1: Hoje para ser reconhecido como Chianti Clássico precisa ter pelo menos 80 % de sangiovese, os outros 20 % podem ser qualquer combinação de uvas vermelhas. Não pode ter uva branca na mistura.


Obs 2: O Barão Bettino Ricasoli era uma figura política de renome na Itália, tendo sido inclusive Primeiro Ministro do Reino da Itália, logo após a unificação (rissorgimento) em 1861.

Além de ser a criadora do Chianti, a família Ricasoli produz vinhos desde o ano 1141, quando adquiriu o legendário Castello de Brolio. Essa longa história faz da Barone Ricasoli a vinícola mais antiga da Itália e a segunda mais antiga do mundo. 


vista panorâmica dos vinhedos do castelo de broglio
Vista panorâmica dos vinhedos do Castelo Broglio, foto historiacomgosto


3. - A lenda do Galo Negro


Os cidadãos de Florença e os de Siena estavam lutando há muito tempo: eles não conseguiam chegar a um acordo sobre como estabelecer a fronteira entre seus dois territórios!

Cansados ​​das constantes brigas, eles organizaram um desafio.

No canto do galo, dois cavaleiros deixavam a praça central de suas respectivas cidades.

escutura do galo negro que é o símbolo da região de chianti
Galo Negro de Chianti, foto historiacomgosto


O ponto onde eles se encontrassem seria marcado a fronteira entre os territórios da cidade de Florença e os da cidade de Siena.

Os dois galos foram escolhidos, um branco para os sieneses e um preto para seus oponentes.

Os florentinos não alimentaram o galo preto, que acordou muito cedo na manhã seguinte, permitindo que o cavaleiro de Florença saísse cedo.

Os sieneses , por outro lado, alimentavam e abraçavam o galo branco, que acordou mais tarde.

O cavaleiro de Siena quando deixou a cidade o sol já estava alto no céu.

Por esse motivo, o cavaleiro florentino atravessou toda a região de Chianti e encontrou o outro cavaleiro a doze quilômetros de Siena.

Todas as terras ricas da região vinícola ficaram assim dentro das fronteiras de Florença.






Ainda hoje, o símbolo da região de Chianti é um galo preto


4. A Chiantigiana


A estrada que nos leva a descobrir as belezas da região de Chianti é a estrada regional 222 também conhecida como Chiantigiana. Ela parte de Florença e vai até Siena atravessando toda a região de Greve in Chianti, Rada in Chianti, Gaiole  in Chianti e Castellina in Chianti. Essa é a região original do Chianti, conhecida como região do Chianti Clássico.

A estrada é entremeada por paisagens com plantações de oliva, uva, campos com ciprestes, castelos, propriedades produtoras de vinho e pequenos burgos / vilarejos da época medieval. 

mapa turístico da região de Chianti


No período entre abril e outubro encontramos um grande número de ciclistas percorrendo a região.  O percurso de bike tanto vai margeando o asfalto como muitas vezes em estradas de terra da região.

Muitas provas de ciclismo também são realizadas na região sendo as mais conhecidas as de Granfondo Strade Bianche (profissionais e amadores), Granfondo di Firenze, Granfondo Gallo Nero, Eroica Montalcino (ciclismo vintage), Eroica Gaiole (ciclismo vintage).







5. Greve in Chianti


Greve in Chianti é uma comuna que ainda hoje se situa na província de Florença, e tem cerca de 13.886 habitantes. Estende-se por uma área de 169 km², tendo uma densidade populacional de 82 hab/km².

Desde a Idade Média, a história de Greve está ligada à sua praça principal, que sempre serviu de mercado. A vila era uma simples dependência do castelo de Montefioralle, mas, graças à sua posição, pôde se tornar o principal mercado da região. 


pracinha central de Greve in Chianti
Centrinho de Greve in Chianti, foto historiacomgosto



A praça com a forma característica de um triângulo alongado é cercada principalmente por arcadas e no centro está a estátua do escultor Romeo Pazzini representando Giovanni da Verrazzano. Um dos vértices da praça é ocupado pela igreja paroquial dedicada à Santa Cruz ( século XIX ).


- Antica Macelleria Farloni


Por mais de 200 anos, a Falorni produz carnes embutidas de alta qualidade no coração de Chianti, transmitindo de pai para filho os segredos de receitas antigas e o conhecimento artesanal de processamento.





O vínculo indissolúvel com o território e as suas  raízes, feito de coisas genuínas e um estilo de vida saudável,  permitiu a Falorni obter inúmeros prêmios e exportar seus produtos além de suas fronteiras.


A loja de vendas e degustação

Vista interna da Marcelleria Farloni
Visão geral da loja de revenda Marcelleria Farloni, foto historiacomgosto




A loja de vendas dispõe de uma vasta gama de salames, presuntos, carnes para bistecas, queijos pecorino, vinhos de chianti, brunellos, ...,.


Mesmo que você esteja passeando e não possa comprar toda aquela variedade que gostaria, vale a pena sentar comer um pão com queijos, salames e presuntos e provar de vários vinhos que estão disponíveis para degustação ao preço de 5 euros por taça pequena. 


- Vinna Maggio

A Vignamaggio já era uma região bastante conhecida há 500 anos. Supostamente, foi o local de nascimento de Mona Lisa, pois sua família, os ricos Gherardinis, moravam lá no século XIV.

Desde 1988, o Sr. Gianni Nunziante, o novo proprietário da Vignamaggio, empreendeu uma extensa renovação dos edifícios, dos jardins, das vinhas e das adegas.

Nas antigas caves subterrâneas, o proprietário instalou novas prensas, cubas de aço inoxidável e barricas de carvalho francês, transformando a região em uma das mais importantes vitivinicultoras de Toscana.

Passeio obrigatório para os amantes do vinho e da arte. (fonte:wine.com.br)


visão geral dos vinhedos da Vinna Maggio
Visão geral Vinna Maggio, foto Tripadvisor




6. - Radda in Chianti


As habitações em Radda remontam a assentamentos de até 2000 aC, onde escavações arqueológicas testemunham uma história de habitantes transitórios, talvez os primeiros pastores que viajavam com suas ovelhas em busca de áreas verdes. Também existem muitos artefatos que registram a ocupação após a queda do império romano e uma forte fortificação de etruscos.


vista de baixo da colina de Radda in Chianti
Vista de Radda in Chianti, foto historiacomgosto


A vila medieval e seu castelo faziam parte do feudo do conde Guidi, embora isso não oferecesse muita proteção contra as constantes rixas e invasões de Siena . Em meados da década de 1200, Radda foi estabelecida como sede da Lega di Chianti , muito antes de comercializarem vinho ... embora os registros mostrem que essa área já estava exportando vinho para a Inglaterra nos anos 1600 e os etruscos há 2300 anos cultivavam uvas para vinho .


início do centro histórico de Radda In Chianti
Radda in Chianti, início centro histórico, foto HistoriacomGosto


A comuna de Radda in Chianti atualmente faz parte da província de Siena e conta com cerca de 1.668 habitantes.




Castellina, Radda e Gaiole foram agrupados e existiam sob o domínio florentino, tornando Radda a sede das três áreas. 

A paz não chegou facilmente a essa área até que Siena foi finalmente incorporada à República de Florença.

O amor pela bike

Finalmente encontramos um lugar na Europa onde o esporte que concentra maior paixão não é o futebol. Nessa regiaõ de Chianti definitivamente eles são loucos pelas bikes. Não adiata procurar camisas de times de futebol italianos que você não vai achar. Entretanto lojas com roupas esportivas para ciclismo tem aos montes. 


interior de loja dedicada a vender roupas e acessórios para o pessoal de bike

Hotéis de Típicos em Radda

Em Radda você encontra hotéis de ótima qualidade com mistura de características típicas da época medieval, ambiente de campo com vistas deslumbrantes, aliados a um silêncio calmante e a poucos passos do centro histórico. Exemplo: Hotel Relais in Vignale, referência obtida no Hotels.com;




A comida característica


A bistecca alla Fiorentina é um prato de carne típico da cozinha italiana muito tradicional na região da Toscana. Consiste em um corte que contém o contra filé e o filé mignon bovino, geralmente de um animal da raça Chianina da faixa de 10 a 15 meses de idade. Essa parte é bem espessa e contém osso.



Plantação de Uvas 

Por todos os lados vemos videiras intercaladas com oliveiras. Demarcando a entrada e saída das propriedades sempre existe uma fileira de ciprestes dos dois lados da via.


visão geral de área agrícola de Radda in Chianti
Radda in Chianti, visão geral área agrícola, foto historiacomgosto


O nome real Radda in Chianti é de 1911, em um esforço para dar um valor elevado ao vinho em produção na área. (fonte:https://www.chianti.com/radda-in-chianti/intro-to-radda.html)

7. - Gaiole in Chianti


A cidade de Gaiole in Chianti, com 2.756 habitantes, é outra comuna importante na região de Chianti Classico, onde as principais atrações incluem os deliciosos sabores entre vinho e azeite. No entanto, pode-se dizer facilmente que as verdadeiras atrações de Gaiole, além do vinho Chianti Classico, são seus arredores, que incluem belos castelos e igrejas paroquiais .


Visão geral de Gaiole in Chianti, foto LigaDue em Wikimedia Commons



Situado ao leste de Radda, Gaiole oferece um vislumbre das complexas lutas pelo poder que marcaram esta terra por centenas de anos, da família Ricasoli à família Medici, dos Guelfs aos Ghibilines e entre Florença e Siena. Esses mesmos conflitos foram o estímulo para as cidades fortificadas, castelos imponentes e devastação contínua que marca tantas torres e vilas destruídas. Uma base espetacular para a sua viagem de férias em casas de fazenda ou aluguéis de vivendas .


Mas de todo esse caos, nasceu a tradição do vinho Chianti Classico! Gaiole hospeda a maior vinícola da região de Chianti Classico: o Castelo Brolio , onde o Barão Bettino Ricasoli inventou a fórmula Chianti em 1872 .

- Castelo di Meleto


O castelo de Meleto é uma propriedade privada localizada no município de Gaiole in Chianti. A primeira evidência de Meleto remonta ao século 11, quando chegou à posse da vizinha Badia di Coltibuono.

muralhas do Castelo di Meleto
Visão geral Castelo di Meleto, foto historiacomgosto

Graças à sua posição, localizada perto da fronteira entre os territórios das repúblicas de Florença e Siena, o castelo tornou-se o primeiro baluarte florentino da região e mais tarde uma das principais fortificações da Lega del Chianti. Isso fez do castelo uma presa cobiçada dos dois concorrentes que disputaram por um longo tempo, mesmo que nunca tenham sofrido uma destruição séria.


- Castelo di Broglio


As primeiras pedras do Castelo di Broglio datam da Idade Média. O castelo passou para as mãos da família Ricasoli graças a uma troca de terras pelas quais registros podem ser encontrados já em 1141. Através dos séculos, o castelo sofreu ataques e destruição em numerosas batalhas, desde os ataques aragoneses e espanhóis durante o século XV, até as disputas no século XVII, os bombardeios aéreos e balas de artilharia durante a Segunda Guerra Mundial.


muralhas do castelo di Broglio
castelo di Broglio, foto historiacomgosto


O castelo foi reconstruído e modificado várias vezes e hoje possui as marcas das diferentes épocas: existem bastiões medievais fortificados, adições românicas e neogóticas e detalhes únicos da Toscana do século XIX. 





O Castelo di Broglio se ergue sobre as terras da empresa Ricasoli, a mais extensa da região de Chianti Classico, que se desdobra com uma sucessão contínua de cores e matizes sobre colinas suaves, vales aveludados e bosques espessos de carvalhos e castanhas.



área agrícola do castelo di broglio
Vista da propriedade Castelo di Broglio com seus jardins italianos, foto historiacomgosto

Os 1.200 hectares de propriedade incluem 240 hectares de vinhedos e 26 de olivais, na comuna de Gaiole.


vista do castelo do Broglio, foto historiacomgosto
visão geral produção vinhos, foto historiacomgosto

Enoteca

Abaixo temos uma visão do ponto de apoio para a visita do Castelo do Broglio à esquerda e a sua enoteca à direita onde podemos comprar os seus vinhos especiais.


visão geral apoio castela di Broglio, foto historiacomgosto

8. - Castellina in Chianti


Castellina in Chianti é uma comuna italiana da região da Toscana, província de Siena, com cerca de 2.666 habitantes. Estende-se por uma área de 99 km², tendo uma densidade populacional de 27 hab/km². 






O passeio espetacular até este marco quase oculto de Chianti é motivo suficiente para visitar suas ruas de paralelepípedos. No entanto, como se isso não bastasse, Castellina oferece uma longa história que remonta à Idade do Bronze até hoje e sua participação ativa na produção de vinho e azeite.

O borgo ainda preserva a forma quadrilateral da antiga fortificação medieval e lembretes das muitas torres que uma vez o protegeram da invasão durante o período de conflito entre Florença e Siena podem ser vistas incorporadas em algumas da arquitetura moderna. A principal fortificação, chamada Rocca e sua enorme torre do século XIV, tem uma vista magnífica sobre a cidade e a paisagem circundante. É um local deslumbrante para cerimônias ou eventos civis de casamento. (fonte www.chianti.com)



Castelo di Fonterutoli


A aldeia de Fonterutoli, um antigo bastião de Florença, a poucos quilômetros de Castellina in Chianti, é abençoada com uma vista extraordinária de Siena , tão próxima que é possível discernir a Torre del Mangia e o contorno do Duomo. Parece que a corrida entre o cavaleiro florentino e Siena, para determinar os limites das cidades, terminou aqui nesta área entre Fonterutoli e Castellina: Crocefiorentina .



A propriedade secular de Marchesi Mazzei preservou o punhado de casas, a igreja de San Miniato e a vila erguida no final dos anos 1500, no lugar da cidadela, mais ou menos inalterada. O tempo parou aqui , mantendo o charme da Idade Média .





Em 1435, quando Madonna Smeralda Mazzei se casou com Piero di Agnolo da Fonterutoli, a propriedade passou a fazer parte da propriedade da família Mazzei. Desde então, há 24 gerações , a família Mazzei produz vinho no Castello di Fonterutoli , que, mesmo após sua recente expansão, continua sendo o coração pulsante da empresa.


9. Expansão da área de Chianti

Como mostramos acima, a área original de Chianti compreendia apenas as comunas de Greve in Chianti, Radda in Chianti, Gaiole in Chianti, e Castellina in Chianti. Essa é a razão pela qual elas tem essa terminação " in Chianti".

A liga foi criada em 1384, e em 1716 Cósimo de Médici determinou que as três cidades mais Greve estavam autorizadas a produzir vinhos com a denominação Chianti. 

Expansão de 1932


No início do século XX a fama do Chianti levou a outros produtores fora da região delimitada por Cosimo III a produzir Sangiovese. Para proteger o seu produto de imitações, em 1924 um grupo de 33 produtores de vinho do território do Chianti se reuniram para abrir o atual Consórcio Chianti Clássico e para se distinguir dos demais Chianti da Toscana, em 1932 eles conseguiram obter a denominação “Clássico” através de um decreto ministerial. (www.vivatoscana.com.br)


Pelo decreto ministerial de 1932, a zona do Chianti passou a compreender o entorno de Florença, como as colinas de Chianti, o vale de Elsa e Siena. 

Passaram a ser sete denominações: A região do Chianti Classico é a de maior destaque, formada por nove comunas: Castellina in Chianti, Gaiole in Chianti, Greve in Chianti, Radda in Chianti, e expandiu para incluir Barberino Val d´Elsa, Castelnuovo Berardenga, Poggibonsi, San Cassiano in Val di Pesa e Tavamelle Val di Pesa.

As outras denominação além do Chianti Clássico que foram incluídas são: Colli Arentini, Colli Fiorentini, Coline Pisane, Colli Senesi, Montalbano, Rufina.


Expansão de 1967


Em  9 de agosto de 1967 um Decreto do Presidente da República, expandiu a denominação do termo "Chianti" no qual foram incluídos mais territórios vizinhos, caindo nas províncias de Arezzo, Florença, Pisa, Pistoia e Siena.


Em 1996 foi criada a zona de Montespertoli




Evolução da Qualidade

a) Áreas Novas de Produção - Chianti DOC e Chianti DOCG

A demanda e o crescimento da produção  fez o governo italiano criar, em 1967, a Denominazione di Origine Controllata (DOC) e incluir outras sub-regiões no conjunto nChianti Clássico. Só que, com o passar do tempo e o aumento da demanda, muitos produtores começaram a empregar uvas de qualidade inferior e aumentar a produção de um jeito desordenado e confuso, criando vinhos ruins.


A má fama do Chianti durou tempo demais até que viticultores desgostosos resolveram plantar “uvas proibidas” na região e deram início à produção de vinhos espetaculares, mas que ficaram de fora da classificação da DOC. 

Começava ali a era dos supertoscanos. Foi em 1984 que, com algumas modernizações e mudanças nas regras, os Chianti ganharam a máxima classificação do vinho italiano e passaram a ostentar DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita).

b) Chianti Clássico 


Um pouco mais adiante, o Chianti Classico também recebeu sua própria DOCG, e descolou-se do Chianti DOCG produzido nas outras áreas. 

Resumo

Nesse post falamos apenas da área original do Chianti Clássico que foi criada em 1716. Ela foi expandida em 1932 e nessa época também foram criadas mais 06 regiões fora do Chianti Clássico.

Em 1967 a área de produção que pode receber a denominação Chianti foi expandida novamente. A do Chianti Clássico permaneceu inalterada. Além das denominações existentes foram criadas regiões gerais com classificação DOC e DOCG. 

As regiões de Chianti Clássico e Chianti Geral, tem regras diferentes quanto ao mínimo de uva sangiovese que pode ser plantada e quais outras uvas podem ser misturadas.

Obs 1: Apenas as vinícolas produtoras de Chianti Clássico podem ostentar o Galo Nero nos seus rótulos.


Obs 2: As regiões que tem uma denominação específica como Colli Senesi ou Rufina só podem usar uvas de seu próprio vinhedo.

Obs 3: Observem que no post comentamos apenas sobre as quatro regiões originais e apenas alguns produtores de vinho dessas regiões. Imaginem a quantidade de propriedades em toda área. 

Obs 4:  A distância maior entre as duas vinícolas mais afastadas é em torno de 70 Km. A distância normal entre as vinícolas é entre 10 a 20 Km. É uma região ideal para ser percorrida de carro / bike e ir visitando os castelos / vinícolas e comunas. 


10. - Produtores / Produtos Renomados


Vinhos mais leves / mais econômicos

Poggio al sole - Chianti Classico 2016 - 100 % sangiovese

Rocca di Montegrossi - Chianti Classico - 100 % sangiovese

Bucciarelli Chianti Classico Riserva 2011 - 100 % sangiovese


Vinhos Encorpados / top linha

Barone di Ricasoli - Castelo di Broglio


Descrição: Este é o vinho que representa a essência da Barone Ricasoli, sua longa história em busca da perfeição e a natureza privilegiada de seu terroir. O Chianti Castello di Brolio é o Grand Vin de Ricasoli. Apenas as uvas que atingem a maturação perfeita são selecionadas para compor o corte deste vinho; portanto, a produção de cada safra varia em quantidade, mas a qualidade é sempre excepcional. Os vinhedos se situam entre 250 a 450 m acima do nível do mar, com exposição sul/sudoeste. A exposição perfeita, a excelente elevação e o solo pedregoso são responsáveis pelo caráter do Castello de Brolio. O vinho fermenta em tanques de aço inox e amadurece durante 18 meses em pequenas barricas novas de carvalho francês e em grandes tonéis, também de carvalho francês.

Castelo di Fonterutoli - Chianti Classico gran selezione

Badia a Pasignano - Chianti Classico Gran Selezione Badia a Passignano 2015

Badia a Coltibuono - 


Felsina Berardenga - Chianti Clássico e 

Fontodi - Chianti Classico Gran Selezione Vigna del Sorbo 2015

Castelo di Ama -  Chianti Classico Gran Selezione 
Bellavista 2016                                                                                                             
                          Gran Selezione San Lorenzo 2016

Isole e Olena - Chianti Classico



Observação: Colocamos aqui realmente os melhores vinhos da região. Estando lá aproveita-se para provar, degustar ou comprar. Aqui no Brasil com o cambio do euro nas alturas e as várias taxas de importação eles são praticamente proibitivos.


11. - Referências


Il Chianti - storia, natura, tradizioni - miniguida RotalSele 

Chianti / Greve / Radda / Gaiole / Castellina / Bettino Ricasoli- Wikipedia

Gaiole e Castelina - www.chianti.com

Melhores vinhos chianti clássico  - Marcelo Copello

fotos: historiacomgosto