I - O Livro de Kells
O Livro de Kells, em inglês: Book of Kells, também conhecido como Grande Evangeliário de São Columba, é um manuscrito ilustrado com motivos ornamentais, feito por monges celtas por volta do ano 800 D.C no estilo conhecido por arte insular.
O livro tem cerca de 680 páginas e suas folhas são feitas de pele de bezerro.
Peça principal do cristianismo irlandês e da arte hiberno-saxônica, constitui, apesar de não concluído, um dos mais suntuosos manuscritos iluminados que restaram da Idade Média.
Em razão da sua grande beleza e da excelente técnica do seu acabamento, este manuscrito é considerado por muitos especialistas como um dos mais importantes vestígios da arte religiosa medieval. Escrito em latim, o Livro de Kells contém os quatro Evangelhos do Novo Testamento, além de notas preliminares e explicativas, e numerosas ilustrações e iluminuras coloridas.
O manuscrito encontra-se exposto permanentemente na biblioteca do Trinity College de Dublin, República da Irlanda, sob a referência MS A. I
A igreja irlandesa era predominantemente conventual (monastica) em sua organização. Monges viviam em grupos nos mosteiros dedicados ao estudo da palavra de Deus, e aos trabalhos manuais.
II - Histórico
Mais de mil anos atrás, quando o livro de kells foi escrito, a população da Irlanda era de menos de 500.000 pessoas vivendo principalmente em construções fortificadas ao longo de sua costa.
A igreja irlandesa era predominantemente conventual (monastica) em sua organização. Monges viviam em grupos nos mosteiros dedicados ao estudo da palavra de Deus, e aos trabalhos manuais.
A mensagem da vida de Cristo era divulgada principalmente através dos Evangelhos e os escribas e artistas que os produziam eram enaltecidos na sociedade irlandesa.
Foto 2 - Cristo Entronizado |
O livro de kells tem sido associado com São Columba (521 a 597) DC que fundou o principal mosteiro na ilha de Iona acerca de 561. O livro de kells foi provavelmente produzido no início do século 9 pelos monges de Iona trabalhando total ou parcialmente em Iona ou em Kells. Kells era um condado de Meath para onde eles se mudaram em torno de 806 D.C., quando Iona foi atacada pelos Vikings em um evento que deixou 68 monges mortos.O livro de Kells tem cópias extremamente bem decoradas dos quatro evangelhos escritos em latim.
O livro de Kells foi enviado para Dublin em torno de 1653 por razões de segurança durante o período de Cromwell. Ele veio para o Trinity College através de Henry Jones, depois que ele tornou-se Bispo de Meath em 1661.
III - Utilização do Livro de Kells
Originalmente, o Livro de Kells, tinha uma intenção sacramental e não educativa. Um evangeliário tão grande e luxuoso devia ser deixado em cima do altar da igreja e usado apenas para ler passagens dos Evangelhos na missa. Ainda que seja provável que o sacerdote oficiante não leria realmente o manuscrito, mas que recitaria de memória.
A este respeito, é interessante recordar que o roubo da obra no século XI, segundo os Anais de Ulster, aconteceu na sacristia, lugar onde as taças e os outros acessórios litúrgicos estavam guardados, antes mesmo de irem para a biblioteca da abadia.
A elaboração do livro parece ter integrado esta dimensão, fazendo do manuscrito um objeto muito belo, porém muito pouco prático. Há numerosos erros no texto que não foram corrigidos e outros indícios dão testemunho do frágil compromisso com a exatidão do conteúdo: linhas demasiadas grandes freqüentemente eram completadas nos espaços livres da linha de cima ou de baixo e os números de capítulo, necessários para poder usar as tábuas canônicas, não foram colocados nas margens das páginas.
Em geral, nada foi feito que pudesse perturbar a beleza formal das páginas: priorizou-se a estética, ao invés da utilidade.
IV - Estrutura
Evangelhos
O Livro de Kells foi criado para que cada Evangelho dispusesse de decorações introdutórias altamente elaboradas. Originalmente, cada um dos quatro textos era precedido de uma iluminura de página inteira que continha os quatro símbolos dos evangelistas, seguida de uma página em branco. Depois seguia-se, antes das primeiras linhas ricamente decoradas do texto, o retrato do evangelista correspondente.
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O Evangelho segundo Mateus conservou o retrato de seu evangelista (fólio 28º) e sua página de símbolos evangélicos. No Evangelho segundo Marcos falta o retrato do evangelista, mas sua página de símbolos permaneceu até os nossos dias (fólio 129º).
Infelizmente, no Evangelho segundo Lucas não conseguiu-se preservar nenhum dos dois. Finalmente, no Evangelho segundo João, assim como no de Mateus, conservou-se o retrato de João (veja aqui ao lado o fólio 291º) e sua página de símbolos (fólio 290º).
Infelizmente, no Evangelho segundo Lucas não conseguiu-se preservar nenhum dos dois. Finalmente, no Evangelho segundo João, assim como no de Mateus, conservou-se o retrato de João (veja aqui ao lado o fólio 291º) e sua página de símbolos (fólio 290º).
Provavelmente, as páginas que faltaram existiram, mas foram perdidas. Em qualquer caso, o uso sistemático de todos os símbolos dos evangelistas no início de cada Evangelho é tremendamente surpreendente, demonstrando o forte empenho em querer manter a unidade da mensagem evangélica.
Qui-Ro / Chi-Rho
O Chi Rho é um cristograma muito usado antes mesmo do tempo do imperador Constantino e adquiriu grande popularidade depois que ele o adotou para o seu lábaro.
O símbolo é formado pela sobreposição das duas primeiras letras (iniciais) chi e rho (ΧΡ) da palavra grega "ΧΡΙΣΤΟΣ" = Cristo de tal modo a produzir o monograma. Apesar de não ser tecnicamente uma cruz cristã, o Chi-Rho invoca a crucificação de Jesus, bem como simbolizando seu status como o Cristo.
O símbolo de Chi-Rho também foi usado por escribas pagãos gregos para marcar textos, na margem, como uma passagem particularmente valiosa ou relevante; as letras combinadas Chi e Rho neste caso, significando "bom. A letra Qui domina a página, com um de seus braços estendendo-se por uma grande superfície da folha. A letra Ró está enroscada sob as formas de Qui. Ambas as letras estão divididas em compartimentos luxuosamente decorados com arabescos e outros motivos. "
No fundo do desenho dezenas de ilustrações entrelaçam-se umas nas outras. Entre esta massa de ornamentos ocultam-se toda classe de animais, inclusive insetos. Finalmente, de um dos braços de Qui surgem três anjos.
Virgem Maria
Os textos preliminares são introduzidos por uma imagem em ícone de Maria e o Menino Jesus (fólio 7º). Esta iluminura é a representação mais antiga da Virgem dentre todos os manuscritos do mundo ocidental. Maria aparece em uma rara mescla entre uma pose de frente e de três quartos. O estilo iconográfico da iluminura poderia originar-se de um modelo ortodoxo ou copta.
V - Observações
Normalmente faço as publicações sobre assuntos e lugares que vi ou visitei. Publicamos sobre alguma coisa não vista quando ela desperta o interesse de uma forma especial como esse livro de Kell. Não o vi mas fiquei encantado com a sua história.
Esse livro de Kells é considerado um dos mais belos exemplares dos livros com ilustrações do tipo iluminuras, que é um tipo de pintura decorativa aplicada às letras capitulares dos pergaminhos medievais.
A divulgação desse post tem finalidade estritamente de divulgação cultural. Não tem nenhuma finalidade comercial.
Esse livro de Kells é considerado um dos mais belos exemplares dos livros com ilustrações do tipo iluminuras, que é um tipo de pintura decorativa aplicada às letras capitulares dos pergaminhos medievais.
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VI - Referências
Book of Kells - Wikipedia Inglesa
Site do Trinity Colege - https://digitalcollections.tcd.ie/home/index.php?DRIS_ID=MS58_003v
75 Masterpieces every christian should know - Terry Glaspey
Fotos Utilzadas: Todas as fotos foram utilizadas da wikimedia e são consideradas de domínio público. As licenças e justificativas são conforme abaixo.
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foto 2: Scanned from Treasures of Irish Art, 1500 B.C. to 1500 a.D. : From the Collections of the National Museum of Ireland, Royal Irish Academy, & Trinity College, Dublin, Metropolitan Museum of Art & Alfred A. Knopf, New York, 1977.
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foto5: Scanned from: Meehan, Bernard; The Book of Kells': an illustrated introduction to the manuscript in Trinity College Dublin. London: Thames and Hudson, 1994. This work is in the public domain in its country of origin.
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foto 7:Madonna and Child. Source: Scanned from ''Treasures of Irish Art, 1500 B.C. to 1500 a.D. : From the Collections of the National Museum of Ireland, Royal Irish Academy, & Trinity College, Dublin,'' Metropolitan Museum of Art &.This work is in the public domain in its country of origin and other countries and areas where the copyright term is the author's life plus 70 years or less.
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