Páginas

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

O Impressionismo na decoração I - Sensacional Caillebotte

I. Exposição - Le decor impressionniste (Museu de l'Orangerie)


Em 2022, de 02 de março a 11 de julho, o Museu de l'Orangerie realizou a exposição "Le decor impressionniste - Aux sources des Nymphéas". Ela mostra como o impressionismo que é totalmente associado com as pinturas ao ar-livre, pinturas de cavalete, teve suas pinturas inicialmente concebidas como decoração.

Preocupados com o lugar da beleza na vida cotidiana, os artistas impressionistas fizeram dela um campo de experiências e exploraram as muitas possibilidades oferecidas. 

foto de parede contendo três quadros verticais de Caillebotte com pinturas sobre o rio Yerres. Os três formam um conjunto



Hoje em dia pouco se fala desse aspecto do impressionismo. No entanto, o ciclo das Nenúfares no L'Orangerie, que Monet chamou de suas grandes decorações, vem coroar mais de sessenta anos de incursões impressionistas neste domínio.
 
E se as pinturas expostas pelos impressionistas chocavam, é também porque eram vistas como simples decorações, desprovidas de sentido e dedicadas unicamente ao prazer dos sentidos. Um crítico não escreveu em 1874 que o que Monet pintou era semelhante a “papel de parede”?



foto do livro / catálogo da exposição Impressionismo nda Decoração, com muitas flores na capa

A exposição convida, portanto, pela primeira vez a explorar outra história do Impressionismo com obras de Cassatt, Cézanne, Caillebotte, Degas, Manet, Monet, Morisot, Pissarro e Renoir, vindas de todo o mundo, sendo que algumas raramente ou nunca foram apresentadas na França. Ela mostra como,  os impressionistas traçaram um novo caminho, com a convicção de que, para citar Renoir, a arte é feita sobretudo para "animar as paredes".

II - Cailebotte, pinturas sobre o rio Yerres


A partir de 1860, a família Caillebotte começou a passar regularmente o verão em Yerres, uma cidade ao largo do rio de mesmo nome que fica cerca de 12 milhas (20 km) ao sul de Paris. O pai de Gustave, Martial Caillebotte  tinha comprado uma grande propriedade nessa região. Provavelmente foi nessa época que Caillebotte começou a desenhar e pintar, e portanto muitos de seus quadros são dessa região.

São muito bonitas as suas pinturas sobre remadores, banhistas e pescadores que frequentam o rio regularmente. O Museu l'Orangerie colocou três de suas pinturas sobre o tema lado a lado como foi apresentado em 1879, na exposição impressionista daquele ano. Os quadros foram pintados com a finalidade de fazer parte de um conjunto decorativo. O resultado foi fabuloso. Vejam só:

foto doconjunto de três quadros de Caillebotte lado a lado na exposição. Um mostra um pescador, o segundo um banhista e o terceiro mostra canoeiros
Quadros de Gustave Caillebotte, exposição L'Orangerie, foto HistoriacomGosto


III - Os quadros individualmente


III.1 - O pescador


O conjunto com as três grandes composições de mesmas dimensões formando um conjunto decorativo, foi apresentado por Caillebotte a exposição impressionista de 1879, evocando os prazeres do verão no campo: Pescaria, mergulho e canoagem. 

Todas as três ocorriam no rio de Yerres perto da sua casa. A primeira delas apresenta um pescador com uma criança em sua companhia.

Essa tela celebra a beleza simples de um momento parado no tempo, e a magia dos efeitos da luz.

o quadro mostra um homem de calça, camisa e chapéu, sentado em  uma cadiera pescando e uma jovem garota do lado olhando para o rio
o pescador, Caillebote, 1878, coleção particular


III.2 - O banhista (nadador)


Essa grande tela de 157 × 117 cm representa um nadador (banhista) em sua roupa azul se aprontando para dar um mergulho no Yerres, perto da propriedade da família de Caillebotte. Um outro banhista saindo d'água  e um outro que ainda está dentro do rio obsserva com atenção. Ao fundo um canoeiro se aproxima remando em seu "caiaque". Gustave Caillebotte tinha costume de passar seus verões em Yerres na propriedade da família.  


o quadro mostra um jovem  se preparando para mergulhar no rio enquanto outro sai do rio para a margem e um terceiro mais longe dentro do rio observa
O nadador, Caillebotte, 1878, coleção privada

Esses quadros, incluindo o Banhista e mais vinte de outras obras de Caillebotte foram apresentadas na quarta exposição impressionista de 10 de abril a 10 de maio de 1879.

Esse foi para o artista o último verão feliz a Yerres, porque sua mãe faleceu em Paris em 20 de outubro de 1878 e a propriedade foi vendida em 17 de junho de 1879

III.3 - Os canoeiros (Les Perissoires)


Com seus Périssoires (o nome dessas frágeis e muito sugestivas canoas de fundo chato), ele explorou um assunto então em voga, tanto entre os romancistas naturalistas quanto entre os pintores impressionistas, Monet e Renoir. 

O artista, nostálgico, opta por pintar os detalhes  que as pessoas comuns não olham mais; também nas margens do Yerres ele reencontra o tempo perdido, as brincadeiras de sua infância, uma certa doçura da vida. 


o quadro mostra dois homens, cada um  em uma canoa, remando. Os dois estão de costas, com calças e camiseta branca de mangas curtas e chapéu
Os canoeiros, Caillebotte, 1878, Museu de Belas Artes de Rennes


Ele resume nesta pintura várias ações simultâneas e sucessivas. Observe o movimento dos remos se reequilibrando de um estabilizador para o outro em uma dinâmica acentuada pelos atalhos e pelo movimento da água dividida pela proa desses dois frágeis esquifes. Caillebotte ficou muito marcado pela arte fotográfica praticada por seu irmão Martial. O enquadramento aqui é ousado: em primeiro plano, o personagem e o secundário são recortados. Caillebotte ocupa agora um lugar claro na história do impressionismo. (fonte: Museu de Belas Artes de Rennes)

IV. - Referências


- Museu l'orangerie - Exposição Le decor impressioniste

- Wikipedia-  Caillebotte

- Museu de Belas Artes de Rennes

Vejam também:

Impressionismo 7 - Gustave Caillebotte, pintor, jardineiro e colecionador