I.- René Descartes
II. - O mundo na época de Descartes
II.1 - Da Filosofia escolástica à Filosofia moderna.
- Descartes se incomodava com o fato de tudo que ele tinha estudado não o auxiliava a compreender melhor o mundo.
- Após ter estudado sobre todas as filosofias, Descartes se sentia incomodado por não haver nada, nenhum assunto, em que houvesse uma única opinião ou consenso. Ele admitiu que então não havia nada em que se pudesse confiar plenamente e devia-se desconfiar de tudo para a partir daí, após se dividir os temas em partes que fosse possível detalhá-las ao máximo, chegar-se finalmente à verdade.
- Descartes acreditava que tudo poderia ser conhecido através da razão, pois o conhecimento através dos sentidos era sujeito a erros. No sistema de Descartes a razão não lida com objetos concretos mas com ideias e representações que correspondem aos objetos verdadeiros.
- Descartes viveu no mesmo período de Galileu, início do século XVII, que iniciava a revolução científica com base em seus experimentos e suas teorias.
- Descartes tinha uma formação religiosa forte que conservou ao longo de sua vida. Sabendo também que era perigoso qualquer discussão sobre os dogmas da Igreja, Descartes estabeleceu para si e para seus escritos que o seu método de duvidar de tudo se aplicava a todas as coisas do mundo, incluindo a filosofia, mas não se aplicava à religião e à Teologia.
- Descartes acreditava que a única linguagem que não permitia erros era a matemática. Ele tornou-se o primeiro pensador a supor que o Universo inteiro podia ser descrito por equações matemáticas. Além da própria existência física ele pensava que também os pensamentos e as ideias poderiam um dia ser descritos pela matemática.
Mauricio de Nassau |
- Em 1619 Descartes viajou para a Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico.
- No sistema de Descartes existem três tipos de ideias: Ideias adquiridas da nossa experiência (estrelas, Sol, ...), ideias artificiais forjadas por nossa mente a partir das ideias adquiridas (Papai Noel, ...), ideias inatas impressas por Deus na nossa alma como a perfeição, liberdade, infinito, ...,.
- Descartes foi considerado o pai do "racionalismo" e o iniciador da "filosofia moderna".
II.2 - Seus Contemporãneos
Marin Mersenne: Marin Mersenne nasceu de uma família rural, pouco se sabendo sobre a sua infância. De 1604 a 1609 estudou em Paris com os jesuítas e nos dois anos seguintes estudou teologia na Sorbonne. Em 1611 entrou para a Ordem dos Mínimos, dedicando-se por isso exclusivamente à oração e ao estudo.
Marin Mersenne |
A atitude da Igreja Católica face ao trabalho de Galileu fez Mersenne interessar-se pela ciência, começando a estabelecer contatos com os mais importantes cientistas da época. Numa época em que não existiam revistas científicas, o papel de Marin Mersenne foi fundamental na divulgação das novas descobertas que se faziam por toda a Europa. Mersenne era o centro da divulgação científica, correspondendo-se com os maiores cientistas seus contemporâneos, como Descartes, Galileu, Fermat, Pascal e Torricelli.
Mersenne organizava também encontros entre estes cientistas e viajava com frequência pela Europa para se encontrar com alguns deles. Este círculo alargado de cientistas europeus é por vezes designado por Academia de Mersenne, uma precursora da Académie des Sciences, fundada poucos anos após o falecimento de Mersenne.
Mersenne estava sempre aconselhando Descartes sobre os riscos de abordar alguns assuntos sensíveis como o heliocentrismo que já havia condenado Galileu.
Reis da França: Na época de Descartes foram Reis da França:
Henrique IV (1589 a 1610): que construiu o Colegge de la Fleche.
Luís XIII (1610 a 1643): taciturno e desconfiado, Luís muito dependia do Cardeal de Richelieu, seu principal ministro, para governar seus reinos. O rei e o cardeal são lembrados por estabelecerem a Academia Francesa. Seu reinado também foi marcado por conflitos contra os Huguenotes e a Espanha.
Luís XIV, o Rei Sol, (1643 a 1715) - Reforçou o centralismo do poder na figura do Rei.
Cientistas:
Galileu Galilei foi personalidade fundamental na revolução científica. Galileu desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vênus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contribuição de Galileu foi para o método científico, pois a ciência se baseava numa metodologia aristotélica.
Galileu Galilei |
Galileu era cristão, mas tinha um temperamento conflituoso e viveu numa época atribulada na qual a Igreja Católica endurecia a sua vigilância sobre a doutrina para fazer frente às derrotas que sofria pela Reforma Protestante. O papa sentiu que a aceitação do modelo heliocêntrico como ferramenta matemática tinha sido ultrapassada e convocou Galileu a Roma para ser julgado, apesar de este se encontrar bastante doente.
Newton e Leibniz, dois dos mais brilhantes cientistas, vieram depois de Galileu e Descartes e utilizaram os seus conhecimentos para a desenvolver a física e o cálculo integral e diferencial.
II.3 - Os lugares importantes
Breda
Leiden
foto de Leiden |
Descartes gostava de Leiden onde ele não era conhecido e não tinha nenhuma obrigação social que o desviasse do seu trabalho.
III. - O Discurso sobre o método
IV. - O Método de Descartes
O método de Descartes também é conhecido como Dúvida Metódica e pode ser considerado como baseado em quatro princípios ou etapas;
1. Jamais aceitar como verdadeira coisa alguma que não estivesse tão clara à mente que não restasse dúvidas de sua verdade.
2. Dividir cada dificuldade em tantas partes quanto o possível e necessário para resolvê-las.
3. Organizar os pensamentos, iniciando pelos assuntos mais fáceis e simples e progredindo gradativamente para os mais complexos.
4. Fazer para cada caso, enumerações e revisões até que se esteja certo de não ter omitido nada.
Descartes afirma: "Agindo assim, não existirão verdades tão distantes que não possam ser alcançadas, nem tão escondidas que não sejam descobertas."
V. - Importância de Descartes para o desenvolvimento científico
a) Geometria analítica: A geometria analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno texto chamado Geometria, como um dos três apêndices do Discurso do Método, obra considerada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes defende o método matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em todos os campos.
VI - A interessante argumentação de Descartes sob a existência divina
Demonstrando que a idéia de perfeição não se origina nos sentidos, mas na razão, Descartes abre o caminho para a prova racional da existência de Deus. Ao questionar a origem da ideia de Deus, ele depara com o problema de que essa ideia não poderia ter surgido do nada, pois o nada, nada cria e nenhum ser, muito menos um ser perfeito, pode ter surgido do nada.
quadro da página O Pensador |
Seguindo este raciocínio, Descartes afirmou, também, que um ser imperfeito não pode ser a causa da criação de um ser perfeito, pois o menos não pode ser a causa do mais. A ideia de perfeição nasce junto com o homem, é uma ideia inata. Resta a ideia de que a perfeição não tendo sua origem no nada e nem tampouco em um ser imperfeito por natureza, só pode ter sido posta na razão por um ser perfeito.
Um ser perfeito pode ser a sua própria causa, ao contrário de um ser imperfeito. A ideia de perfeição posta na razão sugere a existência de um ser perfeito, pois seria contraditória a existência da perfeição sem um ser perfeito que a tenha criado.
Assim, a existência de uma ideia de perfeição que existe em nossa mente, comprova a existência de um ser perfeito que a criou e a colocou em nossa razão, ou seja, um ser que pode ser chamado de Deus.
Fonte: Infoescola / Geraldo Magela
Descartes, René, 1596-1650 – Discurso do método / René Descartes; tradução de Paulo Neves. – Porto Alegre: L&PM, 2008.
VII - Obras mais conhecidas
Além do discurso do método Descartes publicou várias obras sendo uma das mais conhecidas as "Meditações sobre a Filosofia Primeira", publicada em 1641 com o primeiro conjunto de seis objeções e respostas. As objeções foram feitas por Johan de Kater, Mersenne, Thomas Hobbes, Arnauld e Gassend.
Principais obras:
- "Regulae ad Directionem Ingenii", ("Regras para a Direção do Pensamento", 1628);
- "Le Monde", ("O mundo ou Tratado Sobre a Luz", 1633);
- "Discours de la Méthode", ("Discurso do Método", 1637);
- "Meditationes de prima philosophia", ("Meditações Metafísicas", 1641);
- "Principia Philosophiae" ("Princípios da Filosofia", 1644);
- "Les passions de l'âme (As paixões da alma, 1649);
VIII. Referências
Descartes - Coleção Os Pensadores (discurso do método / meditações / paixões da alma)
Descartes e os países baixos = Jean Gallard
Descartes and Dutch conexion =
Reneé Descartes - wiki francesa / portuguesa
Filme sobre Descartes:
Aula youtube prof. Anderson:
Infoescola / Geraldo Magela
Descartes, René, 1596-1650 – Discurso do método / René Descartes; tradução de Paulo Neves.