I. - Paris, espetacular
Por ser Paris uma das cidades que mais admiramos, e por já haver tantos posts maravilhosos já publicados sobre ela, até agora não me sentia à vontade para publicar alguma coisa adicional. Com a França no final da copa do mundo me motivei a iniciar uma sequência de publicações sobre a sua história, talvez 05 (cinco), e de uma maneira cautelosa, vamos refinando aos poucos.
vista geral da cidade a partir da torre eiffel |
II - Um pouco de história (da Gália aos Capetos)
a) A origem da cidade (250 a.c)
A informação confiável que existe sobre a origem da cidade é que os parísios eram um povo gaulês que habitava a região hoje conhecida como ile-de-la-cité, antes da chegada dos romanos. Estima-se que talvez desde 250 a.c.,. Essa região era cercada por outros povos gauleses mais poderosos como os Silvanects, Senones, Arvernos e Carnutes.
quadro da rendição de Vercingetórix |
Vercigentórix foi inspiração para criação da história em quadrinhos Asterix e os gauleses.
b) A dominação romana ou Gália Romana (50 a.c a 500 d.c.)
Após a rendição dos gauleses para Julio César, a Gália se converte em uma província romana e a cidade desenvolve as características de uma civilização refinada com banhos públicos, aquedutos, fontes, teatros, ...,. A dominação romana dura até por volta do ano 500 d.c., quando após uma onda de invasões bárbaras, finalmente Clóvis, rei dos francos, consegue dominar a cidade.
Vestígio da ocupação romana na cidade - Arene de Lutece
A cidade romana foi construída, segundo um mapa de grade ortogonal datado do século I, sobre a margem esquerda. Lutécia, como a chamavam os romanos, provavelmente não tinha mais que cinco a seis mil habitantes em seu apogeu, não era mais que uma vila modesta do mundo romano.
Aréne de Lutece - melhor vestígio da ocupação romana em Paris, foto de Antoine2K em shutterstock.com |
c) A conquista dos Francos
Após uma onda de invasões bárbaras dos burgúndios, vândalos, visigodos e ostrogodos, finalmente a província romana cai perante os francos liderados por Clóvis.
Clóvis
Em 486, Clóvis recebe o batismo católico. Eleito "rei dos francos" segundo a tradição germânica (seus guerreiros o carregam e o levam no alto sobre os escudos), seu poder sobre o conjunto dos habitantes da França é legitimado em 510 quando recebe, de Roma, as insígnias de Cônsul Honorário.
Os franceses modernos de origem européia são descendentes dos antigos habitantes gauleses, dos colonizadores romanos que permaneceram na Gália, dos invasores francos, e outros.
A cultura galo-romana permaneceu como a dominante e começou a se fundir com as cultura dos invasores francos, o latim continuou como o idioma dominante da região e posteriormente o latim vulgar local deu origem ao francês.
O Poder instalado
A história de Paris está ligada a uma combinação de vários fatores geográficos e políticos. É Clóvis quem decide, no século VI, instalar os órgãos fixos do poder político do reino na pequena cidade dos parísios. Esta posição de capital será confirmada pelos Capetianos, após um hiato de dois séculos durante a era carolíngia.
Santa Genoveva
A história conta que Santa Genoveva, foi uma jovem religiosa que incentivou o povo a resistir às invasões dos bárbaros. Finalmente após a conquista da cidade por Clóvis que era um rei católico, Santa Genoveva o convenceu a erguer uma igreja dedicada aos santos Pedro e Paulo, hoje situada no coração do quartier latin.
A história conta que Santa Genoveva, foi uma jovem religiosa que incentivou o povo a resistir às invasões dos bárbaros. Finalmente após a conquista da cidade por Clóvis que era um rei católico, Santa Genoveva o convenceu a erguer uma igreja dedicada aos santos Pedro e Paulo, hoje situada no coração do quartier latin.
Santa Genoveva é a padroeira de Paris, ela é festejada no dia 03 de janeiro.
Idade Média - Os Capetos
Os Capetos, que reinam a partir de 987, preferem Orléans a Paris, uma das duas grandes vilas do seu domínio pessoal. Hugo Capeto, apesar da sua residência na île de la Cité, lá pouco permanece. A cidade se torna um importante centro de ensino religioso desde o século XI. O poder real se fixa progressivamente em Paris, que volta a ser a capital do reino, a partir de Luís VI (1108-1137) e mais ainda sob Filipe Augusto (1179–1223), que a cercou com uma muralha.
Em 1163, o bispo Maurice de Sully empreende a edificação da Catedral de Notre-Dame de Paris sobre a île de la Cité.
III. - A Catedral de Notre Dame
A Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Sua construção se iniciou em 1163, e é dedicada à Maria, Nossa Senhora, Mãe de Jesus Cristo. Situa-se na Ile-de-la cité, banhada pelo rio Sena. A construção, e suas modificações, durou até meados do século XIV.
A catedral surgiu ligada à ideia do gótico no seu esplendor, atendendo as necessidades e aspirações da alta sociedade, com uma nova abordagem da catedral como edifício de contato e ascensão espiritual.
A arquitetura gótica substituiu as paredes grossas das igrejas românicas por colunas altas e arcos capazes de sustentar o peso dos telhados. Como consequência, os edifícios góticos ganharam um aspecto mais leve, e as janelas, mais amplas e altas, foram decoradas com belos vitrais coloridos que filtravam a luz natural. (fonte: wikipedia)
Catedral de Notre Dame, Paris, foto de Viacheslav Lopatin em shutterstock.com |
Fachada principal
A fachada apresenta três níveis horizontais e é ainda dividida em três zonas verticais pelos contrafortes ligeiramente proeminentes que unem em verticalidade os dois pisos inferiores e reforçam os cunhais das duas torres. (fotos: HistoriacomGosto)
Nível inferior - Portais
Neste nível são evidentes três portais que surgem em épocas diferentes e que formam um conjunto que passa a ser utilizado na arquitetura a partir dos meados do século XII. São muito trabalhados, penetrando na parede por uma sucessão de arcos envolventes em degrau, arquivoltas, destacando-se o portal central ligeiramente em altura dos laterais.
Nave Principal
No gótico o crente é impelido à ascensão pela afirmação constante da verticalidade, pela monumentalidade das paredes que parecem erguer-se segundo uma teoria contrária à da gravidade, tornando-as leves, deixando por elas filtrar o colorido dos grandes vitrais numa aura etérea.
O edifício tem 127 metros de comprimento, 48 metros de largura e 35 metros de altura que é rematada em cima por abóbadas e dá o primeiro passo na construção colossal do gótico. As maciças colunas de fuste liso da nave, que acentuam a verticalidade, fazem a divisão em arcadas altas para as alas laterais e suportam uma tribuna (galeria), em que janelas para o exterior são abertas para deixar entrar mais luz.
Interior da catedral de Notre Dame |
Vitrais
Um destaque entre os maravilhosos vitrais de Notre Dame é sem sombra de dúvida a sua rosácea que fica do lado Norte. Ela se localiza no centro da fachada, próximo a galeria da Virgem, medindo 9,60 m de diâmetro e foi criada em 1225.
No centro da rosácea está a Virgem com o Menino Jesus, circundada por 8 lunações com flores de lis. Na primeira circunferência de elementos, circundando o centro aparece uma faixa vermelha com formas florais, e mais externamente os 16 profetas. Na segunda circunferência de elementos, aparecem externamente 32 reis e antepassados de Cristo. Na última circunferência envoltos 32 patriarcas e grão-sacerdotes de Israel coroam o conjunto. Todos os elementos que circundam o centro estão envoltos por arabescos geométricos. Cerca de 85% do vitral é original.
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foto historiacomgosto |
Vista da catedral a partir do Sena
Catedral de Notre Dame ao entardecer, foto Historiacomgosto |
IV - A organização de Paris entre os séculos X e XII
A posição de Paris no cruzamento entre as rotas terrestres comerciais e fluviais no coração de uma região rica em agricultura, fez com que Paris se tornasse uma das principais cidades da França durante o século X com palácios reais, ricas abadias e uma catedral. Durante o século XII, Paris se tornou um dos primeiros centros da Europa para a educação e as artes.
V. - La Conciergerie
A Conciergerie é o vestígio principal do antigo Palácio da Cidade, que foi residência e sede do poder real francês do século X ao século XIV e que se estendia sobre o local em que hoje está o Palácio de Justiça de Paris.
Origem do nome: O concierge era uma pessoa de alta patente no reino. Ele era nomeado pelo rei para manter a ordem, a polícia e registrar os prisioneiros.
La Conciergerie, foto Kiev.Victor em shutterstock.com |
Atualmente, o edifício estende-se pelo Cais do Relógio, sobre a Ilha de la Cité, no 1º arrondissement de Paris. Foi convertido em prisão do Estado em 1392, após o abandono do palácio por Carlos V e seus sucessores.
A prisão ocupava o andar térreo do prédio, beirando o Cais do Relógio e as duas torres ; o andar superior era reservado ao Parlamento. A prisão da Conciergerie era considerada como a antessala da morte, durante a época do Terror (Revolução Francesa). Poucos saíam dela livres. A Rainha Maria Antonieta foi aprisionada na Conciergerie em 1793.
A torre do Relógio
foto HistoriacomGosto |
João II construiu uma torre no ângulo nordeste do Palácio da Cidade. Esta torre de observação retangular foi chamada "Torre do Relógio" porque o primeiro relógio público da França aí foi instalado por volta de 1371. Este relógio foi substituído, sob o reinado de Henrique III, em 1585, pelo de Germain Pilon, ainda no local após múltiplas porém fiéis restaurações às decorações em homenagem a Henrique III.
Palácio da Justiça
É também a partir desta época que se constituirá progressivamente, sobre o terreno do Palácio da Cidade, o conjunto arquitetônico do atual Palácio de Justiça de Paris, que abriga notadamente a Corte de Cassações e o conjunto essencial da Corte de Apelações de Paris.
VI - La Saint Chapelle
Construída no século XIII, em apenas 7 anos, por Luís IX, a Sainte-Chapelle, uma jóia do gótico radiante, destinava-se a ser a capela do palácio real e também a abrigar as mais preciosas relíquias da cristandade. Nessas relíquias incluía-se a coroa de espinhos atribuída a Cristo, adquirida por Saint Louis. Ela foi consagrada em abril de 1248.
A posse dessas relíquias referenciava ao monarca muito poderoso como o líder da cristandade ocidental
Distribuídos em 15 janelas de 15 m de altura, os vitrais das 1113 cenas do antigo e do novo testamento, contam a história do mundo até a chegada das relíquias em Paris.
Saint Chapelle, foto HistoriacomGosto |
Detalhes da Capela
Durante a Revolução Francesa a capela foi transformada em escritório administrativo e os vitrais foram tapados com enormes armários. A sua beleza oculta foi assim inadvertidamente preservada do vandalismo que a capela sofreu em outras partes, tendo sido destruídos os assentos do coro e o painel do altar principal, o pináculo do teto deitado abaixo e muitas das suas relíquias foram dispersas
VII - Guerra dos cem anos
Paris termina arruinada pela Guerra dos Cem Anos. Joana d'Arc, em 1429, é queimada viva em sua tentativa de liberá-la dos ingleses e de seus aliados bourguignons. Carlos VII e seu filho Luís XI tem ressalvas contra a cidade e fazem questão de não residir nela, preferindo o Vale do Loire. Sua população cresce entre 1422 e 1500, contando de cem mil a cento-e-cinquenta mil almas.
VIII. - Continuação
Para não ficar muito extenso e cansativo, dividiremos a História de Paris em 05 publicações.
IX. - Referências
wikipedia - história de Paris
X. - Outras publicações da Série
História de Paris, França - 01 (fundação ao século XV)
História de Paris, França - 02 (Século XV ao Século XVII)
História de Paris, França 03 século XVII ao século XVIII
História de Paris, França - 04 (Quase cem anos de revoltas, guerras e transformações)