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quinta-feira, 23 de maio de 2019

A obra de James Tissot - Das "Mulheres Francesas" à "Vida de Jesus Cristo"

1. - James Tissot


James Joseph Jacques Tissot foi um pintor francês nascido em Nantes em outubro de 1836 e faleceu em  Buillon8 de agosto de 1902.

Tissot era de família de origem italiana: seu pai foi bem ­sucedido comerciante de tecidos e sua mãe fabricava chapéus. O envolvimento da família com a moda francesa fez com que Tissot se tornasse pintor conhecido por suas obras que destacavam o figurino das damas de sua época, pintados com minúcias e detalhes marcantes.

Ele então se tornou famoso inicialmente como um pintor de gênero de mulheres elegantemente vestidas mostrado em várias cenas da vida cotidiana. Entretanto, o seu maior trabalho ao qual dedicou a maior parte da sua vida foram as obras bíblicas sobre a vida de Jesus Cristo e sobre o Antigo Testamento.

Pequeno Histórico

Tissot estudou na École des Beaux Arts em Paris com os mestres IngresFlandrin e Lamothe, e expôs no Salão de Paris pela primeira vez na idade dos 23 anos. Em 1861 ele exibiu O encontro de Fausto e Marguerita, que foi adquirido pelo Estado francês para a Galeria de Luxemburgo. 


 autorretrato de James Tissot
autorretrato James Tissot
Tissot lutou na Guarda Nacional na guerra Franco-Prussiana, saindo em defesa da cidade de Paris; em seguida, como Courbet e muitos intelectuais e artistas, ele aderiu à dita, Comuna de Paris. 

Esse fato obrigou o artista a partir para Londres onde chegou com excelente reputação de retratista e bons contactos (1871). Lá estudou com Seymour Haden, desenhou caricaturas para a Revista Vanity Fair, pintou retratos, como também telas temáticas.


Em 1874, Degas pediu-lhe para se juntar a eles na primeira exposição organizada pelos artistas que ficaram conhecidos como os impressionistas, mas Tissot recusou. Ele continuou a estar perto desses artistas, no entanto.

Em 1875-6, Tissot conheceu Kathleen Newton, uma divorciada que se tornou a companheira do pintor e modelo frequente. Ele compôs uma gravura dela em 1876, intitulada Portrait of Mrs N. , mais comumente intitulada La frileuse .

Ela se mudou para a casa de Tissot em St. John's Wood em 1876 e viveu com ele até sua morte nos últimos estágios de consumo em 1882.

2. - Obras sobre mulheres charmosas


Após a morte de Kathleen Newton, Tissot retornou a Paris. Uma grande exposição do seu trabalho teve lugar em 1885 na Galerie Sedelmeyer, onde ele mostrou 15 grandes pinturas de uma série chamada La Femme à Paris .


pintura parisiense A Dama de Honra
A dama de honra, 1884 
pintura rio Tâmisa onde mostra uma moça saindo de um barco a remo onde tinham dois remadores
Rio Tâmisa, 1874, particular

 quadro O Baile
O Baile, 1880, Musée d'Orsay

 quadro O Hush de 1875
Hush, 1875, Galeria Manchester
 quadro a Galeria do HSM Calcutá
A Galeria do HSM Calcutá, 1876, Tate Modern


3. - Caricaturas


Na revista Vanity Fair James Tissot fez várias caricaturas de personagens famosas conforme mostrado abaixo:

caricatura de Vitorio Emanuel II
Vitorio Emanuel II, Itália
 quadro da caricatura de Charles Darwin
Charles Darwin, Inglaterra

quadro de Isabel II da Espanha
Isabel II, Espanha


4. - Obras Bíblicas


Vida de Jesus Cristo


Em 1885, Tissot teve um renascimento de sua fé católica, o que o levou a passar o resto de sua vida fazendo pinturas sobre eventos bíblicos. Numa época em que artistas franceses trabalhavam com impressionismo , pontilhismo e lavagens pesadas de óleo, Tissot estava se movendo em direção ao realismo em suas aquarelas. 

Para ajudar na conclusão das ilustrações bíblicas, Tissot viajou para o Oriente Médio em 1886, 1889 e 1896 para fazer estudos sobre a paisagem e as pessoas. Sua série de 365 ilustrações em aquarela (guache) mostrando a vida de Cristo foram aclamadas pela crítica e entusiasmadas audiências em Paris (1894-1895), Londres (1896) e Nova York (1898-1898), antes de serem compradas pelo Museu do Brooklyn em 1900

Eles foram publicados em uma edição francesa em 1896-187 e em inglês em 1897-8, trazendo grande riqueza e fama a Tissot. Em julho de 1894, Tissot recebeu a Légion d'honneur , a mais prestigiada medalha da França. 

Anunciação e Retorno do Egito

aquarela da Anunciação    aquarela Retorno do Egito

Batismo e Milagres de Jesus


aquarela Milagre de Jesus - provavelmente cura de um cego   aquarela batismo de Jesus
 outro milagre de Jesus - provvavelmente cura de um aleijado

Pregações de Jesus e Lamentação

 Jesus subindo a montanha    Jesus sentado em uma pedra na colina lamentando

Crucificação

 aquarela da crucificação de Jesus


Ascenção ao céu

 aquarela da Ascenção de Jesus ao Céu



Antigo Testamento

Tissot passou os últimos anos de sua vida trabalhando em pinturas de temas do Antigo Testamento. Embora ele nunca tenha completado a série, ele exibiu 80 dessas pinturas em Paris em 1901 e as gravuras posteriores foram publicadas em 1904.

Obs: Publicaremos algumas gravuras do Velho Testamento em um outro post para esse não ficar muito carregado.




domingo, 19 de maio de 2019

Músicas do Rio Grande do Sul - "Querência Amada", Teixerinha

1. - Querência Amada


Em uma de suas músicas mais famosas Teixeirinha cantava: “Quem quiser saber quem sou, olha para o céu azul, e grita junto comigo: Viva o Rio Grande do Sul!”. Mais à frente, na mesma música, ele dizia: “O lenço me identifica. Qual a minha procedência?!

Ao final da mesma ‘Querência Amada’, ele proclamava: “Deus é gaúcho. De espora e mango. Foi maragato ou foi chimango. Querência amada. Meu céu de anil. Este Rio Grande gigante. Mais uma estrela brilhante. Na bandeira do Brasil”. (Querência amada, TEIXEIRINHA)


Observação:

Querência - Palavra usada pelos gaúchos ou pessoas da região sul do Brasil para se referirem a sua cidade, povoado, vila. Significa também afetividade, afeto, amor.


A música





2. - Revolução Federalista


Texto abaixo foi retirado do Blog de Rafael Burd ele aborda a Revolução Federalista
Link:  http://historiaeavida.blogspot.com.br/2011/08/foi-maragato-ou-foi-chimango.html

A Revolução Federalista foi um dos episódios mais sangrentos da história rio-grandense. A disputa foi marcada pelo embate entre federalistas e republicanos, com o uso da violência por ambas as partes.  


 foto do Marechal Deodoro da Fonseca   Inicialmente é preciso entender as razões do confronto. O Brasil havia se tornado uma república em 1889. Os primeiros governos, Deodoro e Floriano, assumiram uma condição centralizadora e autoritária, apesar de a Constituição de 1891 dar certa autonomia para os estados, no modelo norte-americano.

O Rio Grande do Sul, portanto, também teve a sua Constituição, que teve o dedo do chefe político da região, Julio de Castilhos. Esta tinha uma forte inspiração no positivismo do francês Augusto Comte, que pretendia avanços industriais e econômicos, mas sem grandes mudanças sociais. No Rio Grande do Sul, este projeto foi abraçado pelas classes médias e pelos grupos de imigrantes que prosperavam.

A Constituição do estado, por sua vez, previa um Poder Executivo forte, com direito a reeleição e um Poder Legislativo débil. Assim, Julio de Castilhos poderia governar com mais força e autoridade. Isso acabaria desagradando alguns setores, principalmente as velhas oligarquias dos coronéis estancieiros ligados à antiga Coroa. Grosso modo, se formaram dois grupos:

Os federalistas ou maragatos – Os revoltosos, favoráveis à monarquia e ao parlamentarismo. Eram contrários ao texto constitucional rio-grandense, pois limitava o poder destes “coronéis”, ou estancieiros, principalmente da região da Campanha. Além disso, as medidas econômicas do novo governo republicano eram insatisfatórias para eles. Seu principal líder foi Gaspar Silveira Martins. Usavam o lenço vermelho em volta do pescoço. Em “O sobrado” são representados pela família Amaral, que promove o cerco ao casarão.

Os republicanos ou chimangos – Os legalistas, defensores do regime republicano, tendo o apoio do presidente do Brasil, Floriano Peixoto. Tinham o apoio das elites rurais do litoral e da serra do estado e das classes médias urbanas. Seus principais líderes eram Julio de Castilhos e seu sucessor, Borges de Medeiros. Tinham um uniforme azul e quepe vermelho, que lhes valeu o apelido de “pica-paus”. Adotaram o lenço branco em volta do pescoço. Na obra de Erico Verissimo são representados pela família Terra Cambará, sitiada no sobrado.

 foto de Julio de Castilhos
Julio de Castilhos
A revolta começou em 1893, pouco depois de Julio de Castilhos ter vencido as eleições daquele ano. Terminou em 1895, com a promessa de que o texto constitucional do Rio Grande do Sul seria revisto pelos governistas, o que não ocorreu. No plano militar, a guerra foi vencida pelos republicanos, que por serem as tropas do governo, dispunham de mais recursos, como, por exemplo, o uso da Brigada Militar.

O sucessor de Floriano Peixoto na presidência do país foi Prudente de Morais, que deu início à chamada “República do café-com-leite”, marcada pelo domínio das elites paulistas e mineiras. Os candidatos a presidentes se revezavam, ora de um estado ora de outro.

foto de Getúlio Vargas
Getúlio Vargas
Os estados ganharam ainda mais autonomia a partir desse momento. Mesmo assim, predominava no Rio Grande do Sul o governo dos republicanos, comandados por Borges de Medeiros, que se reelegeu inúmeras vezes. A continuidade dos problemas e da rivalidade entre federalistas e republicanos foi eclodir em outra revolta no ano de 1923. A questão só foi se acalmar em 1928, com a ascensão de Getúlio Vargas ao governo rio-grandense.

A Revolução Federativa durou “apenas” dois anos, tempo suficiente para derramar muito sangue na província. Ela não foi marcada por atos de heroísmo, mas pela violência e pela barbárie, assim como qualquer outra guerra.

3. - Teixerinha


Vítor Mateus Teixeira (Rolante, 3 de março de 1927 — Porto Alegre, 4 de dezembro de 1985), mais conhecido pelo seu nome artístico Teixeirinha ou o "Rei do Disco" (pelos recordes de vendas), foi um cantor, compositor e ator gaúcho nascido na cidade de Rolante (RS).

Sua música de maior sucesso é Coração de Luto, que vendeu mais de 25 milhões de cópias, e já foi regravada por diversos intérpretes, entre eles, a dupla Milionário e José Rico, com uma roupagem mais sertaneja.

Teixeirinha com seis anos, perdeu o pai e, com nove anos, perdeu a mãe, ficando órfão. Foi morar com parentes, mas esses não tinham condições de o sustentar. Saiu de sua cidade natal ainda menino, seguindo sua caminhada pelo mundo.


 foto de Teixeirinha
Aos 18 anos alistou-se no exército, mas não chegou a servir. Nessa ocasião foi trabalhar no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), como operador de máquinas, onde ficou por seis anos. Dali saiu para tentar a carreira artística, cantando nas rádios do interior, nas cidades de Lajeado, Estrela, Rio Pardo e Santa Cruz do Sul.

Com o coração voltado para a música, nas horas vagas já era solicitado para animar festas, iniciando assim sua carreira com shows. Sem estudar canto nem música, possuía muita capacidade de improvisação e repentismo. A beleza simples de suas letras e a melodia comunicativa de suas músicas eram frutos de inspiração espontânea, gerados por sua vivência, seu amor à vida e aos seus semelhantes.

Teixeirinha teve um recorde de venda de discos sendo que,até 1983, lançou 70 LPs, compôs por volta de 1 200 canções e vendeu mais de 100 milhões de cópias.

4. - Curiosidade: A escolha da música do Rio Grande do Sul

Em meados do ano 2000, o tradicional jornal gaúcho Zero Hora criou um evento "A Música do Rio Grande do Sul", que através do voto popular deveria indicar qual a música mais representativa do estado. 

Um júri composto por músicos jornalistas e pesquisadores convidados ficou incumbido de indicar as cinco músicas mais representativas. As cinco saíam impressas diariamente no jornal e o público ficou encarregado de escolher entre elas. 

No dia 20 de setembro, dia do gaúcho, o resultado foi anunciado  e a vencedora foi "Céu, sol, Sul, terra e cor" de Leonardo. Entretanto o que foi mais enfatizado na reportagem do dia foi a segunda colocada "Querência Amada". A surpresa foi em razão dessa música, apesar de ter recebido votos dos jurados, não entrou noa relação das cinco mais votadas pelo júri e indicadas para a escolha popular. Houve uma mobilização dos fãs da música e do povo em geral que acabou mesmo ela não constando oficialmente na cédula, figurando como a segunda mais indicada pelo povo.


5. - Referência


Por Fátima Feliciano - https://portal.metodista.br/mutirao-do-brasileirismo/cartografia/verbetes/america-do-sul/teixeirinha

"Canta meu povo", dissertação de mestrado na UFRGS de Francisco Alcides de Cougo Junior.

Wikipedia - Teixerinha 

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Músicas que lembram Belém, PA - "Peguei um Ita no Norte".

1. - Peguei um Ita no Norte - Dorival Caymmi


Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, violonista, pintor e ator brasileiro.


foto de Dorival CaymmmiCompôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos em consequência de um câncer renal que possuía havia 9 anos. Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.

Filho de Dorival Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos (Nana, Dori e Danilo) também são cantores, assim como suas netas Juliana e Alice

Em 1930 escreveu sua primeira música: "No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. 

Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de ita (navio que cruza o norte até o sul do Brasil) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito.  Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em "O Jornal", do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.

Caymmi conta que estranhou bastante a terceira classe do Ita. A imagem inspirou a composição 'Peguei um Ita no Norte'. "Se era difícil pra mim, vindo do Nordeste, imaginei como seria para quem vem de navio da Região Norte do país".


Os navios - Ita...


Ita era o nome que se dava aos navios que faziam a navegação de cabotagem, entre o Norte e o Sul do Brasil. Essa denominação era usada porque a Companhia Nacional de Navegação Costeira dava nomes a suas embarcações sempre começando por "ita": Itaquatirara, Itapé, Itanajé, entre outros.

Ita em tupi-guarani tem o significado de pedra.

Havia três tipos básicos de Itas: os pequenos, com cerca de 60 metros de comprimento; os médios, com 80 a 90 metros, para cerca de 140 passageiros; os grandes, com 110 a 120 metros de comprimento, para até 280 passageiros distribuídos em três classes: 1ª, 2ª e 3ª.

gravura do navio chamado Ita

Os principais portos servidos por estes navios eram os de Manaus, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, Cabedelo, Recife, Maceió, Penedo, Aracaju, Salvador, Ilhéus, Vitória, Rio de janeiro, São Sebastião, Florianópolis, Rio Grande e Porto Alegre.

2. - A Música 




3. - Referências


wikipedia - Navios Ita / Musica "Peguei um ita no norte" / Dorival CAymmi

youtube - Nana Caymmi, "Peguei um ita no norte"

Entrevista de Caymmi - 

terça-feira, 14 de maio de 2019

Três Sonetos de Vinicius de Moraes

I - Vinicius de Moraes


Vinícius foi poeta, compositor e diplomata nascido no Rio de Janeiro , no bairro do Jardim Botânico. Logo cedo com amigos do Santo Inácio, forma um pequeno conjunto musical para tocar em festinhas. Com apenas 17 anos e seguindo o caminho natural de muitos jovens que aspiravam as letras, entra na Faculdade de Direito da Rua do Catete, no Rio de Janeiro.



foto de Vinícius de Moraes   Em 1933 Estimulado pelo escritor Otávio de Faria consegue publicar pela Schmidt Editora (de propriedade do poeta Augusto Frederico Schmidt) seu primeiro livro de poemas: O caminho para a distância. 

Com a Segunda Guerra Mundial, retorna ao Brasil por Portugal. Acompanhado de Tati, passa um período em Lisboa, em companhia de Oswald de Andrade, amigo de sua mulher e a quem conhece naquela ocasião. 


Em Estoril, 1939, aguardando a partida do navio de volta ao Brasil, escreve o “Soneto de fidelidade”. 

Após ser reprovado na primeira tentativa de ingressar na carreira diplomática, passa a estudar com o amigo Lauro Escorel para uma nova tentativa que, dessa vez, será bem-sucedida.

Ao conhecer Tom Jobim, em 1953, iniciou apaixonado envolvimento com a música brasileira, na qual se tornou um de seus mais notáveis letristas.

Em 1959, seguem os lançamentos discográficos com composições de Vinicius e Tom. João Gilberto, que batiza seu próprio disco de estreia de Chega de Saudade, apresenta uma interpretação inovadora e transforma a canção da dupla em uma das mais importantes da história brasileira. 

Após esse disco, que ainda contava com “Brigas, nunca mais”,  os três nomes serão sempre lembrados como os fundadores da Bossa Nova. A cantora Lenita Bruno contribui para a fama ao gravar o LP Por toda minha vida, apenas com canções da dupla.

Vinicius faria grandes parcerias na MPB as mais famosas e duradouras com Tom Jobim, Carlos Lyra, Toquinho, Baden Powel, Edu Lobo.

Observação: Depois prepararemos algumas publicações específicas sobre Vinícius de Moraes


II - Sonetos 


O soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos. Todos eles têm dez sílabas poéticas, classificando-se como decassílabos. Os sonetos costumam ter uma estrutura semelhante. O texto começa com uma introdução, que apresenta o tema, seguida de um desenvolvimento das ideias e termina com uma conclusão, que aparece no último terceto. Essa é, em geral, a estrofe decodificadora de seu significado.


III. Soneto da Fidelidade

"Desde 1939, ano da criação do poema, o Soneto de fidelidade vem sendo recitado por casais apaixonados. Os versos transcenderam a sua realidade particular para ganharem a boca de outros enfeitiçados pelo amor.
Ao contrário da maior parte dos poemas de amor - que prometem amor eterno - nos versos acima vemos uma promessa de entrega total e absoluta enquanto o sentimento durar." (fonte: cultura genial)
Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure





IV - Soneto do Corifeu "São demais os perigos dessa vida"  


São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua


Música





V. Soneto do Amor Total


Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.




VI - Referências


Wikipedia - Vinicius

3 sonetos de Vinicius - 

Cultura Genial - soneto de fidelidade

Músicas da Paraíba: "Paraíba" de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

I. - A Música "Paraíba" 


Paraíba é um baião escrito em 1946 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Ele foi cantado pela primeira vez em Campina Grande, em 1950, e gravado oficialmente em 1952. 

Esse baião teve várias regravações ao longo do tempo e várias por cantoras famosas, como Emilinha Borba, Elba Ramalho, Maria Alcina, Sylvinha Araújo e Daniela Mercury. Foi gravado até pelas japonesas Keiko Ikuta e Miho Hatori. 





2. - Contexto Histórico


 Bandeira da Paraíba   De acordo com Luceni Caetano da Silva, que é professora do departamento de música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora com foco em história da música na Paraíba, em entrevista para o site da globo, g1, a história da música de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga começa em 1930 e está inteiramente permeada pela questão histórica que envolve a Paraíba.

A professora explica que Washington Luiz, à época presidente da República, apoiava Júlio Prestes como sucessor ao cargo. Por isso, ele pediu para que todos os estados apoiassem o seu candidato. “Três estados não apoiaram: Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba”, relata. Com isso, Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul, também se candidatou como presidente para concorrer às eleições e convidou João Pessoa, governador da Paraíba, para ser o vice na chapa da Aliança Liberal.

A briga de João Pessoa com João Dantas


“Nessa mesma época, na Paraíba, João Pessoa estava combatendo os inimigos de partido e travando, digamos assim, uma guerra com Zé Pereira, o coronel José Pereira, de Princesa Isabel, que era aliado de João Dantas, oponente político de João Pessoa, que escrevia nos jornais insultos a João Pessoa”, detalha Luceni.

 foto de João Pessoa  A partir de então, os conflitos foram aumentando. A professora conta que João Pessoa, supostamente, mandou invadir a casa de João Dantas. Lá, foram encontrados pertences, incluindo cartas da professora Anaíde Beiriz, que dizia ser ela uma amante de João Dantas. As cartas foram divulgadas amplamente em jornais da época.

Chateado com a atitude de João Pessoa, Dantas resolveu tirar satisfações. “Ele foi até a Confeitaria Glória, no Recife, onde João Pessoa estava, e o assassinou com um tiro”, conta Luceni. Segundo a professora, o fato foi o estopim para a revolução de 1930. E a Paraíba, por causa da morte de João Pessoa, foi o primeiro estado a dar um passo para acontecer o embate.

A relação da Música com a História


Depois do contexto histórico, vem a música de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Os autores, conforme relata Luceni, fizeram a canção se referindo à Paraíba, ao estado da Paraíba, no feminino, para dizer que é “mulher macho, sim, senhor”, por ser forte e dar o pontapé inicial para culminar na revolução de 30.



“Até mesmo o trecho onde ele ‘manda um abraço para ti, pequenina’, tem a ver com o fato da Paraíba ser um estado pequeno territorialmente. E, ‘mulher macho’, ter força para iniciar uma revolução estadual”, complementa a professora.

3. Forró

O Forró é uma festa originária da Região Nordeste do Brasil, bastante popular e comum, especialmente nas festas juninas. O nome da festa forró é usado para nomear distintos gêneros musicais como o xote, baião, arrasta-pé e o xaxado, por isso quem não conhece suas histórias, as confundem com um gênero único. As músicas são executadas tradicionalmente por trios instrumentais com acordeon(sanfona), zabumba e triângulo.

Forró também é um dos gêneros musicais da festa forró, o qual foi criado por Luiz Gonzaga em 1958. A dança do xote(dois pra lá e dois pra cá) passou a acompanhar as músicas desse novo gênero e a ser chamada de dança do forró.


4. - Referências


Wikipedia - Música "Paraíba"

G1 - O Globo - entrevista Professora Luceni Caetano

https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2019/03/08/paraiba-masculina-mulher-forte-sim-senhor-cantoras-falam-sobre-cancao-de-luiz-gonzaga.ghtml


Youtube - Paraíba 

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Ronda Noturna - Rembrandt van Rijn

I. Ronda Noturna


A "Ronda Noturna" é uma pintura a óleo sobre tela do pintor holandês Rembrandt, pintada entre 1639 e 1642. A pintura mede 380 cm de altura e 454 cm de largura e mostra a Guarda Cívica de Amsterdã sob comando do capitão Frans Banning Cocq. Geralmente considerada como uma das grandes obras de Rembrandt, "A Ronda Noturna" é uma das pinturas mais conhecidas do Barroco. 

A peça é de propriedade do município de Amsterdã e faz parte da exposição permanente do Rijksmuseum, principal museu especializado em pintura holandesa.



quadro Ronda Noturna de Rembrandt no Rijksmuseum
Ronda Noturna, Rembrandt, 1639 a 1642, Rijksmuseum


II. - Representação


A obra foi uma encomenda da Corporação de Arcabuzeiros de Amsterdã para decorar o grande salão da  sede da companhia. Por este motivo, Rembrandt concebeu uma tela de grandes dimensões, com cerca de 5 metros de comprimento e 3.87 metros de altura.
A tela mostra a milícia do capitão Frans Banning Cocq no momento em que este dá a ordem para marchar ao alferes Willem van Ruytenburch. Atrás deles aparecem os 18 integrantes da Companhia, que pagaram em média cem florins ao pintor para aparecer no quadro, uma soma mais que considerável para a época. Os dois oficiais provavelmente pagaram mais, pelo lugar privilegiado que ocupam no quadro. Ao todo, Rembrandt cobrou 1600 florins por este quadro.  
Pelo fato da companhia de arcabuzeiros ser uma instituição municipal, a tela continua a ser propriedade do município de Amsterdã, que a empresta ao Rijksmuseum sem contraprestação econômica.
Os personagens aparecem captados pelo pintor holandês de tal modo que é possível os contemplar na cena rotineira, no momento em que diariamente a companhia se preparava para formar e sair, e seguir ordenadamente para percorrer a cidade na sua missão de vigilantes da ordem. Além disso, no quadro aparecem três crianças correndo e um cão que animam a cena.
A obra, que devia ter sido concluída no dia do banquete de inauguração da sede da companhia foi, junto a outros retratos corporativos, parte da comemoração da chegada em 1638 à Amsterdã da rainha mãe Maria de Médici, viúva de Henrique IV da França, exilada por ordem do seu filho Luís XIII e de seu aliado, o cardeal Richelieu. Esta visita régia à capital holandesa foi celebrada pelas suas autoridades com grande pompa. 
O pagamento pelo trabalho atrasou-se devido ao fato que a obra não cobriu as expectativas dos membros da milícia e por não estar perfeitamente definida a presença da maioria deles. Apesar da sua qualidade, também passou despercebida pela crítica na época.

escultura recriando Ronda Noturna para comemorar 400 anos do nascimento de Rembrandt
Esculturas de Alexander Taratynov e Mikhail Dronov para comemorar
o quarto centenário de nascimento de Rembrandt (2005).

A cena da companhia é parte fundamental da tradição holandesa de retratos coletivos que surgiu na chamada "Idade de Ouro da arte dos Países Baixos". Pintores contemporâneos como Frans Hals dedicaram-se quase exclusivamente a este tipo de retratos por encomenda a óleo. (fonte:wikipedia).

III - Rembrandt van Rijn



autorretrato de Rembrandt
Rembrandt Harmenszoon van Rijn, nasceu em Leida, Holanda em 15 de julho de 1606 e faleceu em Amsterdã em 4 de outubro de 1669. Foi um pintor e um dos maiores nomes da história da arte europeia e o mais importante da história holandesa.

Filho de dono de moinho, tanto o pai (igreja reformada) como a mãe (católica) eram religiosos. Ele logo cedo demonstrou tendência para a pintura. No final de 1631 mudou-se para Amsterdã e já passou a trabalhar como pintor retratista, obtendo sucesso. Em 1634 casou-se com sua sobrinha Saskia de uma família de respeitável condição financeira. Saskia morrreu em 1646 e Rembrandt passou por um período perturbado em sua vida pois ele a amava muito.

Sem ser um bom administrador de seus bens, Rembrandt atolou-se em dívidas sendo forçado a vender até a casa em que morava. De acordo com o testamento de Saskia, Rembrandt para continuar a usufruir de seu dote / herança não podia casar novamente. Rembrandt passou a ter apenas romances não oficiais. Com a sua consciência religiosa, imagina-se que ao pintar o quadro do filho pródigo, Rembrandt fazia também um retrospecto de sua vida, colocando-se como os dois filhos necessitados do perdão do Pai.


A pintura mostrada é o "Autoretrato - Rembrandt van Rijn" propriedade do Mauritshuis

IV - O Museu  Rijksmuseum


O Rijksmuseum (“Museu do Estado”, em holandês) é o museu nacional dos Países Baixos, localizado em Amsterdã na Praça dos Museus. O Rijksmuseum é dedicado à artes e história. Ele tem uma larga coleção de pinturas da idade de ouro holandesa e uma substancial coleção de arte asiática.

O museu foi fundado em 1800 na cidade da Haia para exibir a coleção do primeiro-ministro. Foi inspirado no exemplo francês. Ficou conhecido pelos holandeses como Galeria de Arte. Em 1808 o museu mudou-se para Amsterdã pelas ordens do rei Louis Napoleón, irmão de Napoleão Bonaparte. As pinturas daquela cidade, como "A Ronda Noturna" de Rembrandt, tornaram-se parte da coleção.


foto externa do Museu Rijksmuseum de Amsterdã
Rijksmuseum, Amsterdã, foto de Marco Almbauer em wikimedia commons.


V - Outras obras famosas de Rembrandt


Na relação das grandes obras de Rembrandt podemos também destacar os seguintes quadros:

"O Retorno do Filho Pródigo"           - Exibido no Museu Hermitage em São Petersburgo  

"Ronda Noturna" -                          - Exibido no Rijksmuseum em Amsterdã

"Jeremias lamentando a destruição de Jerusalém" - Exibido no Rijksmuseum em Amsterdã

"O retrato de Jan Six"                     - Exibido no Rijksmuseum em Amsterdã

"Lição de Anatomia do Doutor Tulp"  - Exibido no Mauritshuis, Haia


VI - Referências


Wikipedia  - Ronda Noturna / Rijksmuseum