I. - A Grécia Antiga, período arcaico (800 a.c. a 500 a.c.)
O Período Arcaico tradicionalmente é considerado o período entre a data de 776 a.C., ano da realização dos primeiros Jogos Olímpicos, e 480 a.C., data da Batalha de Salamina. A Grécia era ainda dividida em pequenas províncias com autonomia, em razão das condições topográficas da região: cada planície, vale ou ilha era isolada da outra por cadeias de montanhas ou pelo oceano.
Vista panorâmica de Atenas, foto de Sven Hansche |
A origem das cidades gregas remonta à própria organização dos invasores, especialmente dos aqueus, que se agrupavam em comunidades tribais. Eles cultuavam seus deuses na acrópole (local elevado). A vida econômica dessas grandes famílias era, a princípio, baseada em laços de parentesco e cooperação social. A terra, a colheita e o rebanho pertenciam à comunidade. Havia uma liderança política na figura do pater, um membro mais velho e respeitado.
Com a recuperação econômica após o interlúdio dórico, a população grega cresceu além da capacidade de produção das terras cultiváveis. Diante desse desequilíbrio, e procurando garantir melhores condições de vida, alguns grupos teriam se destacado, passando a manejar armas e a ter domínio sobre as melhores terras e rebanhos.
Esses grupos acumularam riqueza, poder e propriedade como resultado da divisão desigual das terras, considerando-se os melhores. Assim, foram diferenciando-se da maioria da população e dissolvendo a vida comunitária. Essas transformações sociais estavam na origem da formação da pólis, a cidade grega.
Colonização
A partir de 750 a.C. os gregos iniciaram um longo processo de expansão, firmando colônias em várias regiões, como Sicília e sul da Itália (a chamada Magna Grécia), no sul da França, na costa da Península Ibérica, no norte de África e nas costas do mar Negro. Entre os séculos VIII e VI a.C. fundaram aí novas cidades, as colônias.
São muitas as causas apontadas pelos historiadores para explicar essa expansão colonizadora grega. Grande parte dessas causas relaciona-se a questões sociais originadas por problemas de posse de terra e dificuldades na agricultura.
II. - Aristocracia
As melhores terras eram dominadas por famílias ricas (os aristos), também conhecidos por eupátridas (bem nascidos). A maioria dos camponeses cultivava solos pobres cuja produção de alimentos era insuficiente para atender às necessidades de uma população em crescimento.
Uma terceira classe, que não possuía terras, dedicar-se-ia, mais tarde, ao comércio; eram chamados de tetas (thetas), marginais. Para fugir à miséria, muitos gregos migravam em busca de terras para plantar e de melhores condições de vida, fundando novas cidades. Assim, no primeiro momento, a principal atividade econômica das colônias gregas foi a agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais, dispondo de portos estratégicos para as rotas de navegação.
III. - Reis, Tiranos e Democratas
No final da idade das trevas, a vida para a maioria das pessoas era difícil, e as chances de melhorias e avanços era muito pequena. Dependendo de sua origem a pessoa ocuparia um lugar determinado na sociedade. Durante meio século, essas comunidades começaram a ficar sob o controle central de uma cidade. Essa mudança com certeza não foi uma decisão pacífica, mas o resultado de ameaças e violência por parte de algumas comunidades que tinham interesse em expandir o seu território. O exemplo disso aconteceu na região da Ática resultando na criação de Atenas. Várias famílias lutaram umas contras as outras durante centenas de anos. Porém até o século VIII a região estava nas mãos da elite aristocrata.
Reis / Juntas
Com a expansão de Atenas, as pessoas que lidavam com o comércio ou que cultivaram terras ruins mas tiveram sucesso, se tornaram tão ricas quanto os aristocratas. Entretanto, eles não tinham a menor chance de serem eleitos para governar. Isso foi fazendo crescer um movimento de mudança e revolta.
Tiranos
Os gregos passaram a usar a palavra tirano para designar o governo de um. Em 640 a.C., Cílon, um campeão dos jogos olímpicos, tentou dar um golpe para conquistar o poder com o apoio da população mas o seu plano fracassou.
gravura discurso em praça pública em Atenas, autor desconhecido |
Por volta de 620 a.C., um dos arcontes chamado Dracon publicou uma série de leis bem rígidas e difíceis de serem obedecidas pelo povo e pelos aristocratas. Elas transferiam muitos poderes para o governo. Isso descontentou a todos.
Com o aumento de tensões e a situação ficando crítica, em 594 a.c., escolheram Sólon, um homem de classe média que se tornara rico, como um dos membros do Conselho governante. Sólon cancelou uma série de impostos dos ricos sobre os agricultores tentando equilibrar a situação econômica. Só que as reformas não agradaram a todos. E ele se retirou da vida pública.
Psistrato
Após as reformas de Sólon praticamente se desintegrarem, Atenas estava em período de anarquia política e os atenienses se dividiram entre os aristocratas (elite) e os democratas (povo). Esse ambiente favorecia o surgimento de um potencial tirano.
Psistrato que havia sido bem sucedido em uma guerra contra a cidade de Meghara, se lançou como candidato a arconte e foi comprando apoio político e garantindo que os outros membros do conselho seriam seus "cupinchas". Como governante durante cinco anos e depois mais treze anos com controle absoluto, Psistrato foi o autentico Tirano da Grécia.
Democratas - Clístenes
Em 510 a.C., quando Cleómenes de Esparta, atendendo solicitação dos aristocratas, interveio em Atenas restaurando a forma de governo comum, um dos candidatos eleito foi Clístenes, um aristocrata de sangue azul, que procurou apoio na base popular.
Clístenes propôs novas leis que permitiam a todos os cidadãos tomarem parte do governo. A grande modificação instituída por Clístenes foi eliminar a divisão de classes com base na riqueza e dividir a população em termos do local onde moravam.
reunião popular, autor desconhecido |
As coisas não mudaram de imediato. No século seguinte, todos os governantes de Atenas ainda foram aristocratas. Entretanto, o poder da opinião popular já era reconhecido. Nessa época o termo para designar um governo popular era isonomia (igualdade perante a lei). A palavra demokratia significava o povo como detentor de todo o poder. Como os atenienses começaram a acreditar no seu sistema de governo, eles passaram a usar o termo "demokratia", e isso foi realmente uma criação dos atenienses.
participação popular na Grécia antiga, autor desconhecido |
Em 506 a.c. os espartanos não estavam satisfeitos com a forma de governo dos seus vizinhos e tentaram novamente, através de um ataque com seu exército, voltar ao regime que privilegiava os aristocratas. Entretanto o povo ateniense, valorizando as suas conquistas, dessa vez se uniu e derrotou os espartanos.
IV. - Pólis ou Cidade Estado
A pólis (πόλις), poleis no plural - era o modelo das antigas cidades gregas, desde o período arcaico até o período clássico, vindo a perder importância a partir do domínio romano. Devido às suas características, o termo pode ser usado como sinônimo de cidade-Estado. As poleis, definindo um modo de vida urbano que seria a base da civilização ocidental, mostraram-se um elemento fundamental na constituição da cultura grega, a ponto de se dizer que o homem é um "animal politico". Essa comunidade organizada, é formada pelos cidadãos (no grego “πολίτικοι”, "polítikoi"), isto é, pelos homens nascidos no solo da Cidade, livres e iguais.
A pólis grega era formada, basicamente, por uma Acrópole, uma Ágora, uma Khora e uma Ástey. A acrópole corresponde à parte mais elevada, alta da pólis, onde existiam templos dedicados aos deuses. Ficava acima da Ágora, que era a parte mais pública da comunidade. Lá existia o mercado e as assembleias do povo.
A Acrópole de Atenas
As acrópoles da Antiga Grécia eram, como o próprio nome diz, "cidades altas" construídas no ponto mais elevado das cidades, serviam originalmente como proteção contra invasores de cidades inimigas, e quase sempre eram cercadas por muralhas. Com o tempo, passaram a servir como sedes administrativas civis ou religiosas.
A Acrópole de Atenas foi construída por volta de 450 a.C., sob a administração do célebre estadista Péricles, que coordenou a construção de um dos mais importantes edifícios. Foi dedicada a Atena, deusa padroeira da cidade. A maior parte das estruturas da Acrópole de Atenas estão em ruínas; entre as que ainda estão de pé, estão o Propileu, o portal para a parte sagrada da Acrópole; o Partenon, templo principal de Atenas; o Erecteu, templo dos deuses do campo, e o Templo de Atena Nice, simbólico da harmonia da antiga cidade-estado de Atenas.
Acrópole de Atenas, foto de PitK em shutterstock.com |
Ágora de Atenas
A Ágora era a praça principal na constituição da pólis. Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres nos seus limites, assim como por edifícios de carácter público. A ágora possuía ainda, papel importante na configuração da democracia ateniense e na política da cidade, sendo o local, por excelência, da manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana. A ágora de Atenas caracterizava-se como uma grande praça, um vazio contrastante em meio ao casario compacto típico da Atenas clássica.
Ágora antiga em Atenas, foto de Anastasios71 em shutterstock.com |
Khora / Ástey
A khora corresponde à parte agrícola, onde moravam os camponeses e onde eram cultivados alimentos que supriam a ástey, que era a "cidade" da pólis, a parte urbana. A khora ficava separada por uma muralha destinada à proteção contra ataques de outras cidades.
V. A Política na Pólis
Esfera política
A vida na pólis dividia-se em duas esferas: a privada, que dizia respeito a seu patrimônio, ao casamento, à sua família e expressa pela sua casa, e a esfera pública, expressa pelo espaço público urbano (ou político, pois era o espaço da pólis) e suas instituições. Estas, dado que deliberavam e executavam diretrizes e regras para a cidade, constituíam-se efetivamente como instituições políticas. De uma forma geral, ambas as esferas eram soberanas em si mesmas: assuntos privados não diziam respeito às discussões públicas, e vice-versa.
Uma curiosidade interessante sobre a visão que os homens tinham sobre sua "cidadania": uma pessoa nascida em Atenas nunca diria "sou nascido em Atenas", ao invés disso ela diria "sou ateniense". Isso mostra que a relação pessoal com a pólis não era apenas com o território, mas era mais fortemente com a comunidade.reunião política em Atenas, autor desconhecido |
Instituições políticas
Apesar das peculiaridades de cada pólis, é possível identificar três instituições políticas comuns: a Assembléia do Povo, o Conselho aristocrático e os Magistrados.
Estes órgãos poderiam assumir nomes diferentes conforme a pólis. Assim, em Atenas a Assembléia do Povo recebia o nome de Ecclesia, enquanto que em Esparta chamava-se Apela; o Conselho em Atenas era denominado Areópago (nomeado de acordo com o local em que se reunia - a "colina de Ares") e em Esparta, de Gerúsia. Quanto aos magistrados eram designados respectivamente nestas duas poleis como Arcontes e Éforos.
Areópago, foto de Apropos Images em shutterstock.com |
VI. - Referências
Obs: O texto é na maior parte uma compilação de artigos da wikipédia.
Wikipédia - Grécia Antiga / Pólis / Acrópole / Arkhonte
Os Gregos antigos para Leigos - Stephen Batchelor, editora Alta Books
VII - Postagens Anteriores
História da Grécia I - Civilização Minoica
História da Grécia II - Civilização Micênica
História da Grécia III - Idade das Trevas -
História da Grécia IV. Grécia Antiga - a criação das "poleis" (período arcaico 800 a 500 a.C.)
VIII - Outras publicações
A arte na Grécia Antiga (período arcaico) - Esculturas "Kore"
Essa postagem se refere às escultas chamadas "Kore" - O termo Kore ou Koré, com plural Korai (do grego, mulher jovem), é uma tipologia escultórica do Período Arcaico da Grécia Antiga, que consiste numa estátua feminina em pé, esculpida em mármore, vestida, e pode carregar na mão uma oferenda .
Os incríveis Mosteiros de Meteora, Kalambaka, Grécia.
A Acrópole de Atenas e sua história
Esse post se refere à arquitetura dos templos e construções na cidade alta (acrópole) de Atenas.
Museu Bizantino e Cristão, Atenas
Essa postagem se refere ao museu de arte com objetos religiosos do Império Romano do Oriente (Impeério Bizantino).