I. - A expulsão dos vendilhões do templo
Jesus expulsando os vendilhões é um dos eventos do ministério de Jesus narrado nos quatro evangelhos canônicos do Novo Testamento. Neste episódio, Jesus e seus discípulos vão a Jerusalém para a Pessach (a Páscoa judaica) e lá ele expulsa os cambistas do Templo de Jerusalém (o Templo de Herodes ou "Segundo Templo"), acusando-os de tornar o local sagrado numa cova de ladrões através de suas atividades comerciais
Este é o único relato de Jesus utilizando-se de força física nos evangelhos
II . - O quadro - Jesus expulsando os mercadores do templo
No quadro Jesus expulsando os mercadores do templo, nós vemos brilhar o estilo caricatura. Cada pessoa nessa imagem tem uma expressão unica, até a ovelha que está sendo carregada pra longe no centro da cena. Matsys, pintou a maioria dos mercadores de forma grotesca. Ele é cuidadoso para pintar esses mercadores de uma forma que nós possamos nos identificar com eles.
Expulsão dos vendilhões do templo, Matsys |
Cristo no centro expulsa os mercadores com seu chicote. Um deles, talvez o trocador de dinheiro está caído no chão, sua mesa derrubada e suas moedas espalhadas. Um outro mercador está fugindo com a ovelha nas costas enquanto o mais grotesco está tentando escapar com o dinheiro nas mãos.
No fundo à esquerda três homens distintos observam - estes talvez sejam os líderes judeus que debatiam com Jesus acerca do templo. Para a direita da cena temos mais trê s observadores adicionais: Um observador parcialmente escondido por um saco, uma figura sentada, e um frequentador do templo de perfil.
As colunas evocam a idéia do templo, mas de fato é uma igreja gótica comtemporânea ao tempo do artista, talvez a Catedral de Antuérpia, a cidade onde o artista foi mais ativo.
Similarmente, as roupas coloridas que cada personagem utiliza diz-nos que Matsys coloca essa cena na sua época, século XVI. Isso nos diz que Matsys quer passar a mensagem que a igreja do seu tempo também precisa de uma limpeza. Também o uso de caricaturas quer dizer que na realidade não é só a igreja do tempo dele que precisa de purificação.
A imagem nos convida a olhar para dentro de nós, para ver e conhecer as áreas de nossas vidas que necessitam de uma maior limpeza. A variedade de rostos oferece vários pontos de entrada para nós - a pessoa caída, a pessoa escapando, a que está olhando, a que está se escondendo, aquele em uma distância crítica - Onde nós nos identificamos na imagem ?
Comentário de Daniella Zsupna-Jerome, professor assistente de liturgia, catequese e evangelização na Universidade de Loyola em New Orleans.
Observação: Também temos quadros desse episódio por El Greco e Rembrandt.
III - Quentin Matsys
Quentin Matsys (1466-1530) foi um pintor flamengo e fundador da Escola de Antuérpia. Esteve ativo por mais de 20 anos, criando inúmeros trabalhos de características religiosas e tendências satíricas.
Foi
o fundador da Escola de Antuérpia. Seu nome é escrito de diversas
formas, tanto o seu nome próprio Quentin ou Quinten, como o seu nome de
família varia em Massys, Matsys, Matsijs, Metsys ou Metsijs.
Durante
grande parte do século XV, os grandes centros dos Países Baixos foram
Bruges, Ghent e Bruxelas. Leuven tornou-se importante pelo final desse
período e Matsys, como membro da Guilda de São Lucas, foi um de seus
primeiros artistas notáveis.
Nasceu em Leuven, onde foi treinado inicialmente como ferreiro.
Não se sabe exatamente com quem Matsys aprendeu pintura, mas seu estilo se assemelha ao de Dieric Bouts, que trouxe para Leuven as influências de Hans Memling e Rogier van der Weyden. O que o caracteriza é um grande sentimento religioso misturado a um realismo que beirava o grotesco.
Em 1491, Matsys partiu para Antuérpia onde realizou seus mais famosos trabalhos. Muito de suas obras enfatizam a caricatura: a expressão melancólica dos santos, os gestos brutais dos executores, a avareza dos banqueiros. Contudo, suas obras mais famosas são as religiosas, junto com os retratos. Matsys conheceu vários artistas alemães e foi guardião dos filhos de Joachim Patinir, que trabalhou em algumas paisagens de Matsys.
Não se sabe exatamente com quem Matsys aprendeu pintura, mas seu estilo se assemelha ao de Dieric Bouts, que trouxe para Leuven as influências de Hans Memling e Rogier van der Weyden. O que o caracteriza é um grande sentimento religioso misturado a um realismo que beirava o grotesco.
Em 1491, Matsys partiu para Antuérpia onde realizou seus mais famosos trabalhos. Muito de suas obras enfatizam a caricatura: a expressão melancólica dos santos, os gestos brutais dos executores, a avareza dos banqueiros. Contudo, suas obras mais famosas são as religiosas, junto com os retratos. Matsys conheceu vários artistas alemães e foi guardião dos filhos de Joachim Patinir, que trabalhou em algumas paisagens de Matsys.
IV - A teologia cristã
Naquele tempo a celebração da Páscoa acontecia anualmente no templo em Jerusalém. Era uma das três festas anuais que exigiam o comparecimento de todos os homens, sendo as outras a festa de Pentecostes e a dos Tabernáculos. A festa da Páscoa comemorava a saída dos judeus da escravidão no Egito (Êxodo 12:1-13) e começava aproximadamente no décimo quarto dia de abril em nosso calendário, durando sete dias ao todo. A Páscoa propriamente era celebrada no dia inicial, seguindo-se depois a festa dos Pães Ázimos.
Muitas judeus com suas famílias viajavam do mundo inteiro para Jerusalém durante essas festas. Assim, durante a Páscoa, a área do templo ficava sempre abarrotada com milhares de visitantes além dos seus habitantes.
Todo israelita de vinte anos para cima tinha que pagar anualmente na tesouraria sagrada do templo meio siclo como um oferecimento ao Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a tradicional e antiga moeda hebraica deste valor exato. O povo também era obrigado a oferecer animais como sacrifício pelos pecados. Muitos não podiam trazer consigo seus animais porque vinham de longe, ou porque não dispunham de animais nas perfeitas condições exigidas.
Havia, portanto, grande procura de moedas de meio siclo assim como de animais próprios para os sacrifícios e holocaustos na festa da Páscoa. Para facilitar o comércio, os líderes religiosos permitiam que cambistas de moedas e comerciantes montassem suas bancas e barracas na corte dos gentios no templo, mediante um aluguel. Era lucrativo para os negociantes e rendoso para os sacerdotes, à custa dos que vinham oferecer sacrifício. O templo de Deus estava sendo usado de forma inadequada, e a perseguição do ganho material e o uso de práticas gananciosas predominavam. A Casa de Deus tinha se tornado uma espécie de bolsa de mercadorias ou feira livre.
O Senhor indignou-se com isto e, tendo feito um chicote de cordas, expeliu todos do templo com seus animais, espalhou o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as mesas, dizendo aos que vendiam as pombas “tirai daqui estas coisas: não façais da casa do meu Pai casa de negócio”, pois estavam fazendo um escárnio da casa de Deus. Ao término do seu ministério, aproximadamente três anos mais tarde (Mateus 21:12-17; Marcos 11:12-19; Lucas 19:45-48), Ele repetiu esta “limpeza”, pois o motivo de lucro daquela gente era mais forte que o desejo de conservar a santidade do templo.
Deus sempre preveniu seu povo contra o uso do culto a Ele para o seu próprio enriquecimento. O que o Senhor fez naquelas ocasiões não foi cruel ou injusto, mas era apenas a manifestação da sua santidade e justiça, o que fez com que seus discípulos se lembrassem do versículo no Salmo 69:9… “o zelo da tua casa me devorou”. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo Testamento e é um dos seis salmos mais citados no Novo Testamento.
Jesus tinha amplos motivos para dizer que os comerciantes gananciosos haviam transformado o templo de Deus num “covil de salteadores”. Para poder pagar o imposto do templo, os judeus e os prosélitos procedentes de outros países tinham de trocar seu dinheiro estrangeiro por moeda aceitável. Os cambistas operavam negócios lucrativos, cobrando uma taxa para cada moeda cambiada. Jesus os chama de salteadores, sugere que as taxas deles eram tão excessivas, que na realidade extorquiam dinheiro dos pobres.
Alguns não podiam levar seus próprios animais para ser sacrificados. Todos que os levavam tinham de submetê-los a um exame feito por um inspetor no templo por uma taxa. Muitos que não queriam arriscar-se a ter um animal rejeitado depois de trazê-lo de longe, compravam um leviticamente “aprovado” dos negociantes corruptos no templo. Muitos dos camponeses pobres eram bem enganados ali.
Há evidência de que o ex-sumo sacerdote Anás e sua família tinham capital investido nos comerciantes no templo. Escritos rabínicos falam de “bazares dos filhos de Anás [no templo]”. O lucro que recebiam dos cambistas e da venda de animais na área do templo era uma das suas principais fontes de renda. A ação de Jesus, de expulsar os comerciantes, não só tinha por alvo o prestígio dos sacerdotes, mas também os bolsos deles.
Não será que esta cena ainda se repete em nossos dias nas festas dos padroeiros em nossas paróquias e capelas?
Espírito purificador, tira do meu coração toda sorte de maldade e de egoísmo, que o tornam indigno de ser morada de Deus.
Fonte: Canção Nova
Muitas judeus com suas famílias viajavam do mundo inteiro para Jerusalém durante essas festas. Assim, durante a Páscoa, a área do templo ficava sempre abarrotada com milhares de visitantes além dos seus habitantes.
Todo israelita de vinte anos para cima tinha que pagar anualmente na tesouraria sagrada do templo meio siclo como um oferecimento ao Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a tradicional e antiga moeda hebraica deste valor exato. O povo também era obrigado a oferecer animais como sacrifício pelos pecados. Muitos não podiam trazer consigo seus animais porque vinham de longe, ou porque não dispunham de animais nas perfeitas condições exigidas.
Havia, portanto, grande procura de moedas de meio siclo assim como de animais próprios para os sacrifícios e holocaustos na festa da Páscoa. Para facilitar o comércio, os líderes religiosos permitiam que cambistas de moedas e comerciantes montassem suas bancas e barracas na corte dos gentios no templo, mediante um aluguel. Era lucrativo para os negociantes e rendoso para os sacerdotes, à custa dos que vinham oferecer sacrifício. O templo de Deus estava sendo usado de forma inadequada, e a perseguição do ganho material e o uso de práticas gananciosas predominavam. A Casa de Deus tinha se tornado uma espécie de bolsa de mercadorias ou feira livre.
O Senhor indignou-se com isto e, tendo feito um chicote de cordas, expeliu todos do templo com seus animais, espalhou o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as mesas, dizendo aos que vendiam as pombas “tirai daqui estas coisas: não façais da casa do meu Pai casa de negócio”, pois estavam fazendo um escárnio da casa de Deus. Ao término do seu ministério, aproximadamente três anos mais tarde (Mateus 21:12-17; Marcos 11:12-19; Lucas 19:45-48), Ele repetiu esta “limpeza”, pois o motivo de lucro daquela gente era mais forte que o desejo de conservar a santidade do templo.
Deus sempre preveniu seu povo contra o uso do culto a Ele para o seu próprio enriquecimento. O que o Senhor fez naquelas ocasiões não foi cruel ou injusto, mas era apenas a manifestação da sua santidade e justiça, o que fez com que seus discípulos se lembrassem do versículo no Salmo 69:9… “o zelo da tua casa me devorou”. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo Testamento e é um dos seis salmos mais citados no Novo Testamento.
Jesus tinha amplos motivos para dizer que os comerciantes gananciosos haviam transformado o templo de Deus num “covil de salteadores”. Para poder pagar o imposto do templo, os judeus e os prosélitos procedentes de outros países tinham de trocar seu dinheiro estrangeiro por moeda aceitável. Os cambistas operavam negócios lucrativos, cobrando uma taxa para cada moeda cambiada. Jesus os chama de salteadores, sugere que as taxas deles eram tão excessivas, que na realidade extorquiam dinheiro dos pobres.
Alguns não podiam levar seus próprios animais para ser sacrificados. Todos que os levavam tinham de submetê-los a um exame feito por um inspetor no templo por uma taxa. Muitos que não queriam arriscar-se a ter um animal rejeitado depois de trazê-lo de longe, compravam um leviticamente “aprovado” dos negociantes corruptos no templo. Muitos dos camponeses pobres eram bem enganados ali.
Há evidência de que o ex-sumo sacerdote Anás e sua família tinham capital investido nos comerciantes no templo. Escritos rabínicos falam de “bazares dos filhos de Anás [no templo]”. O lucro que recebiam dos cambistas e da venda de animais na área do templo era uma das suas principais fontes de renda. A ação de Jesus, de expulsar os comerciantes, não só tinha por alvo o prestígio dos sacerdotes, mas também os bolsos deles.
Não será que esta cena ainda se repete em nossos dias nas festas dos padroeiros em nossas paróquias e capelas?
Espírito purificador, tira do meu coração toda sorte de maldade e de egoísmo, que o tornam indigno de ser morada de Deus.
Fonte: Canção Nova
V. - Referência
Wikipedia - Matsys
Expulsão dos mercadores do templo - Canção Nova
Loyola press