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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Michelangelo Buonarroti, II - Teto da Capela Sistina

1. - Michelangelo e O Teto da Capela Sistina


1.1 - Michelângelo Buonarroti


Michelangelo Buonarroti é um dos maiores gênios da arte ocidental, tendo deixado belíssimas demonstrações de seu talento em obras que até hoje encantam todos aqueles que têm a oportunidade de vê-las.


pintura da face de Michelangelo    Nascido em Caprese, a 6 de março de 1475, ele desenvolveu o seu trabalho por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram os seus grandes patronos, a família Médici de Florença e vários Papas em Roma. Michelangelo veio a falecer em Roma em 18 de fevereiro de 1564, perto de completar os seus oitenta e nove anos.       

Michelangelo foi um dos grandes artistas do renascimento italiano e foi contemporâneo de Leonardo da Vinci, Rafael e outros. 

Foi um dos primeiros artistas ocidentais a ter sua biografia publicada ainda em vida. Sua fama era tamanha que, mais do qualquer artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registros numerosos sobre sua carreira e personalidade, e objetos que ele usara ou simples esboços para suas obras eram guardados como relíquias por uma legião de admiradores.


1.2 - Decoração da Capela Sistina - Contexto Histórico


pintura do Papa Julio II
A Capela Sistina, tinha sido construída entre 1477 e 1480, a mando do papa Sisto IV, em homenagem ao qual foi nomeada. No local, acontecem o conclave e outros importantes eventos da Igreja Católica. 

Em 1506, o papa Júlio II, iniciou a reconstrução da Basílica de São Pedro na forma que a conhecemos hoje. Nesse mesmo ano, o sumo pontífice concebeu um planejamento para a execução de uma pintura no teto da Capela Sistina. 

As paredes da construção já haviam sido decoradas vinte anos antes, com o mais baixo dos três níveis pintado para lembrar cortinas drapeadas, até hoje cobertas com as tapeçarias de Rafael em ocasiões especiais; o nível médio contendo um complexo plano de afrescos que ilustram a vida de Jesus no lado direito e a de Moisés no esquerdo; e o nível superior das paredes sendo composto, entre as janelas, por pares de ídolos que representam os primeiros 32 papas.

Após o seu trabalho com a Pietá, Michelangelo, foi convidado por Julio II, para realizar a tarefa. Por considerar-se mais um escultor que pintor, relutou em aceitar o trabalho. Ele, ainda, mostrava-se atarefado com uma grande encomenda escultural para a tumba do papa. Este, no entanto, foi insistente, deixando o artesão sem escolha

1.3 A concepção do Teto 


O plano proposto pelo papa previa doze grandes representações dos apóstolos nos pendículos. Michelangelo, entretanto, negociou a confecção de um plano maior, mais complexo, vindo posteriormente a receber autorização para, em suas próprias palavras, "fazer como eu gostaria".

Michelangelo então concebeu o teto entre 1508 e 1512 e confeccionou-o como um extenso afresco. O trabalho,  é considerado não só um marco da pintura da Alta Renascença, mas também uma das mais famosas obras da história da arte e um dos maiores tesouros da Santa Sé. 


foto com a visão global do teto da Capela Sistina
Visão global do teto da capela sistina, Michelangelo, foto por S-F em shutterstock.com

Os vários elementos pintados no teto da capela são parte de um plano maior de decoração, o qual inclui outro grande afresco, o Juízo Final, na parede do altar do santuário, também obra de Michelangelo.

Centrais no teto, estão nove cenas do Gênesis, dentre as quais A Criação de Adão é a mais famosa, tendo uma representatividade icônica igualada somente pela Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. 

Um símbolo da influência desse painel do afresco é o detalhe do encontro das mãos de Deus e Adão, reproduzido incontáveis vezes na arte e na cultura popular.  


2.0 Destaque de alguns quadros da Pintura



A temática mais notória da pintura no teto da capela aborda a doutrina da busca humana pela Salvação enquanto oferta de Deus por meio de Jesus, o Cristo, sendo representada através de metáforas visuais acerca da necessidade de aliança com o Criador.


2.1 - A criação de Adão



Para a seção central do teto, Michelangelo tomou como influência quatro episódios da história de Adão e Eva como é contada nos três primeiros capítulos do primeiro livro bíblico. Nessa sequência de três painéis, dois deles são grandes e um menor. No primeiro, que contém uma das imagens mais famosas, hoje, da história da arte, Michelangelo retratou Deus aproximando-se para tocar Adão, personagem esse, nas palavras de Vasari, "representado por uma figura de uma beleza, postura e contornos tais que [Adão] parece ter sido criado naquele momento, pelo Supremo Criador, e não por desenhos e pinceladas de um mortal." Por baixo de Seu braço, Eva observa o acontecimento de forma levemente apreensiva. A "glória" de Deus, representada pela área escurecida em Sua volta, tem a mesma geometria anatômica de um cérebro humano.



 parte do teto Criação de Adão
Criação de Adão, Michelangelo, capela sistina, Vaticano

2.2 - O pecado original e a expulsão do Paraíso


No painel final dessa sequência, Michelangelo combinou duas cenas contrastantes numa só composição, de Adão e Eva com fruto proibido da Árvore da Ciência do Bem e do Mal, ela recebendo-o confiantemente das mãos da Serpente e ele avidamente tomando-o para si mesmo; e a expulsão do casal do Jardim do Éden — onde viveram na companhia do próprio Criador — com destino ao mundo exterior, onde tiveram que se defender sozinhos e vivenciar a morte.



Parte do Teto - Adão e Eva sendo expulsos do Paraíso
Adão e Eva sendo expulsos do Paraíso, Michelangelo

2.3 - Sibilas



As sibilas foram profetizas residentes dos santuários ou templos do Mundo Clássico, representando, portanto, a cultura do paganismo. As cinco retratadas no afresco tornaram-se conhecidas por terem predito o nascimento do Messias. A sibila de Cumas, por exemplo, é citada por Virgílio como declarante de que "uma nova progenitura dos Céus" traria o retorno da Era dourada, o que foi interpretado como uma referência a Jesus.


Parte do teto - Sibila Délfica
Sibila Délfica, Michelangelo, Capela Sistina, Vaticano, foto de  JurateBuiviene / Shutterstock.com 


2.4 - Profetas


Os sete profetas de Israel escolhidos para a composição da pintura incluem parte dos chamados profetas maiores, notadamente Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Dos doze profetas menores, foram escolhidos Jonas, Joel e Zacarias. Embora estes últimos sejam considerados "menores" em decorrência do comparativamente diminuto número de páginas de suas profecias na Bíblia, todos eles produziram vaticínios de profunda significância. 

Frequentemente citados, alguns de seus ditos serviram de inspiração para a concepção do plano decorativo de Michelangelo, a exemplo do pensamento de Joel que diz "Vossos filhos e filhas profetizarão, vossos idosos terão sonhos e sua juventude terá visões


 Parte do Teto - Profeta Joel
  Profeta Joel, Michelangelo 
 Parte do teto - Profeta Isaías
  Profeta  Isaías, Michelangelo 

2.5 - Pendículos


Em cada canto da capela, há pendículos triangulares a preencher os espaços entre as paredes e arcos da abóbada, formando juntas acima das janelas próximas. Nas formas curvas desses espaços, Michelangelo pintou quatro cenas de histórias bíblicas associadas à salvação de Israel por quatro grandes figuras de heróis: Moisés, Ester, rei Davi e Judite. Os temas em específico são a Serpente de Bronze, o Castigo de Hamã, Davi e Golias, e Judite e Holofernes.



 Parte do teto -David e Golias
Cena de David e Golias, Michelangelo, capela sistina, Vaticano



3.0 - Considerações Finais


Na capela sistina encontra-se também um monumental afresco medindo 13,7m x 12,2 m, pintado por Michelangelo, na parede do altar da capela. Esse afresco representa o "Dia do Juízo Final", e foi pintado no período de 1535 a 1541.


Faremos posteriormente um post sobre essa pintura.

4.0 - Referências


Todo o texto retirado da Wikipédia - Teto da Capela Sistina / Capela Sistina


quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A Arte de Rafael Sanzio - O pintor da beleza suave

1. - Rafael Sanzio


quadro autorretrato de Rafael SanzioRafael Sanzio nasceu em Urbino6 de abril de 1483 , e logo cedo demonstrou o seu talento tendo iniciado o aprendizado com o seu pai e logo se mudado para Perúgia, Siena e Florença onde concluiu sua fase de aprendizagem. Rafael foi contemporâneo de Leonardo da Vinci e Michelangelo. Eles formaram a tríade dos grandes mestres do Alto Renascimento.

Em 1508, Rafael mudou-se para Roma, onde trabalhou por doze anos, até o fim de sua vida. Rafael morreu jovem aos 37 anos. 

Seu trabalho é admirado por sua clareza de forma, suavidade, facilidade de composição e conquista visual do ideal neoplatônicode grandeza humana.


2.0 - Biografia resumida


a) Nascimento e formação

Rafael era filho de Giovanni Santi, poeta e pintor. Ele dirigia um famoso estúdio em Urbino e ensinou seu filho a pintar e o introduziu à corte humanista de Urbino. Lá, Rafael pode conhecer os trabalhos de Paolo Uccello, Luca Signorelli, e Melozzo da Forlì. Precoce, aos dezessete anos (em 1500) Rafael já era considerado um mestre.

Perúgia

De acordo com Giorgio Vasari, Rafael foi levado pelo pai em torno dos onze anos para ser aprendiz de Pietro Perugino, em Perúgia. Com Perugino, Rafael aprendeu a técnica do afresco ou pintura mural.


 Siena e Florença

Em 1504, Rafael se mudou para Siena com o pintor Pinturicchio, a quem ele tinha fornecido desenhos para os afrescos da Biblioteca Picolomini. De lá foi para Florença atraído pelos trabalhos que estavam sendo realizados, no Palazzo della Signoria, por Leonardo da Vinci e Michelangelo. Viveu na cidade nos quatro anos seguintes, viajando a outras cidades ocasionalmente. Em 1507, uma nobre de Perugia lhe encomendou uma "Deposição de Cristo", hoje exposta na Galleria Borghese, em Roma.


quadro da deposição de cristo na galeria borghese
Deposição de Cristo, 1507,
galeria Borghese
Sob a influência sobretudo da obra de Da Vinci, absorveu a estética renascentista e executou diversas madonas, entre as quais a Madona Esterházy e A Bela Jardineira. Fez uso das grandes inovações introduzidas na pintura do Renascimento, e de Da Vinci a partir de 1480: o chiaroscuro ("claro-escuro"), contraste de luz e sombra que empregou com moderação, e o sfumato (esfumado), sombreado levemente esbatido, em vez de traços, para delinear as formas.

A influência de Michelangelo, patente na Pietà e na Madona do Baldaquino, consistiu sobretudo na exploração das possibilidades expressivas da anatomia humana.

Entretanto, a maior influência sobre a obra de Rafael durante seu período florentino realmente veio de Leonardo da Vinci e suas composições, figuras e gestuais, bem como suas técnicas inovadoras.

Roma

Na segunda metade de 1508, o papa Júlio II, encorajado por Donato Bramante, amigo e parente distante de Rafael  e arquiteto do Vaticano, contratou os serviços do pintor. 



quadro do papa julio II
Papa Julio II, 
Aos 25 anos, Rafael ainda estava forjando seu estilo. Contudo logo conquistou a fama e os favores do papa. Ele começou a ser chamado de o Príncipe dos Pintores. Nos 12 anos seguintes, Rafael nunca deixou Roma, que passou a ser sua segunda nação. Trabalhou principalmente para Júlio II e seu sucessor, Leão X (filho de Lourenço de Médici).

Ao final do ano de 1508, ele começou a decoração dos apartamentos de Júlio no Vaticano, os quais, na visão do papa, eram destinados a glorificar o poder da Igreja Romana através da justificação do humanismo e do neoplatonismo. Uma série de obras-primas, como a Disputa (ou Discussão do Santíssimo Sacramento) e a Escola de Atenas, pintados na Stanza della Segnatura, o tornou o artista mais procurado da cidade.


3. - Os Trabalhos de Rafael


3.1 - O Casamento da Virgem, 1504, Pinacoteca de Brera, Milão


Encomendada a Rafael pela família Albizzini para a Capela de São José na Igreja de S. Francesco em Città di Castello, esta obra foi baseada em uma composição bastante similar feita por Pietro Perugino para a Catedral de Perúgia.




quadro do casamento da virgem de 1504
O casamento da virgem, 1504


3.2 - Virgem do Prado, 1505 a 1506, Kunsthistorisches MuseumViena


Virgem do prado é uma das primeiras composições em larga escala e com figuras completas mostrando o encontro apócrifo entre João Batista e o Menino Jesus. A influência das pesquisas figurativas de Michelangelo é evidente nessa composição


quadro a virgem do prado
Virgem do Prado, 1505 a 1506


3.3 - Escola de Atenas, 1510 a 1511, Stanza della Segnatura, Palácio Apostólico, Vaticano.

Um dos ícones maiores da arte ocidental, A Escola de Atenas tem por tema o "Templo da Filosofia", conforme definido por Marsilio Ficino. Em um edifício amplo, decorado com estátuas de deuses e relevos, encontram-se os pensadores antigos: no centro, Platão, com o Timeu em suas mãos, aponta para cima, em direção ao mundo das idéias. Aristóteles, portando a Ética, gesticula para baixo, indicando as práticas terrestres. À esquerda, é possível reconhecer Sócrates, conversando com cidadãos atenienses, nomeadamente Alcebíades. Em primeiro plano está Pitágoras, escrevendo e conversando com um grupo de discípulos. Diógenes aparece prostado sobre as escadarias. À direita, Bramante personifica Euclides, explicando as leis da geometria a um grupo de discípulos. Por fim, em meio a multidão, encontra-se o próprio Rafael, na extremidade direita do afresco. 




um dos maiores quadros do vaticano, a escola de atenas coloca vários sábios famosos estudando, circulando e conversando em um predio grande em estilo clássico da antiga grécia
Escola de Atenas, 1510 a 1511


Do ponto de vista pictórico, A Escola de Atenas representa o ápice da evolução artística de Rafael: aqui, sua pincelada se mostra mais segura e acabada, as figuras possuem mais peso e volume, a composição é mais rica e mais livre e o colorido mais harmônico.

3.4 - Madona Sistina, 1513 a 1514, Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden


Este retábulo, uma das mais famosas madonas de Rafael, foi executado a pedido de Júlio II para a igreja de S. Sisto em Piacenza, onde se localizava o túmulo de Sisto II, nomeado por Sisto IV (tio de Júlio II) patrono da casa Della Rovere. A obra permaneceu em Piacenza até 1754, quando foi adquirida pelo rei da Saxônia.


um dos mais belos quadros de rafael, a madona sistina com jesus nos braços
Madona Sistina, 1513 a 1514


3.5 - Êxtase de Santa Cecília, 1514 a 1515, Pinacoteca Nacional, Bolonha


Este retábulo foi provavelmente encomendado a Rafael por Elena Duglioli dall'Olio, para figurar em sua capela privada em Bolonha. O tema teria sido sugerido por Elena, famosa por suas visões místicas, onde músicas celestiais sempre se faziam presentes. Essa seria a razão do painel representar Santa Cecília, padroeira dos músicos.



quadro extase de santa cecília onde ela está no centro segurando uma pequena harpa
Extâse de Santa Cecília, 1514 a 1515



3.6 - A Moça com véu, 1515 a 1516, Galeria Palatina, Florença


A retratada é tradicionalmente identificada como a mesma modelo da obra La Fornarina, que, segundo alguns estudiosos, seria Margherita Luti, amante de Rafael durante seu período romano. Essa hipótese, entretanto, permanece meramente conjectural e é possível que as semelhanças entre as duas mulheres sejam devidas a uma concepção de beleza ideal do artista nesse período.


quadro a moça com véu
A moça com véu, 1515 a 1516


3.7 - Madona do diadema azul, 1518, Museu do Louvre, Paris


Não se conhece nenhum desenho preparatório executado especificamente para esta composição, que, entretanto, certamente deriva do protótipo desenvolvido por Rafael em sua Madona de Loreto. A paleta clara e o tom de "porcelana" da matéria pictórica advogam em favor de uma atribuição a Gian Francesco Penni, discípulo de Rafael.



quadro, madona com diadema azul
Madona com diadema azul, 1518



3.8 - Transfiguração, 1518 a 1520, Pinacoteca Vaticana, Vaticano


Obra encomendada a Rafael por Giulio de' Medici, para figurar na Catedral de Narbonne. A obra foi deixada inacabada por Rafael, sendo completada por Giulio Romano. Por muito tempo creditou-se a maior parte da execução a assistentes de ateliê, mas restaurações recentes mostram que a pintura é em grande parte autógrafa do mestre.


quadro, A Transfiguração
Transfiguração, 1518 a 1520



4.0 Referências


Wikipédia - Rafael Sanzio

Wikipédia - Lista de Trabalhos de Rafael

Observação: Todos os comentários sobre as pinturas de Rafael, retirados da Wikipédia, Lista de Trabalhos de Rafael.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Basílica de Nossa Senhora Aparecida

1. - A Basílica de Aparecida  


A Catedral Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida,  é o maior templo católico do Brasil e o segundo maior do mundo, menor apenas que a Basílica de São Pedro, no Vaticano. 

É a maior catedral do mundo, visto que a Basílica Vaticana não é uma catedral. Também é o maior espaço religioso do país, com mais de 143 mil m² de área construída ao longo de todo o Santuário. 



Vista geral da Basílica de Aparecida, foto HistoriacomGosto


A estrutura foi solenemente consagrada em 4 de julho de 1980, pelo Papa João Paulo II, quando ele visitou o Brasil pela primeira vez. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elevou a nova basílica a Santuário Nacional.  Já recebeu a visita de três papas: João Paulo II, Bento XVI e Francisco.

O santuário é visitado anualmente por aproximadamente 12 milhões de romeiros de todas as partes do Brasil. Em 2017, o santuário registrou 13 milhões de visitantes, o maior de sua história.


2. - O encontro da imagem no rio


Em  1717, o governante da capitania de São Paulo e Minas Gerais, estava de visita na cidade de Guaratinguetá, região do Vale do Paraíba. As autoridades da cidade animadas com a visita resolveram fazer uma festa de boas vindas. Designaram então a três pescadores, Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso a tarefa de providenciar bons peixes para o  banquete.
Como estavam em meados de Outubro, o tempo não estava adequado para boas pescarias.Eles lançaram as redes várias vezes sem obter sucesso. Foi então que rezaram pela proteção e benção da Virgem Maria e de Deus para que pudessem voltar à terra firme com fartura. Eis que então eles pescaram o corpo de uma imagem e após lançar  rede novamente "pescaram" uma cabeça que se encaixou perfeitamente ao corpo. Foi então que eles lançaram novamente as suas redes e pescaram tantos peixes que a barca quase virou com o peso. Era o dia 12 de outubro de 1717. 

Quadro "encontro da imagem", deconhecido, doação em voto de reconhecimento, foto HistoriacomGosto



Antes de levarem os peixes para o banquete, entregaram os pedaços da estátua a Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, irmã de Felipe e mãe de João, que reuniu as duas partes com cera e a colocou num pequeno altar na casa da família, agradecendo a Nossa Senhora o milagre dos peixes.

Nascia ali uma devoção, reunindo todos os sábados os moradores da região para rezarem o terço e cantarem a ladainha.

A partir daí, a devoção da Santa foi se espalhando. Primeiro nas casas, depois se construiu uma capela, depois uma basílica, até chegar ao quarto maior santuário do mundo, o Santuário Nacional de Aparecida localizado na cidade de Aparecida, interior do Estado de São Paulo.

Obs: O texto acima foi adaptado do site - Nossa Sagrada Família 
fonte: https://www.nossasagradafamilia.com.br/conteudo/historia-de-nossa-senhora-aparecida.html

3.  Histórico da  Construção das Igrejas  


3.1- Oratório


Entre 1717 e 1732, a imagem peregrinou pelas regiões de Ribeirão do Sá, Ponte Alta e Itaguaçu. Em 1732, Felipe Pedroso entregou a imagem a seu filho Atanásio Pedroso, que construiu o primeiro oratório aberto ao público.



3.2 - Capela / Pequena Igreja


Em virtude da expansão da devoção à Nossa Senhora ‘Aparecida’ das águas, o vigário de Guaratinguetá, padre José Alves Vilela, e alguns devotos construíram, no ano de 1740, uma pequena capela. Nela acontecia a reza do terço e o cântico das ladainhas, mas não se celebrava a Eucaristia.

Em 1743, o Pe. Vilela fez um relatório dos milagres e da devoção do povo para com Nossa Senhora Aparecida e enviou ao Bispo do Rio Janeiro, Dom Frei João da Cruz, para que ele aprovasse o culto e autorizasse a construção da primeira igreja em louvor à imagem que ficou conhecida como Mãe Aparecida.


A aprovação aconteceu em 5 de maio em 1743. A igreja foi construída no Morro dos Coqueiros, atual colina onde está localizado o centro da cidade de Aparecida, em terra doada pela viúva Margarida Nunes Rangel, com escritura passada em 6 de maio de 1744. A celebração que deu também origem ao Santuário, aconteceu na festa de Santa Ana, no dia 26 de julho de 1745, com a benção da imagem e a celebração da primeira missa. 

Esse foi o primeiro Santuário que acolheu multidões. Foi construído em taipa de pilão e, por isso, não resistiu ao tempo. Em 1844, apresentou risco de desmoronamento e o setor administrativo da capela resolveu pela construção de um novo templo.


3.3 A Basílica antiga


Assim, em 1845, foram demolidas as partes da estrutura e iniciada a construção da nova igreja, inaugurada 43 anos depois (1888).

Em 24 de junho de 1888, Dom Lino D. R. de Carvalho, bispo de São Paulo inaugurou a igreja conhecida como ‘Igreja de Monte Carmelo’ (Basílica Velha). 

Em 1894, os Missionários Redentoristas chegam a Aparecida, provenientes da Baviera, Alemanha, para se dedicarem ao cuidado pastoral do novo Santuário, onde permanecem até os dias atuais. A Congregação do Santíssimo Redentor assinou o contrato, assumindo oficialmente o Santuário de Aparecida em janeiro de 1895.


Basílica velha, foto HistoriacomGosto




cópia da imagem original, foto historiacomgosto
altar da Basílica velha, foto historiacomgosto



As atividades religiosas no Santuário, em definitivo, passaram a ser realizadas a partir do dia 03 de outubro de 1982, quando aconteceu a transladação da Imagem de Aparecida da Antiga Basílica para a Basílica Nova.

No ano de 2004, a Basílica Velha de Aparecida passou por uma restauração. Sua reinauguração foi em fevereiro de 2015. 


3.4 A Basílica Nova


Benedito Calixto e Paulo Franco Rocha


O projeto da nova Basílica foi encomendado pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, em setembro de 1947, ao arquiteto Benedito Calixto de Jesus. A estrutura e os cálculos do concreto armado eram do engenheiro civil Paulo Franco Rocha.


Obs: Benedito Calixto de Jesus Neto, era neto do pintor Benedito Calixto, filho de João Pedro de Jesus Netto, engenheiro sanitarista de extrema importância para cidade de São Paulo.


O início efetivo da construção ocorreu em 11 de novembro de 1955. A primeira missa no local aconteceu no dia 11 de setembro de 1946, presidida pelo Cardeal Motta. O primeiro atendimento aos romeiros foi em 21 de junho de 1959.

As atividades religiosas no Santuário, em definitivo, passaram a ser realizadas a partir do dia 03 de outubro de 1982, quando aconteceu a transladação da Imagem de Aparecida da Antiga Basílica para a Basílica Nova.



Cláudio Pastro


Cláudio Pastro foi o artista plástico brasileiro,  considerado o maior nome da arte sacra do seu tempo. Ele nasceu em São Paulo, 16 de outubro de 1948 e faleceu também em São Paulo, 19 de outubro de 2016.


As obras sacras foram idealizadas pelo artista Cláudio Pastro. O artista esteve a frente do projeto de criação dos painéis, vitrais e toda a decoração interna, que representam momentos da história de Cristo, da Virgem Maria e da Igreja. 

Deppois disso confeccionou o monumento em honra a Nossa Senhora Aparecida nos Jardins do Vaticano e a medalha comemorativa pelos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

4. - Primeiros Milagres Atribuídos à Nossa Senhora


Consideram-se seis os primeiros milagres atribuídos à Nossa Senhora. O primeiro foi da pescaria, e os demais são detalhados abaixo;

4.1 - Milagre da Pesca


Esse primeiro milagre aconteceu junto com o encontro da imagem e foi descrito no item 2. 

4.2- Milagre das Velas


Na aldeia dos pescadores, havia o costume de reunir as famílias para rezarem aos pés de Nossa Senhora Aparecida. No altar onde ficava a imagem da santa, duas velas iluminavam o local. De repente, durante a oração, as velas se apagaram e Silvana da Rocha, se levantou para acender as velas novamente, mas antes de se aproximar as velas se acenderam sozinhas.


4.3 Menina Cega


No ano de 1874, Gertrudes Vaz e sua filha – cega de nascença – levaram três meses de viagem de Jaboticabal (SP) a Aparecida (SP). A menina tinha ouvido falar da história da “pesca milagrosa” e queria muito visitar Nossa Senhora Aparecida. Ao chegarem, ainda na estrada, a menina fixou o horizonte e exclamou: “Olhe, mamãe, a capela da Santa!”. Dona Gertrudes percebeu que tanto sacrifício tinha valido a pena. Mãe e filha – agora curada – foram rezar agradecidas, ajoelhadas aos pés da Senhora Aparecida.


4.4 Escravo Zacarias


Naquele tempo de escravidão, Zacarias, que era escravo, voltava acorrentado com o seu feitor para a fazenda de onde fugira. Ao passar pelo Santuário, pediu para rezar aos pés da Mãe Aparecida. Zacarias, com muita fé, fez suas orações, e o milagre aconteceu: as correntes se soltaram e Zacarias ficou livre.


4.5 Cavaleiro sem fé


Há muito tempo, havia em Cuiabá (MT) um cavaleiro que não tinha fé. Zombava dos devotos de Nossa Senhora Aparecida e não acreditava no poder de sua intercessão. Um dia, o cavaleiro, subiu em seu cavalo e quis entrar na igreja, mas as patas do animal ficaram presas no primeiro degrau da escada.

4.6 Salvo de Afogamento


Em 1862, morava nas margens do Rio Paraíba do Sul a família de um menino chamado Marcelino, que tinha apenas três anos de idade. Durante uma brincadeira no barco, o garoto caiu no rio Paraíba. Sua mãe Angélica e sua irmã Antônia se ajoelharam e pediram que Nossa Senhora intercedesse pelo menino, para que não se afogasse. Na mesma hora, o menino começou a boiar, sem engolir água do rio. Seu pai o tirou da água sem nenhum risco de vida.

5. - A parte externa da Basílica Atual


Na parte externa da Basílica temos uma arcada semi circular com esculturas na parte superior semelhante à Basílica de São Pedro em Roma.


Basílica, área externa, foto HistoriacomGosto


6. - A parte interna - Arte Sacra


Todos os comentários sobre o signficado da arte sacra da Igreja, são de autoria de Cláudio Pastro, no livro Santuário de Aparecida, e colocados aqui com a finalidade de divulgação cristã e cultural.

6.1 - Porta Santa


Em bronze e detalhes em ouro, doados pelos devotos, esta porta foi confeccionada por ocasião do Ano Santo da Misericórdia instituído pelo Papa Francisco, e aberta a 13 de Dezembro de 2015. No lado externo, a anuciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria. As letras gregas alfa e ômega correspondem ao Cristo-porta do Paraíso.  


porta santa, foto HistoriacomGosto




6.2 - Nave Sul


- Visão geral da Nave


Entrando pela nave sul, vemos os mosaicos dos milagres, o trono de Nossa Senhora, e fidamos de frente para o altar com a cruz ao fundo.


Nave central, foto HistoriacomGosto


- O Milagre da Pesca


Nesse mosaico vemos um pescador com o corpo e a cabeça da imagem nas mãos, ao mesmo tempo que a rede se enche de peixes.


Milagre da Pesca, foto HistoriacomGosto


- Os Outros milagres


No centro desse mosaico vemos a representação do milagre do cavaleiro descrente, quando o cavalo não consegue subir as escadas da Igreja. No canto inferior a esquerda vemos o milagre da quebra das cadeias do escravo, no canto inferior à direita vemos a cura da jovem cega. No canto superior à direita vemos o milagre das velas, e no canto superior à esquerda vemos a representação de todos os milagres postriores através da representação dos ex-votos.



Mosaico "Os Milagres", foto HistoriacomGosto

- O Trono de Nossa Senhora


Embaixo no centro, um nicho de metal ouro com 2x2 m formado por peixes, por um sol e lua, mais a frase: "O Espírito e a esposa dizem: Amém, vem, Senhor Jesus" do livro do Apocalipse. Esse é o nicho que contém a imagem original, em barro cozido, com o mantode rainha e a coroa real, presenteada no final do século XIX pela Princesa Isabel. 

Trono de Nossa Senhora Aparecida, foto HistoriacomGosto

6.3 - Nave Norte


Cristo Sol e o cortejodas mulheres na história da Igreja


Painel em azulejo nas cores azul ultramar, azul turquesa, azul cobalto. O Pantocrator Senhor do Universo, a luz do mundo, entra cortejado pelas santas mulheres na história da Igreja. Mulheres do 1o e 2o Milênio e a irmã Dorothy, assassinada na Amazônia, a primeira mulher do 3o Milênio. 



Cristo Sol e o cortejo das mulheres na História da Igreja


6.4 - Altar e Baldaquino

a) Altar central


O altar é o centro e a peça mais importante de todo o espaço da Basílica. Aí se dá o Mistério Pascal celebrado em cada Missa. Para nós , cristãos, o altar é o centro do cosmo, o umbigo do mundo, o coração do Corpo Místico do Cristo, o lugar da relação silenciosa entre Deus e os homens. 


Altar Central, foto HistoriacomGosto


b) Colunas 


Nas quatro colunas do baldaquino estão representados os biomas brasileiros Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Floresta Amazônica e Mata de Araucárias. Cada coluna representa uma estação do ano, por meio dos ipês, e uma fase da reprodução humana. 


Colunas, foto HistóriacomGosto


6.5 - Cúpula central



A arte se refere à "Àrvore da Vida" no centro do paraíso (Éden), na qual os pássaros brasileiros são imagens dos peregrinos que vêm se aninhar e repousar. A árvore da vida é o próprio Reino de Deus entre nós. 



Cúpula, foto HistóriacomGosto


6.6 - Vitrais

Na basílica, os vitrais tem a função de filtrar a luz, refletindo tons variados no espaço e nos peregrinos. A luz é imagem do Ressuscitado que, nesse lugar "onde dois ou três se reúnem em meu nome, aí eu estou no meio deles". 




6.7 - Capelas


a) Santíssima Trindade


O piso em forma de água e peixes, indica-nos o peixe como a comida do Ressucscitado, da vida nova, e o Cristo como a ambundância de alimento.

O Sacrário corresponde a uma parede com os cinco mosaicos (quatro evangelistas e o cordeiro pascal), oferecidos pelo Papa João Paulo II.


Capela da Santíssima Trindade, foto HistóriacomGosto


b) São José

Um grande painel em azulejos azuis apresenta-nos o sonho de José, a anuciação do Anjo Gabriel a José.


Capela de São José, foto HistóriacomGosto

7. Outros fatos marcantes na Basílica de Aparecida


a) Visita de Dom Pedro I


Quando Dom Pedro I, ainda era Príncipe Regente, durante sua viagem ao Rio de Janeiro e São Paulo, passou no Santuário de Aparecida. Ele quis rezar diante da imagem de Aparecida. Prometeu-lhe consagrar o Brasil, caso resolvesse favoravelmente sua complicada situação política.

Isto ocorreu no dia 22 de agosto de 1822. Quinze dias depois, em 7 de setembro, em São Paulo, nascia o Brasil independente, pelo brado histórico do príncipe que se tornaria o primeiro imperador, com o nome de D. Pedro I.

b) Visita de Dom Pedro II


O imperador Dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina estiveram em duas ocasiões (1843 e em 1865) na capela de Aparecida, para rezar diante da imagem.

c) Visitas da Princesa Isabel


Primeira visita


A princesa Isabel, herdeira do trono brasileiro, quis participar das celebrações da festa da Aparecida no ano 1868, ao lado de seu marido, o Conde d'Eu, na esperança de obterem da Senhora Aparecida a graça de um herdeiro. 

A festa nessa época era celebrada no dia 08 de dezembro, dia da Imaculada Conceição. 

Para manifestar sua devoção, a princesa doou à Imagem um manto ornado com 21 brilhantes, representando as 20 Províncias do Império e mais a capital.

Segunda visita

Anos depois, em 1884, a princesa Isabel voltava a Aparecida em reconhecimento pela graça recebida. Feliz, vinha acompanhada não só do esposo, mas dos três herdeiros, os príncipes D. Pedro, D. Luís e D. Antonio. 

A princesa novamente quis honrar a imagem da Senhora Aparecida oferecendo-lhe dessa vez uma coroa de ouro 24 quilates, 300 gramas, cravejada de brilhantes. Essa mesma coroa serviu, vinte anos depois, para a solene coroação da Imagem, por ordem do Papa São Pio X.

d) Coroação de Nossa Senhora


Foi sob a inspiração de Dom Joaquim Arcoverde, Arcebispo do Rio de Janeiro, primeiro Cardeal do Brasil, que surgiu a proposta da coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida. O tema foi sugerido em 1901, na primeira Conferência dos Bispos da Província Meridional do Brasil, realizada em São Paulo. O pedido foi aceito pelo Papa Pio X e a solenidade marcada para 8 de setembro de 1904.

Pela primeira vez, o Santuário reuniu cerca de 15 mil pessoas, 12 bispos e centenas de sacerdotes para a coração da Imagem. A missa aconteceu na praça do Santuário, presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Júlio Tonti. O bispo de São Paulo, Dom José de Camargo Barros, foi quem coroou a imagem.

e) Padroeira do Brasil


Foi durante o Congresso Mariano que o líder do episcopado brasileiro, Dom Sebastião Leme, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, apresentou aos bispos a proposta para pedir à Santa Sé que declarasse Nossa Senhora Aparecida a Padroeira do Brasil.

A declaração aconteceu em julho de 1930, pelo papa Pio XI. No final de 1930, Dom Sebastião Leme tomou a iniciativa de realizar uma festa para a proclamação de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.

A grande manifestação popular foi organizada para acontecer no Rio de Janeiro, no dia 31 de maio de 1931. Em um trem especial e enfeitado, a Imagem foi conduzida para o Rio de Janeiro, saindo de Aparecida.

Era a primeira vez, desde 1889, que a Imagem saía de seu Santuário. Mais de um milhão de fiéis aguardavam no Rio para participar das celebrações.

8. - Referências


- Site Oficial da Basílica de Aparecida - A maior parte do texto histórico foi retirado do site oficial da Basílica - https://www.a12.com/santuario/historia-de-nossa-senhora-aparecida

- Livro "Santuário de Aparecida" - Explicações do signficado das obras de arte sacra, com comentários do próprio Claudio Pastro. Belíssimo livro com fotografias de Fabio Colombini e texto de Cláudio Pastro;

Texto do achado da imagem, retirado / adaptado do site Nossa Sagrada Família - https://www.nossasagradafamilia.com.br/conteudo/historia-de-nossa-senhora-aparecida.html

- Fotos HistoriacomGosto - Fotos obtidas durante visita em 2017.