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sábado, 1 de dezembro de 2018

A Acrópole de Atenas e sua história

I. História Resumida


Origens

história da acrópole de Atenas inicia-se na época micênica com a construção de um mégaro (grande salão), e desenvolve-se no decorrer da tirania de Pisístrato e na era de Péricles (499–429 a.C.). 

O planalto foi cercado por uma muralha construída pelos habitantes primitivos da região, que substituíra uma anterior mais antiga. 


A Acrópole de Atenas vista de uma colina, foto historiacomgosto


Um templo chamado de Hecatômpedo, que despontava no local, havia sido destruído na sequência da invasão persa liderada por Xerxes I em 480 a.C..

Acrópole literalmente significa cidade alta. A acrópole de Atenas está cerca de 75m mais alta do que sua área ao redor.

A construção do Partenon por Péricles (447 a.C a 432 a.C)

Sobre essas ruínas, Péricles erigiu o Pártenon, período este em que foram construídos outros dos edifícios mais importantes (o Propileu, o Erectéion e o templo de Atena Nice) repartidos por toda a montanha.


O Partenon em recuperação, foto históriacomgosto


Reconstituição idealizada do Partenon no período


Na Acrópole de Atenas, temos um conjunto de templos começando pelo Propileu que é o portão de entrada, O Partenon dedicado ao culto da deusa Atena, O templo da deusa Nike, e o Erecteion dedicado ao Poseidon e a Atena. 

Uma visão possível do conjunto na época de Pérciles pode ser visto abaixo.


                   Reconstituição da Acrópole, pintura de Leo Von Klenze


Período Bizantino (395 d.C. a 1450 d.C.)

No período bizantino, o imperador Justino converteu o Partenon e o Erecteion em igrejas ortodoxas. Depois com as cruzadas o Propileu virou um palácio.

Período otomano (1456 d.C a 1

gravura por Peytier de Mesquita no Partenon
Em 1456 o império turco invandiu Atenas.

A sua conservação permanecera em bom estado até ao século XVI, quando na decorrência do domínio otomano, o Partenon se converte numa mesquita, o Erectéion em harém e o Propileu numa polvoraria.



Destruição - Bombardeio veneziano

Ao longo dos séculos os edifícios sofreram várias alterações. O maior dano foi causado em 1687 pelo bombardeamento veneziano, que, sob o comando do general Francesco Morosini, atingiu o Pártenon e destruiu uma vasta área edificada.

A Acrópole e a cidade de Atena como vista pelo exército Veneziano em 1687
(engraving, Stathis Finnopoulos collection).



A explosão praticamente destruiu o Partenon, mas não impediu que os turcos que reconquistaram Atenas um ano depois, continuassem a usar a Acrópole como fortaleza militar por mais de um século. Eles nunca se mostraram muito dados à apreciação de tais monumentos: outra vítima célebre, o pequeno Templo de Athena Niké, foi ali destruída para dar mais espaço à artilharia otomana.


Transferência de esculturas - Lord Elgin (1806)

Em 1806 uma grande coleção de esculturas em mármore foi levada da Grécia para a Grã-Bretanha em 1806 por Thomas Bruce, Lord Elgin, na época embaixador junto ao império Otomano. 

Valendo-se do domínio deste sobre os territórios da Grécia, obteve uma autorização do sultão para removê-los do Partenon e levá-las para Londres



friso do Partenon no British Museum
A figura abaixo mostra quadro do friso do Partenon em bom estado que Lord Elgin posteriormente vendeu para o British Museum.  
Os Mármores de Elgin incluem algumas esculturas dos frontões, os painéis da Metópe descrevendo as batalhas entre os lápios e os centauros, bem como o friso que decorava o templo.

As coleções levadas representam mais da metade das esculturas sobreviventes da decoração do Partenon: Do friso 2/3 estão em Londres e 1/3 em Atenas. Ainda, 15 das 92 métopas; 17 figuras parciais dos pendimentos, bem como outras peças isoladas. 


sala do British Museum, foto de Andrew Dunn
No início Lord Elgin queria apenas fazer alguns moldes em gesso, mas vendo o pouco valor dado pelos otomanos às estátuas solicitou autorização para levar "algumas" peças para a Inglaterra.

Elgin colocou no Partenon uma equipe de 300 homens que se dedicou, durante um ano, a retirar, nem sempre com muito cuidado, os mármores que posteriormente ele venderia para o British Museum. 
Na estrutura ele deixou os feios buracos que ainda hoje tanto irritam os gregos.


Independencia grega (1821 a 1829, protetorado 1832)


Quando os gregos conseguiram sua independencia, Atenas e também a Acrópole estavam praticamente em ruínas. 


Bandeira da Grécia em 1822
Após o reconhecimento de sua independência em 1832, a seção visível do minarete otomano e todas as construções medievais foram removidas da Acrópole. Em 1835 começaram algumas escavações para recuperação de estátuas e fragmentos perdido. 


O governo grego faz campanha pela devolução das esculturas, mas o Museu Britânico nem sequer considera essa possibilidade, embora sucessivos governantes britânicos tenham tentado mudar a legislação que impede a devolução, sem sucesso até ao momento.


Em 1975, o governo grego começou uma série de esforços para restaurar o Partenon e outras estruturas da acrópole. O projeto mais tarde atraiu recursos e apoio técnico da União Europeia. Uma comissão de arqueólogos documentou exaustivamente todo artefato restante no local e arquitetos com modelos tridimensionais assistidos por computador localizam sua posição original. 

Em alguns casos a reconstrução foi considerada incorreta. Esculturas importantes e frágeis foram transferidas para o museu. Uma grua, projetada para se esconder quando fora de uso, foi instalada para mover blocos de mármore. Reconstruções incorretas foram desfeitas e um cuidadoso processo de restauração começou.

O Partenon não será devolvido a um estado pré explosão de 1687, mas os danos serão mitigados o máximo possível, e mármore novo do local original está sendo usado para preencher vazios e fazer reparos necessários na estrutura. Ultimamente, as maiores peças já foram repostas na estrutura, suportadas, se necessário por materiais modernos


Patrimônio Mundial UNESCO (1987)

Em 1987 a acrópole de Atenas foi reconhecida como Património Mundial pela UNESCO.

Museu da Acrópole (2009)


A nova sede do Museu da Acrópole, foi inaugurada em 21 de junho de 2009, possui cerca de 25 mil m² e foi projetada para resistir a terremotos. 14 mil m² são destinados para as exposições, significando um aumento de dez vezes na área útil em relação ao prédio antigo na colina. 



O custo da obra foi orçado em 130 milhões de euros e foi necessária a demolição de diversas residências do local. As escavações para os alicerces revelaram vestígios de construções pavimentadas de mosaicos, que serão mantidos in situ para visitação.

II. - Principais templos da Acrópole 


II.1 -  O Partenon  


O Partenon era um templo dedicado à deusa grega Atena, construído no século V a.C. na Acrópole de Atenas, na Grécia Antiga, por iniciativa de Péricles, governante da cidade. Ele foi projetado pelos arquitetos Calícrates e Ictinos e decorado em sua maior parte pela oficina do escultor Fídias, que também executou a estátua criselefantina (feita de marfim e ouro) da deusa patrona da cidade, Atena Partenos, que ficava no interior do templo naquela época.

O Partenon é o mais conhecido dos edifícios remanescentes da Grécia Antiga e foi ornado com o melhor da arquitetura grega. O nome Partenon deriva da estátua de Atena Partenos.

Atualmente está sendo executado um programa de restauração e reconstrução para assegurar a estabilidade da estrutura.



foto HistoriacomGosto



Atenas Partenos


Atenas Partenos foi uma monumental estátua representando a deusa Atena criada por Fídias para o Partenon. Com cerca de 12 metros de altura, e revestida de ouro e marfim, custou uma fortuna e anos de trabalho, mas foi imediatamente reconhecida como uma maravilha, garantindo a Fídias celebridade em toda a Grécia de seu tempo. 


Atenas Varvakeion
Uma das obras fundadoras e capitais da tradição clássica na escultura grega, pelos séculos à frente, a reputação da Atena Partenos se difundiu por todo o mundo ocidental, tornando-a uma das estátuas mais famosas da Antiguidade, continuando hoje a interessar à crítica. Entretanto o monumento perdeu-se em data e circunstâncias desconhecidas. Sua imagem sobreviveu, no entanto, em relatos literários e em cópias reduzidas, em relevos, moedas e outros meios, que dão uma ideia geral do original.

A Atenas Varvakeion é uma estátua da época romana. Ela é considerada a cópia mais aproximada da original.



Visão idealizada do salão do Partenon dedicado à Atenas Partenos


croqui deusa Atena dentro do Partenon, autor desconhecido


O frontão oeste do Partenon


A oeste, na fachada "menor", estava a disputa entre Atena e Poseidon por Atenas e Ática e a vitória da Deusa Virgem, um dos grandes mitos locais. As duas divindades disputaram soberania sobre a região. Eles decidiram oferecer os mais belos presentes para ganhar.






Com um golpe de seu tridente, o deus dos mares fez surgir uma primavera (ou um lago) de água salgada na acrópole. A virgem deusa com ponta de lança fez a primeira oliveira aparecer. As fontes não concordam com a identidade dos árbitros. Eles escolheram Atena e sua oliveira.  Esta história é recontada pela primeira vez por Heródoto (VIII, 55). Este mito até então tem sido pouco representado: o artista que concebeu o conjunto, assim como os escultores, tinha uma liberdade completa. 

No espaço central, os dois deuses (Atena à esquerda, L ocidental, Posêidon à direita, M Oeste) foram talvez separados pela oliveira de Atena ou até pelo relâmpago de Zeus. A representação neste frontão de uma intervenção de Zeus na discussão poderia ser a primeira ocorrência deste tema. É então encontrado em um vaso a partir do final do quinto século aC. preservada no museu arqueológico de Pella e na literatura.



Os frontões coloridos





Ao contrário do que imaginamos hoje, as investigações arqueologicas apontam que os frontões e os frisos, bem como um grande número de estátuas da Acrópoles era coloridos.


Os frisos

O que existe na Grécia hoje dos frisos e frontões originais, estão todos no Museu da Acrópole. Cópias estão sendo feitas e colocadas no monumento ao ar livre.



Museu da Acrópole, foto historiacomgosto


Parte do friso existente



friso, foto historiacomgosto


Friso idealizado

Como dissemos anteriormente tudo indica que os frisos e os frontões eram coloridos. Uma reconstituição é feita abaixo mostrando as possibilidades.



friso colorido



A arquitetura

vista de fundos do Paternon, foto historiacomgosto


O templo foi construído na ordem dórica, considerado o representante máximo desse estilo. O Partenon é um templo dórico com alguns elementos da ordem jônica. Como outros templos gregos, possui frontão e lintel sustentados por colunas suportando um entablamento.


Oito colunas na fachada da frente e oito na fachada dos fundos, e dezessete em cada lado. Há uma fileira dupla de colunas em cada extremidade. 
A colunata rodeia uma estrutura interna de alvenaria, a cela, que está dividida em dois compartimentos. 

Em cada extremidade do edifício a empena termina com um frontão triangular originalmente preenchido com esculturas. 
As colunas são da ordem dórica, com capitéis simples, eixos estriados e sem bases. 

Em torno da cela e através das vergas das colunas internas corre um friso contínuo esculpido em baixo relevo. Este elemento da arquitetura é jônico em grande estilo, ao invés de dórico.

II.2 -  O Propileu


Propileu é a porta monumental que serve como a entrada para uma acrópole. A palavra nasceu da união do prefixo pro (antes ou em frente de) e o plural do grego pylon ou pylaion (portão), significando literalmente que se encontram antes da entrada.

No mundo moderno foi copiado em diversas cidades da Europa ocidental, sobretudo da Alemanha, tendo o exemplo mais conhecido a "Porta de Brandemburgo" (século XVIII) em Berlim.


Recriação livre - O propileu em dia de festa.

Em dias de festa, a população subia a Acrópole em procissão para a visita aos templos.





O propileu nos dias de hoje

O Propileu encontra-se em fase de recuperação, existindo apenas as colunas e faltando a colocação do frontão.



Propileu em 2018, foto historiacomgosto

II.3 -  O templo de Atenas Nike


O Templo de Atena Nike, dedicado à deusa Atena Nike, foi construído por volta de 420 aC, e é o templo é o mais antigo templo totalmente jônico da Acrópole. 

A vista do local é surpreendente. Avista-se o golfo sarônico, o Pireu, Salamina, ...,. Desde os tempos pré-históricos esse local era usado como ponto de observação.





Nike significa "vitória" em grego , e Athena era adorada nessa forma, representativa de ser vitoriosa na guerra.

Os cidadãos adoravam a deusa na esperança de um resultado bem-sucedido na longa guerra do Peloponeso contra os espartanos e seus aliados.


A deusa Nike ajustando suas sandálias


Essa escultura fazia parte do parapeito decorado que circundava o templo.

O famoso friso de Nike ajustando sua sandália é um exemplo de tapeçaria molhadaTapeçaria molhada envolve mostrar a forma do corpo, mas também ocultar o corpo com o plissado da roupa.

É um dos primeiros trabalhos do tipo encontrados em esculturas.

Encontra-se no Museu da Acrópole.

II.4 -  O Erecteion


O Erecteion, é um templo consagrado a Atena e a Poseídon. Foi construído entre 421 a 406 a.C., por Mnesicles. 

É considerado o mais belo monumento em estilo jônico, a despeito das singularidades do seu plano e elevação, que se têm explicado pela necessidade de contrabalançar discretamente o Partenon e de reunir diversos santuários primitivos. 

De acordo com as lendas do local, havia uma fonte de água salgada criada por Poseidon e uma oliveira sagrada criada por Atena na disputa pelo controle da cidade.  


O Erecteion, foto historiacomgosto


Possui duas celas individuais, e irregulares, devido à diferença de terreno e três pórticos desiguais. O pórtico Norte distingue-se pela altura das suas colunas e delicadeza dos capitéis; o pórtico Sul é o mais famoso por ter seis cariátides, ou korai, fazendo as vezes de colunas. Em redor de todo o templo havia um friso, da qual restam alguns fragmentos conservados no Museu da Acrópole de Atenas.


A oliveira sagrada de Atenas


Essa oliveira representa a oliveira sagrada que a Deusa Atena fez aparecer, na sua disputa com Zeus pelo controle da cidade. Havia uma oliveira aí cultivada desde os tempos remotos, mas que depois desapareceu. Essa que está lá atualmente, foi plantada em tempos modernos por Sophia da Prússia, neta da rainha Vitória da Inglaterra, e rainha consorte da Grécia nos períodos de 1913-1917 e 1920-1922.


a oliveira sagrada ao lado do Erecteion


As colunas jônicas do Erecteion


Reparem que as colunas do Erecteion são colunas jônicas. Elas são mais altas, masi finas e com o capitel trabalhado.

colunas jônicas no Erecteion, foto historiacomgosto


As Cariátides


Uma Cariátide é uma figura feminina esculpida servindo como um suporte de arquitetura tomando o lugar de uma coluna ou um pilar de sustentação com um entablamento na cabeça.

Cariátides em grego significa literalmente "moças de Karyai", uma antiga cidade do Peloponeso. Karyai teve um famoso templo dedicado à deusa Ártemis em sua manifestação de Ártemis Karyatis: "Como Karyatis ela se alegra nas danças da nogueira da aldeia de Karyai, aquelas cariátides, que em seu êxtase, faziam sua dança circular levando em suas cabeças cestas de juncos, como se fossem plantas dançando".

As Cariátides mais famosas são essas que servem de colunas do templo do Erecteion.


Cariátides no templo Erecteion


As cariátides hoje exbidas no Erecteieon são cópias das cariátides originais que foram levadas para o Museu da Acrópole. Uma delas foi levada para a Inglaterra por Lord Elgin.  


As Cariátides no Erecteion, foto históriacomgosto


Cariátides no Museu Acrópoles


As cariátides originais foram trazidas do templo do Erecteion para o Museu da Acrópolis onde podem estar mais bem conservadas. Está faltando uma delas que foi levada por lord Elgin e vendida para o Museu Britânico onde está exibida.


Cariátides no Museu da Acrópolis, foto historiacomgosto

III. - O Akroterion


Um acroterion (akroterion)  é um ornamento arquitetônico colocado num pedestal plano chamado acroter ou plinto, e montado no ápice ou nos cantos do frontão de um edifício no estilo clássico. Um acroterion colocado nos ângulos externos do frontão é um acroterion angularium .

O acroterion pode ter uma grande variedade de formas, como uma estátua, tripé, disco, urna, palmette ou alguma outra característica esculpida.

O Akroterion do Paternon

No paternon existia um ornamento em forma de palma na parte superior do frontão e que media cerca de 4 (quatro) metros. Uma reconstituição encontra-se no Museu da Acrópole em Atenas.



diagrama esquemático paternon, autor desconhecido
Akroterion do vão central, Museu da Acrópole

IV. - Referências


Acropolis through its museum - Panos Valamis
Acropoles - Wikipedia
Atenas - Editora Papadimas