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terça-feira, 14 de maio de 2019

Três Sonetos de Vinicius de Moraes

I - Vinicius de Moraes


Vinícius foi poeta, compositor e diplomata nascido no Rio de Janeiro , no bairro do Jardim Botânico. Logo cedo com amigos do Santo Inácio, forma um pequeno conjunto musical para tocar em festinhas. Com apenas 17 anos e seguindo o caminho natural de muitos jovens que aspiravam as letras, entra na Faculdade de Direito da Rua do Catete, no Rio de Janeiro.



foto de Vinícius de Moraes   Em 1933 Estimulado pelo escritor Otávio de Faria consegue publicar pela Schmidt Editora (de propriedade do poeta Augusto Frederico Schmidt) seu primeiro livro de poemas: O caminho para a distância. 

Com a Segunda Guerra Mundial, retorna ao Brasil por Portugal. Acompanhado de Tati, passa um período em Lisboa, em companhia de Oswald de Andrade, amigo de sua mulher e a quem conhece naquela ocasião. 


Em Estoril, 1939, aguardando a partida do navio de volta ao Brasil, escreve o “Soneto de fidelidade”. 

Após ser reprovado na primeira tentativa de ingressar na carreira diplomática, passa a estudar com o amigo Lauro Escorel para uma nova tentativa que, dessa vez, será bem-sucedida.

Ao conhecer Tom Jobim, em 1953, iniciou apaixonado envolvimento com a música brasileira, na qual se tornou um de seus mais notáveis letristas.

Em 1959, seguem os lançamentos discográficos com composições de Vinicius e Tom. João Gilberto, que batiza seu próprio disco de estreia de Chega de Saudade, apresenta uma interpretação inovadora e transforma a canção da dupla em uma das mais importantes da história brasileira. 

Após esse disco, que ainda contava com “Brigas, nunca mais”,  os três nomes serão sempre lembrados como os fundadores da Bossa Nova. A cantora Lenita Bruno contribui para a fama ao gravar o LP Por toda minha vida, apenas com canções da dupla.

Vinicius faria grandes parcerias na MPB as mais famosas e duradouras com Tom Jobim, Carlos Lyra, Toquinho, Baden Powel, Edu Lobo.

Observação: Depois prepararemos algumas publicações específicas sobre Vinícius de Moraes


II - Sonetos 


O soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos. Todos eles têm dez sílabas poéticas, classificando-se como decassílabos. Os sonetos costumam ter uma estrutura semelhante. O texto começa com uma introdução, que apresenta o tema, seguida de um desenvolvimento das ideias e termina com uma conclusão, que aparece no último terceto. Essa é, em geral, a estrofe decodificadora de seu significado.


III. Soneto da Fidelidade

"Desde 1939, ano da criação do poema, o Soneto de fidelidade vem sendo recitado por casais apaixonados. Os versos transcenderam a sua realidade particular para ganharem a boca de outros enfeitiçados pelo amor.
Ao contrário da maior parte dos poemas de amor - que prometem amor eterno - nos versos acima vemos uma promessa de entrega total e absoluta enquanto o sentimento durar." (fonte: cultura genial)
Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure





IV - Soneto do Corifeu "São demais os perigos dessa vida"  


São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua


Música





V. Soneto do Amor Total


Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.




VI - Referências


Wikipedia - Vinicius

3 sonetos de Vinicius - 

Cultura Genial - soneto de fidelidade