Páginas

terça-feira, 4 de setembro de 2018

História de Paris, França - 04 (Quase cem anos de revoltas, guerras e transformações)

I. Introdução


Esse capítulo trata do período mais tumultuado da história de Paris e também da história da França.  O período entre 1789 e 1870 também foi um período turbulento da história mundial. Várias revoluções, mudanças de regime, melhor distribuição de riquezas, fim da monarquia em vários países, guerras generalizadas na Europa, ...,. Como a finalidade dessa série é falar das transformações de Paris como cidade, não vamos nos deter sobre a história da Revolução Francesa propriamente dita. Vamos citar os seus precedentes, as datas principais, mas um capítulo especial será dedicado para esse tema. Nos dedicaremos aqui a comentar sobre as transformações ocorridas na cidade, principalmente no período do Segundo Império, que transformou-a em uma cidade bonita e saudável.

II - Luís XVI


pintura de Luís XVI com casaca branca e faixa azul clara
Luís XVI, por Joseph Duplessis
Luís XVI (Versalhes, 23 de agosto de 1754 — Paris, 21 de janeiro de 1793) foi Rei da França e Navarra de 1774 até ser deposto em 1792 durante a Revolução Francesa, sendo executado no ano seguinte. Seu pai, Luís, Delfim de França, era o filho e herdeiro aparente do rei Luís XV. Como resultado da morte de seu pai, em 1765, Luís se tornou o novo delfim e sucedeu seu avô em 1774. Era irmão mais velho dos futuros reis Luís XVIII e Carlos X.

Nascido em Versalhes, recebeu o título de Duque de Berry. Após a morte repentina de seu pai Luís Fernando, tornou-se o novo herdeiro da França em 1765, e coroado rei aos 19 anos. A primeira parte de seu reinado foi marcada por tentativas de reformar a França, de acordo com os ideais iluministas. Estes incluíram esforços para abolir a servidão, remover a taille (imposto sobre a terra), e aumentar a tolerância em relação aos protestantes. 

foto dos jardins de Versailles
Versailles, foto de Catarina Belova
A nobreza francesa reagiu com hostilidade às reformas propostas, e se opôs com sucesso a sua implementação. Em seguida ocorreu o aumento do descontentamento entre as pessoas comuns. Em 1776, Luís XVI apoiou ativamente os colonos norte-americanos, que buscavam sua independência da Grã-Bretanha, que foi realizada no Tratado de Paris de 1783.

A dívida e crise financeira que vieram em seguida contribuíram para a impopularidade do Antigo Regime, que culminou no Estado Geral de 1789. O descontentamento entre os membros das classes média e baixa da França resultou em reforçada oposição à aristocracia francesa e à monarquia absoluta, das quais Luís e sua esposa, a rainha Maria Antonieta, eram os principais representantes.

III. - Revolução Francesa


É em Versalhes que começa a Revolução Francesa com a convocação dos Estados Gerais e depois com o Juramento do Jogo da Péla. Mas a crise econômica (em especial, o preço do pão), a sensibilidade aos problemas políticos nascida da filosofia iluminista, e o rancor por ter o poder real abandonado a cidade por mais de um século, dão aos parisienses uma motivação adicional.

quadro representando a assembléia de inauguração dos Estados Gerais
Inauguração Estados Gerais, Auguste Couder, 1839
A tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, ligada à insurreição dos artesãos do subúrbio Saint-Antoine, é a primeira etapa disso. Em 15 de julho de 1789, o astrônomo Jean Sylvain Bailly recebe no Hôtel de Ville o cargo de primeiro prefeito de Paris. 

Em 5 de outubro, um levante desencadeado pelas mulheres nos mercados parisienses chega a Versalhes ao anoitecer. Às 6 da manhã, o castelo é invadido e o rei é obrigado pelos populares a fazer residência em Paris no Palácio das Tulherias e de lá convocar uma Assembleia constituinte, a qual se instala em 19 de outubro na Salle du Manège das Tulherias


IV. - A sociedade francesa pré revolução


A sociedade francesa era dividida em classes sociais, ou Estados Nacionais:

* 1° estado – clero; cerca de 2% da população.

* 2° estado – nobreza; também 2% da população.

* 3° estado – burguesia: alta burguesia, média burguesia, baixa burguesia (artesãos, aprendizes, proletários, servos e camponeses semi ou livres).

O terceiro estado arcava com o peso dos impostos e contribuições para o rei, o clero e a nobreza. Os outros dois estados não pagavam tributos e ainda viviam a custa do dinheiro público. 


(fonte: Brasil Escola -
 https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-geral/revolucao-francesaresumo.htm)

V. - O governo de Paris e da França no período revolucionário


A burguesia parisiense, temendo que a população da cidade aproveitasse a queda do antigo sistema de governo para recorrer à ação direta, apressou-se a estabelecer um governo provisório local e a organizar uma milícia popular que foi oficialmente denominada Guarda Nacional. A bandeira dos Bourbons foi substituída por uma tricolor (azul, branco e vermelho), que passou a ser a bandeira nacional. E, em toda a França, foram constituídas unidades da milícia e governos provisórios. O comando da Guarda Nacional foi entregue a Marie Joseph Motier, o Marquês de La Fayette.(fonte : brasilescola)

quadro representando a Tomada da Bastilha
Tomada da Bastilha, Jean Pierre Houel, 1789, Bibiloteca Nacional da França

VI. - Datas principais do período revolucionário


1789 - Monarquia Parlamentar (Revolução francesa)
  • 24 de Janeiro: Instabilidade geral, ocasionada pelas condições económicas, converge para a convocação dos Estados Gerais pela primeira vez, desde 1614.
  • 14 de Julho: Tomada da Bastilha - o ínício simbólico da Revolução francesa
  • 6 de Outubro: A família real é forçada a deixar o Palácio de Versalhes e é escoltada por Lafayette e a Guarda Real. A Família Real é transferida para as Tulherias.

1791

  • 20 e 21 de Junho - Fuga de Varennes: Luís XVI e sua família, em fuga, são detidos em Varennes-en-Argonne.
  • Setembro: Aprovação da Constituição

1792 - 1a República (21/09/1792) - "Convenção Nacional"

  • 20 de abril: A França declara a guerra contra a Áustria.
  • 10 de agosto13 de agostoAtaque ao Palácio das TulheriasLuís XVI é preso, juntamente com a família
  • 19 de Agosto: Lafayette foge para a Áustria.
  • 20 de setembro: Sessões finais da Assembleia Legislativa e primeiro encontro da Convenção Nacional; voto unânime pela abolição da monarquia
  • 21 de setembro: promulgada a nova Constituição

1793 - Era do Terror

  • 21 de janeiro: Execução do Rei Luís XVI
  • 1 de fevereiro: Declarada a Guerra com a Inglaterra, Holanda e Espanha
  • 10 de março: Estabelecimento do Tribunal Revolucionário
  • 6 de abril: O poder é concentrado no Comitê de Salvação Pública e no Comité de Segurança Geral
  • 13 de julho: Assassinato de Jean-Paul Marat por uma jovem girondina
  • 27 de julhoRobespierre torna-se membro do Comitê de Salvação Pública
  • 16 de outubro: Execução da Rainha Maria Antonieta
  • 31 de outubro: Execução de líderes Girondinos

quadro A Morte de Marat
"A morte de Marat" por Jacques Louis David

1799  - Consulado - Napoleão assume com Cônsul até 1804
  • 9 de novembro– O golpe de Estado do 18 Brumário: Fim do Diretório
    • 24 de dezembro– Constituição do Ano VIII: Ditadura de Napoleão estabelecida sobre a forma do Consulado
 
1804 a 1814 - 1o Império - Napoleão Imperador
  • 1814 – Exílio na ilha de Elba
  • 1815 Governo dos cem dias (20 de março a 8 de julho de 1815)

quadro Napoleão cruzando os Alpes
Napoleão cruzando os Alpes, Jacques Louis David, Kunsthistorisches Museum


1814 a 1830 - Restauração Francesa ou Restauração Bourbon é o nome dado ao período histórico francês entre a queda de Napoleão Bonaparte em 1814 até a Revolução de Julho em 1830Após a queda de Napoleão Bonaparte, em 1815, a dinastia dos Bourbon retomou o trono francês através de Luís XVIII e de seu sucessor Carlos X. O retorno dos Bourbon foi acertado no Congresso de Viena com os países que derrotaram Napoleão.

Revoluções de 1830 é a designação dada na historiografia europeia ao conjunto de movimentos revolucionários que abalaram o continente europeu no início da década de 1830. O movimento iniciou-se em 1830 em França, com o levantamento que ficou conhecido como a Revolução dos Três Dias Gloriosos, (Os miseráveis de Victor Hugo retrata esse período e também o quadro de Delacroix "A Liberdade guiando o Povo".). Aqui, os franceses derrubaram a monarquia dos Bourbon e 

quadro A Liberdade Guiando o Povo
A Liberdade Guiando o Povo (revolução de 1830),  Delacroix, Museu do Louvre

1830 a 1848 - Monarquia de JulhoRei Burguês - Luís Felipe (1830 a 1848) == Luís Filipe I foi o Rei dos Franceses de 1830 até sua abdicação em 1848. Seu pai era Luís Filipe II, Duque de Orleães, que havia apoiado a Revolução Francesa e mesmo assim guilhotinado durante o Reino do Terror. Luís Filipe fugiu e passou 21 anos no exílio. Ele foi declarado rei em 1830 depois de Carlos X ter sido forçado a abdicar. 

Luís Filipe promoveu uma amizade com o Reino Unido e apoiou uma expansão colonial, notavelmente a Conquista francesa da Argélia. Sua popularidade diminuiu e ele foi forçado a abdicar em fevereiro de 1848, vivendo o resto de sua vida em exílio no Reino Unido.

Revoltas de Junho de 1848 - Segunda república francesa;  Em 23 de junho de 1848, o povo de Paris entrou em insurreição, que se tornou conhecida como Revoltas de Junho - uma rebelião sangrenta mas mal sucedida pelos trabalhadores parisienses contra uma mudança conservadora no caminho da República. 

Em 2 de dezembro de 1848, Louis Napoléon Bonaparte foi eleito presidente da Segunda República, em grande parte com apoio camponês. Exatamente três anos depois, suspendeu a assembleia eleita, estabelecendo o Segundo Império Francês, que durou até 1870. Louis Napoléon passaria a se tornar o último monarca francês de fato. O seu período começou em 1852.

1852 a 1870 -  Segundo Império - Louis Napoleon Bonaparte - Veja capítulo VIII


VII - Exemplos de Construções do período Napoleônico


a) Arco do Triunfo - (1806 a 1836)

O Arco do Triunfo foi construído para celebrar às vitórias militares de Napoleão Bonaparte, o qual ordenou a sua construção em 1806.

Em 1810, o protótipo foi lançado, mas não estava bom o suficiente para o gosto dos líderes. Por ocasião do casamento da arquiduquesa Marie-Louise, Napoleão decidiu reproduzir uma maquete em madeira e lona para esconder o atraso. 

foto do Arco do Triunfo nas Champs Elysées
Arco do Triunfo, foto de Alvesgaspar em wikimedia commons

Ainda em 1812, após a pesada derrota de Napoleão na Rússia, o projeto foi simplesmente abandonado.

Retomado posteriormente e inaugurado em 1836, a monumental obra detém, gravados, os nomes de 128 batalhas e 558 generais. Em sua base, situa-se o túmulo do soldado desconhecido (1920). O arco localiza-se na praça Charles de Gaulle, no encontro da avenida Champs-Élysées. 

Projetado pelo arquiteto francês Jean Chalgrin, o monumento tem 50 metros de altura por 45 metros de largura e 22 metros de profundidade. O Arco de Tito serviu de inspiração para a sua concepção. A escala do Arco do Triunfo é tão massiva que, três semanas após o desfile da vitória de 1919 em Paris (que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial) o aviador Charles Godfrey conseguiu fazer passar o seu biplano pelo centro.

b) La Madeleine

A Igreja da Madalena, situada perto da Praça da Concórdia, é uma igreja católica consagrada a Santa Maria Madalena. Se destaca pela arquitetura em forma de templo clássico grego.

foto da imponente fachada da Igreja da Madeleine com suas grandes colunas gregas
Igreja "La Madeleine", foto de wagner51 em wikimedia commons

A construção começou próxima do ano 1764 por Contant d´Ivry, sendo logo refeita com planos de Guillaume Couture (1777). Durante a Revolução Francesa, as obras foram suspensas de 1790 a 1805. Em 1806, sob Napoleão, e por conta da tendência anticlerical da época, se transformou em um templo em homenagem ao Grande Exército, função que desempenhou até a construção do Arco do Triunfo, que a substituiu nesse objetivo.

foto do interior da igreja da Madeleine
Igreja da Madeleine, foto HistoriacomGosto

Em 1842, La Madeleine foi consagrada como igreja católica, função que continua desempenhando na atualidade.


VIII. - Paris na década de 1840, uma cidade Insalubre


Em meados do século XIX, o centro de Paris estava superlotado, escuro, perigoso e insalubre. Em 1845, o reformador social francês Victor Considerant escreveu: "Paris é uma imensa oficina de putrefação, onde a miséria, a pestilência e a doença funcionam em harmonia, onde a luz solar e o ar raramente penetram. Paris é um lugar terrível onde as plantas murcham e perecem. de sete bebês pequenos, quatro morrem durante o ano.

O plano de ruas na Île de la Citée no bairro chamado de "quartier des Arcis", entre o Louvre e o "Hôtel de Ville", pouco havia mudado desde a Idade Média. A densidade populacional nesses bairros era extremamente alta, comparada com o resto de Paris; 

Em 1840, um médico descreveu um edifício na Île de la Cité, onde um quarto individual de cinco metros quadrados no quarto andar era ocupado por vinte e três pessoas, adultos e crianças. Nestas condições, a doença se espalhava muito rapidamente. Uma Epidemia de Cólera devastou a cidade em 1832 e 1848. Na epidemia de 1848, cinco por cento dos habitantes desses dois bairros morreram.


IX. - Segundo Império (1852 a 1870)


Com a chegada do Segundo Império, Paris se transforma radicalmente. De uma cidade de estrutura medieval, de construções antigas e insalubres, e praticamente desprovida de grandes eixos de circulação, ela se torna em menos de vinte anos uma cidade moderna. Napoleão III tinha ideias precisas sobre urbanismo e habitação. 

foto aérea de Paris com as longas ruas e que serviu para o plano Barão de Haussmann
The long, straight avenues that continue to dominate Paris (pictured here around 1870) were a key feature of Baron Haussmann’s rebuilding plans. Photograph: Alamy, fonte: theguardian.com


Louis-Napoléon Bonaparte: Em 10 de dezembro de 1848, Louis-Napoléon Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, venceu as primeiras eleições presidenciais diretas já realizadas na França, com esmagadores 74,2% dos votosEle foi eleito em grande parte por causa de seu famoso nome, mas também por causa de sua promessa de tentar acabar com a pobreza e melhorar a vida das pessoas comuns. 

Embora ele tivesse nascido em Paris, ele havia vivido muito pouco na cidade; desde os sete anos de idade, ele vivia exilado na Suíça, na Inglaterra e nos Estados Unidos, e por seis anos na prisão na França por tentar derrubar o rei Luís Filipe. Ele ficara especialmente impressionado com Londres, com suas ruas largas, praças e grandes parques públicos. 

Em 1852 ele fez um discurso público declarando: "Paris é o coração da França. Vamos aplicar nossos esforços para embelezar esta grande cidade. Vamos abrir novas ruas, fazer os bairros da classe trabalhadora, que carecem de ar e luz, mais saudáveis, e Deixe a luz solar benéfica chegar em todos os lugares dentro de nossas paredes ". 

A Paris dos dias de hoje é por isso antes de tudo a cidade de Napoleão III e de Haussmann, que foi contratado para remodelar a cidade, abrindo diversas novas ruas, eixos e boulevares, além de novos espaços abertos e monumentos. Dessa forma, Paris adquiriu um novo traçado urbano.

X. - O Plano de Haussmann


Concebido e executado em três fases, o plano incluía a demolição de 19.730 prédios históricos e a construção de 34 mil novos. Antigas ruas foram substituídas por grandes e amplas avenidas, caracterizadas por fileiras de prédios neoclássicos em tons de creme alinhados e proporcionais.

foto da longa Rua de Rivoli com suas construções uniformes do mesmo tamanho e características
Rue de Rivoli, Paris, foto de Pascale Gueret em shutterstock.com
Além das grandes avenidas, Haussmann construiu grandes quarteirões, parques inspirados no Hyde Park, de Londres, um sistema de esgoto abrangente, um novo aqueduto que dava acesso amplo a água doce, uma rede de canos de gás subterrâneos para iluminar ruas e prédios, fontes complexas, banheiros públicos grandiosos e fileiras de árvores.

foto aérea do arco do triunfo com suas ruas laterais
Arco do Trinufo, foto de Serge Vero em shutterstock.com

Essa infraestrutura urbana foi combinada com novas e ousadas estações de trem – Gare du Nord e Gare de L'Est – a opulenta Opera de Paris, novas escolas, igrejas, mais de 20 praças, ambiciosos teatros na Place du Châtelet, o gigante mercado de comida de Les Halles (do livro O Ventre de Paris, de Èmile Zola), e uma sensacional rede de avenidas radiais saindo do Arco do Triunfo, no centro da Place de l’Ètoile de Haussmann. (fonte: BBC.com)

XI - Exemplos de Construções durante o período de  Haussmann


a) Boulevard Saint Germain

foto do Boulevard de Saint Germain
Boulevard Saint Germain, Crédit photo : Flickr, Istvan, de Monuments de Paris


Com exatamente 3.150 metros de comprimento e 30 metros de largura, o Boulevard Saint Germain é uma das belas artérias da capital. Está localizado na margem esquerda de Paris. O bulevar deixa o Sena no quinto arrondissement no Quai Saint Bernard, corre ao longo do rio e parte para o rio Sena.
O Boulevard Saint Germain está localizado no coração do Quartier Latin, um dos distritos universitários da cidade (e em particular o lugar de onde começou a gronde de maio de 68). É com o bulevar São Michel o caminho principal do distrito. A avenida foi como muitos outros, concebida pessoalmente pelo Barão Haussmann e leva o nome do bispo Germain de Paris, que viveu no século 6 e fundador do

Boulevard Saint Germain tem sido um ponto de referência cultural. É nesta avenida parisiense que encontramos um dos mais famosos cafés literários: o café de Flore . Foi neste famoso café que os poetas e vencedores do Prix Goncourt se uniram no século X (fonte: monuments parisiens)

Fachadas de Haussmann

São definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis de padronização para as fachadas; a tipologia urbana segue um catálogo pré-definido, passam a ter unicidade arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função comercial – multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e lojas. São definidas áreas especiais para as estações ferroviárias. (fonte:arquitetandoblog.wordpress.com)


foto de fachada típica no estilo Haussmann
fachada típica de estilo Haussmann, foto de Javier Calvete, shutterstock.com


b) Place du etoile

A construção do anel radial partindo do arco triunfo com grandes avenidas foi construída no plano Haussman.n



foto aérea centrada no arco do triunfo mostrando o tracejado das ruas
 An overview of Paris, centring on the Étoile area that Haussmann redesigned. Photograph: DigitalGlobe/Rex, fonte:theguardian.com



c) Gare du Nord (1866)

Com cerca de 180 milhões de passageiros por ano, a Gare du Nord é a estação mais movimentada da Europa, a mais movimentada fora do Japão e a 24ª mais movimentada do mundo. A estação serve trens para o norte da França, bem como vários destinos internacionais para o Reino Unido, a Bélgica e os Países Baixos. Ela foi inaugurada em 1866.


foto da fachada da Gare du Nord
Gare du Nord, foto de Dan Kamminga from Haarlem, Netherlands, em Flickr, Creative Commons



d) Mercado de Alimentos do Halles

Les Halles era o tradicional mercado central de Paris. Em 1183, o rei Philippe II Auguste ampliou o mercado em Paris e construiu um abrigo para os comerciantes, que vinham de todas as partes para vender seus produtos. A igreja de Saint-Eustache foi construída no século XVI. Na década de 1850, Victor Baltard projetou os famosos edifícios de vidro e ferro, Les Halles, que durariam até os anos 1970. Les Halles era conhecida como a "Barriga de Paris", como foi chamada por Émile Zola em seu romance Le Ventre de Paris , que se situa no movimentado mercado do século XIX.

gravura colorida com o mercado dos Halles
Vue des Halles de Paris depuis l'église Saint Eustache, por Felix Benoist


O mercado foi demolido em 1971 e substituído pelo Forum des Halles , um moderno shopping center construído em grande parte subterrâneo e diretamente ligado a enorme estação da RER e ao centro de metrô de Châtelet-Les-Halles. O shopping recebe 150.000 visitantes diariamente.


e) Théatre de la Ville


O Theatre de la Ville foi projetado por Gabriel Davioud como parte da reestruturação de Paris pelo Barão Haussmann . Foi construído entre 1860 e 1862 na frente do Theatre du Chatelet , o site do salão do Theatre-Histórico do boulevard du Temple . Tem capacidade para 1.000 lugares.

foto da fachada do Teatro de la Ville
Teatro de la Ville, foto historiacomgosto

Originalmente nomeado Sarah Bernhardt, em homenagem à atriz francesa, atualmente tem o nome de Theatre de la Ville, e tem sua atuação voltada para os nomes da dança contemporânea, teatro francês de vanguarda e concertos de jazz e world music.


f) Teatro Chatelet

É um dos dois teatros projetados por Gabriel Davioud, a pedido do Barão Haussmann. Ambos foram construídos na Place du Châtelet, no local do antigo Châtelet, que havia sido demolido em 1802.

Os dois teatros, idênticos, foram erguidos às margens do rio Sena, com uma fonte e uma praça aberta - a Place du Châtelet - entre ambos. Sua arquitetura externa é essencialmente palladiana, com estilo da entrada sob uma arcada. No centro da praça está a fonte, ornada com a figura de uma esfinge, erguida em 1808 em homenagem à vitória de Napoleão Bonaparte no Egito.

 
foto da fachada do Teatro du Chatelet
Teatro du Chatelet, foto de Pline em wikimedia commons


g) Gare du Lest


A Gare de l'Est é um  dos seis grandes terminais de trem da SCNF em Paris . Foi expandida pelo barão Haussmann. É uma das maiores e mais antigas estações ferroviárias de Paris. 

Arquitetura

O edifício é de estilo neoclássico , com fachada em cantaria; as múltiplas adições feitas à estação original mantêm esse estilo na fachada, com exceção do grande salão transversal e suas duas entradas, rue d'Alsace e rue du Faubourg-Saint-Martin, que são em estilo Art Deco .

A fachada da ala poente (a mais antiga) é iluminada por uma meia rosácea , provida de um pêndulo ladeado por esculturas que representam o Sena e o Reno de Jean-Louis Brian . A empena deste salão é em sela com motivos de bandas lombardas ; está coroado com uma estátua alegórica da cidade de Estrasburgo, obra de Henri Lemaire . É um edifício simétrico desde a sua construção, dotado de dois pavilhões sob uma cobertura de quatro águas emoldurando a meia roseta, recuada dos pavilhões, com uma colunata de nove arcadas semicirculares no rés- do -chão.


foto de um cartão postal antigo da Gare du Lest
Cartão postal antigo, Collection personnelle Scanné par Claude Shoshany


h) Bois de Boulogne O Bosque de Bolonha (em francês: Bois de Boulogne) é um grande parque público localizado no 16º arrondissement de Paris, França. Situa-se nos subúrbios de Boulogne-Billancourt e Neuilly-sur-Seine. Uma das mais importantes áreas verdes da capital francesa, o Bois de Boulogne foi estabelecido na década de 1850, durante o reinado de Napoleão III.

foto do parque Bois de Boulogne mostrando o lago inferior
Lac Inférieur des Bois de Boulogne, Free On-line photos


Quanto ao tamanho, é o segundo maior parque de Paris, cobrindo uma superfície de 8,459 km², sendo conhecido como um dos "pulmões da capital francesa". É um pouco menor do que o Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, porém é duas vezes e meia maior do que o Central Park, em Nova Iorque, e 3,3 vezes maior do que o Hyde Park, em Londres. Em tamanho pode ser comparado ao Richmond Park, em Londres.

Ocupando o lugar da antiga floresta de Rouvray, o bosque foi palco de diversas experiências aerostáticas realizadas por Alberto Santos Dumont entre 1898 e 1903, culminando no histórico voo do 14-Bis em 1906.



i) Igreja de Santo Agostinho


A igreja foi construída entre 1860 e 1871 no bairro da Pequena-Polónia, no 8 º distrito de Paris . Na época do Segundo Império, este distrito mudava com um influxo demográfico que levou a uma construção de edifícios. O Prefeito Haussmann decidiu fazer largas avenidas retas. No cruzamento apareceram edifícios de prestígio.

Em janeiro de 1867 , o Padre Langenieux foi transferido para a Igreja de Santo Agostinho. Este novo distrito da capital viu surgir em suas largas avenidas, ao redor da igreja, então em construção, as luxuosas mansões de uma sociedade aristocrática. Ele acelerou o trabalho da igreja, construiu o vasto presbitério para a morada do sacerdote e vinte vigários, que era um lar simples, mas conveniente e bem equipado.


foto externa da Igreja de Santo Agostinho
Eglise de St. Agustin, foto de Saffron Blaze, via https://www.mackenzie.co

Napoleão III decidiu que a cripta dessa igreja abrigaria seu túmulo e as dos príncipes da família imperial. O túmulo dos  imperadores e das imperatrizes anteriores, deveriam permanecer na basílica de Saint-Denis. Entretanto, o imperador morreu exilado na Inglaterra e foi enterrado com sua esposa e filho na Abadia de St. Michael ( Farnborough, Inglaterra ).

foto do interior da Igreja de Santo Agostinho
Interior da Igreja de Santo Agostinho, foto de David Iliff, License CC BY-SA 3.0, wikimedia commons
O desejo de construir este edifício em vista, no entanto, teve uma desvantagem. Localizada no cruzamento da Boulevard Haussmann e do Boulevard Malesherbes, ambos muito frequentados, esta igreja é provavelmente uma das mais ruidosas em Paris. O ruído do tráfego ainda muito presente no interior da nave, não é propício para uma meditação.


j) Fonte de San Michel

A Fontaine Saint-Michel fazia parte do grande projeto de reconstrução de Paris, supervisionado pelo Barão Haussmann durante o Segundo Império Francês. Em 1855, Haussmann concluiu uma enorme nova avenida, originalmente chamada de Boulevard de Sébastopol-rive-gauche, agora chamada Boulevard Saint-Michel, que tornou o pequeno lugar Pont-Saint-Michel em um espaço muito maior.


Haussmann pediu ao arquiteto da prefeitura, Gabriel Davioud, para projetar uma fonte que seria apropriada em escala para a nova praça. Como arquiteto da prefeitura, ele foi capaz de projetar não apenas a fonte, mas também as fachadas dos novos edifícios ao seu redor, dando coerência à praça. Entretanto, ele também teve que lidar com as exigências do prefeito e da administração da cidade, que estavam pagando pelo projeto.
foto da fonte de Saint Michel
Fonte de Saint Michel, foto de Stavrida em shutterstock.com

O projeto original de Davioud era para uma fonte dedicada à paz, localizada no centro da praça. As autoridades do prefeito rejeitaram essa idéia e pediram a ele que construísse uma fonte para esconder a parede do final do edifício, na esquina do Boulevard Saint-Michel com o Saint-André des Arts. Isso forçou Davioud a adaptar seu plano às proporções daquele prédio.


k) Ópera Garnier

A Ópera foi projetada no contexto da grande reforma urbana de Paris no Segundo Império, liderada pelo prefeito da região parisiense, Georges-Eugène Haussmann. Para a sua construção, em 1859, Haussmann foi autorizado por Napoleão III a promover a limpeza de 12.000 m² de terreno.

foto da fachada da ópera Garnier
Fachada da Ópera Garnies, foto de Peter Rivera, wikimedia commons


O projeto foi objeto de concurso público, em 1861, do qual foi vencedor o arquiteto Charles Garnier (1825-1898), que era então um profissional desconhecido, de 35 anos de idade, e que viria posteriormente a construir também a Ópera de Monte Carlo, em Mônaco.


A pedra angular da Ópera Garnier foi colocada em 1861 e a construção teve início no mesmo ano. Entretanto a obra foi interrompida por numerosos incidentes, incluindo a Guerra Franco-Prussiana, a queda do Império francês, a Comuna de Paris e as dificuldades com o terreno.

Depois de inúmeros contratempos, os trabalhos foram completados em 1874, e o Palácio Garnier foi formalmente inaugurado em 15 de janeiro de 1875, com a representação da ópera A Judia, de Halévy, e trechos de Os Huguenotes, de Giacomo Meyerbeer.


foto do belo interior  da ópera Garnier - região do corredor principal Foyer
interior da ópera garnier, foto de kentoh em shutterstock,com


XII. - Referências



Wikipedia - Paris / Revolução Francesa / Segundo Império / Plano Haussmann

Wikimedia Commons / Crative Commons - fotos de divulgação

The Guardian - A renovação de Paris por Haussmann

BBC - Haussmann, o homem que construiu a Paris que conhecemos hoje.

Shutterstock.com - fotos licensiadas

Brasil Escola - Classes Sociais na França de Luís XVI - 
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-geral/revolucao-francesaresumo.htm

XIII - Outras Publicações da Série


História de Paris, França - 01 (fundação ao século XV)
https://historiacomgosto.blogspot.com/2018/07/historia-de-paris-franca-01.html

História de Paris, França - 02 (Século XV ao Século XVII)

História de Paris, França 03 século XVII ao século XVIII

História de Paris, França - 04 (Quase cem anos de revoltas, guerras e transformações)

História de Paris V - Da belle époque ao período entre guerras