I - Barcelona e a Catalunha
A história de Barcelona estende-se ao longo de mais de 4000 anos e a área em seu entorno foi habitada por povos íberos, cartagineses, romanos, judeus, visigodos, muçulmanos e cristãos. Apesar disso, o verdadeiro nascimento da cidade aconteceu na época romana. Esse povoado foi evoluindo até se converter num dos principais portos do mar Mediterrâneo ocidental, alcançando na Idade Média a primazia sobre o resto dos condados catalães e convertendo-se na capital da Coroa de Aragão. Após a união de Castela e Aragão, apesar ter deixado de ser capital de um estado independente, Barcelona sempre gozou de uma posição de grande relevância no desenvolvimento político, social e econômico do estado espanhol.
Atualmente Barcelona é uma cidade mundialmente reconhecida e celebrada, importante foco turístico e cultural, bem como centro financeiro e de congressos de reconhecido prestígio.
Catalunha
A Catalunha é uma comunidade autônoma espanhola , considerada nacionalidade histórica , localizada a nordeste da Península Ibérica e formada inicialmente a partir de vilas e Condados que formaram a Marca de Fronteira do Império Carolíngio. Ocupa uma área de cerca de 32.000 quilómetros quadrados delimitada no norte pela França e Andorra, no leste pelo Mar Mediterrâneo ao longo de uma faixa costeira de cerca de 580 km, ao sul por Valência, e ao oeste por Aragão . Esta localização estratégica tem favorecido uma relação muito intensa com os territórios do Mediterrâneo e da Europa continental. A Catalunha é formado pelas províncias de Barcelona, Girona, Lleida e Tarragona. Sua capital é a cidade de Barcelona.
II - Histórico
a) Os assentamentos iniciais ( 4.000 a.c. - 10 a.c.)
Em tempos pré-históricos existiram diferentes tipos de assentamentos e aldeias neolíticas na área circundante. Quando os romanos vieram para lutar contra os cartagineses (guerra púnica), há muito que os gregos tinham se estabelecido no território que chamaram Iberia, referindo-se às pessoas que viviam ali desde o século VI. a.C.
Os iberos não eram um povo homogêneo, mas sim um conjunto de diferentes grupos étnicos que tinham uma cultura e uma língua comum.
Os íberos em Montjuic
Em Montjuïc (bairro alto de Barcelona) situa-se um campo de silos e os restos de uma cidade Ibérica, que mostra que Barcelona tinha uma população Ibérica relativamente densa, com cerca de 18 aldeias.
Plano dos silosibericos de Montjuic - Aceito pelos estudiosos como Armazéns |
b) A fundação de Barcino - Romanos (10 a.c. - 400 d.c.)
Se alguma pessoa deve ser considerado o fundador de "Barcino" (Colonia Julia Augusta Faventia Paterna Barcino - primeiro nome de Barcelona) esse é o Imperador romano Augusto que lhe fundou no ano 10 a.C. graças a um plano de reestruturação concebido por Agripa.
A nova colônia ficava entre duas grandes cidades: Emporyon (maior assentamento grego) e Tarraco (capital da provincia de Tarraconensis) e tinha boa comunicação com as vilas do interior.
Barcino conseguiu sua própria estrutura administrativa e de governo com base no modelo romano e tornou-se um centro religioso e administrativo, como pode ser visto no layout das ruas, presença de templos religiosos do estado e a proporção entre espaços públicos e privados.
Organização da Cidade
Barcino tinha a forma de um octógono alongado, com base na disposição dos seus campos militares romanos, mas com cantos arredondados, para se adaptar à forma da colina onde foi construído. Com cerca de 13 hectares de área, a cidade foi cercada por um muro defensivo com menos de 2 metros de espessura e mais de 8 metros de altura que foi completado, pelo menos ao longo da Avenida de la Catedral, por um grande fosso 6 metros de profundidade de largura irregular, que também parece ter servido para a coleta de esgoto e água da chuva.
A cidade romana foi construída em torno do Monte Táber. Lá estavam localizados o fórum e os principais edifícios públicos e políticos. Ainda hoje o local continua sendo o centro político da capital catalã, na conhecida Praça de Sant Jaime, onde temos a Prefeitura ea sede da Generalitat da Catalunha.
Museu de História da Cidade
A melhor maneira de conhecer Barcelona no tempo dos romanos (antiga Barcino) é visitar o Museu de História da cidade, localizado na Praça do Rei. Situado num palácio do séc. XV, tanto o pátio quanto a escada de acesso ao interior do museu são de época gótica. (blog: "um brasileiro na espanha")
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Um dos legados da época romana mais incríveis existentes na cidade está atualmente localizado num edifício que sedia o Centro Excurcionista de Catalunha. Trata-se do templo de Augusto, datado da época da fundação da cidade (séc. I aC). Conservam-se 4 colunas coríntias do templo que foi consagrado ao culto imperial. A estrutura dominava a paisagem do fórum, ao estar situado num local elevado.
Martírio de São Cucufate |
As primeiras comunidades cristãs começaram a estabelecer-se cedo na região: A maior parte vinha fugindo de perseguições. Em 259 foi criada a diocese de Tarraco. Em Barcino, há notícia de uma primitiva comunidade e de um bispo próprio entre 260 e princípios do século IV.
Somente com o Édito de Milão, em 313, é que param as perseguições às crenças alheias ao Império, especialmente o cristianismo.
São Cucufate
Nascido na Sicília (província romana de Cartago) por volta de 270, pregou o cristianismo na Catalunha (onde é conhecido como Sant Cugat) na companhia de São Félix. Entre outras localidades, esteve na cidade de Ampúrias, até que o império romano o condenou à morte.
Crê-se que alguma comunidade judaica estivesse estabelecida na cidade durante o século IV. Caracala permitiu a partir de 212 a liberdade para construir edifícios de culto de judeus no Império ao considerá-los cidadãos.
c) Os Visigodos (400 d.c a 711 d.c.)
No início do século V começa a derrocada do Império Romano do Ocidente. Os visigodos, um ramo dos povos godos, irromperam no Império pelos Balcãs e dirigiram-se para oeste. Outros povos bárbaros, como os vândalos, os suevos e os alanos, entraram na península Ibérica pelo Pirenéus Orientais em 409, tomando várias províncias do oeste e sul da Hispânia. Posteriormente, sob comando de Alarico, os visigodos saquearam Roma em agosto de 410.
Após essa série de invasões por todo o território romano, incluindo as terras da Espanha, os visigodos realizaram um pacto de não agressão com os romanos e foi criado então o Reino Visigótico onde estes ocuparam o sudoeste da Gália e a peninsúla ibérica.
Os Visigodos que não tinham a tradição romana de leis escritas, estruturação administrativa, ..., passaram a adotar a maioria dos costumes romanos. Na religião havia crescido entre os godos a tradição cristã mas com a vertente do arianismo que pregava uma posição inferior para Jesus Cristo frente a Deus Pai. Para os cristãos romanos essa diferença era considerada heresia.
Como os Visogodos eram cerca de cem mil frente a vários milhões de pessoas da Hispania, alguns conflitos devido a diferença de costumes existia. O maior deles era religioso, pois os reis e a classe dominante eram arianos, enquanto os súditos (população) era católica. Esses conflitos duraram até que o rei Recaredo anunciou a sua conversão ao catolicismo em 586, bastante influenciado pelo tabalho do Bispo Leandro de Sevilha e também buscando maior sustentação para sua administração.
Barcelona então perdeu poder político, pois a administração dos visigodos foi deslocada para Toledo, mas manteve o poder religioso devido a presença do Bispo Ugnas no palacio episcopal onde se celebravam vários concílios e reuniões de clero regional.
O Rei Leovigildo, que professava o arianismo, foi sucedido por seu filho Racoredo que em 586 se converteu ao catolicismo.
O reino visigodo chegou ao fim em 711 enfraquecido por guerras internas, o que facilitou a invasão moura.
Ugnas
Bispo de Barcelona, rejeitou o Arianismo e aceitou catolicismo no Terceiro Concílio de Toledo, no ano 589. Foi importante porque representou o abandono das posições Cristãs arianas. Dez anos mais tarde, ele presidiu o seu próprio conselho em Barcelona, com o apoio dos bispos do que hoje é Tarragona, L'Urgell, Vic, Tortosa, Calahorra, Ampurias, Girona, Zaragoza, Lleida e Terrassa.
O termo "Gótico"
Gótico é o adjetivo que designa o que é proveniente, relativo, criado ou usado pelos Godos, o povo germânico. O termo ganhou também a conotação de duro ou bárbaro, e desde o século XVIII também é usada para se referir a coisas diferentes, distintas e excêntricas. A arquitetura dos séculos XIII, XIV e XV foi, a partir do século XVIII, caracterizada como arquitetura gótica.
Muito pouco, quase nada, restou da presença dos Godos em Barcelona. Apesar disso Barcelona tem um bairro gótico que tem várias construções históricas do estilo gótico como a Catedral e o Palácio da Catalunha. Construções famosas: Catedral de Santa Eulália, Praça e Palácio do Rei (onde Colombo foi recebido na volta do descobrimento), Praça de Sant Jaume com o Palácio da Generalitá. A descrição desses lugares será feita posteriormente.
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Antigo portal romano, foto de TTstudio em shutterstock.com |
d) O domínio do Islã (720 a 801)
A expansão muçulmana para a península ibérica, deu-se a partir de 711, através da movimentação de tropas islâmicas vindas do norte da África que cruzaram o estreito de Gibraltar e venceram o último rei visigodo da Hispânia, na batalha de Guadalete. O reino dos visigodos enfrentava uma guerra interna de sucessão e isso facilitou a entrada dos mouros na região. Barcelona foi tomada entre 717 e 720.
Os muçulmanos tentaram expandir os seus domínios para a França, mas foram contidos em Tours e Poitiers (732). Com dificuldades de arregimentação de novos soldados e não querendo enfrentar guerras longas, os muçulmanos se recolheram e se mantiveram na península iberica.
As populações em território catalão sob domínio árabe puderam permanecer nas suas terras mediante pagamento. Os seus hábitos, cristãos e judeus foram tolerados. Apesar de arabizados, os moçárabes mantiveram um contínuo de dialetos românicos -a língua moçárabe- e rituais cristãos. Os novos ocupantes desenvolveram a agricultura, melhorando os sistemas de rega romanos.
Arc de Triomphe - Monumento neo-árabe
Devido ao pouco tempo de ocupação na região , praticamente nada restou da presença árabe em Barcelona. O pouco que temos de arquitetura mourisca são criações mais recentes como o Arc de Triomphe criado em 1888 para a Feira Mundial sediada em Barcelona.
Ele é um arco triunfal e foi construído, pelo arquiteto Josep Vilaseca i Casanovas , como a principal porta de acesso para o 1888 Barcelona Feira Mundial . O arco atravessa a ampla avenida central do Passeig de Lluís Companys , levando ao Parque Ciutadella , que agora ocupa o local da feira mundial.
e) - A conquista franca - Marca Hispânica (801 - 988)
Os Oitenta anos de domínio islâmico terminaram em 4 de abril 801, com a entrada de Luís, o Piedoso, na cidade.
Desde 732, quando os mouros foram detidos em Poitier, o confronto entre os francos e as forças muçulmanas levaram a uma resposta defensiva dos monarcas carolíngios, consistente na criação da chamada Marca Hispânica. Esta se realizou pelo domínio dos territórios do sul da França e norte da península Ibérica e levou à formação de um pequeno grupo de municípios com a finalidade de criar uma barreira às incursões mouras.
Luís I, filho de Carlos Magno |
Os primeiros condados a fazer parte da Marca Hispânica foram portanto Girona (785) e Barcelona (801). O primeiro Conde de Barcelona foi Bera (801-820).
Inicialmente, a autoridade do condado de Barcelona foi delegada para a aristocracia local, tribal ou visigoda, mas Bera tinha uma política favorável para preservar a paz com o Al-Andalus, que o levou a ser acusado de traição contra o rei. Depois de perder um duelo, Bera foi deposto e exilado, e o governo do condado tornou-se territórios de nobres francos. No entanto, a nobreza visigótica recuperou a confiança real nomeando Sunifredo I de Urgel-Cerdaña como Conde de Barcelona em 844. |
A Marca Hispânica aumentou de tamanho incluindo condados de Pamplona, Condados de Aragão e Condados Catalões. A descendência ficava em mãos de condes hispano-godos até que finalmente o conde de Carcassona, Vifredo I de Barcelona, recebe por parte do rei franco Carlos II de França, em 807, o condado de Urgell-Cerdanya e passa a designá-la para seus filhos (direito hereditário).
f) Condado de Barcelona
Antes de morrer, Vifredo I marca um precedente, designando aos seus três filhos à terras a herdar. Estes continuam a conquista do sul povoando as terras e conseguindo adquirir os outros condados. Os historiadores consideram este facto um precedente porque designando os seus filhos como herdeiros, Vifredo I de Barcelona, estava a estabelecer uma nova linhagem.
Somente no século seguinte houve independência em relação ao poder carolíngio.
Independência da Catalunha
No fim do século X e início do século XI a dinastia Carolíngia está em crise. Lutas internas pelo poder, novas ameaças externas (Vikings assediam o norte da França atual), debilitam o poder carolíngio. Uma nova dinastia toma relevo: os Capetos. Barcelona é assediada pelo chefe militar árabe Almansor. O conde de Borrell, descendente de Vifredo I de Barcelona, pede ajuda ao novo rei, Hugo Capeto, em 988. Este não socorre e Borrell resolve não prestar mais vassalagem, corta relações com Carcassona e estabelece Vic como sé arquebispal: nascem os chamados Condados Catalães e Borrell de Barcelona decide encunhar moeda própria. Historiadores consideram este episódio como a independência da Catalunha.
g) A Catalunha independente (988 a 1137)
No século XI desenvolveu-se uma Catalunha feudal. Foi uma época de consolidação dos condados e da implantação do regime feudal. O Condado de Barcelona conquistou os condados de Girona e de Osona. Uma série de lutas internas de sucessão também teve origem dentro do condado. Tarragona foi conquistada dos árabes e o processo de supremacia do condado com a nobreza foi estabelecida.
Feudalismo
Do século XI até o século XVIII, os povos europeus se estruturaram socialmente com um sistema baseado no confisco de excedentes do trabalho dos camponeses para que as classes dominantes - clérigos e militares - lhe redistribuissem. Uma redistribuição garantida por uma rede de dependencias (vassalagem) e gratificações (feudos) reguladas pelo regime feudovassalático; O regime se compunha de uma série de instituições que criavam e regiam as obrigações de obediência e serviço.
h) Condado de Barcelona com o Reino de Aragão formam a Coroa de Aragão (1137)
Ramon Berenguer IV era o filho mais velho do conde Ramon Berenguer III e de Dulce I da Provença. Herdou o Condado de Barcelona à morte do pai, em 1131, enquanto o seu irmão herdou o Condado de Provença. Durante os seus primeiros anos de governo promoveu a estabilidade territorial do Condado, que era ameaçada pelos avanços do Reino de Aragão em Lérida e em Tortosa, os quais foram interrompidos pela morte do rei Afonso I, em 1134.
Após estabelecer seu noivado com a herdeira de Aragão, Raimundo negociou acordos com as ordens militares da Terra Santa às quais Afonso I legara seu reino. O acordo com as Ordens dos Hospitalarios e do Santo Sepulcro foi realizado em Setembro de 1140. Em novembro de 1143, com o apoio do Papa, foi a vez dos templários, os quais receberam em compensação: cinco castelos aragoneses, um décimo da receita real mais cem soldos ao ano daqueles de Saragoça, um quinto de todas as terras conquistadas dos mouros e isenção de pedágios.
Ramon foi ainda bem sucedido ao retirar Aragão de sua submissão a Castela. Ele foi indubitavelmente, auxiliado por sua irmã Berengária de Barcelona, casada com Afonso VII de Castela.
O compromisso entre Ramón e Petronila
O compromisso entre Ramón e Petronila
Em 11 de Agosto de 1137, em Barbastro, efetuou-se o compromisso de casamento entre Ramón e a infanta Petronila de Aragão, então com apenas um ano de idade. Seu pai, Ramiro II, sucessor de Afonso, que procurara sua ajuda contra Afonso VII de Castela, abdicou em 13 de Novembro daquele mesmo ano, deixando seu reino para Ramón. Este se tornou essencialmente o governante de Aragão, apesar de nunca ter recebido o título de rei, mas sim conde de Barcelona e príncipe do Reino de Aragão.
O acordo entre Ramón e seu sogro estipulava que seus descendentes reinariam sobre ambos os domínios. Mesmo se Petronila morresse antes de que o casamento fosse consumado, Ramón ainda herdaria o título de rei de Aragão. Tanto Barcelona quanto Aragão preservariam suas leis, suas instituições e sua autonomia, permanecendo legalmente distintos, embora federados numa união dinástica sob uma única casa reinante. Os historiadores consideram este arranjo um grande acerto político, já que ambos os domínios se fortaleceram e Aragão conseguiu sua tão carecida saída para o mar. Além do que, a formação de uma nova entidade política no nordeste da Península Ibérica, com a separação do Reino de Portugal do Reino de Leão, e consequente independência do primeiro, deu mais equilíbrio aos reinos cristãos.
O casamento de Petronila com Ramón Berenguer IV foi celebrado treze anos depois em Lérida, em agosto de 1150, quando a rainha atingiu a idade requerida pelo direito canônico para poder consumar o matrimônio, catorze anos.
Com o casamento do conde Ramón Berenguer IV (do Condado de Barcelona) com Petronila de Aragão (do Reino de Aragão) formou-se como confederação a Coroa de Aragão, mantendo ambos, reino e condado (mais tarde como o Principado da Catalunha), suas próprias instituições administrativas.
Ordens militares
Os cavaleiros templários foram poderosos também em Barcelona. Em 1134 estabeleceram um de seus quarteis generais no Mediterrãneo. A filial barcelonesa dos monges guerreiros se instalou pouco depois de sua criação. Dessa passagem resta um último vestígio, a que foi a capela da ordem e hoje é a paróquia de Santa Maria de Palau gerida pelos jesuítas.
Quando a ordem foi destruída no início do século XIV, as suas propriedades em Barcelona foram transferidos para a Ordem dos Hospitalários. A sede dos Templários, em seguida, tornou-se o palácio real Menor, que foi demolido em 1866.
A capela de Santa Maria del Palau guarda ainda outras relíquias como um pequeno banco e dois colchões que foram usados por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, durante a sua estadia em Barcelona, em 1523.
Expansão da Coroa de Aragão - Jaime I (1213 a 1276)
Durante os quinze primeiros anos do seu reinado, Jaime I esteve envolvido em diversos conflitos contra a nobreza aragonesa, que chegou inclusive a aprisioná-lo em 1224. Em 1227, enfrentou uma nova rebelião nobiliárquica, encabeçada pelo infante Fernando, seu tio. Esta terminou graças à intervenção papal, através do arcebispo de Tortosa, com a assinatura da concórdia de Alcalá em Março de 1227. Este tratado marcou o triunfo da monarquia sobre os nobres revoltosos, dando-lhe a estabilidade necessária para iniciar as campanhas contra os muçulmanos e o próprio apaziguamento das reclamações da nobreza.
A expansão da Coroa de Aragão, teve início com a conquista das cidades de Lérida, Tortosa, Reino de Maiorca (nas Ilhas Baleares), Reino de Valência (que permaneceu com corte própria), Coroa da Sicília, Minorca (nas Ilhas Baleares), Sardenha (ilha italiana). Até às primeiras décadas do século XIV, a coroa teve o seu apogeu, que começou a mudar com o surgimento de catástrofes naturais, crises demográficas, recessão da economia catalã, o surgimento de tensões sociais e crise sucessora (o Rei Martin I não deixou sucessor nomeado).
Barcelona tem seu próprio governo -
O reinado de Jaime I marcou o nascimento de uma consciência territorial nos distintos reinos da Coroa de Aragão, especialmente em Aragão, Valência e na Catalunha. Dois principais fatores contribuíram para isto: a normalização do Direito e a transformação das Cortes em um órgão reivindicativo e representativo da vontade do reino, actuando como catalisadores da criação de uma consciência diferenciadora de cada território.
Os Tribunais de Aragão foram promulgados nas cortes de Huesca em 1247, substituindo os diferentes códigos locais do reino. Os Usatges de Barcelona("Usos de Barcelona"), graças à proteção real, estenderam-se por todos os condados catalães nos meados do século XIII. Os tribunais valencianos (Foris et consuetudines Valentiae), outorgados por Jaime I em 1240 só triunfariam definitivamente em 1329.
Em 1244, Jaime I estabeleceu o rio Cinca como a divisória entre Aragão e a Catalunha. Desde então, as Cortes de cada reino reuniram-se separadamente.
Os Usatges de Barcelona
Os Usatges (Usos) de Barcelona, foram as regras que formaram a base da Constituição Catalã. Eles constituem as leis fundamentais e direitos básicos da Catalunha codificadas no seculo XIII. Os Usatges combinaram fragmentos da lei Romana e Visigótica com as resoluções da Corte de Barcelona e dos Canônes religiosos dos sínodos eclesiásticos.
Os primeiros Usatges foram compilados por Ramon Berenguer I, Conde de Barcelona (1035–1076), para reparar as deficiencias da lei Gótica. Entretanto evidências do uso primeiro aparecem no trabalho de Jaime I. O Rei Jaime I vendo que alguns juizes seguiam a lei gótica e outros a lei romana, abordou as Cortes em 1251 para estabelecer a primazia dos Usatges. Embora a sua aplicação legalmente devesse ser apenas no Condado de Barcelona, na prática elas foram aplicadas em toda região da Catalunha.
III - Continuação
Esse "post" terá as seguintes continuações que ainda estão em desenvolvimento:
- História de Barcelona II - Da coroa de Aragão à época Moderna
IV - Referências
De Barcino a BCN - História de Barcelona - https://www.bcn.cat/historia/
Jaume Sobrequés, catedrático de Historia de la Universidad Autónoma de Barcelona y director del proyecto "De Barcino a BCN".
De los textos:
Capítulos 1 a 23 y pies de foto: Matilde V. Alsina, historiadora.
Capítulos 24 a 45: Daniel Venteo, historiador.
De los textos:
Capítulos 1 a 23 y pies de foto: Matilde V. Alsina, historiadora.
Capítulos 24 a 45: Daniel Venteo, historiador.
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Wikipedia: Catalunha / Historia de Barcelona / Condes e Reis de Aragão