Páginas

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A Pedra da Roseta e os Hieróglifos egípcios

I. - Introdução 


A Pedra de Roseta é um fragmento de uma estela (pedra vertical onde se esculpe ou registra)  de granodiorito do Antigo Egito, cujo texto foi crucial para a compreensão moderna dos hieróglifos egípcios. 


pedra da roseta - museu britânico
Pedra da Roseta, encontrada em Memphis, atualmente no Museu Britânico, foto de Hans Hillewaert


Na pedra existe uma inscrição que registra um decreto promulgado em 196 a.C., na cidade de Mênfis, em nome do rei Ptolomeu V, registrado em três parágrafos com o mesmo texto: 
  • trecho superior está na forma hieroglífica do egípcio antigo
  • trecho do meio em demótico, variante escrita do egípcio tardio
  • trecho inferior em grego antigo

Como foi encontrada

Exibida originalmente dentro de um templo, a estela provavelmente foi removida durante os períodos cristão ou medieval, e finalmente terminou sendo usada como material na construção de um forte na cidade de Roseta (Raxide), no delta do Nilo. 

Foi redescoberta ali em 1799 pelo soldado francês Pierre-François Bouchard, integrante da expedição francesa ao Egito, liderada por Napoleão. 

Primeiro texto bilíngue a ser recuperado na história moderna, a Pedra de Roseta logo despertou grande interesse pela possibilidade de conter uma tradução da antiga língua egípcia, até então nunca decifrada. Cópias litografadas e de gesso passaram a circular entre museus e acadêmicos europeus. 

Posse pelos britânicos

Neste meio tempo, tropas britânicas derrotaram os franceses no Egito, em 1801, e a pedra acabou passando para a posse do Reino Unido, de acordo com a Capitulação de Alexandria. Transportada para Londres, está em exibição ao público no Museu Britânico desde 1802, onde é o objeto mais visitado.

A Tradução - Champollion



 fotografia do busto de François Champollion   O estudo do decreto já estava bem avançado quando a primeira tradução completa do texto grego surgiu, em 1803. Somente 20 anos depois, no entanto, foi feito o anúncio da decifração dos textos egípcios por Jean-François Champollion, em 1822


Muito tempo ainda se passou até que os estudiosos pudessem ler outras antigas inscrições egípcias e compreender sua literatura com alguma confiança. 

Os principais fatores para esta decodificação foram:
  • Descoberta de que a Pedra oferecia três variantes do mesmo texto (1799);
  • O texto em demótico utilizava caracteres fonéticos para soletrar os nomes estrangeiros (1802);
  • O texto em hieróglifos não só também o fazia, como tinha semelhanças profundas com o demótico (Thomas Young, 1814); 
  • Além de serem utilizados para soletrar estes nomes, os caracteres fonéticos também eram utilizados para soletrar palavras nativas do egípcio (Champollion, 1822–1824). 

Desde sua redescoberta, a Pedra tem sido alvo de rivalidades nacionalistas, incluindo sua transferência da França para o Reino Unido durante as Guerras Napoleônicas, a antiga disputa sobre o valor relativo das contribuições de Young e Champollion para a decifração, e, desde 2003, a reivindicação de retorno da Pedra da Roseta feita pelo Egito. (fonte:wikipedia)

II. - Os Hieróglifos


Princípios gerais da escrita egípcia


A escrita hieroglífica podia ser escrita em linhas ou colunas, tanto da esquerda para a direita, como da direita para a esquerda. Para identificar a direção de leitura de um determinado texto, deve-se analisar a direção para onde os sinais estão voltados. Os sinais hieroglíficos estão sempre voltados para o início do texto. 
Desta forma, o texto
nTrnfrnb
Z1
tA
tA
nb
ir
x t
←ramnxpr→G38ra
Z1
←G26ms
z
nfrxpr→
deve ser lido da esquerda para a direita, pois os sinais (como o do machado sagrado, do olho, e dos pássaros) estão voltados para a esquerda .
Os sinais, ainda, eram agrupados de forma a construir um conjunto harmonioso, com a escrita dos hieróglifos dentro de quadrados imaginários. Em um texto, os sinais superiores são sempre lidos antes dos inferiores .

Tipos de Sinais

Os sinais hieroglíficos egípcios são divididos entre ideogramas e fonogramas.

Ideogramas

Quando um único sinal representa, sozinho, uma determinada ideia ou coisa, ele é considerado um ideograma. Por exemplo, o sinal 
pr
que representa uma casa, pode significar a palavra “casa”.
Na maior parte das vezes, os ideogramas funcionam como determinativos. Ao final das palavras, um ideograma é colocado, para indicar a qual categoria uma palavra pertence.

Por exemplo, o sinal    O49

é um determinativo para a ideia de cidade. Assim, pode-se identificar que a palavra
AbbDw
Z1
O49
 



é nome de cidade, pois terminam com o hieróglifo  O49

Os cartuchos, dentro dos quais era escrito o nome de reis e rainhas, era também um ideograma, relacionado à ideia de eternidade.

sw
t
bit
t
ra
Z1
←nbw
kA
kA
kA→
dianxra
Z1

Fonogramas 

  • unilíteros, ou alfabéticos: quando cada sinal representa apenas um som. Estes são os sinais que formam o chamado “alfabeto” egípcio.
  • bilíteros, quando um sinal representa dois sons. Por exemplo,sinais que representam (wr e fr)
  • trilíteros, quando um sinal representa três sons. Como, por exemplo sinais para (anh, nfr, ntr)


Tabuleta colorida com correspondência símbolos x letras
Tabuleta colorida com correspondência símbolos x letras

Representação de Numerais

Tabuleta colorida com correspondência símbolos x números
Tabuleta colorida com correspondência símbolos x números



  •  trecho superior está na forma hieroglífica do egípcio antigo
trecho superior está na forma hieroglífica do egípcio antigo
trecho superior da pedra - forma hieroglífica do egípcio antigo

III. - Escrita Demótica


Escrita demótica, ou sekh shat (escrita para o dia-a-dia) para os egípcios, surgiu no início da 26º dinastia do Egito (667-525 aC). É provável que tenha aparecido pela primeira vez na região do delta do Nilo, tendo se espalhado rapidamente pelo país. Acredita-se que o estado egípcio, na época de Psamético I, tendo em vista a centralização da administração do país, empenhou-se para que a escrita demótica se tornasse padrão no Egito.

Antecessora da demótica, a escrita hierática já representava uma grande evolução em relação aos hieróglifos egípcios. Aos poucos, os desenhos minuciosos e realistas dos hieróglifos deram lugar a representações abstratas, em uma escrita cursiva, mais veloz, e realizada em um único sentido (da direita para a esquerda). A demótica, ainda mais abstrata e rápida, se constituiu como uma reformulação da escrita hierática.
  •  trecho do meio em demótico, variante escrita do egípcio tardio

trecho do meio em demótico
trecho do meio em demótico, variante escrita do egípcio tardio





















Em parte por sua anatomia, em parte pelo incentivo do estado, a escrita demótica passou a ser utilizada na maioria dos registros das atividades dos egípcios, e boa parte do seu corpus sobrevivente consiste de documentos legais. Geralmente esses textos são muito bem escritos, isso sugere que em sua a maioria são produto de uma elite alfabetizada: escribas públicos, funcionários os templos e representantes das classes ricas.


IV. Grego Antigo


A língua grega antiga ou clássica é uma língua indo-europeia extinta, falada na Grécia durante a Antiguidade e que evoluiu para o grego moderno.

O grego (em contexto geral de sua evolução) foi um importante idioma que contribuiu para a formação de vários idiomas, como o português por exemplo com a ajuda do latim.

  •  trecho inferior em grego antigo

trecho inferior da pedra em grego antigo
trecho inferior em grego antigo


V. - Exemplos de Hieróglifos


a) Cartucho de Ramsés II


Como já falado acima, os cartuchos eram locais, dentro dos quais era escrito o nome de reis e rainhas. Era também um ideograma, os Faraós o usavam descrevendo a ideia de sua eternidade.


 foto do cartucho do faraó Ramsés II  foto da escultura da cabeça do faráo com o cartucho ao lado com seu nome



O fabuloso templo de Abu-Simbel, decoração lateral


foto do cartucho de Ramsés II
O cartucho de Ramsés II, se encontra no centro superior


b) Cartucho da Faraó Hatshepsut


No obelisco de Hatshepsut em Karnak, podemos observar o cartucho da Rainha Hatshepsut. Quando se encontra o símbolo do "pato" e do "sol" fora do cartucho, significa filho de Ra. A transcrição do cartucho é Hat_Shepe-Sut.

 fonte:https://www.toniweb.com/index.php/Egipto/Karnak/karnak_3

 foto do obelisco de Hatshepsut
Obelisco de Hatshepsut, Karnak,
foto historiacomgosto
 foto do cartucho do faraó Hatshepsut
foto propriedade: Museu Egípcio

VI. O que está escrito na Pedra da Roseta - Decreto de Mênfis


Excerto do Decreto de Mênfis

Os sumos sacerdotes e profetas [...] e todos os outros sacerdotes que vieram de todos os santuários do país a Mênfis ao encontro do rei, [...] declararam: [...] o rei Ptolemeu [...] tem sido um benfeitor para com os templos e para aqueles que aí habitam, como também para todos aqueles que são seus súbditos; [...] se mostrou benfeitor e consagrou aos santuários receitas em dinheiro e em trigo e tem suportado muitos gastos para conduzir o Egipto à tranquilidade e para assegurar o culto; e que tem sido generoso utilizando todas as suas forças; e que, das receitas e impostos cobrados no Egipto, tem suprimido alguns e aligeirado outros para que o povo e todos pudessem prosperar sob o seu reinado; e que tem suprimido as inúmeras contribuições dos habitantes do Egipto e do resto do seu reino destinadas ao rei, por mais consideráveis que fossem [...] e que depois de inquirir tem renovado os mais honoráveis dos templos, sob o seu reinado, como é devido; em recompensa por isto, os deuses têm-lhe dado saúde, vitória e poder e todas as outras coisas, e a coroa deve permanecer propriedade sua e dos seus filhos, para sempre. COM SORTE PROPÍCIA, foi decidido pelos sacerdotes de todos os santuários do país que devem ser enormemente aumentadas as honras rendidas ao rei Ptolemeu, o Imortal, o amado de Ptah, o deus Epifânio Eucaristo [...]; que se erga em cada santuário, no lugar mais proeminente, uma imagem do rei imortal, Ptolemeu, deus Epifânio Eucaristo, imagem que levará o nome de Ptolemeu, defensor do Egipto, junto da qual deverá ficar o deus principal do santuário, entregando-lhe a arma da vitória, segundo o modo egípcio [...]

Trad. J. C. Sales e H. C. Manuelito (2007). Feita a partir de trad. para o inglês, de C. Andrews (1983)[59]


VII. Referências


Todo o texto não é original. Foi obtido da Wikipédia através da compilação de vários artigos; Finalidade divulgação cultural;

Wikipédia - Pedra da Roseta / Hieróglifos / Escrita Demótica / Grego antigo / Ramsés II / Hatshepsut / Champolion;


VIII. Outras Postagens de Interesse publicadas por HistoriacomGosto


Museu Egípcio antigo - 4.000 anos de história

História do Egito - Imperio Novo - Vale dos Reis