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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Grandes Cientistas - Rosalind Franklin, contribuição para a identificação da estrutura do DNA

I. - Quem foi Rosalind Franklin ?


Rosalind Elsie Franklin foi uma química britânica nascida em Londres em 25 de julho de 1920, que contribuiu para o entendimento das estruturas moleculares do DNA, RNA, vírus, carvão mineral e grafite. Rosalind faleceu em 16 de abril de 1958, com apenas 38 anos, acreditando-se hoje que devido ao excesso de radiação tomado durante suas pesquisas.

foto de Rosalind Franklin

Embora seus trabalhos sobre o carvão e o vírus tenham sido apreciadas em sua vida, suas contribuições para a descoberta da estrutura do DNA tiveram amplo reconhecimento póstumo.


Rosalind foi mais um exemplo das cientistas do  século XX  que não foram devidamente reconhecidas e até foram discriminadas pelo fato de ser mulher.




II. Pequeno Histórico de Rosalind


Nascida em uma notável família judaica britânica, Rosalind foi educada em uma escola particular em Norland Place, no oeste de Londres, na Lindores School for Young Ladies em Sussex, e na St Paul's Girls' School, em Londres. Depois, ela estudou Ciências Naturais no Newnham College, Cambridge, na qual se formou em 1941. 

capa do time com a pintura de Rosalind Franklin segurando uma foto mostrando os indícios da destrutura do DNA
Com uma bolsa de estudos de pesquisa, começou a trabalhar no laboratório de fisico-química da Universidade de Cambridge sob a orientação de Ronald George Wreyford Norrish, que a desapontou por sua falta de entusiasmo.

Felizmente, a British Coal Utilisation Research Association (BCURA) ofereceu-lhe o cargo de pesquisadora em 1942 e então ela começou seu trabalho com o carvão, o que a levou à conquista de um Ph.D. em 1945.  Ela foi a Paris em 1947 como chercheur (pesquisadora pós-doutoral) sob orientação de Jacques Mering, no Laboratoire Central des Services Chimiques de l'Etat, onde se realizou como cristalógrafa de raios-X

Em 1951 ela se tornou pesquisadora associada no King's College em Londres  e trabalhou em estudos de difração de raios X, que mais tarde contribuiria amplamente à síntese da teoria da dupla hélice do DNA.


Infância e juventude

Desde a infância, Franklin mostrou habilidades escolares excepcionais. 

Aos onze anos, foi para a St Paul's Girls' School, West London, uma das poucas escolas de meninas em Londres que ensinava física e química.

O pai de Franklin não gostava da ideia de ensino superior para mulheres: gostaria que ela trabalhasse como assistente social.  Mas Franklin, já aos 15 anos, queria ser cientista. Em 1938, matriculou-se na Newnham College, Cambridge, e estudou química no âmbito das Ciências Naturais.

Franklin ganhou uma bolsa de pesquisa no Newnham College e começou a trabalhar no laboratório de Ronald Norrish, na Universidade de Cambridge. Em seu ano de trabalho lá, ela não teve muito sucesso. Norrish reconheceu o potencial de Franklin, mas nunca a encorajou ou a apoiou muito. Conforme descrito por seu biógrafo, Norrish era "teimoso e quase perverso em suas discussões, arrogante e sensível às críticas". Franklin escreveu que ele a fez desprezá-lo completamente.

Entre os anos de 1946 e 1950, Rosalind Franklin trabalhou em Paris, no Laboratoire Central des Services Chimiques de L'Etat, usando a técnica da difração dos raios-X para análise de materiais cristalinos.

desenho do esquema de reflexão / difração de raios X

III. Trabalho de Pesquisa no King's College de Londres


Voltando para a Inglaterra, juntou-se a equipe de biofísicos do King's College Medical Research Council (1951) e com Raymond Gosling no laboratório de biofísica do britânico Maurice Wilkins, e iniciou a aplicação de estudos com difração dos raios-X para determinação da estrutura da molécula do DNA.

Depois de fotografar o padrão de difração de raios-x criado pelas colisões com átomos dentro do cristal, foi possível determinar a estrutura da molécula. 

O trabalho da Dra. Franklin, particularmente, a "Foto 51", foi utilizado para determinar corretamente a estrutura e função do DNA. 

As fotografias foram material de análise para o bioquímico norte-americano James Dewey Watson e britânicos Maurice Wilkins e Francis Crick confirmarem a dupla estrutura helicoidal da molécula do DNA, dando-lhes o Nobel de Fisiologia e Medicina no ano de 1962. Rosalind morreu de câncer aos 37 anos, em 1958.

Desentendimento no início da Pesquisa - Para se entender o ambiente competitivo


De cara, um mal-entendido contribuiu para o que acabaria sendo um ambiente insuportável para a cientista. O diretor do laboratório de biofísica do King's College, JT Randall, foi quem contratou Franklin e disse a ela que trabalharia com Raymond Gosling para descobrir a estrutura do DNA.

"O que ele não disse a ela foi que havia outro pesquisador, Maurice Wilkins, que  estava trabalhando nesse tema."

Para a pesquisadora Caroline Martinez, Franklin e Wilkins sentiram uma antipatia mútua desde o início. Uma razão para estas divergências também pode estar no fato de que Rosalind Franklin era mulher e, por isso, Wilkins se sentia incapaz de aceitá-la como colega e discutir abertamente com ela.

Foto 51


famosa foto 51 contendo os indícios da estrutura do DNA
foto 51, Rosalind Franklin, King´s Collegge, Londres



Para obter a Foto 51, Franklin teve que aperfeiçoar os instrumentos e realizar uma exposição de 100 horas. "Tecnicamente era muito complicado e, na verdade, havia pouca gente que dominava como ela esta técnica", diz García-Sancho.

"Além disso, era preciso ter um conhecimento matemático muito avançado para depois poder interpretar as fotos."

Em contrapartida, ao ajustar continuamente o equipamento, Rosalind Franklin expôs seu corpo à radiação, um dos fatores que anos depois pode ter contribuído para o câncer que lhe custou a vida.

Estrutura do DNA


Diagrama explicativo da estrutura do DNA pela BBC

IV - Um roubo e uma traição - Foto 51


Um dos episódios mais conhecidos da história da Foto 51, hoje em dia, é que o outro pesquisador Wilkins , rival de Rosalind, teve acesso à foto dela, através do seu auxiliar de pesquisa Raymond Gosling, e a mostrou ao pesquisador americano Watson sem o conhecimento de Franklin.

"Este fato foi descrito como um roubo e uma verdadeira traição em relação à pesquisadora. Algo de que ela nunca teve conhecimento", diz Martínez Pulido.

Watson e Crick trabalhavam no Laboratório Cavendish da Universidade de Cambridge e corriam contra o tempo para decifrar a estrutura do DNA antes de seu principal concorrente, Linus Pauling, nos Estados Unidos.

foto de Watson e Cricks com seu experimento e modelo de DNA
Watson e Cricks com seu modelo de DNA, foto BBC

O próprio Watson relatou em seu livro "A dupla hélice: Como descobri a estrutura do DNA", sua reação ao ver a foto 51: "Meu queixo caiu e meu coração começou a acelerar".

Para Martínez Pulido, Watson imediatamente "compreendeu que a simplicidade do diagrama, com uma cruz preta dominando a fotografia, era a prova de que a molécula tinha uma estrutura helicoidal".

Outra versão afirma que Watson, que não entendia de cristalografia, desenhou para Crick o que tinha visto, e foi Crick quem percebeu imediatamente que se tratava de uma hélice.

As duas formas de DNA

A nitidez sem precedentes da Foto 51 foi possível graças a uma descoberta chave de Franklin: havia duas formas de DNA e, para distingui-las e obter uma imagem clara, era essencial controlar a umidade.

"Rosalind Franklin aperfeiçoou técnicas de hidratação no King's College que permitiram a ela obter fibras de DNA com alta cristalinidade", explica Martínez Pulido.

"Com seu trabalho, ela comprovou a existência da chamada forma A do DNA, que foi alcançada em uma umidade relativa de cerca de 75%. Além disso, ela mostrou que em níveis ainda mais altos de umidade acontecia uma mudança estrutural bem definida que levava a um novo tipo de diagrama, a chamada forma B, que é como se encontra a molécula normalmente em organismos vivos.


fotos de fibra de DNA e diagramas de difração de DNA
Uma fibra de DNA (à esquerda), um diagrama de difração de DNA obtido por Wilkins e colegas (ao centro), e o diagrama de difração muito mais nítido obtido por Franklin e Gosling (à direita)

V. - Contribuição de Rosalind Franklin para a elaboração do modelo DNA


As primeiras contribuições importantes de Rosalind Franklin ao modelo popularizado por Crick e Watson, foram sua palestra no seminário de novembro de 1951, onde apresentou aos presentes, entre eles Watson, as duas formas da molécula, tipo A e tipo B, sendo sua posição que as unidades de fosfato estão localizadas na parte externa da molécula. Ela também especificou a quantidade de água a ser encontrada na molécula de acordo com outras partes, dados que têm considerável importância em termos de estabilidade da molécula. Franklin foi a primeira a descobrir e formular esses fatos, que de fato constituíram a base para todas as tentativas posteriores de construir um modelo da molécula. No entanto, Watson, na época ignorante da química, falhou em compreender as informações cruciais, e isso levou à construção de um modelo errado.

Indicação para o prêmio Nobel


A estrutura da molécula de DNA foi descoberta por dois cientistas - James Watson, americano, e Francis Crick, britânico; ela ocorreu em 7 de Março de 1953. Por esta descoberta, Watson e Crick receberam o Prêmio Nobel de Medicina em 1962, juntamente com Maurice Wilkins que trabalhava com as imagens cristalográficas no King's College. A descoberta da estrutura do DNA, com todas as suas implicações biológicas, foi um dos maiores acontecimentos científicos do século XX.


Reconhecimento da contribuição de Rosalind Franklin pelos ganhadores do Nobel pelo modelo de DNA

Após a conclusão do modelo, Crick e Watson convidaram Wilkins para ser co-autor do trabalho que descreve a estrutura. Wilkins recusou esta oferta, pois ele não participara da construção do modelo. Mais tarde, lamentou que uma discussão maior sobre co-autoria não tivesse ocorrido, pois isso poderia ter ajudado a esclarecer a contribuição do trabalho do King's College para a descoberta. Não há dúvida de que os dados experimentais de Franklin foram usados ​​por Crick e Watson para construir seu modelo de DNA em 1953. Alguns, incluindo Maddox, explicaram essa omissão de citação sugerindo que pode ser uma questão de circunstância, porque teria sido muito difícil citar o trabalho não publicado do relatório do MRC que eles viram.

duas fotos de Rosalind Franklin, uma olhando o microscópio e outra de frente
Rosalind Franklin


De fato, um claro e oportuno reconhecimento teria sido estranho, dada a maneira pouco ortodoxa pela qual os dados foram transferidos de King's para Cambridge. Watson e Crick poderiam ter citado o relatório do MRC como uma comunicação pessoal, ou então citado os artigos da Acta no prelo, ou mais facilmente, o terceiro artigo da Nature que eles sabiam estar no prelo. Uma das realizações mais importantes da biografia amplamente aclamada de Maddox é que Maddox fez um caso bem recebido de reconhecimento inadequado. "O reconhecimento que eles deram a ela foi mudo e sempre associado ao nome de Wilkins". 

Quinze anos após o fato, a primeira recitação clara da contribuição de Franklin apareceu à medida que permeava o relato de Watson, The Double Helix , embora estivesse escondido sob descrições da consideração de Watson (muitas vezes bastante negativa) em relação a Franklin durante o período de seu trabalho em DNA.

A partir dessa divulgação, ficou clara a importância de Rosaind Franklin e seu trabalho contribuindo para desvendar esse mistério. O reconhecimento não veio em vida, e ela morreu antes do Prêmio Nobel. Eles não premiam pessoas mortas, mas apenas pessoas vivas. 

Lá onde estiver Rosalind enfim sabe da importância de seu trabalho. 


VI. Referência


Rosalind Franklin - wikipedia :https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosalind_Franklin

A fotografia 51 - https://www.bbc.com/portuguese/geral-61393662

Difração de raio X
https://www3.ifsc.usp.br/~lavfis/images/BDApostilas/ApRaios-X/Manual_RX_v2.pdf


VII - Outras publicações da série - Grandes Cientistas


Rosalind Franklin - Contribuições para a estrutura do DNA

Emmy Noether - A grande matemática

Lise Meitner - A descobridora da fissão nuclear

Ada lovelace - A primeira programadora de computadores

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Por quem os sinos dobram ? John Donne

1. Quem foi John Donne

John Mayra Donne (1572 – 31 de março de 1631) foi um poeta jacobita inglês, pregador e o maior representante dos poetas metafísicos da época. Sua obra é notável por seu estilo sensual e realista, incluindo-se sonetos, poesia amorosa, poemas religiosos e sermões.

Infância


quadro de John Donne em uma idade madura
John Donne nasceu em Londres, Inglaterra, por volta do final do ano de 1571, durante o reinado de Isabel I, filha de Henrique VIII com Ana bolena. Ele era o terceiro de uma família de seis filhos. Seu pai, de ascendência galesa e também chamado John Donne, era administrador da Ironmongers Company na cidade de Londres e um respeitável católico, o qual evitava a atenção de governo indesejável, sem ter medo de ser perseguido por seu catolicismo.

O pai de John Donne morreu em 1576, deixando para sua esposa, Elizabeth Heywood, a responsabilidade de criar seus filhos. Elizabeth Heywood, também proveniente de uma célebre família católica, era a filha de John Heywood, o dramaturgo, e irmã de Jasper Heywood, o tradutor e jesuíta. Ela era sobrinha-neta do mártir católico Thomas More. Essa tradição de martírio continuaria entre os parentes mais próximos de John Donne, sendo muitos deles executados ou exilados por razões religiosas.

quadro de John Donne jovem
Apesar dos perigos óbvios, a família de Donne arranjou para que recebesse educação religiosa, a qual lhe conferiu um conhecimento profundo de sua religião, que o equipou para os conflitos ideológico-religiosos de sua época. 

Elizabeth Donne, nascida Heywood, casou-se, poucos meses depois da morte de seu marido, com o Dr. John Syminges, um viúvo rico com três filhos. No ano de 1577, Elizabeth, irmã de John Donne, morreu, assim como mais outras duas, Mary e Katherine, em 1581. Antes que o futuro poeta completasse dez anos de idade, experimentou a morte de quatro entes próximos.

Juventude


Donne foi um estudante na Hart Hall, agora conhecida como Hertford College, Oxford, a partir dos 11 anos. Três anos depois, foi admitido na Universidade de Cambridge, onde estudou por mais três anos. Ele não pôde receber o diploma em ambas as universidades, porque recusou-se a a fazer o Juramento de Supremacia exigido dos formandos. O juramento de supremacia exigia o reconhecimento do Rei como chefe supremo da igreja da Inglaterra.

Durante e depois de seus estudos, Donne gastou uma boa parte de sua considerável herança com mulheres, literatura, hobbies e viagens. Embora não haja qualquer registro informando precisamente para onde viajou, sabe-se que visitou o continente europeu

Casamento


Aos 25 anos, encontrava-se bem preparado para a carreira diplomática, a qual parecia almejar. Na época ele era secretário de Thomas Egerton, Visconde de Brackley. Donne apaixonou-se pela sobrinha de Egerton, Anne More, uma menina de 17 anos (alguns dizem que tinha 16 ou 14 anos), casando-se secretamente em 1601 contra o desejo tanto de Egerton quanto de seu pai, George More, Tenente da Torre. Este passo arruinou sua carreira, custando-lhe um pequeno período na Prisão Fleet.

Após sua soltura, Donne teve de aceitar uma vida calma e interiorana em Pyrford, Surrey. Nos anos seguintes, viveu com dificuldades exercendo o ofício de advogado, dependendo do primo de sua esposa, Sir Francis Wolly, que albergava a ele, sua esposa e filhos. Como Anne Donne tinha um filho praticamente a cada ano, foi um gesto generoso da parte de seu primo. Ela teve doze filhos em um casamento de dezesseis anos.

Carreira e terceira idade


Durante o período em que esteve casado, John trabalhou como advogado e começou a publicar poesias de amor e com fundo muito sensual. Imagina-se que ele apreciava muito a sua esposa e fazia esses poemas para ela.

 quadro do rei Jaime VI da Escócia
Historiadores não estão certos a respeito das razões pelas quais Donne deixou a Igreja Católica; Ele, certamente, comunicava-se com o rei Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra e, em 1610 e 1611, ele escreveu dois artigos polêmicos contra a Igreja Católica: Pseudo-Martyr e Ignatius his Conclave

Embora James estivesse satisfeito com o trabalho de Donne, ele recusou a se reintegrar na corte e, ao invés disso, apressou-se em ordenar-se pastor

Embora Donne, logo de início, relutasse, ele finalmente concordou com o desejo do rei e foi ordenado pastor pela Igreja Anglicana em 1615.

Donne tornou-se capelão no final de 1615, professor de teologia na Lincoln's Inn em 1616, e recebeu o título de Doutor em teologia pela Universidade de Cambridge em 1618.

Em 1621, Donne foi nomeado Decano da St Paul Cathedral, uma posição de liderança (e bem remunerada) na Igreja da Inglaterra, onde permaneceu até sua morte em 1631.

 foto da Catedral de São Paulo
Catedral de São Paulo, obra de Cristophe Wren, foto de Bernard Gagnon 




2. - Em que contexto / livro ele escreveu o texto Por quem os sinos dobram ?

Durante o período em que ele foi Decano da Igreja de São Paulo, sua filha Lucy morreu aos dezoito anos de idade. Foi no final de novembro e início de dezembro de 1623 que ela começou a sofrer por causa de uma doença fatal, podendo ser tifo ou uma combinação de gripe, seguida por uma febre incessante durante sete dias. 

Durante a sua convalescença, Donne escreveu uma série de reflexões e orações sobre saúde, dor e doença, as quais foram publicadas em formato de livro em 1624 com o título Devotions upon Emergent Occasions, Meditation XVII. Mais tarde, Meditation XVII se tornaria conhecida por sua frase "for whom the bell tolls" (por quem os sinos dobram) e pela declaração "no man is an island" (nenhum homem é uma ilha).

3. - Meditação XVII-John Donne


"Talvez aquele para quem estes sinos dobram esteja tão mal que ele sequer sabe que dobram por ele. E talvez eu possa me achar muito melhor do que sou, como fazem aqueles que me rodeiam, e ao ver o meu estado podem tê-lo feito dobrar por mim, e eu nem saiba disso. A Igreja é católica, universal, e assim são todas as suas ações; tudo o que ela faz pertence a todos. Quando batiza uma criança, esta ação diz respeito a mim, pois esta criança é ligada a essa cabeça que também é a minha, enxertada neste corpo do qual sou um membro. E quando a Igreja enterra um homem, esta ação também me diz respeito; toda a humanidade provém de um autor, e forma um único livro; quando um homem morre, um capítulo não é arrancado do livro mas traduzido para uma linguagem melhor, e cada capítulo deve ser assim traduzido; Deus emprega inúmeros tradutores; algumas peças são traduzidas pela idade, algumas pela doença, algumas pela guerra, algumas pela justiça, mas a mão de Deus está em cada tradução, e sua mão reunirá outra vez todas as nossas folhas espalhadas formando a biblioteca onde cada livro deverá permanecer aberto aos outros, da mesma maneira que, quando o sino toca chamando para o sermão, não exorta apenas o pregador mas também toda a congregação; nos chama a todos, e ainda mais a mim, que sou trazido para perto da porta por esta doença.

Houve uma disputa e mesmo um processo (onde se misturaram piedade e dignidade, religião e opinião) sobre qual ordem religiosa deveria tocar primeiro chamando para as orações no início da manhã, e foi determinado que tocaria primeiro aquela que acordou mais cedo. Se entendermos bem a dignidade deste sino, dessas badaladas para a nossa oração da noite, ficaríamos felizes tornando-as nossas, madrugando, nessa aplicação, que poderia ser nossa e também sua, como de fato é. O sino toca por ele, e pelas coisas que fez; e embora intermitente, ainda nesse minuto, como no momento em que tocou sobre ele, ele já está unido a Deus. Quem não levanta seu olhar para o sol quando ele nasce? Mas quem tira o olho de um cometa quando irrompe no céu? Que não inclina seu ouvido a qualquer sino, que toca em qualquer ocasião? Mas quem pode removê-lo desse sino no momento em que um pedaço de si próprio está passando para fora deste mundo?
Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um amigo teu, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.
Nem podemos chamar isso de mendicância de miséria, ou empréstimo de miséria, como se não fossemos nós mesmos suficientemente miseráveis, mas precisássemos buscar mais na casa ao lado e tomar para nós a miséria dos nossos vizinhos. Na verdade esta seria uma cobiça desculpável, se o fizéssemos, pois a desgraça é um tesouro do qual poucos homens têm o suficiente. Nenhum homem tem desgraças o suficiente, eles não são amadurecidos e aprimorados por elas, e apelam a Deus por essa aflição. Se um homem levar um tesouro em ouro maciço ou em barras, mas não tiver algum cunhado em moeda atual, seu tesouro não vai custeá-lo durante sua viagem. A atribulação é tesouro em sua natureza, mas não é moeda corrente em seu uso, exceto se ficarmos mais próximos e mais próximos de nossa moradia, o céu, por meio dela. Uma outra pessoa pode estar doente também, à beira da morte, e esta aflição pode estar em suas entranhas, como o ouro numa mina, e não ser de uso para ela; mas este sino que me conta sobre a sua aflição, desenterra este ouro e aplica-o em mim: se por esta consideração sobre o perigo que outro corre, tomo o meu próprio em contemplação, me asseguro a mim mesmo e faço o meu recurso a meu Deus, que é a nossa única segurança."

4. - Por quem os sinos dobram ? Ernest Hemingway


Por Quem os Sinos Dobram (em inglês: For Whom the Bell Tolls) é também um romance de 1940 do escritor norte-americano Ernest Hemingway, considerado pela crítica uma das suas melhores obras.

O livro narra a história de Robert Jordan, um jovem norte-americano das Brigadas Internacionais. Professor de espanhol que se tornou conhecedor do uso de explosivos, Jordan recebe a missão de explodir uma ponte por ocasião de um ataque simultâneo à cidade de Segóvia
.
Acima de tudo o livro trata, no entanto, da condição humana. O título é referência a um poema do pastor e escritor inglês John Donne que se encontra na obra "Poems on Several Occasions" que em português chama-se "Meditações", e invoca o absurdo da guerra, mormente a guerra civil, travada entre irmãos. "Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade". 

foto da propaganda do livro de Hemingway - por quem os sinos dobram ?


Em várias passagens do texto do livro de Hemingway os personagens estranham e se estranham desempenhando os papéis bizarros que se viram forçados a assumir durante a guerra, e fraquejam ao ver nos inimigos seres humanos que poderiam estar de qualquer um dos lados da guerra.

5. - Referências


Wikipedia - John Donne
Wikipedia - Por quem os sinos dobram - Hemingway


quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Carpe diem - seize the day - aproveitem o tempo

I. As origens antigas de "Carpe Diem"


De acordo com o site carpediemrome.com, esse ditado latino aparece pela primeira vez nas Odes (poemas líricos) compostas pelo poeta Horácio durante o reinado do imperador Augusto, na Ode 11 e na data de 23 aC. 

Segundo o que se deduz, o poema parece ter sido dirigido a uma mulher grega chamada Leuconoe a quem o poeta estava dando alguns conselhos ou mais provavelmente era uma cortesã que ele estava tentando seduzir. 

quadro Colha os botões de rosa enquanto é tempo
Colha os botões de rosa enquanto é maio, John Waterhouse, 1909, coleção particular


 

Advinhos e advinhações

Leuconoe gostava de adivinhar o futuro através de horóscopos - ou 'cálculos babilônicos' como Horácio os chama (aqueles malditos babilônios, vindo aqui e adivinhando nosso futuro etc...), mas Horácio insiste para que ela não o faça. Conforme ele declara, somente Júpiter pode conhecer nosso destino. A vida é curta, por isso é melhor viver no presente, coar o vinho e 'carpe diem' (aproveitar o dia ou colher frutos) , confiando o mínimo possível no amanhã.

Para ajudar a entender o significado de Carpe Diem, aqui está o poema de Horácio na íntegra:

Em latim

Tu ne quaesieris (scire nefas) quem mihi, quem tibi finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios temptaris numeros. Ut melius quicquid erit pati! Seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam, quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare Tyrrhenum, sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.

Tradução

Por favor, não pergunte a Leuconoe – os deuses não querem que se saiba – que fim eles reservam para mim ou para você, e não se meta com cálculos babilônicos. Quão melhor é aceitar o que vier, se Júpiter nos concede mais invernos ou este é o nosso último, que agora está cansando o mar Tirreno nas rochas de pedra-pomes que se opõem a ele. Seja sábio, coe o vinho e, como o tempo é curto, renuncie à esperança estendida. O tempo invejoso voa enquanto falamos; aproveite o dia / trate de colher o dia confiando o mínimo possível no futuro.”

O que se destaca nesta última parte é a frase invida aetas fugerit , traduzida aqui como 'o tempo invejoso voa enquanto falamos'. (tempus fugit = tempo voa)

Carpe Diem assume um significado diferente no contexto dessa era. Há uma sensação de urgência, imediatismo — de agarrar o momento sabendo que nada é permanente.




II. - Carpe Diem - Seize the Day


No filme "A sociedade dos poetas mortos", o professor de literatura Sr.. John Keating, pede aos seus alunos que leiam o poema de Robert Herrick, "To the virgins to make much of time", introduzindo o sentido de Carpe Diem (Seize the day = Aproveitem o tempo). 

O professor quer despertar nos alunos a vontade de fazerem o melhor que eles puderem de suas vidas, fazendo aquilo que eles têm melhor aptidão e onde se sentem melhor porque a vida é curta e logo todos terão passado e virarão apenas adubo para as plantas. 

Vídeo -Sociedade dos Poetas Mortos  "Carp Diem" - youtube "távola do saber"



III. - O poema completo traduzido - Para as virgens aproveitarem melhor o seu tempo (To the virgins to make much of time) - Robert Herrick


Colham botões de rosas enquanto podem,
o velho Tempo continua voando:
E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando.

O glorioso sol, lume do céu,
Quanto mais alto eleva-se a brilhar,
Mais cedo encerrará sua jornada,
E mais perto estará de se apagar.

Melhor idade não há que a primeira,
Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;
Mas quando passa, piores são os tempos
Que se sucedem e se arrastam inclementes.

Por isso, sem recato, usem o tempo,
E enquanto podem, vivam a festejar,
Pois depois de haver perdido os áureos anos,
Terão o tempo inteiro para repousar.

Robert Herrick (1591 - 1674)


IV. - Robert Herrick


Robert Herrick (batizado em 24 de agosto de 1591 - falecido em outubro de 1674) foi um poeta lírico inglês do século XVII e clérigo anglicano. Ele é mais conhecido por Hespérides , um livro de poemas. Isso inclui o poema carpe diem " Para as virgens, para ganhar muito tempo ", com a primeira linha "Colha os botões de rosa enquanto puderes".

quadro com retrato de Robert Herrick

A mensagem dominante na obra de Herrick é que a vida é curta, o mundo belo e o amor esplêndido. Devemos usar o pouco tempo que temos para aproveitar ao máximo. Esta mensagem fica clara em “ To the Virgins, to make much of Time ”, “To Daffodils”, “To Blossoms” e “Corinna's Going A Maying”, onde sobrevêm o calor e a exuberância de uma personalidade aparentemente amável e jovial.


A estrofe de abertura em um de seus poemas mais famosos, "Para as virgens, para aproveitar melhor o seu tempo", diz:

Colham botões de rosa enquanto podem,
o Velho Tempo ainda está voando;
E esta mesma flor que hoje sorri,
Amanhã estará morrendo.

Este é um exemplo do gênero carpe diem , cuja popularidade os poemas de Herrick ajudaram a reviver.



Outra foto menor do quadro colham os bot]oes de rosa enquanto é maio
Colha os botões de rosa enquanto é Maio


V. - Colha os botões de rosa enquanto é Maio - John William Waterhouse


Colha os botões de rosa enquanto é maio, é uma pintura a óleo sobre tela criada em 1909 pelo artista britânico, John William Waterhouse. Foi a segunda de duas pinturas inspiradas no poema do século XVII " To the Virgins, to Make Much of Time ", de Robert Herrick .

A pintura


Perdida por quase um século, esta pintura foi posteriormente localizada em uma antiga casa de fazenda canadense. Em 1973, um casal estava comprando a casa da fazenda e pediu aos antigos proprietários que mantivessem a pintura, que admiravam, dentro da casa. Embora os novos proprietários soubessem que era uma obra de arte de Waterhouse, eles não tinham ideia de seu valor. Em 2002, quando o levaram a um marchand para ser avaliado, ele "quase caiu da cadeira". Ninguém sabe como a pintura foi parar na casa, embora se saiba que está no Canadá desde 1959. 

A obra de arte foi avaliada em US $ 1,75 a 2,5 milhões pela Sotheby's antes do leilão em abril de 2007, embora a pintura não tenha sido vendida.

 John William Waterhouse

John William Waterhouse (6 de abril de 1849 - 10 de fevereiro de 1917) foi um pintor inglês conhecido por trabalhar primeiro no estilo acadêmico e depois abraçar o estilo e o assunto da Irmandade Pré-Rafaelita . Suas obras de arte eram conhecidas por suas representações de mulheres da mitologia grega antiga e da lenda arturiana .

foto de John William Waterhouse
Nascido em Roma , filho de pais ingleses que eram ambos pintores, Waterhouse mais tarde mudou-se para Londres , onde se matriculou na Royal Academy of Art . Ele logo começou a expor em suas exposições anuais de verão, concentrando-se na criação de grandes obras de tela representando cenas da vida cotidiana e da mitologia da Grécia antiga . Muitas de suas pinturas são baseadas em autores como Homero, Ovídio, Shakespeare, Tennyson ou Keats.


Outra pintura de John Waterhouse - Um conto de Decameron

quadro Cameron de John Waterhouse
Um conto de Decameron, John Waterhouse, 



VII - Referências

Origem da expressão - Carpe Diem, Poema de Horácio
https://www.carpediemrome.com/blog/what-is-the-meaning-of-carpe-diem/#

Poema de John Herrick -  To the virgins to make much of time

John Herrick, John Waterhouse, Quadro "colha os botões de rosa enquanto é maio
Wikipedia inglesa e wikipedia português

Trecho do filme Sociedade dos poetas mortos
youtube - távola do saber

sábado, 15 de outubro de 2022

Assim ou assado ? Mulher com sombrinha de Claude Monet

 1. - Mulher com sombrinha - Claude Monet


Mulher com guarda-sol - Madame Monet e seu filho, às vezes conhecida como "O passeio" (francês: La Promenade ) é uma pintura a óleo sobre tela de Claude Monet de 1875. O trabalho impressionista retrata sua esposa Camille Monet e seu filho Jean Monet no período de 1871 a 1877 enquanto viviam em Argenteuil, capturando um momento de passeio em um dia ventoso de verão.

"A pincelada leve e espontânea de Monet cria salpicos de cor. O véu da Sra. Monet é soprado pelo vento, assim como seu vestido branco esvoaçante; a grama ondulante do prado é ecoada pela parte inferior verde de sua sombrinha. Ela é vista como se estivesse de baixo, com uma forte perspectiva ascendente, contra nuvens brancas fofas em um céu azul. Um menino, o filho de sete anos de Monet, é colocado mais longe, escondido atrás de uma elevação no chão e visível apenas da cintura para cima, criando uma sensação de profundidade."

quadro Mulher com sombrinha de Monet, na Galeria Nacional de Washington
Mulher com sombrinha, Claude Monet, 1875, Galeria Nacional de Washington




2. - História - Mulher com Sombrinha - versão 2


A pintura original foi uma das 18 obras de Monet exibidas na segunda exposição impressionista em abril de 1876, na galeria de Paul Durand-Ruel. 

"Em Mulher com sombrinhaMadame Monet e seu filho , a habilidade de Monet como pintor de figuras fica também evidente. Ao contrário das convenções artificiais do retrato acadêmico, Monet delineou as feições de seus modelos tão livremente quanto seus arredores. A espontaneidade e naturalidade da imagem resultante foram elogiadas quando apareceu na segunda exposição impressionista em 1876." (comentário de https://www.nga.gov/collection/art-object-page.61379.html)

Dez anos depois, Monet voltou a um assunto semelhante, pintando um par de cenas com a filha de sua segunda esposa, Suzanne Monet , em 1886, com um guarda-sol em um prado em Giverny ; eles estão no Musée d'Orsay. Os dois quadros são conhecidos como: "Mulher com sombrinha, voltada para esquerda" e "Mulher com sombrinha, voltada para a direita".


Modo de exibição no Museu d'Orsay

O Museu d'Orsay que possue o par de quadros pintados em 1886, publicou em 2016, uma pesquisa na sua página do facebook sobre qual a opinião dos leitores sobre a melhor forma de posicionar os dois quadros. As duas mulheres de frente uma para outra ou as duas de costas uma para outra ? 

Participando aqui dessa brincadeira do Museu d'Orsay fazemos essa consulta aos leitores: Em qual posição vocês preferem ?



a) As duas de costas
 quadro mulher com sombrinha voltada para a esquerda
Mulher... voltada p/esquerda, Monet, 1886, 
Musée d'Orsay
 outro quadro da série mulher com sombrinha, dessa vez  voltada para a direita. dessa forma os dois quadros ficam de costas um para o outro
Mulher... voltada p/direita, Monet, 1886,
Musée d'Orsay 



b) as duas de frente
outra vez o quadro de mulher com sombrinha voltada para a direita de forma que eles agora fiquem de frente
Mulher... voltada p/direita, Monet, 1886, 
Musée d'Orsay
 outra vez o quadro mulher com sombrinha voltada  para a esquerda. Agora estão de frente um para o outro
Mulher... voltada p/esquerda, Monet, 1886, 
Musée d'Orsay


3. - Impacto da pintura inicial


A primeira versão da pintura foi descrita como uma das obras mais conhecidas e reverenciadas de Monet e do impressionismo como um todo. Mary Mathews Gedo em Monet and His Muse: Camille Monet in the Artist's Life disse que era de "alta qualidade" e teve um "impacto poderoso". artchive.com o descreveu como uma "obra-prima" que "triunfa maravilhosamente ao transmitir a sensação de um instantâneo no tempo" Mary Tompkins Lewis em Critical Readings in Impressionism and Post-Impressionism: An Anthology disse que era "sua maior e mais imponente" pintura da década, além de ser "assombrosa, profundamente introspectiva" cmonetgallery.com o via como "representante de Monet e do impressionismo de várias maneiras" e que "Monet estava olhando para o mundo e descrevendo-o de uma maneira que não havia sido feita antes".


4. - Referências

Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Woman_with_a_Parasol_%E2%80%93_Madame_Monet_and_Her_Son

site da Galeria de Arte Nacional de Washington - comentário sobre o quadro
https://www.nga.gov/collection/art-object-page.61379.html

sábado, 1 de outubro de 2022

Avignon, a cidade francesa dos Papas.

 I. Avignon


Avignon é uma cidade no sul da França , localizada na confluência dos rios Ródano e Durance. É a capital do departamento de Vaucluse, no noroeste da região Provence-Alpes-Côte d'Azur, bem como a sede do conselho da Grande Avignon.

A comuna tem um população em torno de 94.000 habitantes (2017), dos quais estima-se que 16.000 vivam no centro da cidade antiga, que é cercada pelas muralhas medievais. 

foto aérea de Avignon pegando a cidade dentro da muralha e o palácio do Papa ao fundo
Avignon, cidade antiga, foto de @Bertl123 em depositphotos


Avignon também é chamada de “cidade dos papas” devido à residência  dos papas no local, de 1309 a 1423, e ao fato dela ter permanecido propriedade do Vaticano dentro dos Estados papais até 1790.

É uma das raras cidades francesas que conservaram as suas muralhas e o seu centro histórico, constituído pelo Palácio dos Papas, o complexo episcopal, o Rocher des Doms e a Pont d'Avignon. Ela  está classificada como Patrimônio Mundial pela UNESCO.  

A fama de Avignon vem principalmente desse período dos Papas em território francês, de sua ponte inacabada, de suas muralhas históricas e da boa qualidade dos vinhos produzidos na sua vizinhança (Chateneuf du Pape).

II. Resumo Histórico


- Pré história: período Neolítico ( 7000 aC a 2500 aC) 

foto de uma estela encontrada em Avignon
Este local foi ocupado desde o Neolítico, conforme comprovado pelos locais de escavação na parte rochosa (Rocher des doms) a 40 metros de altura, onde os primeiros habitantes parecem ter usado a proteção natural como refúgio para construir suas moradas. Em 1960 e 1961 as pesquisas realizadas na área descobiram uma "Estela"  que indica uma ocupação da área no final do período neolítico (~3000 aC).

Obs: "Estela" é uma placa de pedra que com inscrições realizadas pelos povos antigos.


- História antiga (~600 AC)

Fortificada em sua rocha, a cidade mais tarde se tornou e permaneceu por muito tempo a capital dos Cavares, um antigo povo celta-lígure do sudeste da Gália, que ocupava o território localizado na confluência dos Vales do Ródano e Durance. Os Cavares chamaram essa cidade/vilarejo de "Aouenion", que significa "cidade do vento violento" ou "senhor do rio" em referência ao vento Mistral e ao rio ródano. A cidade mantinha relações comerciais com a colônia grega de Marselha (Massalia).

- Domínio romano (120 aC a 430 dC)

Quando as legiões romanas conquistaram a Gália do Sul e chegaram na região de Avignon por volta de 120 aC, a cidade passou a se chamar "Avenio" e também a fazer parte do domínio romano. A partir daí ela se tornou uma das cidades mais ricas da província de Narbonnaise. Apesar disso, foi apenas no século II que o imperador Adriano concedeu o status de "colônia romana".  

Desde o século I foram construídas muralhas em Avignon ao redor da cidade, pois como os romanos tinham o propósito de conquistar a Gália, fizeram de Avignon uma cidade fortificada para as eventuais batalhas que viriam. Não se tem hoje resquícios dessa construção.

Novas muralhas foram construídas no  século XII, e foram modificadas/ reforçadas nos séculos XIII e XIV. 

foto das muralhas externas da cidade
Muralhas de Avignon, foto de @clodio em depositphotos



- Alta idade média (430 a 1000 dC)


Não se pode precisar com certeza a data da cristianização da cidade, mas um evento importante e que está confirmado é a participação de Nectário, primeiro bispo histórico de Avignon, em 29 de novembro de 439, no conselho regional da catedral de Riez com a presença dos treze bispos das três províncias de Arles .

Em novembro de 441, Nectarius d'Avignon, acompanhado de seu diácono Fontidius, participou do Concílio de Orange convocado e presidido por Hilaire d'Arles. No ano seguinte, com seus leitores Fonteius e Saturninus, ele se encontrou no primeiro concílio de Vaison com dezessete bispos, representando as Sete Províncias. Nectarius morreu em 455 .

O Concílio / Sínodo de Orange tratou de aspectos práticos da vida da Igreja como o dever do celibato para aqueles no estado clerical, especialmente diáconos e viúvas; o direito de asilo, regras para a correta administração dos sacramentos, ...,. 

- Idade Média Tardia (1000 a 1300 dC)

Após a divisão do império de Carlos Magno, Avignon, incluída no reino de Arles ou reino das Duas-Borgonhas, passou a ser propriedade conjunta dos condes de Provença e Forcalquier, e posteriormente dos de Toulouse e Provença.

Sob a suserania desses condes, foi dotada de uma administração autônoma (criação de um consulado em 1129) dois anos antes de seu vizinho Arles.

Durante a Guerra dos Albigenses (Cruzada dos Albigenses), onde a Igreja Católica combatia a variante chamada Catarismo, a cidade de Avignon ficou do lado de Raimundo VII, conde de Toulouse, e por isso foi sitiada e tomada pelo Rei da França Luís VIII em 9 de setembro de 1226 que defendia a fé católica romana, representando o Papa.


quadro de São DOmingo Gusmão tentando converter os catáros
São Domingos de Gusmão tenta converter os cátaros
pela pregação correta da palavra mas sem sucesso em 1208.


- Papado de Avignon (1309 a 1377)


 pintura com Felipe IV rei da França
Felipe IV
Nos últimos anos do século XIII, uma querela violenta opôs o rei da França Felipe IV ao Papa Bonifácio VIII. O rei tinha uma necessidade urgente de recursos financeiros para financiar a guerra contra a Inglaterra. O rei decidiu levantar dinheiro taxando o clero e definindo cobranças que eram na época realizadas somente por ordem do papa e em prol da igreja. Depois de muitas disputas, que ocasionou inclusive  um atentado contra o papa e do outro lado a excomunhão do rei, o papa Bonifácio faleceu ainda em 1303 e seu sucessor viveu apenas oito meses. Foi nesse contexto que Felipe IV pressionou e exerceu sua influência para conseguir que fosse eleito papa um membro do clero francês, que foi o arcebispo de Bordeaux, que tomou o nome de Clemente V em junho de 1305. 

quadro do Papa Clemente V
Papa Clemente V
Por que Avignon ?

Depois de 4 anos de pontificado intinerante pelo reino da França, Clemente  moveu-se para Avignon em março de 1309, para o convento dos dominicanos, enquanto esperava / preparava o concílio de Viena-França, ordenado pelo rei Felipe, para debater o futuro da ordem dos templários. O concílio foi marcado para  1310. 


Avignon pertencia desde 1290 ao conde  de Provence o qual era vassalo do papa. Além disso, o rio ródano que margeia a cidade, era a fronteira natural entre o sagrado império romano e o reino da França. Desde 1274 o papa tinha se tornado  conde de Venaissin, região vizinha à Avignon. Essa propriedade tinha sido confiscada em 1229 do conde de Toulouse em decorrência da vitória da cruzada albigense. Era um território pontifício no império. A existência dessa área foi a principal razão para a instalação do papado em Avignon.  

No total, foram sete papas que se sucederam no Palácio dos Papas e o enriqueceram com os pontificados. Fortaleza e palácio, a residência papal foi construída entre 1334 e 1363. Foi a sede do cristianismo ocidental por quase um século. Ainda teve depois um anti-papa por um período breve. 

fotoda fachada e porta de entrada do Castelo dos Papas
Castelo dos Papas, foto HistoriacomGosto

Sete papas residiram em Avignon entre 1305 e 1377. Foram eles Clemente V (1305 a 1314), João XXII (1316 a 1334), Bento II (1334 a 1342), Clemente VI (1342 a 1352), Inocencio VI (1352 a 1362), Beato Urbano V (1362 a 1370), Gregório XI (1370 a 1378). Em 1377 Gregório XI retornou com o pontificado para Roma.

Cisma Papal ou  Grande cisma do ocidente

pintura de Clemente VII, Papa em Avignon
Clemente VII,
Papa em Avignon
A população italiana desejava que o papado fosse restabelecido em Roma. Em 1378, o Papa Gregório XI voltou a Roma, onde morreu. Foi então eleito Urbano VI, de origem italiana mas, por se demonstrar excessivamente autoritário, acabou por desagradar uma parte considerável do Colégio dos Cardeais. Esse grupo  decidiu então anular a eleição e realizarem  um novo conclave, quando foi eleito Roberto de Genebra que se titulou, Clemente VII, que se estabeleceu em Avinhão. No entanto, Urbano VI permaneceu em Roma. Iniciava-se assim o Grande Cisma: o Papa, em Roma, e o Antipapa, em Avinhão - ambos reclamando para si o poder sobre a Igreja Católica. Posteriormente, surgiria ainda um outro Antipapa, em Pisa.

O Cisma só seria resolvido no Concílio de Constança, em 1417, quando o papado foi definitivamente restabelecido em Roma.


Na historiografia da igreja Clemente VII que se estabeleceu em Avignon figura como anti-papa Clemente VII. O Papa Clemente VII exerceu o pontificado entre 1478 e 1534.


Localização de Avignon


 Mapa de Avignon e sua proximidade de Marselha, Itália e a distância de paris


- Tempos modernos


Depois do período do papado instalado em Avignono, a Igreja sempre designava um legado que administrava as posses da Igreja em Avignon e no condado de Venaissin que era um território pontifício vizinho. Apenas em 1791 a região foi anexada ao reino da França e posteriormente à republica francesa.

- Revolução francesa


Em 12 de setembro de 1791, a Assembleia Nacional Constituinte votou pela anexação de Avignon e  pela reunião do Condado Venaissin ao reino da França , na sequência de um referendo submetido aos habitantes do referido Condado.

Nos dias 16 e 17 de outubro de 1791, ocorreu o chamado massacre da geladeira. Cerca de sessenta pessoas foram sumariamente executadas em uma torre do Palais des Papes, em represália após o linchamento de um administrador municipal injustamente suspeito de querer confiscar propriedades da igreja.

quadro O Massacre da Geladeira
Quadro Massacre da Geladeira

- Século XX

O século XX trouxe um desenvolvimento significativo de urbanização, principalmente na parte extramuros. A partir de então   vários grandes projetos surgiram. Entre 1920 e 1975, a população praticamente dobrou, apesar da  Segunda Guerra Mundial.


III. - Pontos de Atração em Avignon


Avignon é uma cidade fácil de conhecer. A maior parte dos pontos interessantes se encontram na cidade murada. Vamos mostrar abaixo alguns desses pontos.

III.1 - Praça do Palácio dos Papas

a) Palácio dos Papas

O Palácio dos Papas é uma construção tão imponente que é difícil ter uma visão do todo a partir da praça onde ele está localizado. Mesmo  tendo inúmeras fotos do local, preferimos ilustrar a primeira visão com essa foto de Jean-Marc Rosier  encontrada na Wikipédia francesa. 


foto panorâmica com toda extensão da fachada do  Castelo dos Papas
Castelo dos Papas em Avignon, foto Jean-Marc Rosier em https://www.rosier.pro. da Wiki france


Um palácio com uma entrada imponente

O palácio dos papas é o maior edifício gótico do Ocidente cristão com seus 15.000 m2 de superfície onde 6.500 m2 são de construção ao nível do solo. Ele foi construído nos pontificados de Bento XII (1335 a 1342) e Clemente VI (1342 a 1352) em menos de vinte anos. Posteriormente ele sofreu pequenas melhorias como a construção de um pequeno jardim até o período de 1363.


- Sala de Petit Audience

Sala onde os papas recebiam pequenos grupos ou pessoas para audiência.

foto de um cartão postal de 1912 contendo a sala de pequenas audiências
Sala de pequena audiência, foto de cartão postal de 1912

- Consistório

É no consistório que o Papa convocava seus cardeais para debater as questões políticas, jurídicas e teológicas da mais alta importância. Aqui ele nomeia os mais novos Cardeais, e, recebe em grande aparato os soberanos e embaixadores. É também nessa sala que se desenrolam as audiencias públicas e onde são instruídos os processos de canonização como o de Brigitte de Suede em 1375.

 foto salão do Consistório
foto historiacomgosto



afrescos de Simone Martini

afrescos de Simone Martini nas paredes do Consistório
foto historiacomgosto


- Capela de São João

A capela de São João é o oratório do Consistório. Ela tem esse nome por que as paredes e o teto da capela são decorados com afrescos narrando as vidas de São João Batista e São João Evangelista. As pinturas foram realizadas entre 1346 e 1348 por uma equipe dirigida por Matteo Giovannetti. 

foto do teto abobadado e muito decorado com pinturas na capela de São João
capela de São João, foto historiacomgosto

- Sala Gesú

Esta sala é o vestíbulo dos apartamentos privados pontificiais. Ela garante uma transição / separação entre os espaços privados da torre do papa e o consistório.


foto da sala chamada Sala Gesú, está vazia
Sala Gesú, foto historiacomgosto


- Quarto do Papa

Sobre um fundo azul como o céu, um espaço vegetal bidimensional representando folhagens de videiras e carvalhos, pontilhado de pássaros e esquilos, adorna as paredes. Evocando uma decoração têxtil, estas pinturas datam provavelmente dos anos 1337-1338. Os vãos das janelas oferecem uma decoração surpreendente: uma série de delicados arcos góticos carregam gaiolas de várias formas; algumas com pássaros, mas a maioria está vazia.

 foto da parede do quarto do Papa com desenhos de arcos góticos
Quarto do Papa, foto historiacomgosto



- O Grande Salão (le Grand Tinel)


O Grande Tinel é uma das maiores salas do palácio e faz parte do piso térreo da ala consistório. É um grande refeitório onde se realizavam os banquetes organizados nos feriados, sendo os mais importantes a coroação do Papa e a nomeação dos cardeais.

O papa comia diariamente no Petit Tinel, uma grande sala bem iluminada por seis janelas localizadas no lado leste, com belas vistas sobre os jardins do palácio.

A sala destaca-se pela sua impressionante abóbada de berço ligeiramente pontiaguda, é uma reconstrução realizada na reabilitação de 1970 e que pode dar-nos uma ideia do que realmente era no século XIV.

Sob o papado de Clemente VI, as abóbadas foram decoradas com tecidos azuis, orlados com damasco dourado para simular uma constelação que parecia estar no próprio céu. O incêndio de 1413 destruiu toda a decoração e afrescos nas paredes que retratavam motivos religiosos da Última Ceia.

foto do Grande Salão onde se organizavam banquetes
Grande salão, foto historiacomgosto

A sala do Gran del Tinel tinha uma dupla função, era usada na morte do papa para a celebração do conclave, aqui os cardeais que formam o Sacro Colégio são isolados até que a fumaça papal saia e o "Habemus Papam" seja comunicado. 

(fonte:https://www.viajeuniversal.com/francia/avignon/quever/palaciodelospapas_12grandtinel.htm)

Capela São Marcial

Este oratório adjacente ao Grand Tinel, abriga as deliberações durante os conclaves em uma decoração repleta de detalhes, composta por afrescos pintados por Matteo Giovannetti entre 1344 e 1345, a pedido de Clemente VI. As cenas legendadas e ordenadas alfabeticamente, com efeitos de perspectiva inovadoras e realismo, são lidas em espiral do cofre para baixo. Eles relatam a vida maravilhosa de São Marcial, que veio evangelizar Limousin, a região natal do papa, a pedido de São Pedro.

foto da capela São Marcial com as paredes belamente decoradas
Capela São Marcial


A capela, atualmente em restauração, encontra-se atualmente fechada ao público. Um filme apresentado à entrada permite ao visitante visualizar todas estas fabulosas decorações pintadas.


- Sacristia Norte


foto da Sacristia Norte onde estão algumas esculturas de reis, rainhas e / ou religiosos
Sacristia norte, foto historiacomgosto



- Jardins do papa

foto de jardim dos papas a partir de uma janela interna do castelo
jardins dos papas, foto historiacomgosto



b) Hotel des Monnaies

A inscrição dedicatória na fachada mostra que o prédio foi construído em 1619. O edifício foi encomendado pelo Cardeal Scipio Borghese, legado do Papa Paulo V.

foto da fachada belamente esculpida do Hotel de las Monnaies
Hotel des Monnaies, foto historiacomgosto



O Hôtel des Monnaies tornou-se o quartel da guarda pontifícia em 1760, que passou a ser partilhado com a Polícia em 1768 durante a ocupação francesa. Após a Revolução Francesa, que viu a ligação de Avignon à França, o Hôtel des Monnaies tornou-se o quartel da Gendarmerie de 1790 a 1840. 

O conservatório de música foi aí instalado a partir de 1860 e, durante algum tempo, conviveu com um quartel para os bombeiros da cidade.

O Hôtel des Monnaies foi vendido pela cidade de Avignon em fevereiro de 2018 para ser transformado em hotel boutique.


c) Catedral de Notre Dame de Doms
 

A catedral é um edifício românico, construído principalmente na segunda metade do século XII, e é também sede do arcebispado de Avignon. A torre do sino desmoronou em 1405 e foi reconstruída em 1425. Em 1670-1672 a abside foi reconstruída e ampliada. Isto levou à destruição do claustro medieval.


foto da fachada da Catedral de Notre Dame a partir da escadaria de acesso - vê-se o crucifixo no pátio, a torre da fachada com escultura de Nossa Senhora no Topo
Catedral Notre dame de doms, foto historiacomgosto


O edifício foi abandonado e se deteriorou durante a Revolução , mas foi reconsagrado em 1822 e restaurado pelo arcebispo Célestin Dupont em 1835-1842. A característica mais proeminente da catedral é uma estátua dourada da Virgem Maria no topo da torre do sino que foi erguida em 1859. O interior contém muitas obras de arte. O mais famoso deles é o mausoléu do Papa João XXII (falecido em 1334).


foto de esculturas no pátio da Catedral
Catedral Notre dame de doms, foto historiacomgosto


foto do altar da Catedral de Notre Dame
Catedral Notre dame de doms, foto historiacomgosto


A catedral Notre dame des doms abriga no seu interior as capelas e os túmulos dos Papas João XII e Bento XII que são muito ricas em sua decoração.

c) Jardim du Rocher des Doms


Ao lado da catedral está o Jardin du rocher des Doms , o mais famoso espaço verde e jardim público para ver em Avignon.

Com os seus caminhos ajardinados, as suas estátuas dos grandes homens de Avignon e as suas fontes , o jardim é o local ideal para passear no fresco, tranquilo e à sombra.

foto de escultura no jardim du rocher des doms
jardim, foto historiacomgosto



Na parte mais alta do jardim temos uma bela vista do vale do ródano, da ponte Saint-Benezet, e do castelo de Villeneuve Lez Avignon.

foto do vale do ródano a partir do ponto mais alto do jardim
visão geral, foto historiacomgosto



Museu do petit palais

Localizado na Praça do Palácio dos Papas, no local que era o antigo Palácio dos Arcebispos, funciona hoje o Museu do petit palais, que abriga uma raríssima coleção de pinturas italianas que abrangem do século XII até o século XVI. Também vale a pena ver no museu as inúmeras esculturas românicas e góticas de artistas de Avignon.


III.2 -  Praça do Relógio (place de l'horloge)

a) Torre do Relógio

 foto da bela torre do relógio no centro da cidade
torre do relógio, foto de @ AlePana em depositphotos.com.br




b) Hotel de Ville (Prefeitura)

 foto da fachada do Hotel de Ville (Prefeitura) com as bandeiras da França e da cidade na sua fachada
hotel de ville (prefeitura), foto historiacomgosto



c) Ópera / teatro

 foto do Teatro na mesma praça do Hotel de Ville (Prefeitura)
teatro, foto historiacomgosto



d) Restaurantes / artesanato

Na praça do relógio, além de vários edifícios públicos, Hotel de Ville, Teatro, temos também uma concentração de restaurantes.


 foto de vários restaurantes localizados na praça do Relógio / Hotel de Ville
concentração de restaurantes turísticos na praça do relógio
foto historiacomgosto



e) Carrossel

Como é comum nas  cidades francesas, em Avignon também  existe um carrossel em uma das praças turísticas. É assim em Paris (Montmatre), Bordeaux, ...,.

foto de um carrossel na praça do relógio / Hotel de Ville
Carrossel, foto historiacomgosto



III.3 - Outros pontos da cidade velha


a) Ponte Saint Benezet

A ponte foi construída entre o ano de 1177 e 1185, e foi destruída 40 anos depois durante a invasão de Louis VIII. A partir disso, a ponte foi reconstruída algumas vezes porém, devido a enchentes do Rio Ródano (Rhone) a manutenção foi abandonada. Restam hoje apenas 4 dos 22 arcos que possuía a ponte, esses quatro arcos construídos também pelo Papa Clemente VI, o mesmo Papa que construiu a segunda parte do Palácio dos Papas. 

(fonte: https://www.dicasdeviagem.com/o-que-fazer-em-avignon/).

foto da ponte São Benezet cuja construção está só até a metade, sobre o rio Ródano
Ponte São Benezet, foto de @ bloodua em depositphotos.com.br


A construção da ponte está ligada à lenda de São Bénezet .

Descendo de suas montanhas e dizendo que foi enviado por Deus, um jovem pastor chamado Bénezet queria construir uma ponte. Zombado pelos habitantes, o prelado desafiou-o a carregar uma enorme pedra nas costas e atirá-la no Ródano para começar a construção ele mesmo.

Ninguém esperava vê-lo realizar essa façanha, mas, auxiliado pela intervenção divina, conseguiu levantar a pedra e jogá-la fora. Com isso ele teria tido ajuda de toda a cidade na realização do seu intento.

A construção durou vários séculos e em seu grande esplendor, a ponte se estendia por aproximadamente 900 metros e tinha 22 arcos . Sua função era controlar o tráfego fluvial . Uma capela com as relíquias de São Bénezet foi colocada no meio.

b) Ruas de comércio


 foto de rua do comércio

 foto de outra rua comercial visto a partir de janela do nosso hotel



c) Muralhas que cercam a cidade


Como falamos a cidade velha é cercada por muralhas que foram construídas e posteriormente reforçada pelos papas entre os séculos XII   e XIV

 foto das altas muralhas que cercam toda a cidade
Muralhas de Avignon

IV. - Vinhedos em Chateneuf du Pape


Apesar de contarem com uma tradição vitivinícola muito antiga, os vinhos da região em torno de Avignon não gozavam de grande prestígio, como a produção sendo voltada para o consumo local.

foto de campos de lavanda e vinhedo em chateneuf du pape
vinhedos e lavandas em vinícola em chateneuf-du-pape
foto historiacomgosto


Isso começou a mudar com o Papa João XXII, que sucedeu Papa Clemente V, responsável por estabelecer a residência oficial em Avignon.

O Papa João XXII foi responsável por construir o castelo que hoje é símbolo de Châteauneuf-du-Pape, aperfeiçoando, também, as técnicas de viticultura utilizadas na região.

 foto da fachada de um aloja de venda e degustação em Chateneuf du Pape - Tem uma placa contendo: Domaine du Pére Caboche - Chateneuf du Pape
Loja de venda e degustação de vinho no vilarejo de chateneuf-du-pape
foto historiacomgosto


Nessa época, os rótulos produzidos em Châteauneuf-du-Pape passaram a ser conhecidos como Vin du Pape (Vinho do Papa).


V. Festival de Avignon


O Festival de Avignon acontece todos os anos em julho . É um dos mais importantes eventos culturais, teatrais e de performance contemporânea do mundo.

Foi fundado em 1947 , com o objetivo de atingir um público mais amplo e especialmente jovem e de dinamizar o teatro francês. Hoje é um verdadeiro sucesso. A cidade recebe todos os anos, milhares de turistas que vêm justamente para isso.

 foto de uma carro antigo e moças e rapazes vestidos à moda antiga celebrando o festival de teatro de Avignon
Festival de Teatro em Avignon, foto de znm666 em depositphotos.com.br


Mais de 50 espetáculos diferentes (franceses ou estrangeiros) são apresentados ao longo do mês de julho: espetáculos teatrais, espetáculos de dança, exposições , sessões de leitura, concerto de música, você terá muitas opções.


VI - Mostras e exposições no Palácio dos Papas


As grandes salas do Palácio dos Papas também são usadas para exposições de arte de renome internacional. Agora em Julho de 2022 estava acontecendo a exposição do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado sobre a Amazônia.

 foto da placa da Esposição AMAZÔNIA de Sebastião Salgado que acontecia em salões do Castelo dos Papas
Amazônia, exposição de fotos Sebastião Salgado

Composta por quase 200 painéis fotográficos, a exposição tem causado impacto por onde passa – como França (Museu da Música, Filarmônica de Paris), Itália (MAXXI Museu, em Roma) e Inglaterra (Museu da Ciência, em Londres) – lembrando quão impressionante a vida na floresta é, seja na visão aérea que traz a curva luminosa de um rio, seja nos minuciosos adornos utilizados pelos povos originários. 

 foto de muitas crianças indígenas com sua família - exposição Sebastião Salgado, fotos da Amazônia e seus povos
Amazônia, exposição de fotos Sebastião Salgado

A exposição Amazônia estã agora exposta no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro até 29 de janeiro de  2023.


VII - Referência


Avignon - Wikipedia francesa

História de Avignon - https://diretodeparis.com/avignon-a-antiga-cidade-dos-papas-e-do-teatro/

https://www.voyagetips.com/que-faire-a-avignon/

Grande salão - https://www.viajeuniversal.com/francia/avignon/quever/palaciodelospapas_12grandtinel.htm

https://www.dicasdeviagem.com/o-que-fazer-em-avignon/