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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Pintores portugueses - uma viagem de descobrimento.

I. - A Pintura portuguesa


Conhecemos detalhes da arquitetura manoelina, da literatura portuguesa de Camões a Fernando Pessoa, entretanto, particularmente pouco conhecíamos da pintura portuguesa ao longo dos séculos. Ao abordarmos a cultura de diversos países, decidimos explorar a arte da pintura portuguesa, começando por conhecer 5 (cinco) artistas portugueses e respetivas obras que se seguem. Notamos que os pintores mais conhecidos e suas obras são principalmente de 1850 em diante.


quadro mostrando agricultores portugueses sentados no chão a embraçar cebolas, que significa amarrá-las uas as outras fazendo uma espécie de corda
Embraçar cebolas, 1896, José Malhoa, coleção particular

II. Cinco pintores portugueses e amostragem de suas obras


O Gótico começa a florescer em Portugal a partir de fins do século XIV, através da importação de pinturas flamengas e de manuscritos iluminados franceses. Figura importante na evolução local da arte foi a do grande Jan van Eyck, que permanece no país por mais de um ano, fazendo escola na arte portuguesa junto com outros pintores conterrâneos seus.

Logo os pintores nativos dominam o estilo, que chega a uma culminação com Nuno Gonçalves, um dos primeiros pintores primitivos portugueses, a quem se atribui a autoria do célebre Políptico de São Vicente, do final do século XV, hoje no Museu Nacional de Arte Antiga. É a obra maior do gótico português, e um exemplo superior de todo o estilo.


II.1 - Nuno Gonçalves

Nuno Gonçalves foi um pintor português do século XV da corte do Rei Afonso V de Portugal. É-lhe atribuída a pintura dos Painéis de São Vicente de Fora. Os painéis retratam os principais elementos da sociedade portuguesa no século XV: clero, nobreza e povo.

Pouco se sabe sobre a sua vida. Não se conhecem as suas datas de nascimento ou morte, mas os documentos da época parecem indicar que esteve ativo entre 1450 e 1490. Está retratado, entre outras figuras históricas, no Padrão dos Descobrimentos em Belém, Lisboa.


quadro em forma de um políptico mostrando a corte portuguesa da época de 1470 a 1480, com foco no infante Dom Henrique
Polípitico de São Vicente de Fora, Nuno Gonçalves, 1470 a 1480, Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa



Os Painéis de São Vicente de Fora é um políptico, composto por 6 painéis, que se pensa que possa ter sido criado pelo pintor português Nuno Gonçalves. Foram descobertos em finais do século XIX (1882), no Paço Patriarcal de São Vicente de Fora em Lisboa. Na altura estimou-se que a obra teria sido executada entre 1470 e 1480. Trata-se de uma pintura a óleo e têmpera sobre madeira e encontra-se exposta no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa.


Constitui uma obra-prima da pintura portuguesa do século XV na qual, com um estilo bastante seco mas poderosamente realista, se retratam figuras proeminentes da corte portuguesa de então, incluindo o que se presume ser um auto-retrato, e se atravessa toda a sociedade, da nobreza e clero até ao povo. A única figura imediatamente identificada foi a do Infante D. Henrique.

II.2 - José Malhoa


José Vital Branco Malhoa, conhecido apenas como José Malhoa (1855 – 1933), foi um dos principais nomes da pintura naturalista portuguesa na segunda metade do século XIX. Com apenas 12 anos entrou para a escola da Real Academia de Belas-Artes de Lisboa. Em todos os anos ganhou o primeiro prémio, devido às suas enormes faculdades e qualidade artísticas.

Pintava frequentemente cenas e temas populares, como as suas duas obras mais conhecidas, Os Bêbados (1907) e Fado (1910). Embora Malhoa tivesse permanecido fiel ao estilo naturalista, em algumas das suas obras existem influências impressionistas.

Realizou inúmeras exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, designadamente em Madrid, Paris e Rio de Janeiro. Foi pioneiro do Naturalismo em Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão. Destacou-se também por ser um dos pintores portugueses que mais se aproximou da corrente artística Impressionista. Foi o primeiro presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes e foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Praia das Maçãs é um quadro do pintor português José Malhoa, criado em 1918, retratando a estância balnear do mesmo nome. Pintura a óleo sobre madeira, mede 69 cm de altura e 87 cm de largura. O quadro está no Museu do Chiado Lisboa.


bonito quadro de José Malhoa sobre um casal sentado em um restaurante rústico cuja parede já quebra no mar. Apesar do restaurante/bar ser de chão batido a moça está de vestido longo rosa e chapéu e o cavalheiro de paletó. Otelhado do restaurante é de palha e ao fundo se vêem as ondas do mar
Praia das Maçãs, José Malhoa, 1918, Museu do Chiado


À sombra da Parreira


quadro em que se vê uma senhora bordando em um local na frente de uma grande casa/fazenda colonial em uma sobra que deve ser de uma parreira. A senhora traja um vestido azul com bolinhas brancas..
À sombra da Parreira, José Malhoa, 1914, Museu Nacional Grão-Vasco


II.3. - Columbano Bordalo Pinheiro – Naturalismo



Influenciado por artistas como Manet e Edgar Degas durante o período em que viveu na França, Bordalo Pinheiro é conhecido por seus retratos. O artista retratou, com grande capacidade, Ramalho Ortigão, Teófilo Braga, Eça de Queirós e Antero de Quental.

Pintou as recepções do Palácio de São Bento e os Painéis dos Passos Perdidos. Foi também autor de várias obras para o Museu Militar de Lisboa.

Entre suas obras mais conhecidas estão “O grupo do leão”, “Chá das 5”, “Drama de Inês de Castro” e “O Velho do Restelo”.
O Grupo do Leão

O Grupo do Leão é uma pintura a óleo sobre tela do pintor naturalista português Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) datada de 1885 e conservada no Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa.

A pintura de grandes dimensões representa um grupo de artistas e escritores amigos e conhecidos que frequentavam havia cerca de uma década a cervejaria Leão de Ouro, localizada na rua 1º de Dezembro, em Lisboa, e daí o título da obra e a designação do próprio conjunto de intelectuais como o Grupo do Leão.


quadro retrata um grupo de amigos em uma mesa comprida na cervejaria Leão que frequentavam há cerca de dez anos
Grupo do Leão, Columbano, 1885, Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa


II.4 - José de Almada Negreiros


José de Almada Negreiros (1893-1970) foi um artista português fascinado pelas artes que iniciou a sua carreira artística muito cedo. Em 1913, com apenas 20 anos de idade, fez a sua primeira exposição individual com 90 desenhos. Mais tarde, veio a explorar outros formatos, como por exemplo a pintura, a tapeçaria, a gravura, murais, caricatura, mosaicos, azulejos e vitrais.
Almada Negreiros sempre se considerou um artista futurista influenciado pelos trabalhos do Pablo Picasso e Tommaso Marinetti. No entanto, o seu estilo englobou muito mais do que isso e os críticos de arte tiveram dificuldade em classificar o seu trabalho. Muitos dos seus quadros relatam pessoas no seu quotidiano, num trabalho que parece referenciar arte socialista. O artista apostou na cor e jogou com a distorção das figuras ao ponto de as tornar em formas abstratas.
Duplo Retrato
Decisiva para a sua evolução formal e temática foi a proximidade e posterior casamento com Sarah Afonso. Almada pintará Duplo Retrato, 1934-36, onde aparecem ambos
quadro futurista mostrando um homem e um mulher um pouco estilizados lembrando pinturas dePicasso
Duplo retrato, Almada Negreiros, 1934-1936,
Museu Calouste Gulbenkian


II.5 - Paula Rego

Paula Rego é uma artista plástica portuguesa conhecida pelos seus quadros e livros baseados em histórias. As suas memórias de infância em Portugal inspiram frequentemente os seus quadros, nomeadamente as histórias e as fábulas contadas pela tia e pela avó.

É fascinada pelo lado negro do comportamento humano e os seus quadros revelam muitas vezes narrativas perturbadoras de amor e crueldade, concentrando-se em vítimas de circunstâncias além do seu controlo. Desenha as suas próprias experiências, medos e motivações, e os seus temas são inevitável e frequentemente mulheres. Paula Rego estudou na Slade School of Fine Art, na Universidade de Londres, e foi membro expositor do London Group, juntamente com David Hockney e Frank Auerbach. Foi a primeira artista residente na Galeria Nacional de Londres.

The Dance - 1988

The Dance 1988 é uma grande pintura com oito figuras dançando em primeiro plano em uma praia iluminada pela lua. As figuras incluem um grupo de três mulheres de idades variadas movendo-se em círculo de mãos dadas, dois casais dançando (incluindo uma mulher que parece estar grávida) e uma mulher sozinha no lado esquerdo da composição. No fundo, no lado direito da pintura, há um penhasco grande, íngreme e escarpado, no topo da qual está uma imponente estrutura semelhante a uma fortaleza, representada em silhueta contra um céu azul profundo cheio de nuvens escuras e lua cheia. A obra tem uma qualidade de sonho, acentuada pelo ambiente noturno, pelas longas sombras projetadas pelas figuras e pelo uso incomum de escala de Rego, com a mulher sozinha parecendo ser muito maior do que as figuras a seu lado.


quadro com oito pessoas dançando em uma praia em uma noite com lua. As pessoas são pintadas em uma escala diferente parecendo pequenos bonecos. O quadro é azulado devido ao céu e â lua
The Dance, Paula Rego, 1988, Tate Modern

III. Reference


Google Arte e Cultura - Os pintores portugueses dque devem ser conhecidos


Wikipedia - Pinturas Portuguesas