I. - O que é Literatura ?
O hábito de contar histórias parece ser tão antigo quanto a própria humanidade. A tradição de capturar os acontecimentos e as crenças das comunidades e transformá-las em histórias para serem passadas de geração em geração, deve ter surgido tão logo os humanos se sentaram em torno de uma fogueira e começaram a partilhar a suas experiências e casos.
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Com a invenção da escrita os primeiros registros foram dedicados basicamente ao registro de transações comerciais. Entretanto, ela logo evoluiu para preservar as histórias que eram inerentes de cada cultura registrando suas ideias, costumes, crenças e moral que regiam o comportamento de um povo.
Além da função primordial de veículo de registro para transmissão posterior, o desenvolvimento da escrita foi evoluindo para que se apreciasse a qualidade da sua representação. Essa representação passou a ter as formas líricas, épicas e as dramáticas. Ou nos dias de hoje ficção, teatro e poesia.
Podemos dizer de um modo que mais se aproxima do significado atual que a Literatura é uma imitação ou representação da realidade mediante as palavras que tem como uma das finalidades a expressão estética. Ou seja não basta registrar ou contar uma história, queremos que ela seja feita de uma maneira bela e inteligente.
2. - A História da Literatura
Cerca de de quatro mil anos atrás surgiram as primeiras histórias escritas e elas vieram na forma de poemas, como a "A epopeia de Gilgamesh" na Mesopotâmia, e o Mahabharata na Índia. Elas eram baseadas em tradições orais. Acredita-se que as rimas, ritmos e métricas eram essenciais para auxiliar a memória e por isso essas primeiras histórias tinham esse formato.
Muitos dos primeiros textos escritos eram religiosos e contam histórias antigas.
A origem do teatro grego utilizou narrativas sememlhantes a uma balada. Coleções de histórias como As mil e uma noites têm várias origens e torna-se a base para o encadeamento de histórias, uma dentro da outra, que originaram os romances.
3. - A literatura no Oriente
a) A Epopeia de Gilgamesh (2100 a.C. - Mesopotãmia)
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Esse texto é uma coleção de histórias que conta como o déspota opressor da cidade mesopotãmica de Uruk aprende uma lição e se torna um herói local.
"Para punir Gilgamesh por sua arrogância, os deuses enviam o "selvagem" Enkidu, feito a partir do barro para atormentá-lo. Depois de uma briga, contudo, eles se tornam amigos e partem para uma série de aventuras para aniquilar monstros. Irritados com essa reviravolta nos acontecimentos, os deuses senteciam Enkidu à morte, Gilgamesh fica perturbado por perder seu companheiro, mas também toma consciência de sua própria mortalidade. A segunda metade da história narra a busca de Gilgamesh pelo segredo da vida eternae seu retorno a Uruk. Ainda que mortal, agora ele é um homem mais sábio e um soberano mais nobre." (fonte: O Livro da Literatura, editora Globo)
b) O Mahabharata (Índia - séculos IX a IV a.C.)
O Mahabharata provavelmente começou a tomar forma no século IX a.C. e cehgou ao seu formato final aproximadamente no século IV a.C. O trabalho é muito extenso e abrange mais de 100 mil pares de versos, conhecidos como shloka, e divididos em dezoito livros ou parvas.
Assim como relata a história de duas famílias em guerra, a obra também conta a história da Índia e da religião hindu.
No início o narrador do primeiro livro, o Ardi pava (livro do começo), explica: "O que quer que esteja aqui pode ser encontrado em outro lugar. Mas o que não está aqui não está em lugar nenhum".
Ganesha e Vyasa |
O Mahabharata foi escrito por um poeta e sábio chamado Vyasa. Acredita-se que ele tenha vividono milênio III a.C. um avatar do deus hindu Vishnu. O narrador é Vaisampayana, discípulo de Vyasa. Vaisampayana explica como Vyasa ditou a história inteira para Ganesha, o deus com cabeça de elefante, de uma só vez.
Apesar de o enredo central abordar a separação da família bharata que dominava o norte da Índia, e a batalha subsequente em Kurukshetra e seu resultado, a história recebe uma dimensão mítica com a introdução do personagem Krishna, outro avatar de Vishnu. Há também vários subenredos e diversas divagações filosóficas e religiosas - uma das quais chamada de Bhagavad Gita, que se tornou importante por si só.
A epopeia explora temas como laços e conflitos familiares, dever e coragem, destino e escolha, e os apresenta em uma série de alegorias para explicar os elementos do dharma, um conceito completo de "conduta correta".
O Bhagavad Gita
O sexto livro do Mahabharata trata da guerra em Kurukshetra que inclui a seção conhecida como bhagavad gita ou "A canção dos abençoados". Antes da batalha, Arjuna, o príncipe Pandava, reconhece membros de sua família no exército Kaurava que luta no lado oposto. Arjuna então baixa o seu arco, mas o seu primo e companheiro Krishna o faz lembrar de seu dever de lutar essa guerra justa. O diálogo se tornou uma escritura hindu importante ao explicar conceitos como o dharma (conduta correta).
O cenário da batalha pode ser interpretado como uma metáfora para as forças do bem e do mal, e a crise de consciência de Arjuna, como uma representação das escolhas que todos temos que fazer.
4. - A literatura no Ocidente
As epopeias são poemas narrativos que recontam a história de um herói representante de uma cultura em particular. Elas registram as missões e provações do herói e contam quais são suas escolhas e motivações para ajudar a estabelecer os princípios morais de uma sociedade.
a) Ilíada (Grécia - século VIII a.C.)
A Ilíada é uma narrativa atribuída a Homero sobre a guerra entre Grécia e Tróia. Ela é considerada a obra fundadora da literatura ocidental. Os historiadores reconhecem que os poemas épicos foram inspirados por guerras reais que aconteciam entre Grécia e Tróia cerca de cinco séculos antes da história ser escrita. Entretanto atribuem o enredo e seus personagens a imaginação do escritor.
A Ilíada é um exemplo sofisticado de contar história. Ela relata a guerra de Tróia entremeando deuses, personagens mitológicos, e personagens reais.
A origem da guerra
Na ilíada a guerra tem origem a partir de uma disputa entre as três deusas Hera, Atena e Afrodite para saber quem era a mais bela. Para resolver a disputa, Zeus pediu a Páris filho do rei Príamo para fazer o julgamento. As três deusas tentaram subornar Páris de diferentes maneiras. Hera lhe oferece um império, Atena lhe oferece glória, e Afrodite lhe oferece Helena a mulher m
ais bonita do mundo. Essa foi a opção de Páris, mas acontece que Helena já era casada com Menelau, irmão do rei Agamenon de Micenas, um estado grego. O rapto subsequente de Helena por Páris desencadeou o conflito.
ais bonita do mundo. Essa foi a opção de Páris, mas acontece que Helena já era casada com Menelau, irmão do rei Agamenon de Micenas, um estado grego. O rapto subsequente de Helena por Páris desencadeou o conflito.
Uma história com dois heróis
Heitor, filho do rei Príamos de Tróia, é o mais nobre e poderoso guerreiro troiano. Heitor luta por lealdade a Tróia e a sua família. Heitor protege Páris que é seu irmão mais novo e o responsável pelo desencadeamento da guerra. Com uma consciência comunitária, Heitor é um homem de família que tenta evitar um derramamento de sangue ainda maior. Digno de confiança, Heitor lidera seus homens com bravura, unidos por uma lealdade ancestral. Heitor é um filho fiel e devotado e por isso o braço direito e sucessor querido e aclamado do seu pai.
Aquiles, era o filho da nereida Tétis (ninfa do mar) e de Peleu, rei dos mirmidões. Quando Aquiles nasceu, Tétis teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar. Aquiles era portanto um guerreiro praticamente invencível.
Convocado para ir a guerra defender os reinos gregos, Aquiles no início dos combates ficou possesso com o rei Agamenon que tomou para si Briseida, uma mulher que havia sido dada a Aquiles como prêmio de guerra. Aquiles se recolhe a sua tenda e se recusa a lutar novamente. Apenas a morte em combate de seu amigo próximo, Pátroclo, pelas mãos de Heitor o traz de volta à batalha. Acontece que Pátroclo foi para a luta escondido de Aquiles e vestindo a sua armadura. Heitor luta com Pátroclo achando que lutava com Aquiles.
Aquiles, soldado profissional, invencível e individualista, vive absorvido em sua própria sede de glória. De temperamento difícil e inclinado à raiva Aquiles prospera na violência da batalha. Ele transfere toda sua coléra contra Heitor, ao qual desafia para um duelo, por ter matado seu companheiro mais querido e ao mesmo tempo por ter achado que tinha ganho o duelo contra Aquiles.
Aquiles, era o filho da nereida Tétis (ninfa do mar) e de Peleu, rei dos mirmidões. Quando Aquiles nasceu, Tétis teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar. Aquiles era portanto um guerreiro praticamente invencível.
Convocado para ir a guerra defender os reinos gregos, Aquiles no início dos combates ficou possesso com o rei Agamenon que tomou para si Briseida, uma mulher que havia sido dada a Aquiles como prêmio de guerra. Aquiles se recolhe a sua tenda e se recusa a lutar novamente. Apenas a morte em combate de seu amigo próximo, Pátroclo, pelas mãos de Heitor o traz de volta à batalha. Acontece que Pátroclo foi para a luta escondido de Aquiles e vestindo a sua armadura. Heitor luta com Pátroclo achando que lutava com Aquiles.
Aquiles, soldado profissional, invencível e individualista, vive absorvido em sua própria sede de glória. De temperamento difícil e inclinado à raiva Aquiles prospera na violência da batalha. Ele transfere toda sua coléra contra Heitor, ao qual desafia para um duelo, por ter matado seu companheiro mais querido e ao mesmo tempo por ter achado que tinha ganho o duelo contra Aquiles.
Resultado
Os dois heróis acabam mortos. Heitor é derrotado por Aquiles em duelo. As cenas mais comoventes são as que Aquiles arrasta o corpo de Heitor e leva para seu acampamento como despojo de guerra. O rei Príamo, disfarçado vai até a tenda de Aquiles e lhe implora para liberar o corpo de seu filho para que possa enterrá-lo com as honras de um guerreiro. Aquiles se sensibiliza e libera o corpo de Heitor.
Comentários adicionais sobre a Ilíada
Apesar da Grécia acabar derrotando Tróia, Aquiles morre em combate ferido por uma flechada no seu calcanhar disparada por Páris. Isso não é abordado na Ilíada.
O desfecho da guerra e o famoso cavalo de tróia não são mencionados na Ilíada. O cavalo de tróia só aparece brevemente na Odisseia, também de Homero, que narra a acidentada viagem de Odisseu de volta para casa, na Grécia.
Posteriormente, Virgílio, em Roma, cria o poema Eneida, em que dá sequência à Ilíada, relatando a fuga de Enéias, cunhado de Heitor e segundo guerreiro mais valoroso de Tróia. Enéias irá aportar na península itálica fundado então um reino. Seu destino era ser o ancestral de todos os romanos.
5. Referências
Globo Livros - O Livro da Literatura (Literatura/Gilgamesh/Mahbaratah/Ilíada)
Wikipédia - Literatura / Gilgamesh / Mahbaratah / Ilíada / Homero