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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

História do reino da Grã-Bretanha V - período Georgiano (século XVIII)

I. Introdução


No século XVIII, a Grã Bretanha se recupera  do período de guerra civil e com o período de estabilidade começa  a desenvolver o seu potencial comercial e o consequente poderio econômico. Londres torna-se um centro financeiro e uma nova classe de comerciantes e profissionais ganham espaço.

A supremacia nos mares lança as bases do poderio do império. Uma Revolução Industrial é iniciada com os motores a vapor, que movimentam barcos e trens. Com isso surgem canais e ferrovias e uma grande movimentação em toda cadeia econômico.

foto mostra uma casa de arquitetura georgiana com seus tijolos vermelhos, dois níveis e muitas janelas de esquadrias brancas
Arquitetura Georgiana


Surgem novas habitações com arquiteturas de casas altas com balcões para as famílias abastadas, e novos hábitos elegantes. Em contraste, quanto mais habitadas ficam as cidades, piores ficam as condições dos mais pobres.

Em resumo o que vemos é a Grã Bretanha tendo como reis  herdeiros vindos da Alemanha, sem conhecimento e alguns sem muito interesse pela política britânica, e apesar disso, devido ao novo modo de governo, que administrava o país através do parlamento e de um primeiro ministro, a Inglaterra  no século XVIII deu um grande salto rumo a modernização do País se tornando uma potência internacional.  

II. - Dinastia de Hannover   


A rainha Ana apesar de ter ficado grávida dezessete vezes do seu marido, o príncipe Jorge da Dinamarca, morreu sem deixar nenhum herdeiro. Sob os termos do Decreto de Estabelecimento de 1701, Ana foi sucedida por seu primo, Jorge I da Casa de Hanôver.  

Jorge apresentou sua pretensão baseado no fato de ser bisneto do rei Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra através da sua mãe, Sofia de Hanôver. Havia ainda membros mais próximos da família Stuart, mas como estes eram católicos romanos, Jorge que era de confissão luterana foi preferido pelo parlamento britânico.
brasão da dinastia hanover com dois leões dourados de um lado, um leão azul de outro e um cavalo branco embaixo


A Casa de Hanôver então substituiu a Casa de Stuart na Coroa britânica a partir de 1714, inserindo uma nova dinastia de soberanos para o país. Antes de adquirir a coroa da Grã-Bretanha (que tornou-se Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda em 1801) o chefe da família era também eleitor de Hanôver e duque de Brunsvique-Luneburgo, títulos que manteve até 1837.

II.1 - Jorge I (1714 a 1727)


Durante o reinado de Jorge, os poderes da monarquia foram enfraquecendo e a Grã-Bretanha empreendeu uma transição para um sistema moderno de governo por meio do Conselho de Ministros, dirigido pela figura do primeiro-ministro. Perto do final de seu mandato, o verdadeiro poder político estava nas mãos de Robert Walpole , reconhecido como o primeiro "primeiro-ministro" de fato do Reino Unido.

Jorge morreu de um acidente vascular cerebral em uma viagem a Hannover, onde foi sepultado. Ele foi o último monarca britânico a ser enterrado fora das fronteiras do Reino Unido.

quadro do rei Jorge I
George reviveu a Ordem do Banho (Ordem de Bath) em 1725 a pedido de Walpole, permitindo-lhe recompensar aqueles que o apoiaram ou obter mais apoio, concedendo-lhes a honra.  Na verdade, ele adquiriu grande poder e tinha a capacidade de nomear ministros de sua própria escolha. Ao contrário de sua antecessora, a rainha Anne, George não costumava comparecer às reuniões de gabinete. A maioria de suas conversas eram privadas e ele exercia apenas uma influência notável na política externa. Com a ajuda de Lord Townshend, ele conseguiu que a Grã-Bretanha, a França e a Prússia ratificassem o Tratado de Hanover , projetado para se opor à aliança austro-espanhola nascida do Tratado de Viena.e proteger o comércio britânico.

Os britânicos o viam como muito alemão e, de acordo com o historiador Ragnhild Hatton , eles tinham a falsa crença de que ele tinha uma longa lista de amantes alemãs. No entanto, na Europa continental era considerado um governante progressista, favorável ao Iluminismo e que permitia que seus críticos se expressassem em público sem risco de serem censurados; da mesma forma, deu refúgio a Voltaire quando foi forçado ao exílio de Paris em 1726.

II.2 Rei Jorge II (1727 - 1760)


Jorge II foi o último monarca britânico a nascer fora da Grã-Bretanha: nasceu e foi criado no norte do Sacro Império Romano-Germânico.  Durante os primeiros anos do reinado do seu pai, Jorge foi associado a políticos da oposição até eles se juntarem novamente ao partido governante em 1720.

quadro do rei Jorge II
Rei a partir de 1727, Jorge tinha pouco domínio sobre a política interna da Grã-Bretanha que era controlada majoritariamente pelo parlamento do país. Como príncipe-eleitor, passou doze vezes o verão em Hanôver onde tinha um controle mais directo sobre a política do governo.


A sua nova residência em Londres, a Casa Leicester, tornou-se um ponto de encontro frequente dos opositores políticos do seu pai, incluindo sir Robert Walpole e o Visconde Townshend, que tinha deixado o governo em 1717. 

Em 1720, Walpole encorajou o rei e o seu filho para uma reconciliação em nome da unidade pública, algo a que ambos consentiram, mas sem grande vontade.

Durante o reinado de Jorge II, os interesses britânicos expandiram-se por todo o mundo, o desafio Jacobita para a dinastia de Hanôver acabou e o poder dos ministros no Parlamento britânico ficou bem estabelecido. 

Apesar de tudo, nas memórias de contemporâneos Jorge é retratado como um palhaço fraco, controlado pela esposa e pelos ministros.

II.3 Rei Jorge III (1760 a 1800)


quadro do Rei Jorge III
King George III
Sua vida e reinado foram marcados por disputas políticas no parlamento e uma série de conflitos militares principalmente contra a França, que a Grã-Bretanha acabou derrotando na Guerra dos Sete Anos. Porém, logo muitas das suas colônias na América do Norte foram perdidas na Guerra de Independência dos Estados Unidos. Outras guerras começando em 1793 contra a França revolucionária e napoleônica concluiram-se com a derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo em 1815.

No restante de sua vida, Jorge sofreu de um transtorno mental recorrente e enfim permanente. Os médicos ficaram perplexos com sua condição, apesar de desde então se acreditar que o rei sofria de porfiria.




III. - Revolução Industrial


Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura no período entre 1760 a algum momento entre 1820 e 1840. Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e os Estados Unidos.

quadro sobre revolução industrial mostrando trabalhadores em uma forja
Ferro e Carvão, de William Bell Scott (1855-60).


Essa Revolução Industrial tira o centro da produção das corporações de ofício da Idade Média para a produção em manufaturas.

III.1 - Máquinas a Vapor


As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e movimentavam as máquinas que fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias. 

As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão profundas que os historiadores atuais chamam aquele período de Revolução Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou. 

O Primeiro Motor a Vapor

A primeira máquina a vapor relatada, foi a eolípila (também chamada de "bola de vento"), criada por Heron de Alexandria no século I. Em 1698, Thomas Savery, engenheiro militar inglês, criou um motor que leva seu nome que poderia ser utilizado dentro das fábricas, sendo considerado uma das evoluções iniciais da revolução industrial. 

esquema dinâmico de um artefato a vapor chamado de Eolípila. Aquece-se água que se transforma em vapor e é transmitido para um recipiente que tem saída em dois tubos diametralmente opostos. A expulsão do vapor faz o sistema girar

Eolípila

Em 1712, Thomas Newcomen projetou uma nova máquina que poderia ser utilizada dentro de minas de carvão, a qual, apesar de mais lenta que as anteriores, podia tanto elevar água quanto cargas mais pesadas e tinha um custo de capital muito menor (uma vez que substituía os cavalos que eram usados no trabalho). 
                                         
esquema de uma máquina a vapor que podia ser sada para levantar cargas pesadas
Máquina de Newcomen


Todavia, foi no ano de 1777 que o motor a vapor mais importante foi criado, quando James Watt, fabricante de instrumentos londrino, aperfeiçoou o motor a vapor de Newcomen. Após perceber uma falha no projeto da mesma, que era o tempo gasto, demasiadamente elevado, para ter o aquecimento, tanto do vapor quanto do combustível, em um mesmo cilindro. melhorando o projeto, criou assim um segundo cilindro.


Meios de Transporte


As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais veloz. Como essas máquinas substituíam a força dos cavalos, convencionou-se em medir a potência desses motores em HP (do inglês horse power ou cavalo-força). A partir do século XIX os navios movidos a vapor se tornariam o modo predominante.

esquema de uma locomotiva à vapor
Locomotiva de Trevithick

IV. - Segunda fase do Capitalismo - O Capitalismo Industrial

No final do século XVIII e início do XIX, ocorreu a transição do capitalismo comercial para o chamado capitalismo industrial. Esse ficou caracterizado por muitas evoluções que foram primordiais à ocorrência da Primeira Revolução Industrial na Inglaterra, já citadas no parágrafo anterior como, a utilização do carvão mineral como fonte de energia para a indústria têxtil e o invento da máquina a vapor.

Essa produção industrial tornava-se necessária, pois o crescimento das cidades e o aumento demográfico demandavam mais produtos e menor custo para serem consumidos por toda população. 


desenho de mulheres trabalhando em uma fábrica
Mulheres trabalhando em fábrica


 V. - Arquitetura Georgiana


Arquitetura georgiana é, na maioria dos países anglófonos, a arquitetura produzida ao longo dos reinados de Jorge I, Jorge II, Jorge III e Jorge IV, compreendendo o período de 1720 a 1840, aproximadamente.

Apesar de receber um nome genérico, não é um estilo unificado, pois transita do final do Barroco até o ecletismo romântico de meados do século XIX. Esse ecletismo agradou especialmente a classe média, mas também serviu à nobreza. 

foto de uma outra casa de arquitetura Georgiana com três pavimentos, alvenaria pintada em branca, frente reta e muitas janelas
Marble Hill House (arquiteto Roger Morris) margem norte do Rio Tâmisa, entre Richmond e Twickenham,                         Reino Unido. Marble Hill House é uma bela Villa Palladiana do século XVIII.

As casas mais abastadas são geralmente de dois pavimentos principais, amplas e confortáveis, com uma distribuição simétrica e regular de aberturas, e uma ornamentação relativamente discreta, mas podendo ter uma entrada bastante imponente com pórticos, escadarias e colunatas. 

Casas citadinas

O período georgiano tardio viu o nascimento da casa geminada, planejada sistematicamente, como um compromisso suburbano entre as casas com terraço da cidade e as “moradias” isoladas mais distantes, onde a terra era mais barata. 

Houve exemplos ocasionais nos centros das cidades que remontam aos tempos medievais. A maioria dos primeiros exemplos suburbanos é grande, e no que hoje são as margens externas do centro de Londres, mas estavam em áreas sendo construídas pela primeira vez. 

foto de casas mais populares estilo geminadas.
Crescente Georgiano

O estilo gerogiano de uma forma geral foi um estilo largamente empregado nas Ilhas Britânicas, nos Estados Unidos, Canadá e em outras colônias inglesas. O estilo declinou no fim do século XIX, mas no século XX conheceu uma voga revivalista.

VI - Eventos importantes do século XVIII referentes à Grã Bretanha


1721 - Robert Walpole torna-se primeiro ministro (1616-1745)

1776 - Declaração de Independência dos Estados Unidos

1769 - James Watt patenteou o motor a vapor e o desenvolveu para locomoção

1788 - Primeiro navio de condenados enviado à Australia


VII. - Referências


Arquitetura georgiana - https://www.hisour.com/pt/georgian-architecture-29066/


sábado, 14 de novembro de 2020

Três romances franceses marcantes II

 I. Introdução 


Nessa segunda publicação sobre os romances franceses mais marcantes, vamos abordar agora  três deles que fazem parte do período do romantismo e sua transição para o realismo. São verdadeiras obras-primas da literatura mundial e estão sempre presentes nas listas dos melhores romances de todos os tempos. Os três romances escolhidos, os quais apreciamos  muito , são os seguintes: "Os Miseráveis" de Victor Hugo, "Ilusões Perdidas" de Honoré Balzac,  "O Vermelho e o Negro" de Stendhal.

foto de um livro aberto escrito em russo com um ramo de flores em cima das páginas
Literatura com natureza morta,  um livro de Balzac em russo, foto de dimakig em shutterstock.com


 II. Victor Hugo


Victor-Marie Hugo nasceu em Besançon, 26 de fevereiro de 1802 e faleceu em Paris, 22 de maio de 1885. Ele foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos e de grande atuação política no país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.

foto de Victor Hugo em preto e branco
Victor Hugo
A infância de Victor Hugo foi marcada por grandes acontecimentos. Napoleão Bonaparte foi proclamado imperador dois anos depois de seu nascimento, e a monarquia dos Bourbons foi restaurada antes de seu décimo oitavo aniversário. Os pontos de vista políticos e religiosos opostos dos pais de Victor Hugo refletiam as forças que lutavam pela supremacia na França ao longo de sua vida: seu pai era um oficial que havia atingido uma elevada posição no exército de Napoleão.

Cansada das constantes mudanças exigidas pela vida militar, e em litígio com o marido infiel, sua mãe Sophie separou-se temporariamente de Joseph Léopold em 1803 e se estabeleceu em Paris. A partir de então, ela dominou a educação e formação de Victor Hugo. 

Como resultado, os primeiros trabalhos de Hugo na poesia e ficção refletem uma devoção apaixonada tanto do rei como da fé. Foi somente mais tarde, durante os eventos que levaram à Revolução de 1848, que ele iria começar a se rebelar contra a sua educação católica e monarquista e em vez disso advogar o republicanismo e o livre pensamento.

Como muitos escritores de sua geração, Victor Hugo foi profundamente influenciado por François-René de Chateaubriand, famosa figura da escola romântica e figura proeminente da literatura francesa do começo do século XIX. Quando jovem, Hugo afirmou que seria “Chateaubriand ou nada”, e sua vida teria muitas semelhanças com a de seu predecessor.

A partir de 1849, Victor Hugo dedica um quarto da sua obra à política, um quarto à religião e outro à Filosofia humana e social.

Sempre um reformista, envolve-se em política por toda a sua vida. Mas se critica as misérias sociais, não adota o discurso socialista da luta de classes. Pelo contrário, ele próprio viveu uma vida financeiramente confortável, construída com seus próprios esforços. (fonte: wikipedia)


Os Miseráveis


Seu principal romance, os Miseráveis, narra a história de um homem que dá a "volta por cima", Jean Valjean, condenado por roubar um pão, ele é posto em liberdade condicional após dezenove anos de prisão. 

A história passa-se na França do século XIX entre duas grandes batalhas: a Batalha de Waterloo (1815) e os motins de junho de 1832. O livro é narrado, por cinco volumes, a vida de Jean Valjean, da sua libertação, até sua morte. 

Em torno dele giram algumas pessoas que vão dar seus nomes para os diferentes volumes do romance, testemunhando a miséria deste século, a pobreza miserável de: Fantine, Cosette, mas também o inspetor Javert e o jovem sonhador Marius. O livro retrata a sociedade francesa do sec. XIX , mostra o panorama socioeconomico da população mais pobre.

quadro com desenho de uma pequena mendinga
Cosette
Rejeitado pela sociedade por ser um ex-presidiário, Valjean pensa em enveredar pelo caminho dos roubos. Um encontro com o Bispo Myriel muda sua vida. Ele assume uma nova identidade para seguir uma vida honesta, tornando-se proprietário de uma fábrica e prefeito. Ele adota e cria a filha de Fantine, Cosette, salva Marius da barricada, e morre com uma idade avançada.  

Suas boas obras são interrompidas apenas quando um policial que o tinha preso na primeira vez, mesmo após a mudança de nome de Valjean e da sua fuga da prisão condicional, após anos de busca / perseguição infrutífera, finalmente o identifica. O policial é Javert um inspetor de polícia obsessivo que sempre persegue e perde Valjean.  


quadro de Delacroix A Liberdade Guinado o Povo - o quadro mostra uma mulher com a parte superior do vestido caido, mostrando os seios, segurando a bandeira da França à frente de um conjunto de pessoas armadas em um conflito
A Liberdade guiando o povo, Eugene Delacroix, 1830, Museu do Louvre

Os Miseráveis, portanto, traz claramente a filosofia política de Victor Hugo. É um mundo onde há cooperação - e não luta - entre as classes;  onde o trabalho é a via principal de aprimoramento pessoal e social; onde a presença do Estado e seus representantes traz complicações sem fim para a vida do povo oprimido.


Filmes


Inúmeras adaptações para o cinema, teatro e televisão foram feitas ao longo do tempo. Adaptações para o teatro já foram vistas por mais de 60 milhões de pessoas. No cinema mais de 10 adaptações foram feitas. Uma de grande sucesso foi a  versão de Jean-Paul Le Chanois, de 1958, com Jean Gabin como Jean Valjean. Entretanto, a de maior impacto foi a  adaptação   mais recente, 2012, dirigida pelo britânico Tom Hooper, de "O Discurso do Rei",  na forma de musical com Hugo Jackman, Russel Crowell e Anna Hathaway.


Os miseráveis - direção de Tom Hooper

 

Essa adapatação foi muito premiada. Indicada para 08 oscars, ganhou 03, com Anna Hathaway recebendo o prêmio de melhor atriz coadjuvante. Ganhou também o globo de ouro de melhor filme comédia / musical e mais dois prêmios, incluindo melhor ator (Hugo Jackman) e melhor atriz coadjuvante Anna Hathaway. Indicado para 10 premiações no Bafta, ganhou 04, entre outros novamente Anna Hathaway como melhor atriz coadjuvante. 


III. - Honoré de Balzac e as "Ilusões Perdidas"


Honoré de Balzac


foto de rosto do escritor Honoré de Balzac
Honoré de Balzac nasceu em Tours, França, em 20 de maio de 1799 e faleceu em  Paris, 18 de agosto de 1850. Ele foi um grande escritor francês   notável por suas agudas observações psicológicas e que por isso é  considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.  Sua magnum opus (obra maior), "A Comédia Humana", consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.

Entre seus romances mais famosos, destacam-se "A Mulher de Trinta Anos" (1831-32), "Eugènie Grandet" (1833), "O Pai Goriot" (1834), "O Lírio do Vale" (1835), "As Ilusões Perdidas" (1839), "A Prima Bette" (1846) e "O Primo Pons" (1847).


quadro com personagens do livro o Pai Goriot
personagens do Pai Goriot

Desde "Le Dernier Chouan" (1829), que depois se transformaria em "Les Chouans" (1829), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pint ura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.   

Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava. De certo modo, as suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como ProustZolaDickensDostoiévskiFlaubertHenry JamesMachado de AssisCastelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. 

Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polaca Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.

quadro de Ewelina Hanska
Ewelina Hanska


As Ilusões Perdidas

Illusions perdues (em português, Ilusões Perdidas), considerado por Balzac como o principal livro constituinte de sua  Comédia Humana, é um de seus romances mais extensos e mais famosos. Para muitos, como Marcel Proust, este livro é também o melhor de Balzac

Ele foi publicado em três partes entre 1836 e 1843: Les Deux poètes (Os dois poetas), Un grand homme de province à Paris (Um grande homem da província em Paris) e Ève et David (Eva e David, que na versão final aparece como Les souffrances de l'inventeur).

quadro com desenho de um homem ajoelhado com orosto nos joelhos de uma dama. O homem parece estar chorando.
Temática: Neste livro, Balzac narra o fracasso de Lucien de Rubempré, jovem provinciando de Angoulême, ao buscar conquistar a glória em Paris. O percurso triste e alimentado por imperdoáveis fraquezas do grande homem da província, alternativamente herói e anti-herói, é agravado sem cessar pelo contraponto de dois círculos virtuosos: a família de Luciano e o Cenáculo de homens magnânimos. 

As ilusões perdidas são as de Luciano face ao mundo literário e ao seu próprio futuro, mas também as de sua família e amigos em relação às capacidades e qualidades humanas de Luciano.

No livro o  estilo de vida das províncias é justaposto ao das metrópoles; Balzac contrasta o ritmo de Angoulême e Paris, os diferentes padrões (como o de preço) das duas cidades.

Balzac explora a natureza da vida artística de Paris em 1821-1822. Lucien, que ainda não era um autor com obras publicadas no início do romance, falha na publicação de sua obra em Paris e, durante o tempo que passa na capital, nada escreve em consequência disso. 

Minisérie para Televisão - 4 horas (2 dvds) - "Balzac" (1999).


Observação: Está previsto para ser lançado em 2020 o filme "Comedie Humaine" que é uma adaptação do livro "Ilusões Perdidas". O filme é dirigido por Xavier Gianolli, com participação do onipresente Gerard Depardieu e Cecile de France.

IV. - Stendhal e  "O Vermelho e o Negro"


Stendhal

foto de Stendhal
Stendhal
Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal, foi um escritor francês nascido em Grenoble, em 23 de janeiro de 1783 e falecido em Paris, em 23 de março de 1842. Stendhal é admirado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.

Órfão de mãe aos seis anos, criou-se entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. A partir de 1796 foi aluno da Escola central de Grenoble e em 1799 conseguiu o primeiro prêmio de matemática.

Viajou a Paris para ingressar na Escola Politécnica, mas adoeceu e não pôde se apresentar à prova de acesso. Graças a Pierre Daru, um parente longínquo que se converteria em seu protetor, começou a trabalhar no ministério de Guerra.

Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. 

Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma, Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudônimo de Stendhal.

quadro Napoleão cruzando os Alpes, mostra Napoleão de uiforme empinando o cavalo
Napoleão cruzando os Alpes,
Jean Louis David, 1801-1805


"Dandy" afamado, frequentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com as suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. Em 1822 publicou Sobre o amor, ensaio baseado em boa parte nas suas próprias experiências e no qual exprimia ideias bastante avançadas; destaca a sua teoria da cristalização, processo pelo que o espírito, adaptando a realidade aos seus desejos, cobre de perfeições o objeto do desejo.

Estabeleceu o seu renome de escritor graças à Vida de Rossini e às duas partes de seu Racine e Shakespeare, autêntico manifesto do romantismo. Depois de uma relação sentimental com a atriz Clémentine Curial, que durou até 1826, empreendeu novas viagens ao Reino Unido e Itália e redigiu a sua primeira novela, Armance.

Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O Vermelho e o Negro, uma crónica analítica da sociedade francesa na época da Restauração, na qual Stendhal representou as ambições da sua época e as contradições da emergente sociedade de classes, destacando sobretudo a análise psicológica das personagens e o estilo direto e objetivo da narração.

Stendhal viveu no período das conquistas e queda de Napoleão, da restauração da monarquia Bourbon e o último reinado de Luís Felipe I.

O Vermelho e o Negro

Le Rouge et le Noir (O Vermelho e o Negro, em francês), com o subtítulo Chronique du XIX siécle ("Crónica do século XIX"), é um romance histórico psicológico em dois volumes, publicado em 1830. Costuma ser citado como o primeiro romance realista.

A ação transcorre na França no tempo da Restauração antes da Revolução de 1830, supostamente entre 1826 e 1830, e trata das tentativas de um jovem de subir na vida, apesar do seu nascimento plebeu, através de uma combinação de talento, trabalho duro, engano e hipocrisia, apenas para encontrar-se traído por suas próprias paixões. Em ensaio de 1954, Somerset Maugham incluiu-o entre os dez maiores romances de todos os tempos.

quadro com ilustração de um rapaz conversando com duas moças debaixo de uma árvore, ilustração do livro Vermelho e o Negro
O Vermelho e o Negro, Ilustração de Henri Dubouchet


Enredo

O Vermelho e o Negro é a história de Julien Sorel, o ambicioso filho de um carpinteiro, na aldeia fictícia de Verrières, no Franco-Condado.

O romance é composto por duas partes: a primeira transcorre na província com Julien Sorel como tutor dos filhos dos Rênal e depois no seminário em Besançon.

O primeiro livro apresenta Julien Sorel, preferindo gastar seu tempo lendo ou sonhando com a glória do exército de Napoleão a trabalhar como carpinteiro no quintal do pai ao lado de seus irmãos. Julien Sorel acaba se tornando um acólito do cura Chélan, que mais tarde lhe assegura um lugar de tutor para os filhos do prefeito de Verrières, Sr. de Rênal, onde ele se apaixona pela Sra. Renal.


quadro com ilustração de um rapaz conversando com duas moças debaixo de uma árvore, ilustração do livro Vermelho e o Negro


A segunda parte transcorre em Paris como secretário do Marquês de La Mole. Apesar de se movimentar na alta sociedade e de seus talentos intelectuais, a família e seus amigos menosprezam Sorel devido à sua origem plebeia. Apesar de tudo Sorel tem um romance com a filha de La Mole e então surgem todos os conflitos.

O nome Vermelho e Negro

O nome da obra é motivo para controvérsias. Discute-se muito a que Stendhal se referia com o "vermelho" e o "negro". Muitos atribuem o negro a cor da batina do herói e o vermelho ao sangue lavado, mas há outras interpretações que também podem ser citadas como a razão para o nome. 

Adaptações para o cinema - "Le Rouge et Noir", 1997 

Movie: "Le Rouge et Le Noir" (1997) diregido por Jean-Daniel Verhaeghe e  com Carole Bouquet, Kim Rossi Stuart, Judith Godrèche, Claude Rich, Olivier Sitruk.


V. Referências


Wikipedia - Victor Hugo e Os Miseráveis, Honoré de Balzac e Ilusões Perdidas, Stendhal e O Vermelho e o Nefro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O Mayflower e os "Pais Peregrinos".

 1. - Mayflower


Mayflower (em português: "flor de maio") foi o famoso navio que, em 1620, durante o reinado de Jaime I, da Escócia (dinastia Stuart), transportou os chamados Peregrinos, do porto de Southampton, Inglaterra, para o Novo Mundo. Esses primeiros peregrinos também são chamados "Pais Peregrinos".


quadro do navio Mayflower chegando em terras americanas
Mayflower, pintura de William Halsall, 1882, museu do Peregrino, Massachussets


Devido a uma série de problemas no navio, os peregrinos viram-se obrigados a regressar duas vezes, pouco depois de zarpar, para fazer reparos. A viagem estava programada para ser feita em dois navios: o Mayflower e o Speedwell, mas problemas de vedação no casco do último impediram a sua partida. Por causa disso, 20 passageiros desistiram da viagem. Os outros foram todos juntos no Mayflower. Numa terceira tentativa, saíram de Plymouth a 6 de Setembro e, finalmente, a 11 de novembro, o Mayflower chegou ao Cabo Cod, no atual estado do Massachusetts.

O navio transportava 102 passageiros, na sua maioria puritanos separatistas, que procuravam liberdade religiosa, longe do poder hegemônico da Igreja Anglicana.

Os Peregrinos do Mayflower foram os primeiros colonos a se estabelecerem nas terras que seriam os futuros Estados Unidos da América. Fundaram aí a cidade de Plymouth, que se tornaria a capital da Colónia de Plymouth.

Mapa com a localização da baía de chegada dos Peregrinos - Baía de Cape Cod
 Baía de Cape Cod, Plymouth


2. - Os puritanos do Mayflower


O século 17 começou com o endurecimento da perseguição religiosa na Inglaterra. A ruptura com a Igreja Católica foi muito recente e o rei Jaime I queria que toda a população se submetesse aos preceitos anglicanos. O aprofundamento da Reforma Protestante, que desafiou todas as autoridades e promoveu uma visão muito mais horizontal da religião e do mundo, era perigoso demais para os interesses da coroa.

quadro mosstrando como teria sido a partida do Mayflower
Mayflower partiu em 1620 fazendo agora 400 anos 


Uma pequena comunidade na cidade de Scrooby, no condado de Nottinghamshire, relutou em se curvar aos ritos da Igreja da Inglaterra, que consideravam serem muito semelhantes aos católicos.

Seguidores de Lutero e, especialmente de Calvino, acreditavam que não deveria haver hierarquias ou intermediários entre Deus e os fiéis. Liderados por William Bradford, eles decidiram manter seu culto reformado em segredo. Eles começaram a ser chamados de separatistas, embora mais tarde seriam conhecidos como peregrinos.

Na época, todos na Inglaterra eram obrigados por lei a freqüentar sua igreja paroquial, mas em 1606 esse grupo começou a se reunir ilegalmente em uma igreja separatista em Scrooby. Mas logo essa prática começou a ficar perigosa.

Eles então se mudaram para a Holanda onde, embora pudessem praticar sua fé sem reservas, não estavam acostumados com a vida mais urbana de um centro moderno como Leiden. Eles gostavam de uma vida rural mais tranquila. Além disso, os mais novos estavam se tornando holandeses e era essencial para os pais preservar a cultura inglesa.

Assim surgiu o projeto de construção de uma comunidade a partir de seus alicerces no “Novo Mundo”. A Inglaterra já havia enviado muitas expedições ao norte do continente americano, mas havia apenas um assentamento permanente, não muito bem-sucedido: Jamestown, na colônia da Virgínia. Fundado em 1607, foi temporariamente abandonado em 1610 e enfrentava sérias dificuldades para sobreviver .

Fonte: Davio Miraze, setembro de 2020 em: 


3. - As primeiras colônias


Os peregrinos haviam obtido uma licença para estabelecer uma plantação na foz do rio Hudson, em Nova York. Para financiar a viagem, eles conseguiram um empréstimo da empresa Mercantile Adventurers, interessada em criar uma colônia para importar algodão. Então eles teriam que pagar a dívida com o que produziram nos anos seguintes.

Mas o plano não saiu como planejado. O Mayflower chegou em 9 de novembro na área de Cape Cod, em Massachusetts, um pouco ao norte de onde termina o Hudson . Quando tentaram ir para o sul, encontraram um mar muito agitado, dificultando o avanço. Passaram quase dois dias tentando chegar ao destino original, mas percebendo que era muito perigoso e que estavam ficando sem suprimentos, decidiram ancorar no promontório, em Provincetown.


quadro que reproduz a assinatura do pacto Mayflower
Pintura de Jean Leon Gerome Ferris que reproduz a assinatura do Pacto Mayflower (Wikimedia Commons)


O maior problema é que eles não tinham permissão para se instalar naquela área. Isso levou alguns dos passageiros que não faziam parte da congregação a dizer que não se submeteriam a nenhuma autoridade assim que desembarcassem. Assim, para evitar uma coexistência caótica, 41 homens assinaram o Pacto Mayflower, no qual lançaram as bases de um autogoverno leal à coroa da Inglaterra. 

O promotor foi John Carver, que mais tarde seria eleito o primeiro governador da nova colônia.

Plantation de Plimouth


Em 21 de dezembro de 1620, o primeiro grupo de desembarque chegou ao local de Plymouth . Os planos para construir casas, no entanto, foram adiados pelo mau tempo até 23 de dezembro. À medida que a construção avançava, 20 homens sempre permaneciam em terra para fins de segurança, enquanto o restante das equipes de trabalho voltava todas as noites para o Mayflower . Mulheres, crianças e enfermos permaneceram a bordo do Mayflower , e muitos não saíram do navio por seis meses. A primeira estrutura era uma casa comum de pau-a-pique, e levou duas semanas para ser concluído no rigoroso inverno da Nova Inglaterra. Nas semanas seguintes, o resto do assentamento lentamente tomou forma. As estruturas de vida e de trabalho foram construídas no topo relativamente plano de Cole's Hill, e uma plataforma de madeira foi construída no topo de Fort Hill para apoiar o canhão que defenderia o assentamento.



foto com a repodução do que teria sido a planttion de Plimouth
Plantation de Plimouth, foto em Shutterstock por Michael Sean OLeary


O Primeiro Inverno



Durante o inverno, os colonos do Mayflower sofreram muito com a falta de abrigo, doenças como escorbuto e condições gerais a bordo. Muitos dos homens estavam enfermos demais para trabalhar; 45 de 102 peregrinos morreram e foram enterrados em Cole's Hill . Assim, apenas sete residências e quatro casas comuns foram construídas durante o primeiro inverno de um planejado 19. No final de janeiro, o suficiente do assentamento foi construído para começar a descarregar provisões do Mayflower .

Os homens do assentamento se organizaram em ordens militares em meados de fevereiro, após vários encontros tensos com os índios locais, e Myles Standish foi designado comandante. No final do mês, cinco canhões foram posicionados defensivamente em Fort Hill. John Carver foi eleito governador para substituir o governador Martin.

quadro dos peregrinos indo com as famílias para a Igreja
Os peregrinos indo para a Igreja


Em 16 de março de 1621, ocorreu o primeiro contato formal com os índios. Samoset era um sagamore Abenaki originário de Pemaquid Point, no Maine . Ele tinha aprendido um pouco de inglês com pescadores e caçadores no Maine, e ele caminhou corajosamente no meio do povoado e proclamou: "Bem-vindos, ingleses!" Foi durante esta reunião que os peregrinos souberam como os residentes anteriores de Patuxet morreram de uma epidemia. 

Eles também aprenderam que um importante líder da região era o chefe índio Wampanoag Massasoit , e aprenderam sobre Squanto(Tisquantum) que foi o único sobrevivente de Patuxet. Squanto havia passado um tempo na Europa e falava inglês muito bem. Samoset passou a noite em Plymouth e concordou em marcar um encontro com alguns dos homens de Massasoit.  

quadro do rpimeiro encontro entre os peregrinos e os índigenas da região.


Massasoit e Squanto estavam apreensivos com os peregrinos, pois vários homens de sua tribo haviam sido mortos por marinheiros ingleses. Ele também sabia que os peregrinos haviam comprado alguns depósitos de milho em seus desembarques em Provincetown.  O próprio Squanto foi sequestrado em 1614 pelo explorador inglês Thomas Hunt e passou cinco anos na Europa, primeiro como escravo de um grupo de monges espanhóis, depois como homem livre na Inglaterra. Ele havia retornado à Nova Inglaterra em 1619, atuando como guia para o explorador capitão Robert Gorges , mas Massasoit e seus homens massacraram a tripulação do navio e levaram Squanto. 

Samoset voltou a Plymouth em 22 de março com uma delegação de Massasoit que incluía Squanto; Massasoit juntou-se a eles logo depois, e ele e o governador Carver estabeleceram um tratado formal de paz após trocarem presentes. Este tratado garantiu que cada povo não causaria dano ao outro, que Massasoit enviaria seus aliados para fazer negociações pacíficas com Plymouth e que eles viriam em auxílio uns dos outros em tempo de guerra.


4. - Alguns Legados


Trabalho árduo. Os americanos não tiram muitas férias anuais. Tem fortes noções de autossuficiência e esperam pouco da assistência social governamental.

Bebidas: Leis que proíbem o consumo de álcool em bares para jovens de até 21 anos.

Religiosidade: Os americanos continuam a esperar que seus presidentes sejam homens de fé. Na verdade, nenhum ocupante da Casa Branca se identificou abertamente como ateu.

Busca do lucro: A motivação do lucro era forte entre os colonos, e com ela a crença de que a prosperidade era uma recompensa divina por seguir o caminho de Deus.

quadro da ceebração ao ar-livre de um culto de ação de graças. Mostra sa famílias sentadas ao redor de uma grande mesa e os indígenas sentados no chão ao redor
Celebração de Ação de Graças


Ação de Graças: Esse feriado decorre da celebração que marcou a primeira colheita em 1621, quando os colonos se reuniram com os nativos americanos Wampanaog. Foi registrado como um ato de coexistência pacífica, um banquete pacífico  que sugere que os índios americanos receberam os Padres Peregrinos de braços abertos.

fonte: Por Nick Bryant, BBC News, New York

5. A dura realidade para os nativos


Embora houvesse uma sensação de distensão naqueles primeiros anos - principalmente porque os Wampanoag estavam ansiosos para recrutar aliados contra uma tribo rival - ela logo mudou.

Os nativos americanos foram vítimas dos colonos; presa de grilagem de terras, exploração de seus recursos naturais e doenças mortais importadas da Europa, às quais eles não estavam imunes.

Todas essas tensões explodiram em uma série de guerras entre os habitantes indígenas da Nova Inglaterra e os colonos que roubaram suas terras.

Esta, então, é mais uma história de conflito do que colaboração, derramamento de sangue, não de fraternidade .


quadro de um encontro entre um conjunto de senhores estabelcidosnas terras com um conjunto de indígenas



Os feriados de Ação de Graças às vezes eram comemorados para celebrar as vitórias sobre os nativos americanos.

fonte: Por Nick Bryant BBC News, New York


6. - Hierarquia Cultural


Como o historiador David Silverman mostrou em seu livro, " Esta Terra é a Terra deles " , a ideia de que os Peregrinos foram os pais da América foi adotada pelos habitantes da Nova Inglaterra de no final do século 18, preocupados que sua influência cultural não fosse tão forte quanto deveria ser quando a primeira república tomou forma.

Depois disso, a primazia dos peregrinos e os mitos do Dia de Ação de Graças foram reutilizados sempre que os protestantes brancos sentiam que sua hegemonia estava ameaçada.

Isso foi especialmente verdadeiro no século 19, quando ondas de imigrantes europeus católicos e judeus desafiaram o domínio do protestantismo branco.

Os Pilgrim Fathers foram cooptados para afirmar o domínio da cultura WASP: branco, anglo-saxão e protestante. Eles foram usados ​​para estabelecer uma hierarquia cultural.

Esse domínio persiste até hoje.

fonte: Por Nick Bryant , BBC News, New York


7. - Escravidão


Assim como sua brutalidade tem sido tradicionalmente minimizada, a aceitação da escravidão pelos puritanos foi ignorada.

Os colonos não apenas importaram escravos africanos, mas exportaram nativos americanos. Na década de 1660, metade dos navios do porto de Boston estava envolvida no comércio de escravos. Pelo menos centenas de nativos americanos foram escravizados.

 quadro de um navio de escravos


A divisão racial tem sido a configuração padrão para a vida americana, e aqueles primeiros colonos brancos traçaram a linha de cores com o sangue nativo americano


fonte: Por Nick Bryant BBC News, New York


8. - Descendentes


E talvez o óbvio valha a pena notar de início: que os Pilgrim Fathers não devem ser confundidos com os Founding Fathers, os patriotas que lutaram contra os britânicos na guerra revolucionária, os visionários que em 1776 lançaram essa experiência turbulenta de democracia. 

George Washington não era um dos passageiros a bordo do Mayflower, um erro que foi cometido na ocasião, embora nove presidentes dos EUA possam rastrear suas linhagens até aqueles que fizeram a viagem, incluindo os Bushes e Franklin Delano Roosevelt.
foto colorizada de Franklin Delano Roosevelt
Franklin Delano Rooselvet


 Também é um erro ver a chegada do Mayflower como a primeira interação entre colonos brancos e nativos americanos.

O contato com os europeus durou pelo menos um século, em parte porque os comerciantes de escravos tinham nativos americanos em vista.

Quando os peregrinos chegaram à terra, alguns membros da tribo Wampanoag podiam até falar inglês.

fonte: Por Nick Bryant, BBC News, New York

9. - Referência


Nick Bryant, BBC News, New York