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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Pateo do Collegio - a fundação de São Paulo

I. - Pátio do Colégio


O Pátio do Colégio é um sítio arqueológico, onde foi levantada a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, e outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto.

É uma obra apostólica pertencente a Companhia de Jesus. Composto pelo Museu Anchieta, Auditório Manoel da Nóbrega, Galeria Tenerife, praça Ilhas Canárias (Café do Pátio), Igreja São José de Anchieta (abriga o fêmur de José de Anchieta), a Cripta Tibiriçá e a Biblioteca Padre Antonio Vieira.


foto do complexo jesuítico com Igreja e Museu atual
Complexo Jesuítico com a Igreja e o Museu ao lado, foto historiacomgosto



Linha do Tempo:


 foto de mosaico dedicando a fundação da cidade sob a cruz ao apóstolo Paulo
1553
P. Manuel da Nóbrega após realizar visita ao planalto do Inhambussu (aquele que se vê ao longe) decide ali iniciar uma nova missão para a Companhia de Jesus. Este planalto é cercado por dois rios, Anhangabaú (rio do Deus Anhangá) e Tamanduateí (rio dos Tamanduás). Devido ao fenômeno ocorrido na várzea do rio Tamanduateí, o local passa a ser conhecido como Piratininga (Peixe Seco).
1554
Com a intenção de ensinar e catequizar os indígenas que viviam neste planalto de Piratininga, os jesuítas constroem a primeira escola, feita de pau a pique (técnica de construção com barro, bambu e palha).


II. - Igreja São José de Anchieta



Ao longo de mais de quatrocentos anos, a Igreja do Colégio passou por grandes transformações. De cabana em 1554, a igreja ganhou contornos da arquitetura colonial jesuítica durante o século XVII e sofreu com o abandono após a expulsão dos jesuítas no século XVIII.

Em fins do século XIX decidiu-se, através de um acordo entre o Bispado de São Paulo e o Governo da Província, pela demolição do templo em lugar da reconstrução, após o desabamento de parte de seu telhado durante uma tempestade em 1896. 

Já no século XX, após a devolução do Pateo do Collegio para a Companhia de Jesus como um dos marcos iniciais das comemorações do Quarto Centenário da Cidade em 1954, a igreja pôde ser reconstruída sendo inaugurada em 1979. Em 1980 o padre José de Anchieta passa a ser seu padroeiro após ser beatificado pelo papa João Paulo II. 


Parte interna da Igreja


 foto da nave interna na igreja   foto de mosaico com padre Anchieta rabiscando na areia



Em 2009 a igreja passa por sua última reforma onde se buscou a unidade entre a celebração e o espaço litúrgico. Finalmente em 2014 a igreja tem seu padroeiro canonizado pelo papa Francisco e passa a se chamar “Igreja São José de Anchieta”. É neste ambiente amplo e com decoração única que a igreja acolhe seus fiéis nas missas cantadas, sempre acompanhadas pelo órgão de aproximadamente mil tubos sob a direção da Schola Cantorum, e nas celebrações de batismos e casamentos.

III. - Biblioteca Padre Antonio Vieira


 foto da entrada da biblioteca Padre Vieira
Inaugurada oficialmente em 8 de abril de 2002, a Biblioteca Pe. António Vieira é uma biblioteca privada especializada na História da Companhia de Jesus e da cidade de São Paulo, possuindo também materiais relativos à História Geral e do Brasil, Arte, Biografias, Filosofia, Igreja Católica, Literatura e Viagens. Nosso acervo possui mais de vinte mil volumes catalogados em base de dados que está disponível para acesso local e on-line através do sistema Pergamum.
A biblioteca atende a pesquisadores e estudiosos interessados nos temas que concernem ao nosso acervo. Nossa missão é participar do processo global de democratização da cultura garantindo o acesso gratuito e indiscriminado da população ao seu acervo documental, bem como assegurar a preservação do acervo bibliográfico histórico da Companhia de Jesus em São Paulo.


IV. - Museu Anchieta



Inaugurado em 1979, tem como missão resgatar a memória e importância do local, proporcionando reflexões a cerca da fundação de São Paulo e, sobre o papel dos jesuítas no dia-a-dia desses primeiros habitantes.


 foto de esculturas sacras no museu Anchieta

O acervo do museu é predominantemente composto de peças de arte sacra que remetem à vida social paulistana intrinsecamente ligada a religiosidade dos primórdios da cidade. As peças compreendem desde o século XVI ao XX, do antigo Colégio de São Paulo, objetos dos primeiros fundadores, peças do cotidiano, arte sacra, pinacoteca, dentre outras.
O edifício no qual está instalado trata-se de um memorial construído no século XX, e que preserva duas paredes remanescentes dos séculos XVI e XVII.

foto de vestimenta sacras no Museu

Com o auxílio de painéis, mapas, textos explicativos, maquete e pinacoteca, os visitantes podem contextualizar histórica, geográfica e artisticamente, a fundação da cidade, e as transformações sofridas no local de 1554 até os nossos dias. Além de sala com amplo acervo de relíquias de Santos e Mártires da Igreja Católica.

Oração à Nossa Senhora


Entre muitos episódios da vida de Anchieta, tornou-se conhecida sua prisão por cinco meses, quando esteve refém dos índios tamoios, em 1563. Durante esse período, escreveu nas areias da praia de Iperoig (hoje praia do Cruzeiro) um poema dedicado a Maria, com quase 5 mil versos. Dotado de extraordinária memória Anchieta depois os transcreveu para um livro.

O episódio foi representado em um quadro de Benedito Calixto - Poema à Virgem Maria

pintura de Beendito Calixto, com o padre Anchieta escrevendo an areia o Poema à Virgem Maria
Poema À Virgem Maria, Pintura de Benedito Calixto, Museu Anchieta


Poema à Virgem Maria”, escrito por São José de Anchieta:


Ó doce chaga, que repara os corações feridos,
Abrindo larga estrada para o Coração de CRISTO.
Prova do novo amor que nos conduz a união!                                            
(Amai uns aos outros como EU vos amo)
Porto do mar que protege o barco de afundar!
Em TI todos se refugiam dos inimigos que ameaçam:
TU, SENHOR, és medicina presente a todo mal!
Quem se acabrunha em tristeza, em consolo se alegra:
A dor da tristeza coloca um fardo no coração!
Por Ti Mãe, o pecador está firme na esperança,
Caminhar para o Céu, lar da bem-aventurança!
Ó Morada de Paz! Canal de água sempre vivo,
Jorrando água para a vida eterna!
Esta ferida do peito, ó Mãe, é só Tua,
Somente Tu sofres com ela, só Tu a podes dar.
Dá-me acalentar neste peito aberto pela lança,
Para que possa viver no Coração do meu SENHOR!
Entrando no âmago amoroso da piedade Divina,
Este será meu repouso, a minha casa preferida.
No sangue jorrado redimi meus delitos,
E purifique com água a sujeira espiritual!
Embaixo deste teto (Céu) que é morada de todos,
Viver e morrer com prazer, este é o meu grande desejo.

V. - Café do Páteo


Sob a administração do próprio complexo Pateo do Collegio, o Café do Péteo  tem como propósito ser um instrumento de apoio apostólico da Companhia de Jesus. Localizado nos jardins, o visitante  tem a oportunidade de desfrutar de um ambiente calmo e tranquilo, ladeado pela natureza e pela histórica parede de taipa de pilão.
Caracterizado por muitos  como um oásis em meio à agitação da metrópole, o Café do Pateo é lugar ideal para uma pausa do trabalho, para encontro de amigos, para um bom almoço ou para uma frutuosa leitura. Tudo isso, acompanhado de um bom café.


foto do jardim do Café do Páteo  foto de esculturas no jardim de um padre e uma mulher penitente


VI. - Sino da Entrada


Quando andamos pelo Pateo do Collegio, notamos a existência de um lindo arco com um sino. Porém, poucos sabem do que realmente se trata este importante monumento que está ali localizado: Trata-se do Marco da Paz.
Este símbolo, criado em forma de um arco com a pomba e o sino, foi idealizado pelo Sr. Gaetano Brancati Luigi, membro da Associação Comercial de São Paulo e nascido na Itália em plena II Guerra Mundial.

foto de arco com o sino simblizando A Paz. Escultura criada ao fim da segunda guerra   "Durante o período da guerra, o mundo foi abalado pela dor e destruição. Naquele tempo, a presença da fome e do sofrimento era geral em todos os cantos da Europa. Neste período triste da história da humanidade, onde em seis anos de carnificina o número de mortos estimados (entre civis e militares) superou os cinquenta milhões, fora os quase trinta milhões de mutilados, os que sobreviveram estão entre nós para contar a triste história da guerra.

O principal sentimento deste menino era o medo de crescer, pois quando crescesse teria também que ir para a guerra.

No ano de 1945 esse menino, na época com oito anos, escutou os sinos que ecoaram por toda a Europa anunciando o fim da II Guerra Mundial. Na mesma hora, saiu correndo e se juntou às milhares de vozes nas praças gritando de alegria: PAZ, PAZ, PAZ.

Nesse dia histórico, nascia na mente daquele menino a idéia de criar algo que cativasse os povos e os levassem para o caminho da paz."

A guerra acabou e alguns anos se passaram até que em 1949 o então menino Gaetano, com 12 anos de idade, emigrou para a Argentina e anos mais tarde para o Brasil.

Cinquenta anos mais tarde, o menino já tinha dado lugar a um grande homem que em um certo dia do ano de 1999, percebeu a ausência do toque do sino da igreja do Pateo do Collegio, local onde a cidade de São Paulo nasceu e isso fez com o sonho daquele garoto que sobreviveu à segunda guerra mundial começasse a ser mais que um sonho e pudesse finalmente tornar-se realidade.

Com o apoio da ACSP – Associação Comercial de São Paulo – foi colocado um novo sino na torre desta histórica igreja, e a partir deste momento, o sonho que o menino acalentou por mais de cinco décadas começou a transformar no que é hoje, o Monumento Marco da Paz.


VII. - Páteo propriamente dito


O páteo ou a praça onde se situa a Igreja de Anchieta e o Museu, fica na praça chamada Praça do Páteo, onde ficam situados ainda a Secretaria de Justiça do Estado e o Tribunal de Justiça do Estado. São dois belos prédios conforme pode se ver na foto. No centro da Praça ainda temos um monumento (obelisco) da justiça.

 foto do prédio da Secretaria da Justiça
Secretaria da Justiça, foto historiacomgosto



 foto do tribunal da justiça
tribunal de justiça, foto historiacomgoso
foto do monumento à justiça
monumento à justiça, foto historiacomgosto


VIII. - Referências


Wikipedia - Pátio do Colégio

Site Oficial - pateodocollegio.com