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sábado, 31 de março de 2018

Domingo da Ressurreição - Eugène Burnand

I. - Domingo da Ressurreição - Evangelho segundo João 20, 1 - 9


"No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos." 

São João, 20 - Bíblia Católica Online

II. -  Eugene Burnand - "Os discípulos João e Pedro correndo para a sepultura ...", 1898


quadro os Apóstolos João e Pedro correndo para a sepultura mostra os dois apóstolos correndo apreensivos para ver o que aconteceu no túmulo do Senhor
           Os apóstolos correndo para o túmulo, Eugène Burnand, 1898, 
                                     Musée d'Orsay, Paris


"Nesta pintura, Eugène Burnand convida-nos a acompanhar Pedro e João quando esses correm para o túmulo vazio na manhã de Páscoa.


Em frente a um resplandecente amanhecer do céu  e atravessando  uma paisagem pastoral, Pedro e João estão correndo em direção ao local do enterro de Jesus. Pedro, barbado, mais velho e usando cores sombrias, tem uma expressão complexa. Em seu rosto está a história de sua experiência da paixão, o choque e a ansiedade, o medo e o desespero, a culpa e o desgosto. Seu rosto está exausto da vivência dessa experiência.


Seu corpo se move em direção ao túmulo, mas seu espírito está em conflito - temendo o pior sobre o corpo perdido, ousando esperar, mas dilacerado pelo fato de ter negado o Senhor. E se o corpo dele tiver sido tomado - quando a tortura desses eventos será interrompida? Mas e se ele tiver ressuscitado? E o que vai acontecer agora? 

Ao lado de Pedro está João, o discípulo amado. Ele é mais jovem e brilhantemente vestido com um rosto de desejo e profunda emoção. Suas vestes brancas transmitem pureza e inocência, bem como nova vida. Como o Discípulo Amado, ele é um símbolo da Igreja, o símbolo daqueles que virão e entrarão na Morte e Ressurreição de Cristo através da fonte do Batismo - a veste branca de João reforça isso. Ele agarra as mãos juntas, incorporando uma esperança desesperada. Sua expressão de anseio mostra a pequena semente de fé crescendo dentro de si para acreditar no inacreditável - que o corpo do Senhor ressuscitou, não foi roubado. 



Depois dos terríveis acontecimentos da Paixão, esse pensamento por si só já é um poderoso movimento de fé. O amanhecer do dia, com o raiar do sol, reforça a ideia dessa fé crescente. Como o brilho do sol nascente, a fé dos discípulos é despertada enquanto eles correm para o sepulcro vazio. Eles são informados de que o corpo foi tomado, mas enquanto eles correm e vêem por si mesmos, sua fé nascente lhes permite começar a entender, começar a ter esperança e começar a sentir a alegria da ressurreição."


Comentário de Daniella Zsupan-Jerome, professora de liturgia na Loyola University New Orleans.


III. - Eugene Burnand



gravura com retrato colorido de Eugene Burnand  Eugène Burnand (30 de agosto de 1850 - 4 de fevereiro 1921) foi um pintor suíço, nasceu no município de Moudon no cantão suíço de Vaud. Antes de se mudar para Paris, em 1872, ele estudou com Barthélemy Menn na École des Beaux-Arts, em Genebra. Em Paris, ele se juntou ao estúdio de Jean-Léon Gérôme.

Burnand foi muito influenciado pelo realismo de artistas como Jean-François Millet e Gustave Courbet. Sendo um pintor realista, suas obras incluem, principalmente, cenas religiosas, paisagens e do campo. Sua pintura mais famosa está no Musée d'Orsay em Paris: "Os discípulos Pedro e João correndo para o túmulo na manhã da Ressurreição.(fonte: wikipedia)

IV. - Mensagem Urbi et Orbi - Papa Francisco 2022


MENSAGEM URBI ET ORBI

DO PAPA FRANCISCO

PÁSCOA 2022

Balcão central da Basílica Vaticana
Domingo, 17 de abril de 2022

[Multimídia]


Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!

Jesus, o Crucificado, ressuscitou! Veio ter com aqueles que choram por Ele, fechados em casa, cheios de medo e angústia. Veio a eles e disse: «A paz esteja convosco!» (Jo 20, 19). Mostra as chagas nas mãos e nos pés, a ferida no lado: não é um fantasma, é mesmo Ele, o mesmo Jesus que morreu na cruz e esteve no sepulcro. Diante dos olhos incrédulos dos discípulos, repete: «A paz esteja convosco!» (20, 21).

Também os nossos olhos estão incrédulos, nesta Páscoa de guerra. Demasiado sangue, vimos; demasiada violência. Também os nossos corações se encheram de medo e angústia, enquanto muitos dos nossos irmãos e irmãs tiveram de se fechar nos subterrâneos para se defender das bombas. Sentimos dificuldade em acreditar que Jesus tenha verdadeiramente ressuscitado, que tenha verdadeiramente vencido a morte. Terá porventura sido uma ilusão? Um fruto da nossa imaginação?

Não; não é uma ilusão! Hoje, mais do que nunca, ressoa o anúncio pascal tão caro ao Oriente cristão: «Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou!» Hoje mais do que nunca precisamos d’Ele, no termo duma Quaresma que parece não querer acabar. Temos atrás de nós dois anos de pandemia, que deixaram marcas pesadas. Era o momento de sairmos do túnel juntos, de mãos dadas, juntando as forças e os recursos... Em vez disso, estamos demostrando que ainda não existe em nós o Espírito de Jesus, mas existe ainda em nós o espírito de Caim, que vê Abel não como um irmão, mas como um rival, e pensa como há de eliminá-lo. Temos necessidade do Crucificado ressuscitado para acreditar na vitória do amor, para esperar na reconciliação. Hoje mais do que nunca precisamos d’Ele, precisamos que venha colocar-Se no meio de nós e nos diga mais uma vez: «A paz esteja convosco!»

Só Ele o pode fazer. Só Ele tem hoje o direito de anunciar-nos a paz. Só Jesus, porque traz as chagas, as nossas chagas. Aquelas chagas d’Ele são nossas duas vezes: são nossas, porque Lh’as provocamos nós com os nossos pecados, a nossa dureza de coração, o ódio fratricida; e são nossas, porque Ele as traz por nós, não as cancelou do seu Corpo glorioso, quis conservá-las, trazê-las consigo para sempre. São um timbre indelével do seu amor por nós, uma perene intercessão ao Pai celeste para que as veja e tenha misericórdia de nós e do mundo inteiro. As chagas no Corpo de Jesus ressuscitado são o sinal da luta que Ele travou e venceu por nós, com as armas do amor, para podermos ter paz, estar em paz, viver em paz.

Contemplando aquelas chagas gloriosas, os nossos olhos incrédulos escancaram-se, os nossos corações endurecidos abrem-se e deixam entrar o anúncio pascal: «A paz esteja convosco!»

Irmãos e irmãs, deixemos entrar a paz de Cristo nas nossas vidas, nas nossas casas, nos nossos países!

Haja paz para a martirizada Ucrânia, tão duramente provada pela violência e a destruição da guerra cruel e insensata para a qual foi arrastada. Sobre esta noite terrível de sofrimento e morte, surja depressa uma nova aurora de esperança. Escolha-se a paz! Deixe-se de exibir os músculos, enquanto as pessoas sofrem. Por favor, por favor: não nos habituemos à guerra, empenhemo-nos todos a pedir a paz, em alta voz, das varandas e pelas ruas! Paz! Quem tem a responsabilidade das nações, ouça o clamor do povo pela paz. Lembre-se daquela inquietadora pergunta feita pelos cientistas, há quase setenta anos: «Poremos fim ao género humano, ou a humanidade saberá renunciar à guerra?» (Manifesto Russell-Einstein, 09/VII/1955).

Trago no coração todas e cada uma das numerosas vítimas ucranianas, os milhões de refugiados e deslocados internos, as famílias divididas, os idosos abandonados, as vidas destroçadas e as cidades arrasadas. Não me sai da mente o olhar das crianças que ficaram órfãs e fogem da guerra. Vendo-as, não podemos deixar de nos dar conta do seu grito de sofrimento, juntamente com o de tantas outras crianças que sofrem em todo o mundo: as que morrem de fome ou por falta de cuidados médicos, as que são vítimas de abusos e violências e aquelas a quem foi negado o direito de nascer.

No meio da angústia da guerra, não faltam também sinais encorajadores, como as portas abertas de tantas famílias e comunidades que acolhem migrantes e refugiados em toda a Europa. Que estes numerosos atos de caridade se tornem uma bênção para as nossas sociedades, por vezes degradadas por tanto egoísmo e individualismo, e contribuam para torná-las acolhedoras com todos.

Que o conflito na Europa nos torne mais solícitos também perante outras situações de tensão, sofrimento e angústia, que tocam demasiadas regiões do mundo e que não podemos nem queremos esquecer.

Haja paz no Médio Oriente, dilacerado por anos de divisões e conflitos. Neste dia glorioso, peçamos paz para Jerusalém e paz para aqueles que a amam (cf. Sal 121/122): cristãos, judeus e muçulmanos. Possam israelitas, palestinenses e todos os habitantes da Cidade Santa, juntamente com os peregrinos, experimentar a beleza da paz, viver em fraternidade e gozar de livre acesso aos Lugares Santos no mútuo respeito pelos direitos de cada um.

Haja paz e reconciliação para os povos do Líbano, da Síria e do Iraque, e, de modo particular, para todas as comunidades cristãs que vivem no Médio Oriente.

Haja paz também para a Líbia, a fim de encontrar estabilidade depois das tensões destes anos, e para o Iémen, que sofre com um conflito esquecido por todos mas com vítimas contínuas: a trégua assinada nos últimos dias possa devolver esperança à população.

Ao Senhor ressuscitado, pedimos o dom da reconciliação para Myanmar, onde perdura um cenário dramático de ódio e violência, e para o Afeganistão, onde não diminuem as perigosas tensões sociais e onde uma dramática crise humanitária atormenta a população.

Haja paz para todo o continente africano, a fim de que cessem a exploração de que é vítima e a hemorragia causada pelos ataques terroristas – particularmente na região do Sahel – e encontre apoio concreto na fraternidade dos povos. Que a Etiópia, atribulada por uma grave crise humanitária, reencontre o caminho do diálogo e da reconciliação e cessem as violências na República Democrática do Congo. Não falte a oração e a solidariedade pelas populações do leste da África do Sul, atingidas por enchentes devastadoras.

Cristo ressuscitado acompanhe e assista as populações da América Latina, que, em alguns casos, viram piorar as suas condições sociais nestes tempos difíceis de pandemia, agravadas também por casos de criminalidade, violência, corrupção e tráfico de drogas.

Peçamos ao Senhor ressuscitado que acompanhe o caminho de reconciliação que a Igreja Católica no Canadá está percorrendo com os povos autóctones. Que o Espírito de Cristo ressuscitado cure as feridas do passado e disponha os corações na busca da verdade e da fraternidade.

Queridos irmãos e irmãs, cada guerra traz consigo consequências que envolvem toda a humanidade: do luto ao drama dos refugiados, até à crise económica e alimentar de que já se veem os primeiros sintomas. Perante os sinais perdurantes da guerra, bem como diante das muitas e dolorosas derrotas da vida, Cristo, vencedor do pecado, do medo e da morte, exorta-nos a não nos rendermos ao mal e à violência. Irmãos e irmãs, deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível, a paz é um dever, a paz é responsabilidade primária de todos!


V. - Referências


https://www.loyolapress.com/our-catholic-faith/liturgical-year/lent/arts-and-faith-for-lent/cycle-b/arts-and-faith-easter-sunday-ii