I. - História do reino da Inglaterra - parte I
Os Primeiros povos (~450)
A Inglaterra é o território mais extenso e mais povoado do Reino Unido. Habitada por povos celtas desde o século X a.C., a Inglaterra foi colonizada pelos Romanos entre 43 d.C. e princípios do século V. A partir de então começou a invasão de uma série de povos germânicos (anglos, saxões e jutos) que foram expulsando os celtas, parcialmente romanizados, até Gales, Escócia, Cornualha e a Bretanha francesa.
Os Celtas, desenho, autor desconhecido |
Os Anglo Saxões (450 a 1066)
Os anglo-saxões foram um povo que habitou a Grã-Bretanha a partir do século V. Eles compreendem um povo formado de tribos germânicas que migraram para a ilha a partir da Europa continental, seus descendentes (anglos, frísios, jutos e saxões) e grupos celtas britânicos (bretões) que adotaram alguns aspectos da cultura e língua anglo-saxônica. Historicamente, o período anglo-saxão denota o período na Grã-Bretanha entre cerca de 450 e 1066, após o seu assentamento inicial e até a conquista normanda.
Até as invasões dos vikings, o poder era constituído praticamento por sete reinos principais, Nortúmbria, Mércia, Kent, Ânglia Oriental, Essex, Sussex e Wessex, que eram as principais organizações políticas do sul da Grã-Bretanha.
Até as invasões dos vikings, o poder era constituído praticamento por sete reinos principais, Nortúmbria, Mércia, Kent, Ânglia Oriental, Essex, Sussex e Wessex, que eram as principais organizações políticas do sul da Grã-Bretanha.
Cristianização da Inglaterra
A cristianização da Inglaterra anglo-saxã começou por volta do ano 600, influenciada pelo cristianismo céltico a partir do noroeste e da Igreja Católica Romana a partir do sudeste.
Agostinho, o primeiro Arcebispo de Cantuária, assumiu o cargo em 597. No ano de 601, ele batizou o primeiro rei anglo-saxão cristão, Etelberto de Kent. O último rei anglo-saxão pagão, Penda de Mércia, morreu em 655. O último rei juto pagão, Arvaldo da Ilha de Wight, foi assassinado em 686.
A missão anglo-saxã no continente decolou no século VIII, levando à cristianização de praticamente todo o Reino Franco por volta do ano 800.
Unificação da Inglaterra (dinastia Wessex)
Wesex era o reino anglo-saxão dominante no século IX, e Alfredo adotou o título de "Rei dos Ingleses e Saxões".
Etelstano |
Com a morte de Etelredo, sua esposa Etelfleda, irmã de Eduardo, governou como "Senhora dos Mercianos" e continuou com a expansão. Parece que Eduardo teve seu filho Etelstano criado na corte da Mércia, e com a morte de Eduardo, Etelstano o sucedeu no reino de Mércia e, depois de algumas incertezas, em Wessex.
Etelstano continuou a expansão de seu pai e sua tia, conquistou Nortúmbria, e foi o primeiro rei a alcançar, em 927, regência direta do que nós consideramos hoje a Inglaterra.
Nessa época Winchester, tornou-se a primeira capital da Inglaterra.
Conquista Normanda da Inglaterra (século XI)
A Conquista normanda da Inglaterra foi a invasão e ocupação do Reino da Inglaterra no século XI por um exército normando, bretão e francês liderado pelo duque Guilherme II da Normandia, mais tarde Guilherme, o Conquistador.
A reivindicação de Guilherme ao trono inglês vinha de sua relação familiar com o rei anglo-saxão Eduardo, o Confessor, que não tinha filhos. Eduardo morreu em janeiro de 1066 e foi sucedido pelo cunhado Haroldo Godwinson.
Com a morte de Eduardo, assumiu o trono seu cunhado Haroldo, mas Guilherme que era seu primo reivindicou o trono para si.
Com a morte de Eduardo, assumiu o trono seu cunhado Haroldo, mas Guilherme que era seu primo reivindicou o trono para si.
Guilherme desembarcou na Inglaterra em 28 de setembro de 1066. Haroldo II foi para o sul a fim de enfrentá-lo, deixando uma boa parte de seu exército no norte. Os exércitos de Haroldo e Guilherme se encontraram no dia 14 de outubro na Batalha de Hastings; as forças de Guilherme derrotaram as de Haroldo, que morreu na batalha.
Apesar de seus principais rivais terem sido mortos, Guilherme mesmo assim enfrentou rebeliões nos anos seguintes e apenas assegurou completamente o trono em 1072.
II. - A Inglaterra dos Normandos aos Plantagenetas
Controle das terras
Uma vez conquistada a Inglaterra, os normandos enfrentaram muitos desafios para manter o controle. Eles estavam em número reduzido em comparação com a população nativa inglesa; incluindo os de outras partes da França, os historiadores estimam que o número de colonos normandos era de cerca de 8 000.
Torre Londres iniciada por Guilherme I |
Os seguidores do rei esperavam e receberam terras e títulos em troca de seus serviços na invasão, mas Guilherme reivindicou a posse definitiva das terras na Inglaterra sobre as quais os seus exércitos tinham lhe dado de fato o controle, e garantiu o direito de dispor delas como bem entendesse. Daí em diante, todas as terras foram "mantidas" diretamente pelo rei em posse feudal, em troca de serviço militar.
Sistemas de Governo no Século XI
Antes que os normandos chegassem, sistemas de governo anglo-saxões eram mais sofisticados do que seus correspondentes na Normandia. Toda a Inglaterra era dividida em unidades administrativas chamadas condados (shires), com subdivisões.
A corte real era o centro do governo e as cortes reais existiam para garantir os direitos dos homens livres. Condados eram governados por funcionários conhecidos como supervisores ou xerifes. A maioria dos governos medievais estava sempre em movimento, mantendo a corte onde o clima e a comida ou outros assuntos estivessem melhores no momento.
Catedral de Winchester, construída entre 1079 e 1100, foto de Andreea Dragomir em shutterstock.com |
A Inglaterra tinha um tesouro permanente em Winchester antes da conquista de Guilherme. Uma das principais razões para a força da monarquia inglesa era a riqueza do reino, construída sobre o sistema inglês de tributação, que incluía um imposto a proprietários de terras. A cunhagem inglesa também era superior à maioria das outras moedas em uso no noroeste da Europa, e a capacidade de cunhar moedas era um monopólio real.
Os Primeiros soberanos normandos
Henrique I (r. 1100–1135), filho de Guilherme I, deu continuidade à política de integração. Durante o desastroso reinado de seu sucessor Estevão I, sobrinho do rei Henrique I, (r. 1135–1154), os barões feudais ganharam poder, instalou-se uma guerra civil e houve incursões galesas e escocesas.
Fim dos Normandos com Estevão de Blois
Fim dos Normandos com Estevão de Blois
ruínas do castelo de winchester |
Início da dinastia Plantageneta
Ricardo Coração de Leão |
Henrique II tinha casado com Leonor da Aquitânia, que era um ducado independente na França, mas que daí em diante passou a fazer parte do Reino da Inglaterra.
Ricardo I cresceu e foi educado na Aquitânia, indo para a Inglaterra apenas para a sua coroação em 1189. Ricardo logo partiu para a terceira cruzada e quando retornou passou pouco na Inglaterra e foi para o continente cuidar das suas posses que estavam ameaçadas na fronteira com a França (ducado de Aquitânia e condado de Anjou). Ricardo morreu em combate no continente e está sepultado na Abadia de Fontevraud em Anjou.
Com a morte de Ricardo I, seu irmão João Sem Terra sucedeu-o. João perdeu a Normandia e outros territórios no continente para Filipe da França, como o condado de Anjou, além de hostilizar a nobreza feudal e a Igreja de tal maneira que estes, em 1215, revoltaram-se contra o rei e forçaram-no a assinar a Magna Carta, que impunha limites ao poder real.
III. - Magna Carta
Magna Carta é a forma reduzida do título, em latim, da Magna Charta Libertatum, seu Concordiam inter regem Johannen at barones pro concessione libertatum ecclesiae et regni angliae (Grande Carta das liberdades, ou concórdia entre o rei João e os barões para a outorga das liberdades da Igreja e do rei Inglês), um documento de 1215 que limitou o poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente o do rei João, que o assinou, impedindo assim o exercício do poder absoluto.
João sem Terra assina a Magna Carta |
Considera-se a Magna Carta o primeiro capítulo de um longo processo histórico que levaria ao surgimento do constitucionalismo.
O Início do Parlamento Formal
A Carta prometia a proteção dos direitos da igreja, proteção contra prisão ilegal, acesso à justiça rápida e, mais importante, limitações de impostos e outros pagamentos feudais à Coroa, pois exigia que os nobres concordassem com instituição de novos impostos. Apesar de ter maior ênfase nos direitos dos nobres, também concedia direitos aos servos, nos artigos 16, 20 e 28.
Para que a Carta não fosse ignorada, a cláusula 61 previa a instituição de um conselho de 25 nobres que teriam como função monitorar e garantir a adesão do Rei à Carta.
Câmara dos Lordes e Câmara dos Comuns
Em 13 de novembro de 1295, Eduardo II deu posse a um parlamento unicameral com 49 representantes da alta nobreza e alto clero, que, futuramente corresponderia à Câmara dos Lordes, e 292 representantes da baixa nobreza (cavaleiros) e comerciantes (burgueses), que, futuramente, corresponderia à Câmara dos Comuns. Esse parlamento também podia analisar queixas dirigidas ao rei e cobrar providências relativas as tais queixas, como contrapartida para a aprovação de aumento de tributos.
Westminster Hall
O edifício original do Palácio de Westminster foi mandado construir por Eduardo, o Confessor (c. 1004 - 1066), e posteriormente ampliado por Guilherme I, o Conquistador (1027 - 1087). O Westminster Hall, foi uma das poucas coisas do parlamento construído em 1097 que não foi destruída no incêndio de 1834. |
westminster hall, londres, foto de Gimas em shutterstock.com |
Entre 1215 e o final do Século XV, diferentes monarcas ingleses se comprometeram a cumprir a Carta, totalizando dezenas de atos de compromisso
IV. - Eduardo I e a Conquista do País de Gales (1277 a 1283)
A Conquista de Gales por Eduardo I da Inglaterra, foi uma guerra que aconteceu entre o Reino da Inglaterra e o País de Gales entre 1277 e 1283. Terminou como uma vitória inglesa e a submissão dos galeses.
No século XIII, Gales estava dividida entre diversos principados com senhorios nativos e os territórios dos lordes anglo-normandos, leais a Inglaterra. Entre as principalidades galeses, a maior era o Reino de Gwynedd, cujos líderes governavam boa parte do país, com o título de Príncipe de Gales (Tywysog Cymru).
Nos séculos anteriores, os ingleses já haviam feito várias tentativas de dominar o país vizinho, com graus variados de sucesso e muitos fracassos, mas foi apenas com a ofensiva de Eduardo I, entre 1277 e 1283, que submeteu o príncipe Llywelyn ap Gruffudd ("Llywelyn, o Último"), que o domínio da Inglaterra sobre o País de Gales foi completo e duradouro.
O território conquistado e seus líderes passaram a ser diretamente vassalos do trono inglês, e, com o passar dos anos, Gales se tornou, por costume, o dote territorial do herdeiro da Coroa Inglesa, que usaria oficialmente o título de Príncipe de Gales (Prince of Wales), outorgado pela primeira vez por Eduardo I ao seu filho mais velho, Eduardo de Caernarfon.
Eduardo I
Eduardo I
Eduardo assumiu a cruz das cruzadas em 24 de junho de 1268 durante uma elaborada cerimônia junto de Henrique de Almain e seu irmão Edmundo. Em 1272, em 24 de setembro, quando se dirigia do Acre para a Sicília, ele recebeu a notícia da morte de seu pai. Eduardo I assumiu a coroa ao chegar a Inglaterra em agosto de 1274.
A guerra contra o país de gales começou porque Llywelyn recusou-se a prestar homenagem a Eduardo por causa das hostilidades e o fato do rei estar abrigando seus inimigos. Uma nova provocação contra Eduardo veio quando o príncipe planejou se casar com Leonor, filha de Simão de Montfort
Ao final da guerra, Eduardo deu várias terras em Gales para lordes ingleses que o apoiaram na conquista, promovendo também a colonização da região por cidadãos comuns ingleses. O território só foi formalmente anexado ao Reino da Inglaterra através dos Atos das Leis em Gales de 1535-1542, que marcou oficialmente o fim da independência galesa.
Foi iniciado também um grande projeto de construção de castelos sob a direção do mestre Jaime de São Jorge, um arquiteto prestigiado que Eduardo havia conhecido em Saboia durante sua volta das cruzadas. Isso incluía os castelos de Beaumaris, Caernarfon, Conwy e Harlech, que serviam tanto como fortalezas quanto palácios reais.
Foi iniciado também um grande projeto de construção de castelos sob a direção do mestre Jaime de São Jorge, um arquiteto prestigiado que Eduardo havia conhecido em Saboia durante sua volta das cruzadas. Isso incluía os castelos de Beaumaris, Caernarfon, Conwy e Harlech, que serviam tanto como fortalezas quanto palácios reais.
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A língua galesa - derivada da língua britânica, continuou sendo falada pela maioria da população do País de Gales por pelo menos mais 500 anos, e ainda é a língua majoritária em algumas partes do país.
Eduardo, Rei Artur e a Távola Redonda
Eduardo tinha fama de um temperamento feroz e intimidador. Entretanto ele era considerado como um rei capaz e até mesmo ideal. Apesar de não ser amado por seus súditos, ele era temido e respeitado. Ele se encaixava nas expectativas contemporâneas em seu papel de soldado capaz e determinado, encorporando os ideais de cavalaria. Sua observação dos ritos religiosos também cumpriam as expectativas da época: ele ia regularmente a igreja e dava esmolas generosas.
Távola Redonda no castelo de Winchester |
Eduardo era muito interessado na histórias sobre o Rei Artur, que eram bem populares na Europa durante seu reinado. Ele visitou a Abadia de Glastonbury em 1278 para abrir uma tumba que se acreditava pertencer a Artur e Genebra, recuperando a "coroa de Artur" de Llywelyn após a conquista do Norte de Gales, enquanto seus castelos eram inspirados no mito arturiano em seu desenho e local.
Eduardo criou uma T"ávola Redonda" no castelo de Wincheste e realizou eventos típicos da história em 1284 e 1302, envolvendo torneios e banquetes, com os crônicos comparando ele e seus eventos da corte a Artur.
V. - Referências
Wikipedia - Historia da Inglaterra, Conquista Normanda, Batalha de Hastings, Magna Carta