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sábado, 23 de novembro de 2019

História dos livros I - Da tabuleta de argila à prensa de Gutenberg

1. - Johannes Gutenberg (1400 a 1468)


gravura de Gutenberg
Gutenberg
Johannes Gutenberg nasceu em Mainz, Alemanha em 1400 e faleceu também em Mainz, em 3 de fevereiro de 1468. Gutenberg foi o inventor que desenvolveu um sistema mecânico de tipos móveis que deu início à Revolução da Imprensa, e que é amplamente considerado um dos inventos mais importantes do segundo milênio.

Teve um papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, Reforma e na Revolução Científica e lançou as bases materiais para a moderna economia baseada no conhecimento e a disseminação em massa da aprendizagem. 

Gutenberg foi o segundo no mundo a usar a impressão por tipos móveis, por volta de 1439, após o chinês Bi Sheng no ano de 1040, e o inventor global da prensa móvel. Entre suas muitas contribuições para a impressão estão: a invenção de um processo de produção em massa de tipo móvel, a utilização de tinta a base de óleo  e ainda a utilização de uma prensa de madeira similar à prensa de parafuso agrícola do período. 

Sua invenção verdadeiramente memorável foi a combinação desses elementos em um sistema prático que permitiu a produção em massa de livros impressos e que era economicamente rentável para gráficas e leitores.


  gravura da maquete da prensa de Gutemberg
maquete da prensa de Gutenberg

O uso de tipos móveis foi um marcante aperfeiçoamento nos manuscritos, que era o método então existente de produção de livros na Europa, e na impressão em blocos de madeira, revolucionando o modo de fazer livros na Europa. A tecnologia de impressão de Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo mundo.

Sua obra maior, a Bíblia de Gutenberg (também conhecida como a Bíblia de 42 linhas), foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica.

2. O desenvolvimento da escrita


Na Antiguidade a escrita surgiu anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio utilizado condicionava a escrita. Ela foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve no mármore

Tabuletas de argila e cilindros de papiro (Volumen)



 foto de uma tabuleta da argila usada pafra escrita
tabuleta
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita).

Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.

 foto de um volumen - folhas de papiro enroladas que se passa horizintalmente
A Torá dos judeus segue o
estilo "Volumen"
O volumen (palavra latina que significa "coisa enrolada") é um livro baseado em folhas de papiro coladas umas às outras e que rola sobre si mesma. Foi criado no Egito por volta de 3000 aC. O texto é escrito em colunas paralelas bastante estreitas. É o meio do texto por excelência durante os trinta séculos anteriores à nossa era, primeiro no Egito, depois em todo o mundo mediterrâneo. Ele será substituído gradualmente pelo codex .

Papiro x pergaminho


O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C.,.
 foto da flor do papiro
papiro
  foto de um pergaminho
pergaminho


Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado.

Códex


  foto da capa do livro de Kells
Livro de Kells
o códice é um caderno costurado com folhas de papiro ou pergaminho O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.



Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro.

Papel

O papel é um material constituído por elementos fibrosos de origem vegetal, geralmente distribuído sob a forma de folhas ou rolos. Tal material é feito a partir de uma espécie de pasta desses elementos fibrosos, secada sob a forma de folhas, que por sua vez são frequentemente utilizadas para escrever, desenhar, imprimir, embalar, etc.

 foto de uma folha de papel em branco
papel branco 
A maioria dos historiadores concorda em atribuir a Cai Luan (ou Tsai Luan) da China a primazia de ter feito papel por meio da polpação de redes de pesca e trapos, e mais tarde usando fibras vegetais. Este processo consistia num cozimento forte das fibras, após o que eram batidas e esmagadas. A pasta obtida pela dispersão das fibras era depurada e a folha, formada sobre uma peneira feita de juncos delgados unidos entre si por seda ou crina, era fixada sobre uma armação de madeira. 

Com esse processo, conseguia-se formar a folha celulósica sobre este molde, mediante uma submersão do mesmo na tinta contendo a dispersão das fibras ou mediante o despejo da certa quantidade da dispersão sobre o molde ou peneira. 

Procedia-se a secagem da folha, comprimindo-a sobre a placa de material poroso ou deixando-a pendurada ao ar. Os espécimes que chegaram até os nossos dias provam que o papel feito pelos antigos chineses era de alta qualidade, o que permite, até mesmo, compará-los ao papel feito atualmente. (fonte: wikipedia)


3. - A impressão de livros na China


A história da impressão sobre papel começara na China, no final do século II da era cristã. Os chineses sabiam fabricar papel, tinta e usar placas de mármore com o texto entalhado como matriz. Quatro séculos depois, o mármore foi trocado por um material mais fácil de ser trabalhado, o bloco de madeira. Os mais antigos textos impressos que se conhecem são orações budistas. Foram feitos no Japão entre os anos 764 e 770; o primeiro livro propriamente dito de que se tem notícia apareceu na China em 868

O desenvolvimento da escrita deu novo salto no século XI graças a um alquimista chinês, Pi Cheng, que inventou algo parecido com tipos móveis – letras reutilizáveis, agrupadas para formar textos.

Mas por alguma razão ignorada o invento não prosperou e desapareceu junto com seu inventor. Até essa época, a Europa só conhecia da tipografia o papel. No século VIII, os chineses começaram a distribuí-lo como mercadoria no mundo árabe.  (fonte: superinteressante)

4. - A confecção de livros na Europa


Gutenberg inventou a prensa de tipos móveis por volta de 1440. Antes dessa criação monumental, os livros eram copiados à mão. Laboriosamente, monges e outros estudiosos passavam horas e horas sob a luz do sol e a luz fraca de uma lâmpada a óleo para fazer cópias de textos religiosos, literatura e documentos oficiais. Pode levar anos apenas para copiar um livro. 


 foto de uma página de livro com iluminura da letra P
letra P com a sua decoração
Um outro tipo de livro eram aqueles que continham as iluminuras que eram um tipo de pintura decorativa aplicada às letras capitulares dos códices de pergaminho medievais. O termo se aplica igualmente ao conjunto de elementos decorativos e representações imagéticas executadas nos manuscritos produzidos principalmente nos conventos e abadias da Idade Média. A sua elaboração era um ofício refinado e bastante importante no contexto da arte do Medievo.

Livro das Horas


 foto de uma página ilustrada do livro de horas do Duc de Berry
livro de horas do
Duque de Berry
Como era um trabalho custoso e demorado, os livros até a idade média eram de acesso praticamente pelos religiosos, pessoas muito ricas que tinham educação para ler e que podiam pagar pelas obras. Os livro mais comuns da época eram os livros das horas que continham orações para serem recitadas a cada hora canônica do dia. Esses livros eram ricamente ilustrados e além das iluminuras traziam gravuras, pinturas representando estações do tempo, cenas do evangelho, ...,. 

Um  livro de horas muito famoso era "O riquíssimo livro de horas do Duc de Berry".

Quando Gutenberg criou uma prensa de impressão que poderia imprimir cópia após cópia em apenas uma pequena fração do tempo, o mundo inteiro mudou drasticamente. 
(fonte: https://owlcation.com/)

5. - A Bíblia de Gutenberg


A Bíblia de Gutenberg é a impressão da tradução em latim da Bíblia, por Johann Gutenberg, em Mogúncia (atual Mainz), Alemanha. A produção da Bíblia começou em 1450, tendo Gutenberg usado uma prensa de tipos móveis. Calcula-se que tenha terminado em 1455. Essa Bíblia é considerada muito importante, pois marca o início da produção em massa de livros no Ocidente. Ela também é chamada de Bíblia de 42 linhas que é o número existente em cada uma das colunas.


 foto da Bíblia de Gutenberg aberta
Bíblia de Gutenberg
Uma cópia completa desta Bíblia possui 1282 páginas, com texto em duas colunas; a maioria era encadernada em dois volumes.

Em março de 1455, o futuro Papa Pio II (aquele que reformou Pienza) escreveu que viu páginas da Bíblia expostas em Frankfurt. Não se sabe quantas cópias foram produzidas, com a carta de 1455 citando fontes que mencionam 158 ou 180 cópias, 45 em pergaminho e 135 em papel. Elas foram impressas, rubricadas e iluminadas à mão em um período de três anos.

6. Referências


Wikipedia - Papiro / Pergaminho / Volumen / Códex / Bíblia de Gutenberg

Superinteressante - Impressão de livros na China