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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Primavera de Sandro Botticelli

I - O Renascimento na península Itálica


Chama-se Renascimento o movimento cultural desenvolvido na Europa entre 1300 e 1650. O termo sugere que a Europa teria assistido a um súbito reviver dos ideais da cultura greco-romana.

Na verdade, o Renascimento significou muito mais do que o reviver da cultura clássica. Nesse período ocorreram várias realizações nos campos das arts plásticas, da literatura e das ciências que superaram essa herança. O ideal de humanismo foi sem dúvida o móvel de tais realizações e tornou-se o próprio espírito do Renascimento.

Num sentido amplo, o ideal do humanismo pode ser entendido como a valorização do ser humano e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da idade média. 

Texto de Graça Proença - História da Arte, editora Ática. 

II - Sandro Botticelli


Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi ou Sandro Botticelli (Florença, 1º de março de 1445 – 17 de maio de 1510), foi um pintor italiano. Assim como um de seus irmãos, havia sido apelidado de "botticelli", que significa em italiano "pequeno tonel", o epíteto substitui o sobrenome de família, passando a identificar o futuro pintor.


autorretrato de Sandro Botticelli
autorretrato, galeria Uffizzi

Aprendiz no ateliê de Filippo Lippi, estudou na Escola Florentina do Renascimento e igualmente receptivo às aquisições introduzidas por Masaccio na pintura do Quatrocento e às tendências do Gótico tardio, seguiu os preceitos da perspectiva central e estudou as esculturas da Antiguidade, evoluindo para a valorização da harmonia linear do traçado e ao vigor e pureza do colorido. Botticelli usava todas as cores, em especial cores frias. (Wikipedia)

Sandro Botticelli é considerado o artista que melhor expressou, por meio do desenho, um ritmo suave e gracioso para as figuras pintadas. Seus temas, tirados tanto da Antiguidade grega como da tradição cristã, foram escolhidos segundo o potencial de expressar o seu ideal de beleza. (Graça Proença).

Também estudou com Andrea del Verrocchio, entre 1467 e 1470, na mesma época em que com ele estudava Leonardo da Vinci. Em 1470, aos vinte e cinco anos, abriu seu próprio ateliê.

Protegido dos Médici, para os quais executou preciosos registros da pintura de cunho mitológico, foi bem relacionado no círculo florentino, trabalhando também para o Vaticano, produzindo afrescos para a Capela Sistina.

III - A Primavera / Alegoria da Primavera


Com Alegoria da Primavera e o Nascimento de Vênus, pintadas em 1480, entramos com Botticelli no mundo da mitologia clássica. Apesar de não ser a  primeira vez que o tema era abordado, ele não era muito comum de ser trabalhado pelos artistas no século XV. 

Esses dois quadros foram pintados para a Villa Medici do Castello, próxima a Florença. 


quadro completo Alegoria da Primavera de Botticelli
    A Alegoria da Primavera, Sandro Botticelli, 1480, Galeria Ufizzi em Florença

- Descrição


Venus permanece no meio de um jardim de primavera paradisíaco, preenchido com flores e arrodeado de árvores com laranjas. Seu filho cego Cupido paira sobre ela, pronto para disparar sua flecha, enquanto por trás de Venus vê-se uma vegetação de murta, que é frequentemente associada com a Deusa do Amor. À esquerda, as tres virgens (Three Graces) dançam enquanto o deus Mercúrio usa sua varinha (caduceus)  para espantar as nuvens. Á direita, Zephir, colorido de cinza, verde e azul sequestra a ninfa Chloris. A sua esquerda está Flora espalhando rosas, a flor mais associada com Venus, pelo jardim.

- Os Personagens

Venus

Venus é apresentada como uma matrona ricamente vestida, uma deusa do amor marital. Em seu jardim sempre é primavera. Ela parece apontar para as três virgens dançantes, que são a sua companhia na mitologia clássica.

Acima de Venus, Cupido aponta sua flecha para elas. Aquela que for atingida será destinada ao matrimonio.

parte do quadro com foco no rosto de Vênus




Mercurio

Mercurio também é fortemente ligado tanto com Venus como com a Primavera nos textos clássicos. Ele é filho de Maia, de onde se origina o nome do mês de Maio. Mercúrio usa sua varinha para dispersar as nuvens, pois elas não tem lugar no jardim de Venus.

                
parte do quadro com foco em Mercurio


Flora

Flora é a deusa das flores e que encorpa todo o ideal de beleza do tempo de Botticelli. Sua coroa é enfeitada com rosas, as flores de Venus, e além disso ela também usa uma joalheria floral. ela também é associada com o mês de maio.

parte do quadro com as feições de Flora

Chloris

Botticelli deve ter lido sobre Chloris no conto Metartamorfose de Ovidio. Nele, a ninfa Chloris é raptada por Zephir no Jardim das Hespérides. Depois eles se casam e se tornam capazes de usufruir a primavera por toda eternidade. 

No quadro, Chloris está tentando gritar, mas tudo que vem a sua boca são flores. Zephir, apesar de ser mostrado aqui como o vilão que tenta raptar chloris, ele também tinha conotações positivas no mundo clássico. De acordo com um poema de um contemporâneo de Botticelli, Zephir era o único vento permitido de entrar no jardim de Venus. É Zephir que proporciona as fragrancias perfumadas e que cobre a terra com toda espécie de flores.


parte do quadro com foco em Chloris sendo raptada por Zephir

IV - Referências dessa publicação


Observação I - Todo o trecho de análise da pintura, retirado do livro "How to read a painting" com o intuito de divulgação cultural.

- "How to read a painting "de Patrick de Rynck, editora Thames e Hudson:

- História da Arte - Graça Proença, editora Áticca - Texto sobre rensacença e Botticelli

- Wikipedia ; Sandro Botticelli - Texto sobre Botticelli

- Wikimedia Commons - Foto do quadro "A Primavera"


V - Outros publicações relacionadas


- História resumida de Florença: 
Nesse post contamos sobre a história de Florença desde a sua fundação até o período do renascimento.

- Batistério de São João e as Portas do Paraíso
As portas do paraíso, como são chamadas as portas do batistério de São João, são todas esculpidas em bronze com cenas bíblicas. São belíssimas.

- A Catedral (Duomo) de Florença: 

- Dante Alighieri e a Divina Comédia
A Divina Comédia de Dante relata sobre uma peregrinação pelo inferno, purgatório até chegar no céu. Dante vai guiado até as portas do céu por Virgílio, grande escritor. No decorrer dos caminhos pelo inferno e purgatório ele vai encontrando personagens do seu tempo aos quais vai atribuindo os seus pecados. Ao chegar nas portas do céu, Dante vai ser conduzido por sua amada Beatriz. Esse livro é todo em verso e ele foi o primeiro livro na língua toscana que se tornou o italiano escrito e falado.

- Galeria Uffizzi - Construção e Obras

- Michelangelo Buonarroti - Esculturas e Obras

- Vida e Obra de Leonardo da Vinci I- (Florença)
Nessa série contamos a vida de Leonardo da Vinci e suas principais obras baseada na biografia de Vasari.

- Vida e Obra de Leonardo da Vinci II - (Milão)
https://historiacomgosto.blogspot.com.br/2018/04/vida-e-obra-de-leonardo-da-vinci-ii_19.html

- Vida e Obra de Leonardo da Vinci III - (Amboise)
https://historiacomgosto.blogspot.com/2018/05/vida-e-obra-de-leonardo-da-vinci-iii.html