I. - A Quaresma
Quaresma é, a palavra utilizada para designar o período de quarenta dias no qual os católicos realizam a preparação para a Páscoa, a mais importante festa do calendário litúrgico cristão, que celebra a Ressurreição de Jesus, a base principal da fé cristã.
Neste período, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os fiéis são convidados a fazerem um confronto especial entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Este confronto deve levar o cristão a aprofundar sua compreensão da Palavra de Deus e a intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé.
A luta entre o carnaval e a quaresma, Pieter Brugel, Kunsthistorisches Museum, Viena |
"Em Pieter Brueghel, A luta entre o Carnaval e Quaresma , há um choque de contrastes acontecendo nesta aldeia holandesa do século XVI. Perto do centro da agitação um par curioso está pronto para o espetáculo: "Carnaval", representado por um homem bem-dotado que monta um tambor, veste um chapéu da torta da carne e está pronto para a ação com uma lança carregada com porco roasted. "Quaresma" enfrenta-o, personificada por uma mulher de olhos claros mas magra em um carrinho de reposição, vestindo uma colméia e segurando dois peixes em uma casca. Ela é cercada por pães, pretzels, e uma cesta de mexilhões.
Este encontro divide a cena em dois. Atrás do Carnaval vemos a alegria. A Quaresma emerge da igreja. As estátuas lá estão cobertas; Um padre ouve a confissão - o tempo começou.
Nosso olho é atraído para o bem no centro. Uma mulher lá captura seu reflexo na água. É um momento de quietude e clareza nesta cena movimentada. O poço é evocativo do Batismo. A mulher nos convida ao auto-exame, assim como a Quaresma nos convida todos de volta à fonte para nos tornarmos mais plenamente quem somos em Cristo."
Comentário de Daniella Zsupan-Jerome em loyolapress.com
Comentário de Daniella Zsupan-Jerome em loyolapress.com
II - Quando surgiu a Quaresma ?
Por volta do ano 350 d. C., a Igreja decidiu aumentar o tempo de preparação para a Páscoa, que era de três dias, que permaneceram como o Tríduo Sagrado da Semana Santa: quinta feira santa, sexta feira santa e sábado santo. A preparação para a Páscoa passou, então, a ter quarenta dias. Isto aconteceu porque os cristãos perceberam que três dias eram insuficientes para que se pudesse preparar adequadamente tão importante e central evento. Surgia, assim, a Quaresma.
O número 40
O número quarenta é bastante significativo dentro das Sagradas Escrituras. O dilúvio teve a duração de quarenta dias e quarenta noites e foi a preparação para uma nova humanidade, purificada pelas águas. Durante quarenta anos o povo hebreu caminhou pelo deserto rumo à terra prometida, tendo atravessado o mar vermelho. Antes de receber o perdão de Deus, os habitantes da cidade de Nínive fizeram penitência por quarenta dias. O profeta Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites para chegar à montanha de Deus. Preparando-se para cumprir sua missão entre os homens, Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites. Moisés havia feito o mesmo. Os povos antigos atribuíam ao número quarenta diversos significados. Um deles tem importância especial para os cristãos: um tempo de intensa preparação a acontecimentos marcantes na História da Salvação
III - Quaresma no Brasil.
A partir da década de 70 a Igreja no Brasil colocou na devoção dos fiéis, que tradicionalmente acompanham, com muita piedade, a caminhada de Jesus para a Páscoa, um reforço à vivência do amor, da caridade que liberta, visto que Jesus deu sua vida para nos salvar. Ao colocar a Campanha da Fraternidade no período da Quaresma, ela quer que sua organização e realização sejam uma mediação, muito prática, para a vivência da caridade; desenvolver e aprofundar a fraternidade, segundo o mandamento do amor: amar o próximo como Jesus nos amou. Cada ano um tema é tratado no espírito quaresmal de conversão, através da meditação, da oração, do jejum, da esmola no sentido de caridade que liberta.
IV - As leituras bíblicas da Quaresma
O objetivo das leituras é despertar a atitude fundamental que deve ser, sobretudo, a de uma escuta repousada e penetrante que ajude a que o espírito se vá impregnando progressivamente dos critérios da fé, as vezes suficientemente conhecidos, mas não suficientemente interiorizados e transformados em vida.
Essas leituras tem como temas:
A. A meditação na história da salvação: Leituras do Antigo Testamento
B. A vivência do mistério pascal como culminação desta história Santa: Leituras do Evangelho;
C. O combate espiritual: Leituras apostólicas, 2a leitura
Estas etapas representam uma volta à fonte: a história das atuações salvíficas de Deus, que preparam o acontecimento central: o mistério Pascal do Senhor Jesus.
A leitura Evangélica mantém a sua coerência ao longo das seis semanas:
- primeiro domingo: o tema das tentações de Jesus no deserto, lidas em cada ciclo segundo seu evangelista; o tema dos quarenta dias, o tema do combate espiritual.
- segundo domingo: a Transfiguração, lida também em cada ciclo segundo o próprio evangelista; de novo o tema dos quarenta dias (Moisés, Elias, Cristo) e a preparação pascal; a luta e a tentação levam a vida.
- terceiro domingo, quarto e quinto: apresentação dos temas catequéticos da iniciação cristã: a água, a luz, a vida.
- sexto domingo: a Paixão de Jesus, cada ano segundo seu evangelista (reservando a Paixão de São João para a Sexta-feira Santa).
V - Evangelho: "As Tentações de Jesus no deserto"
Após ter sido batizado por João Batista, Jesus jejuou por quarenta dias e noites no deserto da Judeia. Durante este período, o diabo apareceu para tentá-Lo. Recusando todas as ofertas do diabo, ele partiu e os anjos então vieram para trazer algum sustento para Jesus.
O Cristo no deserto. Ivan Kramskoi, 1872, Galeria Tratiakov, Moscou - foto Wikipedia |
O Cristo no deserto de Ivan Kramskoi retorna Jesus a este mesmo começo para enfrentar suas próprias tentações antes de sair para se envolver no ministério público.
"Cristo está sentado numa paisagem árida e rochosa. Sentado na poeira de onde viemos, Cristo está lutando. Sua batalha é intensamente psicológica. Como o diabo o tenta com pensamentos de satisfação mundana, poder e uma saída mais fácil, ele lembra a tentação original, a que Adão e Eva não puderam resistir. Desta vez, Cristo sabe o que está em jogo - a gravidade da diferença entre o Paraíso ganhado ou perdido é visível em seu rosto.
Na quietude desta cena árida, vemos o céu e a terra colidirem. À distância, vemos um céu que está amanhecendo, um sutil sinal de esperança de que este Novo Adão trará a humanidade de volta ao relacionamento correto com Deus. A metade inferior da imagem, no entanto, é a terra rochosa - símbolo da luta humana, do trabalho que o homem suportou após a Queda e das realidades implacáveis do sofrimento humano, se separado da graça vivificante de Deus.
Cristo está virado para baixo; Ele está embutido nessa luta, comprometido a entrar nas profundezas da mesma. À sua direita, onde o céu toca o deserto, o fundo é o mais escuro - evocando essas profundidades. No entanto, à sua esquerda, o terreno rochoso atinge o céu iluminado, buscando a luz de uma existência graciosa. E no meio, Kramskoi coloca Jesus. Ele é a ponte entre essa escuridão e a luz.
Cristo está virado para baixo; Ele está embutido nessa luta, comprometido a entrar nas profundezas da mesma. À sua direita, onde o céu toca o deserto, o fundo é o mais escuro - evocando essas profundidades. No entanto, à sua esquerda, o terreno rochoso atinge o céu iluminado, buscando a luz de uma existência graciosa. E no meio, Kramskoi coloca Jesus. Ele é a ponte entre essa escuridão e a luz.
Mas sua construção de pontes não será fácil. A carga deste processo mostra em seu rosto, pesa em seus ombros, e fura seus pés descalços. Sua resolução culmina no centro da imagem, em suas mãos agarrando um ao outro, fundidas em um gesto de oração. Força emana dessas mãos, mãos de oração fundindo céu e terra juntos mais uma vez como ele resiste à tentação e permanece fiel a quem ele é eo que ele é chamado a fazer.
Neste primeiro domingo da Quaresma, a força de Jesus na oração é um dom de encorajamento para nossas viagens também - um presente para levar conosco a nossos desertos onde a voz da tentação proferem palavras falsas. Essas mãos, fundidas em oração, nos lembram de resistir ao isolamento que as falsas palavras do diabo trazem e de permanecer na garganta da graça unida a Deus."
Comentário de Daniella Zsupan-Jerome em loyolapress.com
VI - Referências
Texto do I a III: Redação: Irmão Nery, FSC, Fonte: CNBB
Liturgia da Quaresma: ACI Digital
Tentações de Jesus no Deserto: www.loyolapress.com - Comentário de Daniella Zsupan-Jerome, professora assistente de liturgia, catequese e evangelização na Universidade Loyola de Nova Orleans.
https://www.loyolapress.com/our-catholic-faith/liturgical-year/lent/arts-and-faith-for-lent/cycle-a/arts-and-faith-week-1-of-lent-cycle-a
VII - Série "Quaresma"
Toda essa série de postagens é / será baseada
Quaresma I - Fé e Arte
https://historiacomgosto.blogspot.com.br/2017/03/a-quaresma-fe-e-arte-i.html
Quaresma II - A Transfiguração de Rafael Sanzio
Quaresma III - A Samaritana
Quaresma IV - Cristo cura o cego de nascença (El Greco)
Quaresma V - Ressurreição de Lázaro por Janos Vaszary
Quaresma VI - Domingo de Ramos, pintura de Giotto di Bondone
Quaresma VII - Cerimônia do Lava Pés (pintura de Bernhard Strigel)
Quaresma VIII - Cristo e o bom ladrão
Quaresma IX - Sábado santo, "Da descida da Cruz ao Triunfo"
Quaresma X - Domingo de Páscoa, "A Ressurreição de Jesus Cristo", Piero della Francesca