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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A História do Reino da Inglaterra, parte IV - Dinastia Stuart, guerra civil, revolução gloriosa

 I. - A Sucessão de Elizabeth I (1603)


Elizabeth l I morreu sem descendentes em 1603, sendo sucedida por seu primo, o rei Jaime VI da Escócia. A partir de então, a casa de Stuart reinou na Inglaterra em uma união pessoal com a Escócia e Irlanda, conhecida como União das Coroas, sucedendo a dinastia Tudor. 

quadro da rainha Elizabeth I
Elizabeth I
Uma longa disputa com Maria Stuart da Escócia, pela sucessão do trono da Inglaterra, havia atormentado todo o reinado de Elizabeth I. 
Em 1571, um plano para colocar Maria Stuart no trono, com apoio da Espanha, para restaurar o catolicismo, foi descoberto e seus idealizadores executados. Uma nova conspiração católica contra Isabel (Elizabeth I) que pretendia assassinar a rainha e coroar Maria Stuart foi descoberta em 1586 e terminou com a execução da prima de Elizabeth.

Maria Stuart viveu a maior parte da sua infância na França, enquanto a Escócia era governada por regentes. Posteriormente casou-se com  Francisco II que tornou-se rei da França mas morreu com um ano de reinado. Por isso a Escócia era uma ameaça constante para a Inglaterra, por causa da simpatia com a França e com a continuação do catolicismo, que fazia frente ao protestantismo da religião inglesa.

Maria Stuart


Após sua volta para a Escócia em agosto de 1561, Maria Stuart casou-se quatro anos depois com seu primo Henrique Stuart, Lorde Darnley, porém a união era infeliz. A sua residência foi destruída em fevereiro de 1567 numa explosão, com Henrique sendo encontrado morto no jardim.

Quadro de Maria Stuart  rainha da Escócia
Maria Stuart, rainha da Escócia

Acreditava-se que Jaime Hepburn, 4º Conde de Bothwell, havia orquestrado a morte de Henrique Stuart, porém ele foi absolvido das acusações em abril de 1567 e casou-se com Maria no mês seguinte. Após um levante contra o casal, ela foi aprisionada no Castelo de Lochleven. 

Maria foi forçada a abdicar em 24 de julho em favor de seu filho com Henrique, Jaime, até então com apenas um ano de idade. Depois de uma tentativa mal-sucedida de reconquistar o trono, ela fugiu procurando a proteção de sua prima, a rainha Isabel I de Inglaterra

Maria anteriormente havia reivindicado o trono de Isabel para si mesma, e foi considerada como a legítima soberana da Inglaterra por católicos ingleses, incluindo os participantes da rebelião conhecida como Rebelião do Norte. Vendo-a como uma ameaça, Isabel a aprisionou em vários castelos e mansões no interior do país. Depois de dezoito anos e meio, Maria foi condenada por tramar o assassinato de Isabel, sendo decapitada em 1587 aos 44 anos de idade.

Filme sobre o período: Duas Rainhas (Mary Stuart, Queen of Scots)

Estrelando: 
  • Saoirse Ronan como Mary I, rainha da Escócia e prima de Elizabeth I.
  • Margot Robbie como Elizabeth I, rainha da Inglaterra e da Irlanda e prima de Mary. 




II. - A dinastia Stuart (1603 a 1649) e (1660 a 1689)


Jaime I (1603 a 1625)


Jaime I assumiu o trono a partir de 1603 até a sua morte em 1625. Ele já havia assumido o reino da Escócia em 1583. Os dois reinos eram estados soberanos individuais, cada um com seu próprio parlamento, sistema judiciário e leis, governados por Jaime em união pessoal, no período conhecido como Era jacobita, em sua homenagem. 

quadro do Rei Jaime VI da Escócia e  Jaime I da Inglaterra
Jaime VI da Escócia e I da Inglaterra

Após a União das Coroas, ele passou a viver na Inglaterra, voltando para a Escócia apenas em 1617 e se intitulando "Rei da Grã-Bretanha e Irlanda". Jaime foi um grande defensor de um parlamento único para a Inglaterra e Escócia. Durante seu reinado, começaram o Plantation de Ulster e a colonização britânica da América.


emblema heráldico de Jaime I com a rosa de Tudor cortada e montada com outra metade do cardo escocê e encimado pela coroa

A União das Coroas foi simbolizada no emblema heráldico de Jaime I, com a rosa de Tudor cortada na metade pelo cardo escocês e encimados pela coroa.

Os Stuarts após Jaime I


Sob os Stuarts, o reino acabou mergulhando em um guerra civil, que culminou na execução de Carlos I em 1649.  A monarquia retornou em 1660 após uma breve república, mas a guerra civil estabeleceu que um monarca inglês não podia governar sem o consentimento do parlamento, embora esta concepção tenha ganho estabilidade apenas como parte da Revolução Gloriosa em 1688. A partir deste momento o Reino da Inglaterra, bem como os seus estados sucessores, funcionou efetivamente como uma monarquia constitucional. 

A revolução assegurou que para alguém poder suceder ao trono não poderia ser católico romano, lei que prevalece até hoje. Em maio de 1707, a rainha Ana assinou o tratado de união, unindo os reinos da Inglaterra e Escócia, formando o Reino da Grã-Bretanha, ainda em união pessoal com a Irlanda.

Carlos I - O litigante (1625 a 1649)


Carlos I foi o Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1625 até sua execução. Era o segundo filho do rei Jaime VI da Escócia e sua esposa Ana da Dinamarca; Ele se tornou herdeiro aparente, quando seu irmão Henrique Frederico morreu. 

quadro do Rei Carlos I, o briguento
Rei Charles I
Depois de sua sucessão, Carlos começou uma luta pelo poder contra o parlamento inglês, tentando obter aumento de orçamento e receita, enquanto o parlamento tentava restringir sua prerrogativa real. Ele acreditava no direito divino dos reis e achou que podia governar de acordo com sua consciência. 

Muitos de seus súditos eram contra suas políticas, particularmente suas interferências nas igrejas inglesa e escocesa e o aumento de impostos sem o consentimento parlamentar, vendo suas ações como de um monarca absoluto tirano.

As políticas religiosas de Carlos, junto com seu casamento com uma católica, geraram antipatia e desconfiança entre grupos reformistas como os puritanos e calvinistas, que o viam como muito católico. 

A partir de 1641, Carlos lutou contra as forças dos dois parlamentos na Guerra Civil Inglesa. Depois de ser derrotado em 1645, ele se entregou para forças escocesas que o entregaram para o parlamento inglês. 

Carlos se recusou a aceitar as exigências de uma monarquia constitucional protestante e temporariamente fugiu em novembro de 1647. Recapturado na Ilha de Wight, ele criou uma aliança com a Escócia, porém o Exército Novo de Oliver Cromwell consolidou seu controle da Inglaterra no final de 1648. 

Carlos foi julgado, condenado e executado por traição em janeiro de 1649. A monarquia foi abolida e uma república foi declarada. O Interregnum inglês terminou em 1660 e a monarquia foi restaurada com seu filho Carlos II.


III. - Guerra Civil Inglesa (1642 a 1649) 


A Guerra Civil Inglesa, que aconteceu durante a Revolução Inglesa, foi uma guerra civil entre os partidários do rei Carlos I da Inglaterra e do Parlamento, liderado por Oliver Cromwell. Começou em 1642 e acabou com a condenação à morte de Carlos I, em 1649.

quadro de batalha da guerra civil inglesa

Antes da guerra civil, o parlamento não era um órgão permanente da política inglesa, mas uma assembleia temporária e aconselhadora. O monarca inglês podia ordenar a sua dissolução. O parlamento era composto por representantes da pequena nobreza e tinha o cargo de recolher os impostos e taxas do rei. O rei recebia os avisos do parlamento por intermédio dos chamados Bill of Rights (Declaração de Direitos), todavia o rei não tinha obrigação de segui-los.

Antes da revolução, o poder do rei era absolutista, uma vez que contestá-lo era um sacrilégio. Depois da revolução, o poder do rei se viu reduzido, onde o rei existe e reina, mas não governa, quem governa é o Primeiro-Ministro, através do parlamento.

quadro com o cavaleiro ferido
The wounded cavalier (o cavaleiro ferido), William Shakeaspeare Burton, 1855


Durante uma década, Carlos I da Inglaterra reinou sem parlamento. Essa política revelou-se desastrosa, particularmente quando foi declarada a Guerra dos bispos entre 1639 e 1640 contra os escoceses.

No início do conflito, a Marinha Real Britânica e a maioria das cidades inglesas apoiaram o parlamento, o rei encontrou partidários nas zonas rurais; porém, a maior parte do país se encontrava neutra. Cada adversário conseguiu juntar 15 mil homens. Os defensores do rei combateram para uma Igreja e um poder tradicional. Os partidários do Parlamento defenderam reformas na religião, na política econômica e na repartição dos poderes.

O parlamento tinha a vantagem de ter ao seu lado as grandes cidades que abrigavam grandes arsenais como Londres e Kingston upon Hull. A primeira batalha foi uma vitória do parlamento em Hull em julho. Em seguida a batalha de Edgehill foi vencida pelos partidários do rei em 23 de outubro de 1642. 

Derrotado em Turnham Green, Carlos I fugiu para Oxford, sua principal base para o resto da guerra. Em 1643, os monarquistas venceram as batalhas de Adwalton Moor, Lansdowne, Roundway Down e controlaram Yorkshire e Bristol. Entretanto, Oliver Cromwell criou os "Ironsides", que permitiram a vitória em Gainsborough em Julho.

Filme sobre o período: Morte ao Rei (To kill a king)

A Inglaterra está em ruínas. A Guerra Civil Inglesa que dividia o país terminara. Os puritanos derrubaram o rei Carlos 1º. Surgem dois heróis após a guerra: Lorde General Thomas Fairfaix e o sub-General Oliver Cromwell. A missão de ambos é unir e reformar o país.

Atores: Tim Roth (Oliver Cromwell) e Rupert Everett (rei Carlos I).




IV. Antecedentes (governo pelo parlamento 1649 a 1653)



Antes da criação do Protectorado, a Inglaterra (e posteriormente a Escócia e a Irlanda) tinha sido governada directamente pelo Parlamento desde a instauração da Commonwealth da Inglaterra em 1649, após o início das hostilidade que desencadearam a Guerra civil inglesa. Em abril de 1653, o Rump Parliament (em português, 'parlamento manco') foi dissolvido à força, pelo exército de Oliver Cromwell, impulsionado pela percepção da ineficácia do governo e falta de soluções para vários problemas


V. - Oliver Cromwell e o período do "Protetorado" (1653 a 1660)



quadro com busto de Oliver  Cromwell
Oliver Cromwell, foi um militar e líder político inglês e, mais tarde, Lorde Protetor. Nasceu no seio da nobreza rural, os primeiros quarenta anos da sua vida são pouco conhecidos. Após passar por uma conversão religiosa na década de 1630, Cromwell tornou-se um puritano independente, assumindo uma posição, no geral, tolerante, face aos protestantes do seu tempo. Um homem intensamente religioso - auto-denominado de Moisés puritano — ele acreditava profundamente que Deus era o seu guia nas suas vitórias.

Cromwell foi eleito membro do parlamento pelo círculo eleitoral de Huntingdon em 1628, e por Cambridge, no Pequeno (1640) e Longo Parlamentos (1640–49). Participou na Guerra civil inglesa, ao lado dos Parlamentaristas. Chamado de "Old Ironsides", foi rapidamente promovido da liderança de uma simples tropa de cavalaria para um dos comandantes principais do New Model Army, onde desempenhou um papel de destaque na derrota das forças realistas. 

Foi um dos signatários da sentença de morte do rei Carlos I em 1649, e, como membro do Rump Parliament (1649–53), dominou a Comunidade da Inglaterra. Foi escolhido para assumir o comando da campanha inglesa na Irlanda durante 1649–50. As suas forças derrotaram a coligação entre os Confederados e os Realistas, e ocuparam o país – terminando, assim, com as Guerras confederadas irlandesas. 

Protetorado de Oliver Cromwell (1653 a 1659)


Na história da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, dá-se o nome de Protetorado ou Ditadura Cromwell ou, ainda, República Puritana ao período de 1653 a 1659, quando o governo da Comunidade da Inglaterra (que incluía também a Escócia e a Irlanda) foi exercido por um Lorde Protetor.

Nomeação


Depois da dissolução, o general John Lambert apresentou uma nova constituição conhecida como Instrumento de Governo. Essa constituição nomeava Cromwell como Lorde Protetor vitalício, sendo "a cabeça da magistratura e da administração de governo". Através desse cargo tinha o poder de convocatória e de dissolução dos parlamentos, mas a obrigação, no respeito da constituição, de procurar obter o voto da maioria do Conselho de Estado.

Por não concordar com um projecto de lei elaborado pelo Parlamento, Cromwell dissolve-o em 22 de janeiro de 1655. Depois de um levante dirigido por John Penruddock, um monarquista, Cromwell (influenciado por Lambert) divide a Inglaterra em distritos governados por militares, os quais foram designados por ele próprio. Os generais não apenas supervisionavam as forças das milícias e a segurança mas também recolhiam os impostos que garantiam o governo da nação.

Política Externa


Durante este período, Cromwell consegue finalizar a Primeira Guerra Anglo-holandesa, que tinha começado no ano de 1652, contra a República das Sete Províncias Unidas graças ao esforço empreendido pelo almirante Robert Blake em 1654. Graças a esta vitória, o comércio inglês consegue derrotar o holandês e os britânicos convertem-se nos seus líderes mundiais

Estando consciente da ajuda prestada pela comunidade judaica acedeu a dar maior tolerância para o culto privado do judaísmo e permitiu o regresso dos judeus 350 anos depois da expulsão decretada por Eduardo I de Inglaterra.


Protetor ou Rei ?


Oliver Cromwell no papel de Lorde Protetor converte-se na prática em "rei de uma república" segundo os historiadores atuais, sendo realmente um governo próximo de uma ditadura.

Em 1657, foi oferecida a Cromwell a coroa real pelo Parlamento como parte de um acordo de revisão constitucional, o que lhe colocou um dilema, já que ele fora "instrumental" na abolição da monarquia. Cromwell hesitou durante seis semanas em relação a esta "oferta". Era atraído pela estabilidade que esta solução traria, mas num discurso datado de 13 de Abril de 1657 foi claro a referir que a providência divina falara contra o cargo de rei: «Não procurarei tomar o que a Providência destruiu e deixou em pó, e não reconstruirei Jericó de novo».

Cromwell faleceu em 1658 acometido de malária e cálculo renal: "m ataque repentino das febres provocadas pela malária, seguido imediatamente por um ataque com sintomas próprios de "stones". Depois da sua morte, em 3 de Setembro de 1658 (no aniversário das suas grandes vitórias em Dunbar e Worcester), foi sucedido pelo seu filho Richard Cromwell, mas este não conseguiu manter-se com o controlo absoluto do poder para estabilizar o país, abdicando em Maio de 1659.

Richard Cromwell (1659 a 1660)


Filho de Oliver Cromwell, sucede o pai, como Lorde Protetor da Inglaterra enquanto República. Mas Richard Cromwell não era um líder hábil como seu pai, não tinha a confiança do exército e não conseguiu se manter no poder por mais que dezessete ou dezoito meses. 

Um novo Parlamento, eleito (em 1660), decide  pela restauração da monarquia dos Stuarts

Filme sobre o período: Cromwell

No filme de Ken Hughes, Cromwell é personificado por Richard Harris e Sir Alec Guinness interpreta o rei Jaime.




VI. - Restauração (1660 a 1688)



A Restauração da monarquia inglesa teve seu início em 1660 quando as monarquias inglesa, escocesa e irlandesa foram todas restauradas sob o domínio de Carlos II, após o interregno inglês que se seguiu à Guerra Civil Inglesa.

Após a morte de Oliver Cromwell, o seu filho Richard Cromwell assumiu a função de lorde  protetor, mas ele não tinha as mesmas habilidades políticas do pai e o respaldo para conduzir o governo e porisso caiu após dezoito meses na chefia do governo.

A Restauração da monarquia Stuart nos reinos da Inglaterra, Escócia e Irlanda ocorreu em 1660, quando Carlos, filho mais velho de Carlos I (executado durante a Revolução Inglesa), retornou de seu exílio na França, após receber um convite do Parlamento Inglês para assumir o trono

O termo Restauração é utilizado para definir os anos em que Carlos II (de 1660 a 1685) e seu irmão Jaime II (de 1685 a 1688) reinaram. 

Carlos II (1660 a 1685)


Em 29 de maio de 1660, no seu aniversário de trinta anos, Carlos II foi recebido em Londres com grande aclamação pública. Depois disso, todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido seu pai em 1649.

quadro com pintura de Charles II
Charles II
O parlamento inglês aprovou leis conhecidas como o Código Clarendon, criado para fortalecer a posição da restabelecida Igreja Anglicana. Ele concordou com o código, mesmo sendo a favor de uma política de tolerância religiosa.

Em 1679, as revelações de Tito Oates sobre um suposto "Complô Papista" iniciaram a Crise da Exclusão quando se descobriu que o irmão do rei, Jaime, Duque de Iorque e Albany, era um católico. 

Carlos II se aliou aos Tories e, após a descoberta de uma conspiração para matá-lo junto com o irmão em 1683, alguns líderes Whigs foram mortos ou exilados. Carlos II dissolveu o parlamento em 1681, reinando sozinho até morrer em 1685

Não teve nenhum filho com sua esposa Catarina de Bragança, apesar de ter reconhecido vários ilegítimos, sendo assim sucedido por seu irmão Jaime.

Obs: Tory ou tóri é um antigo partido de tendência conservadora do Reino Unido, que reunia a aristocracia britânica. No princípio, tinha conotações depreciativas, já que procede da palavra irlandesa thairide ou tóraighe, que significava bandoleiro.


Jaime II (1685 a 1689)


O catolicismo de Jaime foi descoberto em 1678 e ele foi forçado a fugir do país depois da resultante onda de histeria anticatólica, porém sua imagem foi restaurada alguns anos depois com a revelação de uma conspiração para assassinar ele o rei.

quadro com pintura de Jaime II
Carlos nunca teve filhos legítimos e assim Jaime ascendeu ao trono após a morte do irmão. No entanto, membros da elite política e religiosa anglicana suspeitavam cada vez mais que Jaime era pró-francês e pró-católico e também tramava se tornar um monarca absoluto.

Essa tensão fez o reinado de quatro anos de Jaime uma disputa pela supremacia entre o parlamento e a coroa, resultando na sua deposição, na aprovação da Declaração de Direitos de 1689 e a posterior sucessão hanoveriana.


As tensões explodiram com o nascimento de seu herdeiro católico Jaime Francisco Eduardo e vários nobres convidaram seu genro e sobrinho protestante Guilherme III, Príncipe de Orange, para invadir a Inglaterra com um exército. 

Guilherme era filho de Maria I, Princesa Real, filha do rei Carlos I da Inglaterra e irmã de Jaime II. Maria II era filha de Jaime II e prima de Guilherme de Orange, os dois se casaram em 1677.



VII. - Revolução Gloriosa (1688 e 1689) e Declaração de Direitos (1689)


O período da Restauração teve fim com a invasão do holandês Guilherme de Orange (vale do ródano, sul da frança), que iniciou a chamada Revolução Gloriosa, a convite de líderes do Parlamento. Maria, filha de Jaime II, assume o trono e se casa com Guilherme, dando continuidade à Dinastia, entretanto, com um novo sistema de governo.

Guilherme III preparou uma invasão, desembarcando no oeste do país com seu exército no mesmo ano, mas não encontrou muita resistência, uma vez que houve muita deserção no exército de Jaime II.

quadro mostrando o embarque do Príncipe Guilherme em navio com destino À Inglaterrs
Embarque do Príncipe Guilherme 

Jaime II respondeu a situação voltando atrás em suas ações, alegando que os católicos continuariam a ser impedidos de terem uma cadeira na Câmara dos Comuns, colocando um protestante no comando da frota. Também anulou todos os alvarás feitos desde 1679, aboliu a Comissão eclesiástica e alguns tenentes-mor papistas foram tirados de seus postos. Entretanto, era tarde demais.

Declaração de Direitos



Por receio de um aumento no poder do rei, o Parlamento fez um conjunto de demandas que o limitava. Maria II e Guilherme III, antes de serem coroados tiveram que aceitar a Declaração para que o Parlamento os apoiassem, importante fator para um monarca recém coroado na Inglaterra. Os dois foram declarados monarcas conjuntos em abril de 1689.

Anexada ao atualmente conhecido como Bill of Rights, um Ato do Parlamento, a Declaração de Direitos não só limitou os poderes do monarca, mas também determinou certas leis civis, liberdade de expressão e especifica o funcionamento do Parlamento, e o sucessor da Coroa Britânica.

desenho antigo mostrando o parlamento inglês antes do incendio de 1834
Casa do Parlamento, antes do incêndio de 1834

A Declaração de Direitos assegurava antigos direitos, como a supremacia do Parlamento ilustrada nas Dezenove Proposições de 1942, mas trata-se de um documento radical, pois reconfigurava a monarquia inglesa.

Síntese

O Ato afirmou "certos antigos direitos e liberdades" declarando:

  • o poder de suspender e alterar leis sem consentimento com o Parlamento é suspenso, sendo considerado ilegal;
  • aumentar impostos sem consentimento do Parlamento é ilegal;
  • manter um exército em tempos de paz, sem o consentimento do Parlamento é considerado ilegal;
  • os protestantes devem ter direito à arma para sua proteção;
  • as eleições do Parlamento devem ser livres;
  • o debate e a liberdade de expressão no Parlamento não devem ser impedidos ou questionados, mesmo fora do Parlamento;
  • para preservação das leis, manutenção do poder do Parlamento e resolução de queixas, seções do Parlamento devem ser frequentes.
quadro mostra o Príncipe Guilherme aceitando a declaração de direitos
Princípe Guilherme aceitando a declaração de direitos



VIII - Guilherme de Orange e Maria II (1689 a 1702)


Guilherme de Orange era o Príncipe de Orange e "estatuder" (cargo político com funções executivas) da Holanda, Zelândia, Utreque, Guéldria e Overissel da República dos Países Baixos.

Guilherme e Maria foram coroados na Abadia de Westminster em 11 de abril de 1689 por Henrique Compton, Bispo de Londres. Normalmente, a coroação é realizada pelo Arcebispo da Cantuária, porém o arcebispo da época Guilherme Sancroft se recusou a aceitar a remoção de Jaime. 

quadro mostrando Guilherme de Orange e Maria coroados como reis da Inglaterra e Escócia. O quadro mostra os dois arrodeados de anjos
Guilherme e Maria coroados como reis da Inglaterra e Escócia

Guilherme também convocou o parlamento escocês, que se reuniu em 14 de março, e enviou uma carta conciliatória, enquanto Jaime enviou ordens arrogantes e intransigentes que ajudaram a maioria dos parlamentares a apoiar Guilherme. No mesmo dia da coroação inglesa os escoceses declararam que Jaime não era mais o Rei da Escócia.  A coroa foi oferecida a Guilherme e Maria, que aceitaram em 11 de maio.

IX - Rainha Ana da Grã Bretanha (ùltima Stuart), 1702 a 1714

Ana, filha de Jaime II, foi a Rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 8 de março de 1702 até 1 de maio de 1707, quando uniu a Inglaterra e a Escócia em um único estado soberano, o Reino da Grã-Bretanha, com o Tratado de União

Ela continuou a reinar como a Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda até sua morte em 1714, e foi a última monarca da Casa de Stuart.

quadro mostrando a Rainha Ana   de pé com um vestido dourado
Rainha Ana, da Grã Bretanha

Como rainha, ela favorecia os moderados políticos tories, que estavam mais inclinados em partilhar suas visões religiosas que os oponentes whigs. Os whigs ficaram mais poderosos no decorrer da Guerra da Sucessão Espanhola; Ana retirou vários do cargo em 1710. Sua amizade com Sara Churchill, Duquesa de Marlborough, foi-se desfazendo por diferenças políticas.

Ana sofreu de saúde ruim por toda sua vida, tendo ficado cada vez mais manca e corpulenta a partir dos trinta anos de idade. Apesar de ter ficado grávida dezessete vezes do seu marido, o príncipe Jorge da Dinamarca, morreu sem deixar nenhum herdeiro. 

Sob os termos do Decreto de Estabelecimento de 1701, Ana foi sucedida por seu primo, Jorge I da Casa de Hanôver, que era descendente dos Stuart através de sua avó materna Isabel da Boêmia, filha de Jaime VI & I.

Whigs:


Os Whigs eram uma facção política e depois um partido político nos parlamentos da Inglaterra , Escócia , Grã-Bretanha , Irlanda e Reino Unido . Entre as décadas de 1680 e 1850, os Whigs disputaram o poder com seus rivais, os Conservadores . Em 1912, os remanescentes do Partido Whig se fundiriam com seus antigos rivais conservadores, para se tornar o moderno Partido Conservador (Reino Unido) .

quadro mostrando a facção política Wigg

Obs: O Whig Party, era o partido que reunia as tendências liberais no Reino Unido, e contrapunha-se ao Tory Party, de linha conservadora.

Arquitetura no tempo dos Stuarts - Catedral de São Paulo (1666 a 1710)



A atual catedral de São Paulo, datada do final do século 17, foi projetada no estilo barroco inglês porSir Christopher Wren . Sua construção, concluída durante a vida de Wren, fazia parte de um grande programa de reconstrução na cidade após o Grande Incêndio de Londres . A catedral anteriormente gótica ( Antiga Catedral de São Paulo ), em grande parte destruída no Grande Incêndio, foi um foco central para Londres medieval e moderna.

foto da fachada da Catedral de São Paulo em Londres
foto de Bernanrd Gagnon em wikipedia, licença GNU   https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9b/Cath%C3%A9drale_St-Paul_-_entr%C3%A9e_principale.jpg

A catedral é um dos pontos turísticos mais famosos e reconhecidos de Londres. Sua cúpula, emoldurada pelas torres das igrejas de Wren's City, dominou o horizonte por mais de 300 anos. Com 111 m de altura, foi o edifício mais alto de Londres de 1710 a 1963.

A Catedral foi consagrada em 1697 e concluída em 1710.

O grande incêndio de Londres - 1666


O grande incêndio de Londres foi uma das maiores catástrofes da capital inglesa, tendo destruído as partes centrais da cidade de 2 de setembro a 5 de setembro de 1666. O incêndio ameaçou destruir o distrito de Westminster, o Palácio de Whitehall e alguns subúrbios, mas não chegou a destruí-las. Destruiu 13.200 casas, 87 igrejas, a Catedral de St. Paul e 44 prédios públicos. Entretanto, acredita-se que poucas pessoas morreram. Os registros da época computaram um total de 100 mil desabrigados e nove óbitos.

X. - Referências


Wikipédia: Dinastia Stuart, Todos os reis da Inglaterra no período Stuart, Mary Stuart, guerra civil inglesa, revolução gloriosa, Guilherme de orange, Declaração de Direitos.