I - Arte Japonesa - A grande onda de Kanagawa
A Grande Onda de Kanagawa, talvez a mais difundida obra de arte oriental, é uma famosa xilogravura do mestre japonês Hokusai, especialista em ukiyo-e. Foi publicada em 1830 ou 1831, no período Edo na série de ukiyo-e "36 vistas do monte Fuji", sendo a obra mais conhecida do artista.
A Grande Onda de Kanagawa, 1830, Kokusai, Bibiloteca do Congresso, Washington |
A grande onda
Nesta gravura observa-se uma enorme onda que ameaça um barco de pescadores, na província de Kanagawa, estando o monte Fuji visível ao fundo. Apesar da sua dimensão, esta onda pode não retratar um tsunami, mas uma onda normal criada pelo efeito do vento e das marés.
II - Xilogravura
Xilogravura ou xilografia é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre o papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo.
É uma técnica em que se entalha na madeira, com ajuda de um instrumento cortante, a figura que se pretende imprimir. Após este procedimento, usa-se um rolo de borracha embebida em tinta, tocando só as partes elevadas do entalhe. O final do processo é a impressão em alto relevo em papel ou pano especial, que fica impregnado com a tinta, revelando a figura.
Ukiyo-e
O estilo do ukiyo-e, refletia a vida e interesses dos estratos mais baixos da sociedade: mercadores, artistas e rōnin, que estavam desenvolvendo a sua própria arte e literatura em zonas urbanas como Edo (atual Tóquio), Osaca e Sakai, num movimento conhecido posteriormente como ukiyo, o mundo flutuante.
Entre as mais populares temáticas abordadas, estão a beleza feminina; o teatro kabuki; os lutadores de sumô; cenas históricas e lendas populares; cenas eróticas; cenas de viagem e paisagens; fauna e flora
Os desenhos de ukiyo-e, chamados em japonês nikuhitsu ukiyo-e, eram obras únicas que realizava o pintor com pincéis diretamente sobre papel ou seda. Estes desenhos permitiam ver a obra final na íntegra, embora salvo a forma das linhas e o arranjo da cor, perdiam-se durante o processo.[9] Posteriormente o artista, chamado eshi, levava a obra a um horishi, ou gravador, que pegava o desenho sobre um painel de madeira, geralmente de cerejeira,[8] e eliminava tudo ao ir talhando cuidadosamente o painel para formar um relevo com as linhas do desenho.
III - Hokusai
Hokusai nasceu em 1760, em Katsushika, um distrito a leste de Edo (atual Tóquio), no Japão. Foi chamado Tokitarō, foi filho de um fazedor de espelhos do shōgun e, devido a que nunca foi reconhecido como herdeiro, é provável que a sua mãe fosse uma concubina. Hokusai começou a pintar aos seis anos e aos doze seu pai enviou-o a trabalhar em uma livraria. Aos dezesseis tornou-se aprendiz de gravador, atividade que desenvolveu durante três anos, ao mesmo tempo em que começou a fazer as suas próprias ilustrações. Aos dezoito foi aceite como aprendiz do artista Katsukawa Shunshō, um dos maiores artistas de ukiyo-e do seu tempo. Após um ano com o seu mestre, este deu-lhe o nome de Shunrō, passando então a utilizá-lo na assinatura dos seus primeiros trabalhos no mesmo ano de 1779.
Cópia
A xilogravura destinava-se a produzir cópias da obra até o momento em que a matriz se mostrava desgastada. Era comum se fazer até 5.000 cópias de uma gravura. Atualmente temos cerca de 35 cópias da "Grande Onda de Kanagawa", sendo que algumas estão em exibição no the Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, no British Museum em Londres, e no The Art Institute of Chicago.
IV - A Série - "Trinta e seis vistas do Monte Fuji"
36 vistas do monte Fuji é, apesar do nome, uma série de quarenta e seis gravuras em madeira (dez das quais foram adicionadas após a publicação), datadas de 1832, criadas por Katsushika Hokusai retratando o monte Fuji em diferentes estações do ano, de diferentes locais, mais ou menos distantes, e com diferentes condições do tempo.
A Grande Onda de Kanagawa é a primeira das 46 gravuras. Outros exemplos são:
a) Monte Fuji vista da ponte de Mannen em Fukagawa (gravura 04)
Monte Fuji visto da Ponte Manenm em Fukugawa, Hokusai, 1830 |
b) Casa de chá em Koishikawa. O amanhecer após uma nevasca (gravura 24)
Casa de chá em Koishikawa. O amanhecer após uma nevasca, Hokusai, 1830 |
Você pode ver todas as gravuras em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trinta_e_seis_vistas_do_monte_Fuji
V - Xilogravura no Mundo e no Brasil
No Mundo
No ocidente, a xilogravura se afirmou durante a Idade Média. No século XVIII duas inovações revolucionaram a xilogravura, a chegada à Europa das gravuras japonesas coloridas, que tiveram grande influência sobre as artes do século XIX, e a técnica da gravura de topo criada por Thomas Bewick.
Ilustração de Bewick |
Dessa maneira Bewick diminuiu os custos de produção de livros ilustrados e abriu caminho para a produção em massa de imagens pictóricas. Mas com a invenção de processos de impressão a partir da fotografia, a xilogravura passou a ser considerada uma técnica antiquada. Atualmente ela é mais utilizada nas artes plásticas e no artesanato.
A Crônica de Nuremberg
A Crônica de Nuremberg é um famoso livro (incunábulos = primeiros livros impressos publicados) publicado pela primeira vez em latim, em 12 de junho de 1493, com edições traduzidas para o alemão a partir de 23 de dezembro deste mesmo ano.
Trata-se do maior livro ilustrado de sua época, com cerca de 1600 xilogravuras.
Seu autor é Hartmann Schedel, um dos pioneiros da cartografia impressa. Georg Alt traduziu a Crônica para o alemão. Albrecht Dürer (1471~1528) trabalhou na condição de aprendiz durante a confecção das ilustrações.
A obra aborda a história do mundo, dividindo-a em sete momentos. Restam 1250 exemplares da Crônica, sendo este certamente um dos livros mais difundidos de seu tempo.
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A gravura em si, já utilizando metal, foi utilizada por grandes artistas como Rembrandt.
Xilogravura no Brasil
O contato entre as cultura brasileira e portuguesa, ocasionou o surgimento da xilogravura popular brasileira. Os portugueses já utilizavam a técnica que, quando trazida para o Brasil, desenvolveu-se na Literatura de Cordel. Com isso, diversas obras foram produzidas com a utilização da xilogravura, formando diversos xilógrafos, principalmente na Região Nordeste do país. Gilvan Samico, Abraão Batista, Amaro Francisco, José Costa Leite, José Lourenço e J. Borges estão entre os principais xilógrafos brasileiros.
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VI - Referências
Fontes: Todo o texto e as fotos, com exceção do cordel brasileiro, foram obtidos na Wikipedia. A reprodução de todas as obras é considerada de domínio público.