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domingo, 19 de maio de 2024

Siracusa, o berço grego da Sicília - período grego.

1. -  Introdução


Siracusa, é uma cidade muito rica em história e cultura, que se localiza  na costa sudeste da Sicília. Ela é um verdadeiro testemunho das civilizações que se sucederam no Mediterrâneo. Fundada por colonos gregos em 734 a.C., tornou-se uma das cidades-estado mais influentes da Grécia Antiga, conhecida por sua riqueza, poder e magníficas construções. Siracusa floresceu durante o período da Grécia Clássica. Posteriormente, ao longo dos séculos, Siracusa foi palco de inúmeros eventos históricos, sob o domínio de romanos, bizantinos, árabes e normandos, cada um deixando sua marca indelével na cidade.

Visão geral de Ortigia, centro histórico de Siracusa, foto de 

2. - Resumo Histórico - Pré história, gregos e romanos


2.1 - Pré-história (3.000 aC a 734 aC)


A região onde Siracusa foi fundada já era um centro de atividade humana muito antes da chegada dos gregos. Os Sicani, Sículos, Elímios e as culturas de Castelluccio e Thapsos deixaram um rico legado arqueológico que pode ser visto nas coleções do Museu de Siracusa. Esses povos contribuíram para o desenvolvimento cultural e tecnológico da região, criando uma base sobre a qual os gregos construíram a próspera cidade de Siracusa.

2.2 Fundação e Era Grega (734 a.C.-212 a.C.)


Siracusa foi fundada por colonos gregos liderados por um nobre coríntio chamado Arquias. Rapidamente prosperou, graças à sua posição estratégica e à fertilidade de suas terras, tornando-se uma das cidades mais poderosas do mundo grego. Durante este período, destacou-se pela sua cultura, economia e força militar, chegando a rivalizar com Atenas e Cartago.

Siracusa foi a segunda cidade da Sicília fundada pelos gregos em 734 a.C., logo depois de Naxos em 735 a.C. Outras cidades foram Catânia, Leontinoi, Megara Hiblaea, Zancle, Selinunte, Himera, Gela e Agrigento.

Durante todo o período de sua fundação até ser conquistada pelos romanos Siracusa foi uma cidade estado independente. 

Mapa Siracusa - Corinto

Os principais personagens dessa época foram  Arquias (fundador), Dionísio, o Velho (tirano), Platão (filósofo que visitou a cidade).

2.3 - Os principais eventos da era grega em Siracusa


O Contexto geral

Os século V e IV aC, também chamada de era clássica, foi o tempo em que os gregos se uniram e derrotaram a tentativa de invasão da Pérsia,  e que Atenas era uma grande potência e influenciava muitos povos gregos ao redor com o seu modo de vida, com o desenvolvimento da sua Democracia, as escolas filosóficas, ...,. Esse período foi o tempo de Péricles, da construção do Pathernon, período em que viveu Sócrates, Platão e Aristóteles. 

Entretanto, esse período trouxe a tona a rivalidade com Esparta, as disputas entre as ligas de Delos (cidades lideradas por Atenas) e peloponeso (cidades lideradas por Esparta). Essa rivalidade acabaria em uma guerra de 31 anos, também chamada de guerra do Peloponeso e que seria o início do declínio de Atenas e todo o mundo o grego.

Formação Hoplita adotada por Esparta e depois por Atenas,
autor desconhecido



Nessa época começavam os crescimentos e tentativas de expansão de Cartago para a Europa, e de Roma em oposição em direção à Asia e África.

Do ponto de vista de Siracusa podemos apontar como eventos importantes:
  • Batalha de Himera (480 a.C.): Siracusa derrotou a frota cartaginesa, marcando o auge de seu poder militar na antiguidade.
Quadro Batalha de Himera, 


  • Batalha de Siracusa (415 aC a 413 aC) - Na guerra do Peloponeso, principalmente disputa entre Atenas (Liga de Delos) contra Esparta (Liga do Peloponeso), Atenas que estava sofrendo muitas derrotas resolveu atacar Siracusa pensando em expandir o seu poder. Atenas foi fragorosamente derrotada na guerra contra Siracusa. Siracusa era aliada de Corinto que por sua vez era da Liga do Peloponeso. Atenas achou que era uma ótima oportunidade e subestimou a capacidade de Siracusa.
  • Cerco e conquista de Siracusa (213-212 a.C.): A cidade resistiu ao cerco romano por quase dois anos, no meio da 2a guerra púnica, destacando-se pela genialidade de Arquimedes em defesa da cidade. No final Siracusa foi derrotada e Arquimedes foi morto. 

2.4 - A história de Dionísio e Platão em Siracusa



Dionísio I, também conhecido como Dionísio, o Velho, foi tirano de Siracusa de 405 a.C. até sua morte em 367 a.C. Sua governança ocorreu em um período crítico da história grega, marcado por conflitos internos e externos, e sua liderança teve um impacto significativo na propagação das ideias e da civilização grega, especialmente no contexto da Sicília e do Mediterrâneo ocidental.

Nessa época (405 a.C. a 380 a.C.) Atenas entava em um período de transição e recuperação,  tentando reconstruir sua influência após a derrota na Guerra do Peloponeso. A cidade estava sob um regime democrático, com uma política externa focada em equilibrar o poder na Grécia e resistir à hegemonia espartana.

Importância na Propagação das Ideias e Civilização Grega

Dionísio I desempenhou um papel crucial na expansão do poder e da influência grega no Mediterrâneo. Ele transformou Siracusa em uma das cidades-estado mais poderosas do mundo grego, rivalizando com Atenas e Esparta em termos de poder militar e influência cultural. Sob seu governo, Siracusa não apenas consolidou seu domínio sobre a Sicília, mas também estendeu sua influência sobre partes do sul da Itália e do Mar Adriático, servindo como um importante centro de difusão da cultura grega.

Dionísio também foi um grande patrono das artes e da literatura, atraindo poetas, filósofos e artistas para a sua corte.

Dionisio I, Tirano de Siracusa


Platão visitou Siracusa, por três vezes ao longo de sua vida, e essas visitas tiveram um impacto significativo tanto para ele quanto para a história da filosofia ocidental. A primeira visita de Platão a Siracusa ocorreu por volta de 387 a.C., e as razões e consequências dessas visitas são multifacetadas, envolvendo tanto questões pessoais quanto filosóficas.

Estátua de Platão, Atenas, HistoriacomGosto



Razões para a Visita

1. Interesse Filosófico e Político: Platão estava profundamente interessado na aplicação prática de suas ideias filosóficas, especialmente suas teorias sobre a governança ideal e a justiça. Ele viajou para Siracusa com a esperança de influenciar o governo da cidade-estado e implementar suas ideias sobre a "Realeza Filosófica", onde os reis seriam filósofos ou os filósofos se tornariam reis.

2. Convite de Dion: Dion, cunhado e amigo de Platão, era um membro influente da corte de Dionísio I, o tirano de Siracusa. Dion era um admirador das ideias de Platão e acreditava que a filosofia do ateniense poderia melhorar o governo e a sociedade de Siracusa.


Porto de Siracusa, foto dreamstime,


Importância da Visita

1. Tentativas de Reforma: Platão tentou, sem sucesso, aplicar suas ideias filosóficas ao governo de Siracusa, especialmente durante as suas interações com Dionísio I e, mais tarde, com Dionísio II. Suas tentativas de reforma enfrentaram resistência e acabaram falhando, mas essas experiências forneceram a ele uma compreensão prática dos desafios de aplicar ideais filosóficos na política real.

2. Influência sobre Platão e sua Filosofia: As experiências de Platão em Siracusa tiveram um impacto profundo em seu pensamento filosófico. Após suas visitas, ele desenvolveu ainda mais suas teorias sobre a natureza da liderança e da justiça, que foram expressas em diálogos posteriores, como as "Leis" e a "República". A realidade complexa e muitas vezes decepcionante da política em Siracusa pode ter ajudado a moldar sua visão sobre a natureza humana e a sociedade.

Livro "República" de Platão,
quadro de Rafael, Capela Sistina


3. Relacionamento com Dion: A relação de Platão com Dion foi crucial para suas visitas a Siracusa. Após a morte de Dionísio I e a ascensão de Dionísio II, Dion e Platão tentaram influenciar o jovem tirano, mas sem sucesso. A eventual expulsão de Dion e o subsequente conflito político em Siracusa destacaram os desafios de implementar reformas filosóficas em um ambiente político volátil. Após a queda de Dionisio II em 357 a.C., Dion assumiu o poder e foi o governante por 3 anos. 

Dion vai a uma caverna onde sua família estava prisioneira



4. Legado Filosófico e Político: As tentativas de Platão de aplicar suas ideias em Siracusa são um testemunho de seu compromisso com a ideia de que a filosofia poderia e deveria ter um papel direto na governança e na melhoria da sociedade. Essas experiências reforçam a importância da relação entre filosofia e prática política, um tema que continua relevante até hoje.

Em resumo, as visitas de Platão a Siracusa são um episódio fascinante na história da filosofia, demonstrando os desafios e as complexidades de tentar aplicar ideais filosóficos à prática política. Essas experiências não apenas influenciaram profundamente o pensamento de Platão, mas também oferecem lições valiosas sobre a interação entre filosofia, poder e sociedade.


3 Presença e Importância de Hierão II governante de Siracusa e a genialidade de Arquimedes na Ciência


3.1 - Hierão II

Papel e Importância

Hierão II (c. 306 – 215 a.C.) foi um dos governantes mais notáveis de Siracusa, reinando de 270 a.C. até sua morte. Seu governo é frequentemente lembrado como um período de prosperidade e estabilidade para a cidade. Abaixo, detalho os aspectos mais importantes de seu reinado, suas políticas de desenvolvimento, alianças e sua relação com Arquimedes.

Reinado de Hierão II

Hierão II começou sua carreira como um comandante militar e, após uma série de vitórias, foi proclamado rei de Siracusa em 270 a.C. Ele conseguiu consolidar seu poder e estabilizar a cidade, que havia passado por períodos de turbulência política e militar.

Hierão II


Desenvolvimento Econômico

- Agricultura: Hierão II implementou reformas agrárias que aumentaram a produtividade agrícola. Ele incentivou o cultivo de terras e a construção de sistemas de irrigação, o que levou a um aumento significativo na produção de grãos e outros produtos agrícolas.

- Comércio: Sob seu governo, Siracusa tornou-se um importante centro comercial no Mediterrâneo. Hierão II estabeleceu tratados comerciais com várias cidades-estado e reinos, promovendo o comércio e a prosperidade econômica.

- Moeda : Hierão II introduziu uma nova moeda, o "decadracma", que ajudou a estabilizar a economia e facilitou o comércio.

Decadracma de Siracusa, fonte https://jafetnumismatica.com.br/

Obs: A Decadracma apresenta uma quadriga com 4 cavalos conduzida por um cavaleiro no anverso. Acima, a deusa Nike (Vitória) está voando para coroar com louros os cavalos. Na parte inferior do anverso, ainda há um leão, que acredita-se que foi pensado para representar a África e os cartagineses. No reverso, a peça traz a ninfa Aretusa e 4 golfinhos brincando.


Infraestrutura

- Construções Públicas: Hierão II investiu em grandes projetos de construção, incluindo teatros, templos e aquedutos. Essas obras não só embelezaram a cidade, mas também melhoraram a qualidade de vida dos cidadãos.

- Fortificações: Ele reforçou as defesas de Siracusa, construindo novas muralhas e fortalezas para proteger a cidade contra invasões.

Alianças e Relações Externas - Aliança com Roma


- Primeira Guerra Púnica: Durante a Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.), Hierão II inicialmente apoiou Cartago, mas após uma série de derrotas, ele mudou de lado e formou uma aliança com Roma em 263 a.C. Essa aliança foi benéfica para Siracusa, garantindo a proteção romana e permitindo que a cidade mantivesse sua autonomia.

Guerras Púnicas, Cartago x Roma

- Tratado de Paz: O tratado de paz com Roma foi um dos fatores que garantiram a estabilidade e a prosperidade de Siracusa durante o reinado de Hierão II.

Influência no Desenvolvimento de Siracusa

Aspectos Positivos

- Prosperidade Econômica: As reformas agrárias e o incentivo ao comércio levaram a um período de grande prosperidade econômica.

- Estabilidade Política: A aliança com Roma e as políticas internas de Hierão II garantiram um longo período de estabilidade política.

- Crescimento Cultural: O reinado de Hierão II foi marcado por um florescimento cultural, com investimentos em artes, teatro e ciência.

Aspectos Negativos

- Dependência de Roma: A aliança com Roma, embora benéfica a curto prazo, criou uma dependência que eventualmente limitou a autonomia de Siracusa.

- Centralização do Poder: A centralização do poder em torno de Hierão II pode ter limitado a participação política dos cidadãos e criado uma estrutura de governo mais autocrática.

Relação com Arquimedes

Hierão II tinha uma relação próxima e de grande respeito com Arquimedes, o famoso matemático e inventor. 


3.2 - Arquimedes  - "O gênio da física de alavancas, polias e hidrostática além da matemática" .


Arquimedes de Siracusa (287-212 a.C.) é uma das figuras mais notáveis de história da ciência. Nascido em Siracusa, Sicília, então uma cidade-estado grega, Arquimedes é frequentemente considerado o maior matemático da antiguidade e um dos maores matemáticos de todos os tempos. Sua vida e obra tiveram um impacto profundo não apenas em sua cidade natal, mas em todo o mundo antigo e na ciência subsequente.
 

Arquimedes, pintura de Giuseppe Nogari

Vida

Embora detalhes específicos sobre a vida de Arquimedes sejam escassos e muitas vezes baseados em relatos posteriores, sabe-se que ele nasceu em Siracusa e passou a maior parte de sua vida lá. Ele possivelmente estudou em Alexandria, no Egito, onde teve contato com a escola de matemática fundada por Euclides. Arquimedes pertencia a uma família da nobreza local; seu pai, Fídias, era um astrônomo.

Arquimedes era um cidadão de Siracusa e trabalhou diretamente para Hierão II em várias ocasiões.

Contribuições de Arquimedes

- Invenções Militares : Durante o reinado de Hierão II, Arquimedes desenvolveu várias invenções militares, como catapultas e o famoso "raio da morte", que supostamente usava espelhos para concentrar a luz solar e incendiar navios inimigos.

- Problemas de Engenharia : Arquimedes também ajudou a resolver problemas de engenharia, como a construção de máquinas para levantar grandes pesos utilizando sistemas de alavancas e/ou roldanas, e sistemas de irrigação.

Artefato no Museu de Arquimedes mostrando uso de alavanca

- Coroa de Ouro : "Eureka!", Uma das histórias mais famosas é a do teste da coroa de ouro, onde Arquimedes utilizou o princípio da flutuabilidade para determinar se a coroa de Hierão II era feita de ouro puro ou adulterada com prata. Com isso Arquimedes estabeleceu a lei do empuxo, onde um corpo imerso em um líquido sofre uma força para cima proporcional ao peso do volume de líquido deslocado.

P é peso e E empuxo, fotne toda materia

- Valor de PI - Arquimedes foi um dos primeiros a determinar com boa precisão o valor de PI (razão entre o comprimento da circunferência e o valor do diâmetro). Além disso apresentou fomras de calcular área e o volume de esfera e outros sólidos

4. - Herança Arqueológica grega e romana em Siracusa


Parque Arqueológico de Siracusa ou "Neápolis"

"Neápolis" é uma palavra de origem grega que significa "cidade nova". Ela é composta por duas partes: "néa" (νέα), que significa "nova", e "pólis" (πόλις), que significa "cidade". Este termo foi usado na antiguidade para nomear ou designar partes mais novas ou recém-expandidas de cidades já existentes, ou mesmo para denominar novas colônias urbanas.

No contexto de várias cidades antigas, especialmente aquelas com longos períodos de ocupação e desenvolvimento, como Siracusa na Sicília, "Neápolis" referia-se à parte mais recentemente desenvolvida ou expandida da cidade em contraste com áreas mais antigas, como a "Acrópole" (a parte mais alta, muitas vezes fortificada, da cidade) ou outras regiões estabelecidas anteriormente.

Em Siracusa, a Neápolis é uma das cinco divisões arqueológicas que compõem a cidade antiga. Durante o período grego e romano, essa área era um vibrante centro urbano, repleto de monumentos públicos, teatros, e outras estruturas significativas. Hoje, o Parque Arqueológico da Neápolis em Siracusa é um dos sítios arqueológicos mais importantes, abrigando muitas das ruínas mais famosas da cidade, como o Teatro Grego, o Anfiteatro Romano, a Orelha de Dionísio e o Altar de Hierão II. Este local não apenas destaca a riqueza histórica e cultural de Siracusa, mas também serve como um testemunho da importância da cidade nos períodos grego e romano.


a) Templo de Apolo


As fascinantes ruínas de um dos primeiros templos construídos pelos gregos em Siracusa (início do século VI aC), o templo de estilo dórico mais antigo da Sicília e o mais antigo do Ocidente em pedra, acolhem o visitante na entrada de Ortigia, a parte mais antiga de Siracusa. 

A dedicação a Apolo está gravada no degrau mais alto do lado oriental. Os restos das colunas (6 nos lados curtos e 17 nos longos), testemunham a arquitetura arcaica do templo, que foi construído na característica pedra local amarelada, chamada "giurgiulena", e que , ao longo dos séculos, sofreu diversas modificações. O local foi transformado em igreja cristã no período bizantino (século VI), em mesquita no período árabe (século IX) e novamente em basílica cristã com os normandos (século XI), para posteriormente ser incorporada em quartel no século XI. Nesse período (Século XVI), durante a dominação espanhola, Carlos V de Habsburgo também a usou como pedreira para fortificações. (fonte: italia.it)


Templo de Apolo, foto historiacomgosto

b) Latomia del Paradiso 


A palavra latomia vem das palavras gregas para pedra e corte, e significava uma área onde se extraiam pedras e rochas calcáreas que se utilizavam em todas as obras da cidade. Depois da extração, os locais  já na forma de cavernas passaram a servir de prisões e ficavam cheias de prisioneiros e escravos por volta do século V aC.  Este foi um verdadeiro  local de morte que atingiu a sua capacidade máxima após a batalha entre Esparta e Siracusa em 415-414 aC . Naquela época, aquelas cavernas úmidas – saturadas com poeiras pesadas – foram o lar inóspito de mais de 20.000 prisioneiros. (fonte: theitalianacademy.com)


Latomia del Paradiso, foto HistoriacomGosto


c) Grotta dei Cordari


Na época grega, a gruta era conhecida como pedreira e prisão, mas os historiadores afirmam que mais tarde foi transformada num jardim, um “paraíso” adornado com limoeiros e laranjeiras típicos da paisagem siciliana.

O interior da gruta oferece um sugestivo contraste de luz natural, influenciado pela presença da água que parece “colorir” o local nas diferentes fases do dia, entre musgos, paredes e espaços, sendo a abóbada sustentada por altos pilares rochosos. Devido à elevada umidade, as paredes da pedreira estão cobertas de musgo e rodeadas por uma exuberante vegetação de palmeiras e limoeiros. Adjacente à Grotta dei Cordari está a Grotta del Salpetre.



Grotta dei Cordari, foto HistoriacomGosto

Grotta dei Cordari, foto HistoriacomGosto

Grotta dei Cordari, foto HistoriacomGosto


d) Orelha de Dioniso


Na Latomia del Paradiso tornou-se muito famosa uma caverna artificial de 5 a 11 metros de largura e 23 de altura, o que tem um efeito característico de amplificação acústica dos sons emitidos em seu interior. Este efeito acústico que se assemelha ao ouvido humano junto com o formato da pequena sala que se avista no canto superior direito da entrada da caverna, deram origem à lenda de que aquela caverna tinha sido escavada pelo tirano Dioniso para que pudesse ouvir secretamente o que os presos diziam. O nome "Orelha de Dionísio" foi-lhe dado pelo pintor Michelangelo Merisi da Caravaggio que visitou a latomia em 1608.


Orelha de Dionisio, foto HistoriacomGosto


e) Teatro Grego


Construído no século V a.C. , o Teatro grego de Siracusa sofreu intervenções no século III a.C. e novamente na época romana. Esta construção é o teatro mais antigo de todo o Ocidente. Ela ainda é muito usada para shows e exibições de natureza variada. 


Teatro Grego de Siracusa, foto HistoriacomGosto


5. - Achados arqueológicos na região, agora no Museu Paolo Orsi


a) Elefante anão


ELEPHAS (PALAEOLOXODON) FALCONERI BUSK
Provenienza: Grotta Spinagallo. Siracusa,  exemplar feminino adulta

Conhecida como elefante anão, é da era entre 2,6 milhões de aC até 12.000 anos AC. Por um processo de isolamento onde não foi preciso de lutar pela sobrevivência e, em que os alimentos eram poucos, essa espécie evoluiu dos grandes elefantes para os pequenos.

b) Vasos Antigos


Vasos da data de 3.800 aC até 3.500 aC, encontrados na área chamada de Campagna 2, villaggio del Castelluccio.




c) Busto de Demeter


Foto do busto de uma escultura de terracota, atribuída a Demeter, encontrada no "Poço de Artemis", datada do século IV a.C., e atualmente no Museu Paolo Orsi em Siracusa. Demeter na mitologia grega é a deusa da agricultura, da colheita, da terra cultivada e das estações do ano.




e)  Dea di Gramichelli - "Demetra " (fonte:https://izi.travel/pt/c13b-la-dea-di-grammichele/it)



"Uma das obras mais valorizadas do museu é esta estátua de uma mulher sentada no trono , proveniente do depósito votivo encontrado em Madonna del Piano di Grammichele , é feita de terracota e foi recomposta a partir de numerosos fragmentos.

Conhecida como a “Deusa de Grammichele ”, essa figura fica ali sentada e te olha com benevolência e sorriso!

Ele veste uma longa túnica pregueada, o chiton, e um manto de pregas largas, o himation, que se estende sobre as pernas. Com a mão direita segura um objeto, fragmentário e ilegível, contra o peito.

O penteado é elaborado: o cabelo é preso na testa por um stephane (uma coroa) e longas tranças descem até cobrir os ombros. Os olhos são grandes e animam o rosto, o que se expressa no sorriso típico da arte grega arcaica de tradição oriental.

Os pés, que calçam sandálias elegantes, repousam sobre um banquinho colocado entre as pernas dianteiras do trono, caracterizado, como as traseiras, por pontas em patas de leão.

A obra, talvez um objeto oferecido como presente entre outros dos quais apenas se conservam fragmentos, foi criada por uma oficina na zona de Siracusa , permeada por influências da zona jónica oriental, nos anos por volta de 520 a.C. , há mais de 2500 anos."(fonte:https://izi.travel/pt/c13b-la-dea-di-grammichele/it)


A Deusa de Grammichele, foto Historiacomgosto


f) Bustos e rostos gregos



Faces esculpidas de personagens / deuses gregos


g) Sarcofago de Adelfia


O sarcófago de Adelfia é um sarcófago de mármore da época Constantiniana (322 a 355 dC), encontrado em 12 de junho de 1872 na igreja de San Giovanni em Siracusa durante a campanha de escavações dirigida por Francesco Saverio Cavallari, com o objetivo de apurar a idade das catacumbas presentes . 


Sarcófago de Adelfia, foto HistoriacomGosto

O nome do sarcófago deriva da hipótese de ter sido utilizado para o sepultamento da nobre romana Adelfia, esposa do come Balerius (Valerius): o medalhão central representa um retrato do casal, mencionado no centro do tampa por uma epígrafe colocada em três linhas sobre fundo vermelho:
  • (H)IC ADELPHIA C(LARISSIMA) F(EMINA)
  • COMPARE postulado Conde Baleri 
  • "Aqui está Adelfia, uma mulher muito famosa, esposa do Conde Valério".
O sarcófago apresenta treze decorações de iconografia cristã dispostas em duplo registro sobre o caixão: destas, a maioria (oito) são retiradas do Novo Testamento e as restantes são citações do Antigo Testamento.

h) Coleção Numismática do Museu 


h1. História e Importância

A coleção de moedas do Museu Paolo Orsi abrange um vasto período histórico, desde a antiguidade até a era moderna. A Sicília, devido à sua localização estratégica no Mediterrâneo, foi um ponto de encontro de várias civilizações, incluindo os gregos, romanos, bizantinos, árabes e normandos. Cada uma dessas culturas deixou sua marca na ilha, e isso é refletido na diversidade das moedas encontradas.

h2. Moedas Gregas

A coleção inclui uma vasta gama de moedas gregas, que são algumas das mais antigas e artisticamente significativas. Durante o período da Magna Grécia, cidades como Siracusa, Agrigento e Messina cunharam moedas que são consideradas obras-primas da numismática. Estas moedas frequentemente apresentam imagens de deuses, heróis e símbolos locais, como a cabeça de Arethusa e o cavalo alado Pégaso.

h3. Moedas Romanas

A presença romana na Sicília também é bem representada na coleção. As moedas romanas incluem denários, sestércios e outras denominações que foram usadas durante a República e o Império Romano. Estas moedas são valiosas não apenas pelo seu valor histórico, mas também pela qualidade da cunhagem e pelas inscrições que fornecem informações sobre os imperadores e eventos da época.

h4. Moedas Bizantinas e Árabes

A coleção também inclui moedas bizantinas e árabes, refletindo os períodos em que a Sicília esteve sob o controle desses impérios. As moedas bizantinas são notáveis por suas representações de imperadores e símbolos cristãos, enquanto as moedas árabes destacam-se pela caligrafia árabe e pela iconografia islâmica.

h5. Moedas Medievais e Modernas

Além das moedas antigas, o museu possui uma coleção de moedas medievais e modernas, que ilustram a continuidade da cunhagem na Sicília através dos séculos. Estas moedas incluem exemplares dos períodos normando, suevo, aragonês e espanhol, cada um refletindo a influência política e cultural da época.

Exposição e Conservação

As moedas são exibidas em vitrines especialmente projetadas para garantir sua conservação e permitir uma visualização detalhada. O museu utiliza técnicas modernas de conservação para preservar estas peças valiosas, protegendo-as de fatores ambientais que poderiam causar deterioração.
 




Moedas usadas em Siracusa na época grega como o decadramo



Moedas Bizantinas





6.) Comentários


Na próxima postagem vamos publicar sobre o período romano e bizantino em Siracusa. Nessa publicação falaremos sobre Luzia de Siracusa (em italiano: Lucia), nascida em Siracusa, 7 de março de 283 e morta em 13 de dezembro de 304, também em Siracusa. Luzia foi uma mártir cristã do início do século IV, morta no contexto das perseguições de Diocleciano aos cristãos e posteriormente proclamada Santa da Igreja Católica.

Santa Luzia



7.) Referências



Siracusa - Wikipedia

Dea di Grammichele:
https://izi.travel/pt/c13b-la-dea-di-grammichele/it

Guida Museo Archeologico Paolo Orsini - Editora Electa

Siracusa - La Medusa Editrice

Historia de Siracusa - ChatGpt