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quinta-feira, 16 de julho de 2020

A História do Reino da Inglaterra - parte II, Dinastia Plantageneta

1. - Resumo anterior


Em 1066, a área da Inglaterra tinha sido conquistada pelos normandos de Guilherme I. Foi a primeira vez que todos os reinos foram unificados sob um único soberano nessas terras. O segundo rei plantageneta, Ricardo I, Coração de Leão, logo encampou o chamado do Papa e  partiu  para a Terceira Cruzada. João sem Terra, seu irmão e sucessor, assumiu o trono após a morte de Ricardo e acabou gerando vários conflitos com o clero e com os barões senhores de terras até que se comprometeu com a Carta Magna. Essa Carta limitava os poderes dos reis e oficializava um conselho para aprovar assuntos de impostos e outros de maior importância no Reino. Eduardo I conquistou o País de Gales e implantou reformas administrativas visando melhor administrar o reino. Essa era a situação até 1300, o que caracterizou o fim da alta idade média.


representação de guerreiros normandos
representação de gurreiros normandos


2. - Os "Eduardos" e Ricardo II do século XIV, dinastia Plantageneta



Eduardo I (1272 a 1307)  participou da nona cruzada em 1268 antes de se tornar rei. Ele foi declarado rei quando voltava para casa em 1272 com a morte de seu pai. Foi coroado em 1274, ao chegar na Inglaterra. Ele fez um governo administrativamente bem sucedido. Promulgou leis favorecendo os poderes de seu governo, convocou os primeiros parlamentos e conquistou o País de Gales. Eduardo também perseguiu os judeus até que os expulsou da Inglaterra em 1290

quadro Isabel prendendo Eduardo II
Isabel prendendo
 Eduardo II
Eduardo II (1307 a 1327) foi um desastre pois não tinha dom para as guerras, administração e política. Eduardo tinha uma relação próxima e controversa com Piers Gaveston, Conde da Cornualha, a quem privilegiava e não era bem aceito na corte. A própria Isabel, esposa de Eduardo II, se virou contra ele em 1325 depois de ter sido enviada a França originalmente para negociar um tratado. Ela se aliou com Rogério Mortimer, de quem se tornou amante, e invadiu a Inglaterra com um pequeno exército em 1326. 

O governo de Eduardo ruiu e ele fugiu para Gales, sendo capturado em novembro. Ele foi forçado a abdicar da coroa em janeiro de 1327 em favor de seu filho, Eduardo III, morrendo no Castelo de Berkeley em 21 de setembro, provavelmente assassinado por ordens do novo regime. 

No reino de Eduardo II aconteceu o período da Grande Fome da Europa.

Eduardo III (1327 a 1377) , filho de Eduardo II, foi coroado aos 14 anos depois que seu pai foi deposto por sua mãe e seu consorte Roger Mortimer. Aos 17 anos, ele liderou um golpe de sucesso contra Mortimer, o governante de fato do país, e iniciou seu reinado pessoal. Eduardo III reinou em 1327–1377, restaurou a autoridade real e depois transformou a Inglaterra no poder militar mais eficiente da Europa


Quadro de Eduardo III
Eduardo III
Seu reinado viu desenvolvimentos vitais na legislatura e no governo - em particular a evolução do parlamento inglês -, bem como os estragos da Peste Negra . Depois de derrotar, mas não subjugar, o Reino da Escócia, ele se declarou herdeiro legítimo do trono francês em 1338, mas sua reivindicação foi negada devido as recentes modificações nas leis francesas de transferencia da hereditariedade real. Isso começou o que ficaria conhecido como Guerra dos Cem Anos

Note-se que no período de 1347 a 1351, a Europa viveu a sua primeira grande crise devido a Peste Negra.




Ricardo II (1377 a 1399)  foi o Rei da Inglaterra de 1377 até ser deposto em 1399. Filho de Eduardo, o Príncipe Negro e Joana de Kent, nasceu durante o reinado de seu avô Eduardo III. Ricardo tornou-se o segundo na linha de sucessão aos quatro anos, após a morte do seu irmão mais velho, Eduardo. Ricardo passou a ser o herdeiro aparente do trono inglês quando o seu pai morreu em 1376. Como Eduardo III morreu no ano seguinte, Ricardo ascendeu ao trono com apenas dez anos de idade por ser neto de Eduardo III.


quadro do Rei Rivardo II  Seu governo ficou nas mãos de uma série de conselhos durante os primeiros anos de reinado. A comunidade política preferia esse modelo ao invés de uma regência liderada por seu tio João de Gante, que mesmo assim permaneceu influente. O primeiro grande desafio do reinado foi a Revolta Camponesa de 1381. O jovem Ricardo teve um grande papel na supressão da crise. 

Entretanto, nos anos seguintes a dependência do rei em um pequeno número de cortesãos levou a um descontentamento na comunidade política, com o controle governamental sendo tomado em 1387 por um grupo de nobres conhecidos como Lordes Apelantes. Ricardo reconquistou o controle por volta de 1389 e governou com tranquilidade administrativa mas espírito de rancor e vingança contra os nobres apelantes.


Em 1399, depois da morte de João de Gante, o rei deserdou o primo Henrique de Bolingbroke, que anteriormente havia sido exilado. Henrique também era neto de Eduardo III, sendo filho de João de Gante. Henrique invadiu a Inglaterra em junho com uma pequena força que rapidamente cresceu. Afirmando que seu objetivo era apenas reconquistar seu patrimônio, logo ficou claro que ele planejava reivindicar o trono para si mesmo. Encontrando pouca resistência, Henrique depôs Ricardo e se coroou como Henrique IV. Ricardo morreu em cativeiro no ano seguinte, acredita-se que de fome, apesar de o seu destino final ainda ser debatido.


 quadro de Henrique V
Henrique V
Começou aqui a disputa pelo trono entre as casas de Iorque e Lancastre, que originou a guerra das rosas, uma das mais sangrentas na história da Inglaterra.

Henrique V, era da casa de Lencastre e Ricardo II da casa de Iorque. Os dois eram netos legítimos de Eduardo III. Ricardo filho de Eduardo Príncipe negro, e Henrique filho de João de Gante, irmão de Eduardo Príncipe Negro.


3. - Guerras, Fome, Doenças


3.1 - Grande Fome da Europa (1315 a 1317)


A Grande fome de 1315-1317 na Europa (ocasionalmente datada como 1315-1322) foi a primeira de uma série de crises sociais em larga escala que atingiram a Europa no início do século XIV, causando milhões de mortes por um grande número de anos, marcando assim o fim de um período anterior de prosperidade no continente durante o século XIII. 

 quadro sobre A Grande Fome causando a morte Iniciando com um tempo ruim na primavera de 1315, a alteração climatológica acabou por promover quebras universais das colheitas entre a primavera de 1315, acentuando-se no verão de 1316 até ao verão de 1317. A Europa não se recuperou totalmente até 1322. Foi um período marcado por níveis extremos de crimes, doenças, mortes em massa e infanticídio.


Essa mesma escassez de alimentos se fez presente também na Inglaterra. Ela foi mais presente na parte norte da europa. Estima-se que 10%-25% da população de muitas cidades e vilas pereceram.

Na figura ao lado, a morte situa-se ao lado leão. A fome aponta para a boca faminta do leão.


3.2 - Peste Negra (1347 a 1351)


A Peste Negra, também conhecida como Peste Bubónica, foi a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351. Acredita-se que a bactérias Yersinia pestis, que resulta em várias formas de peste (septicémica, pneumónica e, a mais comum, bubónica), tenha sido a causa. 

quadro dos efeitos da Peste Negra com inúmeros mortos espalhados pelo chãoA Peste Negra foi o primeiro grande surto europeu de peste e a segunda pandemia de peste. A praga criou uma série de convulsões religiosas, sociais e económicas, com efeitos profundos no curso da história da Europa.


A Peste Negra provavelmente teve a sua origem na Ásia Central ou na Ásia Oriental, de onde viajou ao longo da Rota da Seda, atingindo a Crimeia em 1343. De lá, era provavelmente transportada por pulgas que viviam nos ratos que viajavam em navios mercantes genoveses, espalhando-se por toda a bacia do Mediterrâneo, atingindo o resto da Europa através da península italiana.



Estima-se que a Peste Negra tenha matado entre 30% a 60% da população da Europa. A Europa levou cerca de 200 anos para retornar ao nível de população anterior.


3.3 - Revolta Camponesa (1381)


A revolta camponesa de 1381, também chamada revolta de Wat Tyler, foi uma grande revolta em grande parte da Inglaterra em 1381. O evento teve várias causas, incluindo tensões socioeconômicas e políticas geradas pela peste negra na década de 1340, os altos impostos resultantes do conflito com a França durante a Guerra dos Cem Anos e a instabilidade na liderança local de Londres


Os rebeldes exigiam redução na tributação, o fim no sistema de mão-de-obra não-livre conhecido como servidão e a remoção dos altos funcionários e cortes do rei.

pintura da revolta camponesa de 1381


Apesar de ter ganho algumas batalhas no início, a revolta foi eliminada e alguns ganhos concedidospor Ricardo II, foram eliminados outra vez.


3.4 Guerra dos Cem Anos


A Guerra dos Cem Anos foi uma série de conflitos travados de 1337 a 1453 pela Casa Plantageneta, governantes do Reino da Inglaterra, contra a Casa de Valois, governantes do Reino da França, sobre a sucessão do trono francês. Cada lado atraiu muitos aliados para a guerra. 

Foi um dos conflitos mais notáveis ​​da Idade Média, em que cinco gerações de reis de duas dinastias rivais lutaram pelo trono do maior reino da Europa Ocidental. A guerra marcou tanto o auge da cavalaria medieval quanto seu subsequente declínio e o desenvolvimento de fortes identidades nacionais em ambos os países. 

quadro com quatro janelas mostrando cenas da guerra de cem anos
montagem wikipedia "guerra cem anos"
Depois da Conquista Normanda, os reis da Inglaterra eram vassalos dos reis da França para suas posses em solo francês. Os reis franceses se esforçaram, ao longo dos séculos, para reduzir estas posses, no sentido de que apenas a Gasconha fosse deixada para os ingleses. A confiscação ou a ameaça de confisco deste ducado faziam parte da política francesa para controlar o crescimento do poder inglês, particularmente quando os ingleses estavam em guerra com o Reino da Escócia, um aliado da França.

Por intermédio de sua mãe, Isabel da França, Eduardo III da Inglaterra era o neto de Filipe IV da França e sobrinho de Carlos IV da França, o último rei da linha principal da Casa dos Capeto. Em 1316, foi estabelecido um princípio que negava a sucessão das mulheres ao trono francês. 

Quando Carlos IV morreu em 1328, Isabella, incapaz de reivindicar o trono francês para si, reivindicou-o para seu filho. Os franceses rejeitaram o pedido, sustentando que Isabella não podia transmitir um direito que ela não possuía. 

Por cerca de nove anos (1328-1337), os ingleses haviam aceitado a sucessão de Valois ao trono francês, mas a interferência do rei da França, Filipe VI, na guerra de Eduardo III contra a Escócia impulsionou a Eduardo III reafirmar sua reivindicação ao trono francês.


4. Dinastia Plantageneta, Brasões e Ordens Nobliárquicas  


4.1 - A Dinastia Plantageneta


Plantageneta é o sobrenome de um conjunto de monarcas ingleses, conhecidos como dinastia Plantageneta ou Angevina (de Anjou), que reinaram na Inglaterra entre 1154 e 1399. O nome tem na sua origem a giesta (plant genêt), que o fundador da casa Godofredo V, Conde de Anjou escolheu para símbolo pessoal.

Os Plantagenetas são originários do Condado de Anjou, atualmente parte de França, e chegaram ao poder na Inglaterra através do casamento de Godofredo V, Conde de Anjou, fundador da dinastia, com Matilde da Inglaterra, a herdeira de Henrique I. 

O primeiro rei Plantageneta foi Henrique II, filho de ambos. A dinastia Plantageneta é um ramo da dinastia de Anjou, à qual Godofredo pertencia.

Reis da dinastia plantageneta

  • Henrique II (r. 1154 - 1189)
  • Ricardo I Coração de Leão (r. 1189 - 1199)
  • João Sem-Terra (r. 1199 - 1216irmão
  • Henrique III (r. 1216 - 1272)
  • Eduardo I (r. 1272 - 1307)
  • Eduardo II (r. 1307 - 1327)
  • Eduardo III (r. 1327 - 1377)
  • Ricardo II (r. 1377 - 1399neto

Através de seus descendentes da Casa de York e da Casa de Lencastre, os plantagenetas reinaram na Inglaterra até 1485 quando deu início a dinastia dos Tudor com Henrique VII.


4.2 - O Brasão de Armas Plantageneta = = Inglaterra.



brasão de armas vermelho com três leões dourados com linguas e garras azuis da casa PlantagenetaAs Armas Reais da Inglaterra são as armas adotadas pela primeira vez de forma fixa no início da era da heráldica (por volta de 1200) como armas pessoais pelos reis Plantagenetas que governaram a Inglaterra a partir de 1154. 



Na mente popular, eles chegaram a simbolizar a nação da Inglaterra, embora, de acordo com o uso heráldico, as nações não portem armas, apenas pessoas e empresas. O brasão de armas Plantageneta é: Gules, três leões passantes guardiões, significando três leões de ouro idênticos com línguas e garras azuis, passando, mas de frente para o observador, dispostos em uma coluna sobre um fundo vermelho. 

Esse brasão evoluiu ao longo do tempo conforme novas alianças iam sendo feitas com a Escócia, Irlanda, ...,.

4.3 - Ordem da Jarreteira



símbolo da ordem da jarreteiraA Nobilíssima Ordem da Jarreteira, conhecida simplesmente como Ordem da Jarreteira, é uma ordem militar de cavalaria britânica, a mais antiga da Inglaterra e do sistema de honras britânico, fundada em 1348 criada por Eduardo III de Inglaterra, com a dedicação da imagem e das armas a São Jorge, patrono da Inglaterra  baseada nos nobres ideais da demanda ao santo Graal e da corte do rei Artur.


Por ser o mais antigo sistema de honras britânico, é visto como a mais importante comenda desde essa altura até aos dias de hoje. Supõe-se que tenha sido criada para destacar os esforços do reino e de aliados, para conquistar a Terra Santa e um "Império Cristão" nas subsequentes cruzadas, em uma época de ouro para os cavaleiros, a nobreza das guerras.

Os membros da ordem, destacam nobres e reis, são limitados ao Soberano, ao Príncipe de Gales e somente mais vinte e quatro membros ou companheiros, que também incluem cavaleiros e damas supranumerários (por exemplo, membros da família real e monarcas estrangeiros). Conceder a honra, é descrito como uma das poucas prerrogativas executivas remanescentes do monarca de caráter verdadeiramente pessoal.

O emblema da ordem, retratado na insígnia, é uma jarreteira com a escrita "Envergonhe-se quem nisto vê malícia", em letras douradas. Os membros da ordem recebem uma liga nas ocasiões cerimoniais.



5. - Referências


Wikipedia - Português / Inglês