I. - Introdução
Esse post foi amadurecendo lentamente. Comentar sobre Dante Alighieri ou sobre a Divina Comédia é falar sobre alguns séculos de cultura italiana que se passaram desde então. Dante é considerado o primeiro e o maior poeta da língua italiana e um dos maiores nomes da literatura ocidental. Não temos a formação e nem a pretensão para fazer uma análise da obra. O resumo a seguir não é um texto original, é um conjunto de textos e observações compiladas da pesquisa em uma fonte pública como a wikipédia em português e em italiano com algumas observações complementares. O objetivo é dar ao leitor uma breve mostra da estrutura da obra.
II. - Dante Alighieri
Dante viveu entre os anos de 1265 a 1321, época de uma guerra constante entre Florença e Siena pela supremacia de seus reinos, ao mesmo tempo que também havia na própria Florença, outra guerra interna entre os partidos guelfos e gibelinos que traziam partidários do Papa ou dos governantes da cidade.
Tendo nascido de uma família importante, Dante foi médico e farmacêutico para pertencer a uma das corporações de artes e ofícios (guildas) e assim poder ocupar cargos públicos em Florença.
De 1295 a 1300, Dante fez parte do "Conselho dos Cem" entidade política que governava Florença.
Dante tomou partido dos guelfos que foram derrotados em Firenze e portanto foi expulso da cidade passando o resto de sua vida em Ravena, onde passou a escrever o seu famoso livro.
Entre os anos de 1304 e 1307, Dante escreveu duas obras: "Il Convivio", composta de quatro tratados, onde no primeiro, defende o uso da língua vulgar e explica que nela escreveu a obra para que todos pudessem lê-la. E "De Vulgari Eloquentia" (sobre a vida do povo), escrita em latim, na qual retraça a origem e a história da linguagem e debate o problema dos dialetos.
A prensa só viria a ser inventada por Guttemberg em 1450, e a divulgação dos livros ainda era pequena.
A prensa só viria a ser inventada por Guttemberg em 1450, e a divulgação dos livros ainda era pequena.
Além disso, Dante publicou um livro falando sobre o Inferno, o Purgatório e o Céu. O livro era todo em verso e os personagens eram todos figuras da época que de acordo com a análise pessoal de Dante, ele os colocava em um dos três locais possíveis.
No livro, Dante que era ainda vivo, passeava por entre os estados da alma, conduzido inicialmente pelo poeta Virgílio, com a permissão do senhor Deus. Virgílio conduziu Dante pelo inferno e pelo purgatório, mas no Céu ele não tinha permissão de entrar
Para entrar no Céu, somente com a generosidade da alma perfeita de Beatriz, uma paixão não consumada de Dante. Diz-se que Beatriz era uma mulher bela porém casada quando Dante a conheceu e se apaixonou. Dante somente a viu uma duas ou três vezes mas a conservou como a criatura perfeita em sua imaginação. Dante casou-se e teve filhos mas em toda sua história a figura de Beatriz passou a ser um anjo de virtude e de perfeição.
O valor da Obra literária
Dentre todos os poetas e escritores italianos, Dante é sem sombra de dúvida o mais estudado, respeitado e lido.
A importância do livro consolidando a língua falada na Toscana como a expressão do povo italiano é reconhecida por todos.
O livro todo feito em versos tem um valor intelectual incrível por tratar de difíceis assuntos de uma maneira intelectualmente elaborada.
Todo o estudante italiano estuda essa obra. É obrigatório. Todo italiano cita, fala e comenta sobre Dante e a divina comédia.
O prazer da leitura
Ler "A Divina Comédia" traduzida em português, sem ser estudante de línguas ou de letras, é uma atividade de aprendizado e não muito fácil por três motivos:
Primeiro: Em português temos versões em prosa e em verso. Em prosa é mais fácil de entender e mais fiel a obra, mas perde a grandeza do original em italiano. Em verso, é mais difícil a leitura e tem a dificuldade do que rima em italiano precisar ser trabalhado para ter rima em português. Por isso Já se perde muito.
Segundo: O livro trata o tempo todo de personagens históricos, muitos deles completamente desconhecidos, que viveram na época de Dante. Comerciantes, juízes, advogados, proprietários de terras, ...,. Apesar de o livro trazer explicações sobre todos eles torna a leitura um pouco cansativa.
Terceiro: A abordagem sobre o inferno, purgatório e céu no livro em português feita por Dante, segue uma crença da estrutura do Universo na época. O Universo feito de círculos com a Terra como centro. Dante coloca o Inferno, Purgatório e Paraíso também feito de círculos concêntricos com as devidas separações. Dante desenvolve idéias sobre essa estrutura para nós hoje desatualizada.
A Divina Comédia é uma obra prima para ser estudada. Não é uma leitura para ser lida no dia-a-dia como um romance policial, iniciado na sexta e terminada em uma semana.
As Ilustrações de Gustav Doré
As Ilustrações de Gustav Doré
Hoje em dia, quase todas as publicações da Divina Comédia contam com as gravuras / ilustrações de Gustav Doré e que muito enriqueceram a leitura do livro.
Paul Gustave Doré foi um pintor e desenhista francês, nascido em Estrasburgo em 1832, que dedicou a maior parte de sua vida a ilustração de livros.
Com aproximadamente 25 anos, começou a trabalhar nas ilustrações de O Inferno de Dante. Em 1868, Doré terminou as ilustrações de O Purgatório e de O Paraíso, e publicou uma segunda parte incluindo todas as ilustrações de A Divina Comédia.
Sua paixão eram mesmo as obras literárias. Ilustrou mais de cento e vinte obras, como os Contos jocosos, de Honoré de Balzac (1855); Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes (1863); O Corvo, de Edgar Allan Poe; a Bíblia; Contos de fadas de Charles Perrault, como Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, A Bela Adormecida e Cinderela, entre outras obras–primas.
III. - Os Três Livros da Divina Comédia
III.1 O Inferno
O Inferno, é a primeira parte do livro e está dividido em trinta e quatro cantos (uma divisão de longas poesias), possuindo um canto a mais que as outras duas partes, que serve de introdução ao poema.
No poema, o inferno é descrito com nove círculos de sofrimento localizados dentro da Terra. Foi escrito no início do século XIV. Os mais variados pintores de todos os tempos criaram ilustrações sobre esta obra, se destacando Botticelli, Gustave Doré, Dalí e Delacroix.
Dante e Virgílio no inferno, quadro de Delacroix, Museu do Louvre |
O inferno além dos Nove Círculos, é formado por Três Vales, Dez Fossos e Quatro Esferas. Essa organização foi baseada na teoria medieval de que o universo era formado por círculos concêntricos.
Dante, sem saber ao certo como, perdeu-se em uma selva sombria, que segundo a tradutora Dorothy L. Sayers é uma representação simbólica da perdição no pecado, "onde a confusão é tão grande que a alma não se acha capaz de reencontrar o caminho certo".
Então Dante encontra Virgílio, seu autor favorito. Virgílio propõe a Dante uma jornada pelo inferno, purgatório e paraíso. No canto 2, Dante se acovarda e tenta desistir da jornada, entretanto Virgílio o impede e revela ter sido mandado por Beatriz – a amada do Dante que saiu do céu e foi falar com Virgílio, no Limbo – para que o ajudasse. Então, Dante recupera sua coragem e é iniciada a sua epopeia.
Paolo e Francesca
Paolo Malatesta e Francesca da Polenta são duas figuras de amantes que fazem parte do imaginário popular ocidental. A eles é dedicado o canto V, na divina comédia. Os dois estão condenados no circulo referente ao pecado da luxuria.
ilustração de Doré |
Na vida eles eram cunhados. Francesca que era muito bela e prendada foi prometida em caso por interesse de seu pai, a casar com Gianciotto Malatesta. Como o jovem era muito feio, o pedido foi feito por procuração e quem o levou foi Paolo que era um jovem bonito.
Segundo Boccaccio, Francesca foi enganada com relação ao seu real esposo. Acontece que no dia da consumação do matrimônio, eis que surge o Gianccioto na escuridão do quarto e consuma o matrimônio. No outro dia, Francesca descorbrindo toda a trama, passa dias de infelicidade, se divertindo apenas em companhia de Paolo.
Ao ser perguntada por Dante, no livro, como começou o romance, Francesca responde que eles estavam lendo a história de Lancelote e Guinevere (esposa do rei Artur) e então sentindo a mesma paixão que os personagens do livro, eles começaram com um beijo, desenvolveram a sua paixão, até que um dia foram descobertos por seu irmão que os matou.
III.2 O Purgatório
O Purgatório é a segunda parte do livro. Está dividido em trinta e três cantos.
o purgatório por Doré |
É a criação mais original de Dante, pois ao contrário do Inferno e do Paraíso, concepções imaginadas por diversas religiões, o Purgatório, na época em que A Divina Comédia foi escrita, era um dogma novo da Igreja Católica.
Segundo Dante, o Purgatório é um espaço intermediário, que se encontra na porção austral do planeta, onde existe uma única ilha com uma grande montanha no centro, que sobe até alcançar os céus: o Monte Purgatório.
O Purgatório seria então uma montanha composta por círculos ascendentes (as cornijas), reservados àqueles que se arrependeram em vida de seus pecados e estão em processo de expiação dos mesmos. No Purgatório as almas assistem às punições das outras almas que por pecarem mais "intensamente" foram para o Inferno. Antes das Sete Cornijas onde as almas expiam seus pecados, está o Ante-Purgatório, onde ficam as almas que se arrependeram no último instante.
O Purgatório, geograficamente, se divide em 6 partes:
1. O Rio Tibre, onde um anjo em uma barca leva as almas até o Purgatório.
2. O Ante-Purgatório, onde estão as almas dos que se arrependeram no último instante.
3. O Baixo Purgatório, onde estão as almas daqueles que perverteram o amor.
4. O Médio Purgatório, onde estão as almas daqueles que não conseguiram amar.
5. O Alto Purgatório, onde ficam aqueles que amaram em excesso.
6. O Paraíso Terrestre, ou o Jardim do Éden.
Ao contrário do Inferno, onde os pecados que aparecem no início são os mais leves e quanto mais se desce, mais graves eles ficam, no Purgatório, os piores pecados aparecem no Baixo Purgatório e os menores, no Alto
No purgatório estão os que cometeram os pecados capitais: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza junto ao Pródigo, Gula e Luxúria.
No fim do Purgatório, Dante se despede de Virgílio, pois este não pode ter acesso ao Paraíso. Lá encontra Beatriz, sua amada quando estava na Terra. Esta o leva até o rio Lete. Quando Dante bebe a água do Lete, esta apaga a sua memória, seus pecados, é como se Dante tivesse renascido. Existe uma lenda que diz que o Paraíso fica entre o rio Tigre e o Eufrates. Quando Dante vê o rio ele julga ser o Tigre no atual Iraque. Finalmente Dante chega ao Paraíso.
III.3 - O Paraíso
Paraíso é a terceira e última parte da Divina Comédia. É uma alegoria, segundo a visão de Dante do céu, que por uma permissão divina especial tem a permissão de o conhecer através de Beatriz, o seu amor platônico.
Depois de uma ascensão inicial a partir do topo do Monte Purgatório (Canto I), Beatriz guia Dante através das nove esferas celestes do paraíso. Estas são esferas concêntricas, semelhante à cosmologia aristotélica e ptolomaica.
O Paraíso, ilustração de Gustav Doré |
Dante admite que a visão do céu que ele recebe é a de que seus olhos humanos permitiram-no a ver. Assim, a visão do paraíso encontrado no Cantos é a visão pessoal do próprio Dante, ambígua na sua construção verdadeira. A adição de uma dimensão moral significa que uma alma que chegou a alcançar o Paraíso, ao nível que lhe é aplicável.
A passagem de Virgilio, que simboliza a razão, para Beatriz, represetando a graça, fé e teologia, simboliza a impossibilidade para o homem de chegar a Deus pelo único meio da razão humana: é necessário a existência de uma intuição e um nível diferente de "razão divina" (isto é verdade iluminada), representada precisamente pela acompanhante. Mais tarde, Dante vai ter a companhia de um outro guia: Beatrice deixa mais espaço para St. Bernard de Clairvaux , mantendo-se presente e rezando para o poeta no momento final da invocação da Santa Virgem . A teologia (Beatriz) ainda não é suficiente para elevar-se à visão de Deus , que só pode ser alcançada através da contemplação mística do êxtase , representada alegoricamente por São Bernardo.
Dante sendo conduzido ao paraíso por Beatriz, ilustração do século XV |
A bem-aventurança eterna reside no Paraíso: as almas contemplam a divindade de Deus e são cheias de graça . Enquanto Dante ascende, o brilho aumenta em torno dele, e o sorriso de Beatrice fica cada vez mais deslumbrante. Dante virá para ver Deus e contemplar a Trindade graças à intercessão de Nossa Senhorai invocada por São Bernardo , último guia de Dante nas últimas canções do Paraíso. Durante a jornada ao Paraíso, Dante aborda muitas questões filosóficas e teológicas, explicando-as com base no conhecimento medieval .
IV. - Referências
Observação: Texto não original. Todo o texto compilado da Wikipédia
Wikipedia - Divina Comédia de Dante Alighieri