I. - O que são os Bálcãs
Os Bálcãs, ou ainda península balcânica, é o nome histórico e geográfico para designar a região sudeste da Europa que engloba a Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, República da Macedônia, Montenegro, Sérvia, Kosovo, Croácia, Eslovênia e Romênia. O termo deriva da palavra turca para montanha e faz referência à cordilheira dos Bálcãs, que se estende do leste da Sérvia até ao mar Negro.
Mapa Wikipédia |
A extensão territorial do território balcânico é de aproximadamente 550 mil quilômetros quadrados e ele está circundado pelos mares: Adriático, Jônico, Egeu, Mármara e Negro.
II. A geografia dos Balcãs - Relevo e Península
II.1 - O Relevo - As montanhas dos Balcãs
O território balcânico é fortemente influenciado por seu relevo montanhoso. A característica marcante portanto são suas cordilheiras onde destacam-se:
a) A cordilheira dos Balcãs
Cordilheira dos Bálcãs (em búlgaro: Stara Planina - "velha montanha") é uma cadeia de montanhas que formam uma extensão dos Cárpatos, separados destes pelo rio Danúbio. Estende-se por 560 km do leste da Sérvia, através da Bulgária central e até o mar Negro.
O ponto culminante é o Monte Musala, na Bulgária, com 2925 m, localizado na subcordilheira Rila.
b) Os Alpes Dináricos
Os Alpes Dináricos são uma Cadeia montanhosa situada a oeste da península, tem sua origem equivalente à dos Alpes Suíços e Austríacos e atravessa a Croácia, Bósnia, Sérvia, Motenegro e Albânia. A montanha mais alta chega a medir 2.525 metros de altitude no Pico Durmitor.
b.1) Croácia
Cidade litorânea de Split com a cordilheira de Mosor ao fundo, parte dos Alpes Dináricos |
b.2) Bósnia
O país da Bósnia é atravessado pelos Alpes Dináricos, que o dividem em estreitos vales e o isolam do mar Adriático. A estrada de Mostar a Sarajevo é um belo exemplo do relevo montanhoso da região.
Belíssima estrada de Mostar até Sarajevo. |
b.3) Montanhas em Montenegro
Em Montenegro temos uma entrada do mar adriático que se chama "bocas de Catarro" que forma uma espécie de baía rodeadas por "altas montanhas" como as montanhas de São João, ...,. Todas fazem parte dos Alpes Dináricos. Nessa baía temos as bonitas vilas de Kotor e Perast.
Vilarejo de Perast, na baía formada pela boca de Cataro |
c) As montanhas Pindo
A cadeia de montanhas Pindus está localizada no norte da Grécia e no sul da Albânia . Tem aproximadamente 160 km de comprimento, com elevação máxima de 2.637 m ( Monte Smolikas ). Porque ele corre ao longo da fronteira da Tessália e do Epirus , a faixa de Pindus é muitas vezes chamada de "espinha da Grécia". A cordilheira se estende desde as fronteiras grega-albanesa no Epiro do Norte , entrando na região de Epirus e região da Macedônia no norte da Grécia até o norte do Peloponeso .
Geologicamente, constitui uma extensão dos Alpes Dinaricos , que dominam a região ocidental da Península dos Balcãs. Este vasto complexo de montanhas, picos, planaltos, vales e desfiladeiros atravessa o continente grego do Noroeste ao Sudeste.
II.2 - O Litoral dos Balcãs - Península Balcânica
Como Península entende-se uma formação geológica que é rodeada por água praticamente em toda sua extensão, sendo ligada ao continente apenas por uma porção de terras de menor proporção. A Península Balcânica é uma das que mais se destaca no mundo.
O litoral da Croácia, Montenegro e Albânia é banhado pelo mar adriático. A Grécia é banhada pelo mar jônico e mar egeu. A Bulgária e a Romênia pelo mar negro.
Beira-mar na cidade de Zadar, Croácia |
III. - O povoamento dos Balcãs
a) As primeiras ondas migratórias duraram mais de 2 mil anos (guia do estudante.abril)
4400 – 4200 a.C.
Os indo-europeus partiram da região do Cáucaso por volta do ano 4000 a.C., em direção à Europa e à Índia. Foi a primeira de uma série de ondas migratórias, que mudaram a história dos povos antigos
3500 – 3000 a.C.
As migrações eram muito lentas. Podiam demorar séculos e até milênios. Por volta do ano 3000 a.C., os indo-europeus estavam próximos aos Bálcãs. Mas chegaram de vez à região apenas 500 anos depois
3000 – 2500 a.C.
Os povos das estepes russas chegaram à Europa Setentrional por volta de 2500 a.C. Depois de assimilar e influenciar as culturas locais, acredita-se que deram origem aos eslavos, germânicos e celtas
b) Os Ilírios (1000 a.c)
Os ilírios eram um povo indo-europeu que habitou o oeste dos Bálcãs (do Épiro à Panônia) e partes do sul da Itália no início da Era Cristã. Eles falavam línguas que estão agrupadas como línguas ilíricas, um ramo separado do indo-europeu.
Os ilírios devem ter aparecido na parte ocidental da península Balcânica por volta de 1000 a.C., no período que coincide com o fim da Idade do Bronze e o começo da Idade do Ferro. Os ilírios não eram um corpo unificado mas um grupo de várias tribos diferentes. Essas tribos, contudo, possuiam uma cultura comum e línguas faladas relacionadas.
c) Os eslavos (VI d.c.)
Eslavos é o termo usado para se referir a uma ramificação étnica e linguística de povos indo-europeus que vive principalmente na Europa central e oriental. A partir do começo do século VI eles se dispersaram para habitar a maior parte da Europa central, oriental e os Bálcãs. Posteriormente, muitos estabeleceram-se na Sibéria e na Ásia Central ou emigraram para outras partes do mundo. Mais da metade do território europeu é habitado por comunidades de falantes de línguas eslavas.
As nações e grupos étnicos modernos conhecidos pelo etnônimo "eslavos" são consideravelmente diversos genética e culturalmente, sendo as ligações entre esses povos bastante variadas, desde um senso de conexão e afinidade até sentimentos de hostilidade mútua.
Os povos eslavos são classificados geográfica e linguisticamente em eslavos ocidentais (que engloba tchecos, eslovacos, morávios, poloneses, silesianose sórbios), eslavos orientais (que inclui bielorrussos, russos e ucranianos) e eslavos meridionais (que abrange bosníacos, búlgaros, croatas, macedônios, montenegrinos, sérvios e eslovenos).
De acordo com um estudo genético feito em 2007 , o grupo de homens eslavos se divide em dois grupos principais; um abrange todos os eslavos ocidentais, eslavos orientais e duas populações eslavas meridionais masculinas (croatas ocidentais e eslovenos), enquanto que o outro grupo abrange todos os homens eslavos meridionais restantes.
d) - População atual dos Balcãs
A população dessa região é caracterizada por grandes diferenças étnicas, culturais e religiosas. Temos povos de características eslavas e ilíricas, otomanas, gregas, ...,.
A população do território Balcânico é de aproximadamente 70 milhões de pessoas, e a expectativa de vida situa-se entre 70 a 73 anos. Além disso, a porcentagem da população que reside em área urbana varia entre 60% a 80%. A região tem sua história assinalada por importantes guerras e conflito.
A população do território Balcânico é de aproximadamente 70 milhões de pessoas, e a expectativa de vida situa-se entre 70 a 73 anos. Além disso, a porcentagem da população que reside em área urbana varia entre 60% a 80%. A região tem sua história assinalada por importantes guerras e conflito.
IV - Ligação da Ásia / Oriente com a Europa através dos Bálcãs.
IV.1 - Rota de Expansão do Império Otomano
Os Balcãs na idade média foram a rota de expansão do Império otomano. Como visto no quadro abaixo, eles chegaram até as vizinhanças de Viena, quando foram então rechaçados na batalha de Viena. A porta de entrada era a Bulgária, depois Sérvia, Bósnia e então chegavam na área Austríaca como visto no quadro abaixo.
Nessa época a área da Croácia, Eslovênia, ..., faziam parte do Reino Húngaro.
IV.2 - Rota dos Balcãs Atual, caminho para a Imigração Terrestre para a Alemanha
Além da rota marítma de migração os balcãs també sme tornaram uma rota terrestre para os refugiados da Sìria, Iraque e todo o Oriente médio.
V. - Dominações/Ocupações importantes nos Balcãs
a) Grécia -
A maior parte da Grécia gradualmente tornou-se parte do Império Otomano no século XV até a sua declaração de independência em 1821;
O Império Bizantino, que tinha governado a maior parte do mundo grego por mais de 1100 anos, tinha sido fatalmente enfraquecido desde o saque de Constantinopla pelos cruzados em 1204.
b) Croácia -
Governada como parte da Hungria de 1102 a 1918. A parte litorânea (Zadar, Split, Dubrvnik) chamada de Dalmácia pertenceu a República de Veneza de 1420 a 1797.
c) Bósnia e Herzegovina
Os turcos otomanos foram os governantes da atual Bósnia e Herzegovina entre a segunda metade do século XV e o ano de 1878. O Império Austro-Húngaro dominou a região em 1878
d) Sérvia
A Ráscia (Sérvia interior) foi anexada pelos bizantinos (Catapanato da Sérvia, 971-976) até 1043. Foi ocupada pelos otomanos entre 1459 e 1804.
e) Bulgária
Ficou sob o domínio do império otomano do final do século XIV até 1878. Participou da primeira e da segunda guerra mundial ao lado das nações que foram derrotadas. Após isso, ficou sob a influência da União Soviética e tornou-se uma república popular em 1946 permanecendo como tal até 1990 com o encerramento do governo comunista.
VI. - Guerras Balcânicas
Guerras e conquistas entre países aconteceram na região desde a fundação dos primeiros povoados. Nesse item vamos ressaltar apenas os conflitos que envolveram mais de um país e foram considerados conflitos de larga escala.
VI.1 - Primeira Guerra Balcânica
A Primeira Guerra dos Bálcãs, foi um conflito militar que durou de outubro de 1912 a maio de 1913 e colocou a Liga Balcânica (Sérvia, Montenegro, Grécia e Bulgária) contra o Império Otomano. As forças combinadas dos Estados balcânicos conseguiram superar as forças otomanas, numericamente inferiores e em desvantagem estratégica, conseguindo um rápido sucesso. Como resultado da guerra, quase todos os territórios europeus do Império Otomano foram conquistados e divididos entre os aliados, e um estado independente albanês foi criado, por pressão da Áustria-Hungria e da Itália. Apesar deste sucesso, as nações balcânicas permaneceram insatisfeitos com o resultado da guerra, e as tensões internas que surgiram com a retirada da ameaça otomana, logo resultou na Segunda Guerra Balcânica.
VI.2 - Segunda Guerra Balcânica
A Segunda Guerra Balcânica, também conhecida como Segunda Guerra dos Bálcãs, ocorreu entre 29 de junho de 1913 e 10 de agosto de 1913 e foi um conflito entre a Bulgária de um lado contra seus antigos aliados da Liga Balcânica - Sérvia, Grécia e Montenegro - somados a Romênia e o Império Otomano de outro. O resultado desta guerra tornou a Sérvia, um importante aliado da Rússia, em uma potência regional dos Bálcãs, alarmando a Áustria-Hungria e indiretamente tornando-se mais uma causa para a Primeira Guerra Mundial.
VI.3 - Primeira Guerra Mundial
Entre as causas da guerra inclui-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano, o Império Russo, o Império Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália.
Em 28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista sérvio, nascido na Bósnia, Gavrilo Princip, em Sarajevo, Bósnia, foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou em um ultimato da Áustria-Hungria contra o Reino da Sérvia.
O objetivo declarado de reunificação, em um Estado único de todos os membros do povo sérvio, significava um confronto com a Áustria-Hungria, que dominava a Bósnia e Herzegovina, território, que de acordo com a organização, deveria ser integrado ao novo Estado sérvio.
Mão Negra
A Mão Negra foi o grupo responsável por planejar e organizar o assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, e sua esposa Sofia Chotek. Os autores do ataque eram membros da organização Jovem Bósnia.
Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, assim, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através de suas colônias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.
Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a invasão austro-húngara da Sérvia.
VI.4 - Guerras na Iugoslávia (Bósnia, Croácia, Kosovo e Montenegro)
VI.4.1 - Criação da Iugoslávia e 2a Guerra Mundial
Ao final da primeira guerra mundial, com o fim do império Austro-Húngaro, a Croácia decretou a sua independência. Entretanto por pressão da comunidade internacional foi criado um Reino unindo os estados eslovenos, croatas, sérvios. Inicialmente com o nome de "povos eslavos meridionais", em 1929 ele foi renomeado para "reino da Iugoslávia". Foi a primeira vez que esses países vizinhos estavam juntos sob o mesmo governo.
Em 6 de abril de 1941, o país foi invadido pelas Potências do Eixo ficando os nazistas instalados na Croácia. A resistência surgiu no restante do país através dos partisans. Em 1943, uma Iugoslávia democrática e federal é proclamada pela população que resistiu. Em 1944, o rei o reconheceu como o governo legítimo da nação, e em novembro de 1945 a monarquia foi abolida.
Iugoslávia sob Tito
A Iugoslávia foi renomeada para República Popular Federativa da Iugoslávia em 1946, quando um governo comunista foi estabelecido. O país adquiriu os territórios de Istria, de Rijeka e de Zadar da Itália. O líder partidário Josip Broz Tito governou o país como presidente até sua morte em 1980. Em 1963, o país foi rebatizado novamente para República Socialista Federal da Iugoslávia (RSFI).
As seis repúblicas socialistas que constituíram o país eram a RS da Bósnia-Herzegovina, RS da Croácia, RS da Macedônia, RS de Montenegro, RS da Eslovênia e a RS da Sérvia. A Sérvia continha ainda duas províncias socialistas autônomas, Vojvodina e Kosovo, que depois de 1974 eram em grande parte iguais aos outros membros da federação.
Uma anedota que sintetizava o sistema político-étnico da Jugoslávia sob Tito era: "Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um Partido".
Tito seguiu uma linha de independência em relação às orientações de Moscovo, enfurecendo as autoridades soviéticas. Em 1948, os dois países romperam oficialmente, e a Jugoslávia foi expulsa do Comintern, dando início ao período conhecido como Informbiro nos Bálcãs. Durante a Guerra Fria, a Jugoslávia procurou ser neutra e não se alinhou a nenhum dos lados, apesar de ter um governo socialista. Ela foi uma das nações fundadoras do Movimento dos Países Não-Alinhados, encaixando-se no grupo do chamado Terceiro Mundo.
Depois de uma crise econômica e política na década de 1980 e do surgimento do nacionalismo, a Iugoslávia foi desintegrada ao longo das fronteiras de suas repúblicas, inicialmente em cinco países, levando à Guerra da Iugoslávia.
VI.4.2 - Separação da Iugoslávia e independência da Croácia e Eslovênia
As repúblicas que formavam a antiga Iugoslávia começaram a demonstrar um desejo de maior autonomia, fim do partido único e a instalação de uma democracia. Em junho de 1991, Eslovênia e Croácia declararam independência e fizeram eleições presidenciais. Em 18 de setembro, seguindo o exemplo desses países, a Macedônia também declarou sua independência. Quase um mês depois, em 15 de outubro, a Bósnia e Herzegovina fez o mesmo, mas, neste último caso, ocorreu um grave conflito.
O governo da Bósnia foi entregue a um governante muçulmano, enquanto que um 1/3 da população do país era cristã-ortodoxa. A Organização das Nações Unidas tentou intervir, mas de nada adiantou. O conflito só teve fim em 1995, quando os Estados Unidos intervieram, exigindo que Milosevic desse um fim ao maior conflito étnico-religioso ocorrido na região, com mais de 250 mil mortos.
VI.4.3 - Guerra da Bósnia
Em fevereiro de 1992, o povo da Bósnia e Herzegovina decide em referendo pela independência da República Socialista Federativa da Iugoslávia, em uma votação boicotada pelos bósnios sérvios.
A Bósnia era o caso mais complexo da Iugoslávia em virtude da sua diversidade étnica. “Em 1991, 44% dos 4,4 milhões de habitantes eram bósnio-muçulmanos, 31%, sérvios; e 17%, croatas”. Assim, essa divisão étnica resultava em diferentes interesses das três partes: bósnio-muçulmanos defendiam a independência total da Bósnia sob a liderança da maioria étnica do país; sérvio-bósnios defendiam a separação dos territórios bósnios ocupados por sérvios para anexá-los à Sérvia;
A seção do Exército Popular Iugoslavo na Bósnia e Herzegovina foi fiel ao referendo realizado no Exército da República da Bósnia e Herzegovina (ARBH), enquanto os sérvios formaram o Exército da República Sérvia (ERS). No início, os sérvios ocuparam 70% do território da Bósnia e Herzegovina, porém ao unir forças do Conselho de Defesa da Croácia e da Armada da República da Bósnia e Herzegovina a guerra tomou outro rumo e as forças sérvias foram derrotadas na batalha da Bósnia Ocidental.
O envolvimento da OTAN em 1995 contra posições do Exército da República Sérvia internacionalizou o conflito, mas apenas na sua fase final. A aliança bosníaco-croata ocupou 51% do território da Bósnia e Herzegovina e chegou às portas de Banja Luka. Vendo a sua capital de fato ameaçada, os líderes sérvios assinaram o armistício e a guerra terminou oficialmente com a assinatura do Acordo de Dayton em Paris, em 14 de dezembro de 1995.
Envolveu os três grupos étnicos e religiosos da região: os sérvios cristãos ortodoxos, os croatas católicos romanos e os bósnios muçulmanos. É o conflito mais prolongado e violento da Europa desde o fim da II Guerra Mundial, com duração de 1.606 dias. A guerra durou pouco mais de três anos e causou cerca de 200.000 vítimas entre civis e militares e 1,8 milhões de deslocados, de acordo com relatórios recentes.
O conflito também ficou marcado pelo processo de limpeza étnica promovido pelas forças sérvio-bósnias contra a população bosníaca (bósnio-muçulmanos).
Cerco de Sarajevo e Massacre de Srebrenica
Sarajevo
A guerra também foi marcada pelo cerco de Sarajevo, capital da Bósnia, onde forças militares sérvias posicionaram-se nos morros que circundavam a cidade e passaram a bombardeá-la constantemente. O cerco também registrou o ataque de atiradores de elite (snipers) contra a população civil de Sarajevo. O cerco durou quase três anos.
prédio residencial no centro de Sarajevo cravejado de balas dos snipers e sitiantes sérvios |
Srebrenica
Além do cerco à cidade de Sarajevo, houve a tentativa de limpeza étnica realizada por grupos militares a mando de Radovan Karadžić (presidente dos sérvio-bósnios) e Ratko Mladić (general das tropas sérvio-bósnias). As forças sérvio-bósnias realizaram genocídios em massa da população bosníaca. Um dos casos mais conhecidos foi o massacre de Srebrenica, evento em que forças sérvio-bósnias invadiram o campo de refugiados de Srebrenica e mataram mais de 8.000 bosníacos.
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A partir de 1994, as tropas de Karadžić, até então vitoriosas, começaram a perder o conflito em decorrência da perda do apoio da Sérvia e do fortalecimento das forças bósnio-muçulmanas, que contavam com o apoio de outras nações muçulmanas. As derrotas forçaram Karadžić a aceitar um acordo de paz com bósnios e croatas em 1995. O acordo de paz ficou conhecido como Acordo de Dayton.
Do total de 97.207 vítimas documentadas, 65% eram muçulmanos bósnios, 25% sérvios e 8% croatas. Entre as vítimas civis, 83% eram bosníacos, 10% sérvios e mais de 5% eram croatas, seguido por um pequeno número de outros, como os albaneses ou povo Romani. Pelo menos 30% das vítimas civis bósnias eram mulheres e crianças.
VI.4.4- Bósnia-Herzegovina atual
Com capital na cidade de Sarajevo, está composta por duas entidades politicamente autónomas, a Federação da Bósnia e Herzegovina (federação croato-bosníaca) e a República Sérvia (também conhecida como República Srpska, que não deve ser confundida com a Sérvia propriamente dita.).
Os principais grupos étnicos que habitam a Bósnia e Herzegovina são majoritariamente bósnios, sérvios e croatas. A maioria dos habitantes que vivem no país são falantes do servo-croata e adotantes do alfabeto cirílico. Metade da população segue o cristianismo (35 por cento segue a Igreja Ortodoxa Sérvia e 15 por cento segue o catolicismo) e 46 por cento é muçulmana.
Existe uma forte correlação entre a identidade étnica e a religião: 88% dos Croatas são católicos romanos, 90% dos "Bósnios" seguem o Islã e 99% dos Sérvios são cristãos ortodoxos.
Sistema político
O Sistema político que suporta essa situação é República presidencialista tripartida, com um representante bósnio-muçulmano (bosníaco), um croata e um sérvio.
O cargo de presidente da Bósnia e Herzegovina é exercido em rotatividade pelos três membros da presidência da Bósnia e Herzegovina (um "bósnio" muçulmano, um sérvio e um croata), cada um ocupando o cargo durante 8 meses ao longo do seu mandato de quatro anos na presidência. Os três membros da presidência são eleitos diretamente pelo povo (votos da Federação para o bosníaco e o croata, e da República Srpska para o sérvio).
VI.4.5 - Kosovo
No ano de 1992, a União Europeia reconheceu todas as nações como independentes. No restante da Iugoslávia, através de um plebiscito, foi decidido que o país passaria a se chamar República Federal da Iugoslávia. Na província do Kosovo, aproximadamente 90% da população era albanesa, e 10% era sérvia. Em 1998, os albaneses do Kosovo fizeram um movimento para que fossem separados da Iugoslávia, mas o exército reagiu violentamente.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte pressionou Milosevic para pôr fim aos ataques. Por 78 dias, a OTAN, liderada pelos Estados Unidos, lançou ataques que causaram muita destruição. Milosevic foi submetido a julgamento em tribunal internacional. Por essa altura, toda a região estava com uma difícil situação econômica e Kosovo passou a ser administrado pela ONU.
VI.4.6 - Sérvia e Montenegro
De toda a Iugoslávia, só restaram Sérvia e Montenegro, que em 2003 fundaram o Estado da Sérvia e Montenegro. Em 21 de maio de 2006, um plebiscito, no qual 55,5% dos montenegrinos expressaram o desejo de separação. Em 3 de junho de 2006, Montenegro declarou-se independente, e com isso a Iugoslávia foi formalmente extinta. Dois dias após a independência de Montenegro, a Sérvia declarou-se também independente.
VI.4.7 - Área da antiga Iugoslávia - atualmente
VII - Àrea Turística
Com uma costa maravilhosa que engloba Croácia, Montenegro, Grécia, além das outras regiões cheias de história, os balcãs hoje estão em um processo de reconstrução. Escolha a área de acordo com seus interesses. Vale a visita.
Dubrovnik, Croácia |
VIII. - Referências
Wikipédia -