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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Ouro Preto / Vila Rica - O Ciclo do Ouro no Brasil

1. - Introdução


Por volta de 1698, com a chegada da Bandeira de Antônio Dias de Oliveira na região, foi fundado o arraial do Padre Faria, pelo bandeirante, pelo padre João de Faria, pelo coronel Tomás Lopes de Camargo e um irmão seu. Com a junção desses vários arraiais, tornando-se sede de conselho, foi elevada à categoria de vila em 1711 com o nome de Vila Rica. Nessa época a região pertencia a capitania de São Paulo e Minas Gerais.

Em 1720, Minas Gerais tornou-se uma capitania independente de São Paulo e Vila Rica foi escolhida como sua capital.  

Ouro Preto (Vila Rica) está na principal área do ciclo de exploração do ouro no Brasil que ocorreu no século XVIII. A maior parte do ouro em Vila Rica era de aluvião, ou seja encontrada nos veios dos rios e separado por peneiras, o que provocou uma verdadeira corrida de pessoas para a região. Vila Rica logo tornou-se a cidade mais próspera do Brasil colonial chegando a ser a cidade mais populosa da América Latina com cerca de 40.000 pessoas em 1730. O ciclo do ouro durou até o final do século quando até as minas já se encontravam completamente exauridas. 




vista geral de Ouro Preto - foto historiacomgosto


Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por D. Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. 

Em 1897, já muito depois do esgotamento do ouro da região e por não apresentar condições físicas para expansão da cidade, Ouro Preto perdeu a condição de capital da região de Minas Gerais. A sede foi transferida para a região chamada de Curral del rey onde estava sendo construída uma cidade planejada chamada de Belo Horizonte. 

Com a desaceleração econômica, Ouro Preto ficou estagnada

Contando com um patrimônio histórico imenso, de casas coloniais, igrejas do estilo barroco, obras de Aleijadinho e Manuel Nunes Lisboa, Ouro Preto foi a primeira localidade brasileira considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.

2. - A conjetura política econômica da época 


2.1 - O Brasil no ciclo do açúcar

Durante cerca de 200 anos a existência de metais preciosos no Brasil parecia apenas um sonho. Alguns esforços já haviam sido feitos na procura das riquezas minerais mas nada havia sido encontrado.

Engenho em Pernambuco, pintura de Frans Post, século XVII
 Após a exploração do Pau Brasil, estavámos dedicados praticamente a produção de açúcar nos engenhos do litoral. Entretanto, esse produto começava a sofrer com a maior produtividade dos engenhos holandeses transferidos para a América Central. 

2.2 - A situação Portuguesa - Dinastia Filipina (1580-1640) e Restauração da Independência


Com a morte do Rei Sebastião, em 1580 sem deixar sucessores direto, deu-se a origem a crise sucessória que terminou com  Filipe II de Espanha sendo reconhecido como rei de Portugal, por ser o parente legítimo mais próximo.

Brasão dos Habsburgos após a
integração de Portugal, autoria
de Heralder em wikimedia
Durante a Dinastia Filipina, o Império Português sofreu grandes reveses na sua economia ao se ver envolvido nos antigos conflitos do Império Espanhol, que já vinham desde 1568 e a Guerra dos Oitenta Anos, com a Inglaterra, a França e os Paises Baixos.

 No Brasil, quem mais financiava e explorava a cana de açúcar era a Holanda que era inimiga da Espanha. Por isso os Holandeses deslocaram os seus investimentos para as Antilhas produzindo inicialmente açúcar de beterraba que tinha melhor rendimento.

Em 1640 houve a Restauração de Independencia portuguesa com um golpe de estado chefiado por um grupo de Quarenta Conjurados e que se alastrou por todo o reino. Foi instaurado no trono a dinastia da Casa de Bragança, dando o poder a Dom João IV.  A situação econômica de Portugal era caótica.


2.3 - Modificação na legislação portuguesa para a Colônia


Dom João IV, duque de Bragança,
 óleo de Peter  Paul Rubens, 1628,
castelo real de Varsóvia
A Coroa Portuguesa criou então o  Conselho Ultramarino, encarregado de uma nova política colonial, com o objetivo de superar a situação económica enfrentada pela Metrópole. Neste contexto, o Brasil, como a maior e a mais rica das colónias, foi alvo de um arrocho económico e administrativo, e ao mesmo tempo, estimulou-se a busca pelo ouro e pedras preciosas.

Em 1694, sucumbindo ao óbvio, a Coroa decidiu modificar a legislação que a tornava dona de todos os minérios encontrados no Brasil. A partir de então, o direito de posse das minas seria concedido ao descobridor, cabendo ao rei apenas e tão-somente um quinto dos achados.


3. - A descoberta do Ouro


"Em fins de 1693, o paulista Antônio Ruiz de Arzão chegou ao Espírito Santo mais morto que vivo, “com 50 e tantas pessoas, entre brancos e índios, todos nus e esfarrapados, sem pólvora ou chumbo”. A expedição retornava do sertão de Minas Gerais, onde, durante a caça aos escravos, fora atacada por aguerridos cataguás. Apesar da refrega, a missão havia sido bem-sucedida: entre os trapos que o recobriam, Arzão trazia 10 gramas de ouro puro.

Debilitado demais para retornar ao sertão, o explorador deu o mapa da mina para seu cunhado, Bartolomeu Bueno de Siqueira (que, pouco antes, perdera toda a herança no carteado). Siqueira partiu então no rumo indicado e em janeiro de 1695 viu-se na contingência de informar ao governador do Rio, Castro e Caldas, que o ouro não era mais uma mera esperança: a “grandeza das lavras” e a “fertilidade das minas” eram inegáveis.   
Pintura de Johann Moritz
Rugendas,1620-1625
wikimedia commons
Ao mesmo tempo, relembra a historiadora Mafalda Zemella, “Salvador Fernandes Furtado descobriu as lavras do Ribeirão do Carmo, Antônio Dias Cardoso revelou a existência do metal precioso no vale do Tripuí, o padre João Faria descobriu o famoso ouro preto no lugar onde surgiu a cidade de igual nome.

João Lopes de Lima apontou outras jazidas no Ribeirão do Carmo. Borba Gato, recebendo indulto régio, revelou as minas de Sabará. Domingos Fonseca Leme descobriu ouro em um afluente do rio das Velhas. Domingos do Prado, no rio Pitangui. Bartolomeu Bueno, no rio Pará. Antônio Garcia Cunha, nas margens do rio das Mortes”.


Quando encontraram, não houve do que reclamar: entre 1700 e 1770 a produção de ouro do Brasil foi praticamente igual a toda a produção do resto da América verificada entre 1493 e 1850, e alcançou cerca de 50% do que o resto do mundo produziu nos séculos 16, 17 e 18. Minas Gerais estava no centro da corrida do ouro e a Vila Rica de Ouro Preto foi o primeiro povoamento ligado à mineração. "


Texto de Eduardo Bueno - "A Corrida do Ouro em Minas Gerais". Recomendamos a aquisição do livro "Brasil: Uma História" de Eduardo Bueno, altamente ilustrado e agradável de ler.

4. - Guerra dos Emboabas


guerra dos emboabas, autor desconhecido,
wikimedia
Com a exploração do Ouro uma leva de pessoas de todas as regiões vieram habitar pelas bandas de Vila Rica. Com a dedicação exclusiva à atividade de mineração passou haver falta de provisões para os habitantes. Além disso o entorno do Itacolomi passou a receber tantos forasteiros que provocou uma guerra entre esses e os paulistas resultando na guerra dos Emboabas que começou em 1708 e durou até o ano seguinte. Do  conflito resultou vitoriosos os forasteiros que, liderados por Manuel Antunes Viana permaneceram na região.

5. - A escravidão e o trabalho das minas


No início, a maior parte do ouro explorado no Brasil era de aluvião, ou seja encontrava-se depositado na superfície ou em pequenas profundidades. Depois de os veios e as margens, em seguida ia-se para as grupiaras (encostas com ouro mais profundo). Por fim as minas subterrâneas de baixa profudidade também foram exploradas. 



gravura lavradores de diamantes, wikipedia
Por conseguinte, o investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto. Seguindo as características de toda a economia colonial, a mineração era igualmente extensiva e utilizava o trabalho escravo. A técnica de extração, por sua vez, era rudimentar e mesmo o número de escravos para cada lavra era reduzido, embora haja notícias de lavras com mais de cem escravos.



Além da vigilância permanente, o trabalho escravo realizado na mineração apresentava péssimas condições. Muitos escravos não suportavam mais do que cinco anos nessa atividade; e rotineiramente aconteciam mortes prematuras relacionadas às condições de trabalho insalubre e aos acidentes de trabalho.

Dessa forma, os cativos trabalhavam sob o risco de morrer através de soterramento ou afogamento causado pelo rompimento das barragens de contenção das minas – esse era o acidente de trabalho mais comum nas minas e que mais vitimava os escravos. Além disso, os cativos exerciam o trabalho sob péssimas condições de salubridade, ficavam dentro da água por muito tempo (expostos a baixas temperaturas), enquanto outros ficavam muito tempo dentro das minas, nas cavernas (onde estavam sujeitos à baixa umidade e à falta de oxigênio).

Além das péssimas condições de trabalho, os negros escravizados enfrentavam carências de alimentação e sucumbiam à proliferação de várias doenças, ocasionando um grande número de óbitos.
paredes de mina onde se explorava o ouro
entrada da mina

Texto de "Mineração no Brasil Colônia" -
 https://www.culturabrasil.org/mineracao.htm


6. - A estrada Real e  o circuito do Ouro



Marco da estrada real
Definida como rota obrigatória pela coroa portuguesa para o escoamento do ouro, essa estrada tem um percurso de cerca de 1600 Km e vai de Vila Rica a Paraty. Esse caminho é hoje chamado de "Caminho Velho" pois foi o primeiro a ser utilizado. Foi acrescentado um outro caminho de Vila Rica a Rio de Janeiro, chamado de "caminho novo". Hoje acrescentou-se a rota do trecho de Diamantina a Vila Rica, conhecida como "rota dos diamantes".



6.1 - As rotas 


Caminho Velho:

Com cerca de 1600 km ligando de Vila Rica a Paraty, a viagem durava cerca de 60 dias.


Passava por Entre Rios de Minas, Tiradentes, São João del Rey, Carrancas, Baependy, Caxambu, São Lourenço, Passa Quatro, Guaratinguetá, Aparecida, Cunha, até descer a serra para Paraty.

Nos eixos principais estão situados marcos da estrada real.




Caminho Novo:


Com a sua abertura, a viagem do Rio para Minas poderia ser realizada em doze ou dezessete dias, conforme o ritmo da marcha. A vantagem do “caminho novo” era óbvia com­parado com o de São Paulo a Minas, no qual se gastavam sessenta dias. E essa vantagem teve importantes conseqüências, pois transformou o Rio no principal fornecedor das minas e na principal rota de escoamento do ouro. São Paulo sofreu os efeitos da nova situação, mas graças à descoberta de minas em Goiás e Mato Grosso as perdas foram contrabalançadas.



Principais cidades do caminho novo:

- Ouro Branco
- Barbacena
- Santos Dumont
- Juiz de Fora
- Matias Barbosa
- Paraíba do Sul
- Petropólis
- Porto Estrela


Para maiores informações consultem o site oficial da estrada real em:
 https://www.institutoestradareal.com.br/


6.2 - Política de Fixação de população


Preocupada em fixar a população de garimpeiros para manter o fluxo contínuo de riquezas para Portugal, a coroa decidiu construir várias vilas na região sendo as principais definidas no ano de 1711 a 1718 que foram, Vila Rica, Sabará, São João del Rey, Mariana, ...,.

7. - A arte barroca e rococó nas Igrejas de Ouro preto 



Ouro Preto conta com o maior conjunto de arquitetura barroca do Brasil. Mestres escultores como Aleijadinho e Ataíde transformaram as igrejas em verdadeiras obras de arte. Em sua maioria, elas são talhadas em madeira e banhadas a ouro, além de possuírem belos afrescos. A cidade tem 12 igrejas, e entre as mais visitadas estão São Francisco de Assis, Nossa Senhora do Rosário, Pilar e Carmo. Já o Museu da Inconfidência é outro marco histórico. Lá estão expostos diversos objetos que pertenceram a personagens que são lembrados hoje nos livros da escola, como Tiradentes e o poeta Tomás Antonio Gonzaga, autor do livro de poemas “Marília de Dirceu”.


7.1 - Principais Igrejas: 


Para preservar o controle do ouro nas suas mãos, na localidade de Vila Rica, a coroa portuguesa proibiu a instalação de todas as ordens religiosas. Eles podiam manter apenas seminário ou casa de formação. As construções das igrejas e também a sua manutenção ficaram a critério das irmandades de ordem terceira. Na matriz, Igreja do Pilar, a coroa ajudou na construção como forma de manter a idéia de ordem e poder.


7.1.1 - Matriz, Nossa Senhora do Pilar, escultor português.


A construção da Igreja Nossa Senhora do Pilar teve início em 1730 e foi concluída onze anos depois. Para fazer o altar e a capela-mor, trouxeram do Rio de Janeiro, em 1746, o melhor engtalhador português, Francisco Xavier de Brito.



Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, foto historiacomgosto


Com essa obra, a igreja passou a ser referência para o estilo barroco denominado joanino, que coloca anjos sobre as colunas abaixo de um dossel - escultura imitando tecido caído sobre o trono - e, na parte superior, um grupo escultórico da Santíssima Trindade - Deus Pai, Jesus com uma cruz e a pomba do Espírito Santo. 

Altar Mor, foto de  Ricardo André Frantz, wikimedia commons
Altar lateral, foto de Ricardo André Frantz

Nave da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, foto de  em shutterstock.com


Além da beleza barroca espalhada por toda a nave, a Igreja simboliza a pujança econômica e artística que a paróquia tinha que ostentar sobre as demais instituições. Em 1733 foram feitos festejos denominados Triunfo Eucarístico, com grandes procissões para celebrar o início de suas funções religiosas. 


7.1.2 -  Igreja de São Francisco de Assis


Essa Igreja é a primeira obra como arquiteto de Aleijadinho. Ele a realizaou quando tinha 28 anos. Ele realizou o projeto da igreja, e esculpiu anos depois, a entrada e o altar-mor em madeira. Na sacrsitia temos também um lavabo muito bonito feito em pedra sabão que é de sua autoria.

a) Fachada

A fachada da Igreja é curva e abarca duas torres recuadas do seu corpo ainda com linhas do barroco tardio.
A portada esculpida em pedra sabão é rica e minuciosa, com linhas onduladas ao redor do medalhão da Virgem coroada, bem ao estilo rococó.

Acima do medalhão da Virgem temos um outro medalhão maior representando São Francisco recebendo as chagas de Cristo. Esse medalhão homenageia a irmandade franciscana de ordem terceira construtora da Igreja.



b) Nave e altar-mor


A nave é decorada com seis altares laterais, executados tardiamente no século XIX, com uma rica ornamentação em estilo Rococó. O projeto foi de Aleijadinho, mas a execução pode ter simplificado o desenho primitivo, conforme pensava Bazin, que encontrou dificuldades de reconhecer o estilo do mestre na obra realizada. Quase todas as estátuas devocionais instaladas nos nichos são santos de roca.




nave principal, foto de 
em shutterstock.com
altar-mor, foto de tetratkis, wikiemdia



Observação: Notemos que as paredes laterais são brancas contrastando com as capelas. No barroco tradicional da Igreja do Pilar e da Igreja São Francisco em Salvador, as paredes laterais também são todas cobertas com talhas douradas. O estilo do interior da Capela é mais voltado para o estilo rococó.

c) Forro


A pintura de Nossa Senhora dos Anjos no forro da Igreja de São Francisco, é a mais notável obra do Mestre Ataíde. O forro tem forma pligonal côncava e convexa. Nele o artista realizou uma compoisção complexa, com grande  quantidade de figuras. Colunas fantasiosas sustentam molduras ondulantes, dentro das quai se tem a "visão" da Virgem. Os arcos de triunfo, nas extermidades sobre o coro e o arco cruzeiro, ampliam ainda mais o espaço e dão a ilusão de que os elementos da pintura integram a construção. Nos cantos, o artista pinta quatro doutores da igreja.


 Nossa Senhora dos Anjos, 1801-1812, de Manuel da Costa Ataíde, foto de Ricardo André Frantz em                                                                  wikimedia commons


 7.1.3 - Igreja Nossa Senhora do Carmo


Sua construção se deve à iniciativa dos irmãos terceiros da Ordem do Carmo do Rio de Janeiro que se haviam transferido para a antiga Vila Rica. Nesta vila eles não tinham um templo próprio para suas devoções, reunindo-se na capela de Santa Quitéria. Em 1751 os devotos fundaram uma Irmandade em Vila Rica, que deu partida ao projeto de erguer uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Carmo. O projeto foi encomendado a Manuel Francisco Lisboa, que era membro da Irmandade. O arrematante da construção foi José Pereira dos Santos, que iniciou as obras em 1756.



         Vista da Igreja do Carmo, ao lado do Museu da Inconfidencia, foto historiacomgosto


visao frontal, foto historiacomgosto
nave principal, foto de Ricardo André Frantz, wikimedia commons


7.1.4- Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos / Nossa Senhora da Conceição



Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Igreja de Nossa Senhora da Conceição


8 - Câmara e Cadeia / Inconfidência Mineira / Museu da Inconfidência


Em toda cidade importante do período colonial, uma das principais construções era a "Câmara e Cadeia". Na parte de cima ficavam as salas dos juízes e da administração da vila/município. Na parte de baixo ficavam as celas dos condenados.

A Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto é um dos mais importantes remanescentes da arquitetura colonial do barroco tardio no Brasil, erguido pelo governador Luís da Cunha Meneses com um projeto de José Fernandes Pinto Alpoim na década de 1780, num período em que as riquezas das minas começavam a se esgotar e os desmandos do governador geravam críticas. 



Museu da Inconfidencia, Praça Tiradentes, Ouro Preto - foto historiacom


O projeto original atendia às necessidades deste tipo de edifício, com salas de arsenal, campanário para convocação do povo, um cárcere, uma enfermaria, um oratório, uma cozinha e um açougue, além das salas administrativas. Traços do neoclassicismo que começava a surgir também são perceptíveis no frontão e na colunata da fachada

8.1 - O Movimento de Libertação - Inconfidencia Mineira


A Inconfidência Mineira, também referida como Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza separatista ocorrida na então capitania de Minas Gerais, no Estado do Brasil, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português.




Os principais nomes da cosnpiração foram  Claudio Manuel da Costa – poeta, - Inácio José de Alvarenga Peixoto – advogado, - Tomás Antônio Gonzaga – poeta, - Francisco de Paula Freire de Andrade – coronel, - Carlos Correia – padre, - Oliveira Rolim – padre, - Francisco Antônio de Oliveira Lopes - coronel, Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) – alferes, minerador e tropeiro.

O movimento  tinha como referência as idéias iluministas de igualdade humana circulando na Europa e a recente independência dos Estados Unidos ocorrida em 04 de julho de 1776. 

O movimento fracassou devido a delação de Joaquim Silvério dos Reis ao governador da província, em troca do perdão de suas dívidas com o governo. Os inconfidentes foram presos e condenados. Enquanto Tiradentes foi enforcado e teve seu corpo esquartejado, os outros foram exilados na África.

8.2 - Museu da Inconfidência


O antigo edifício da "Cãmara e Cadeia" atualmente abriga o Museu da Inconfidencia dedicado a preservar a memória do movimento pela Independência da colônia, e que não teve sucesso, devido à  delação.

O Museu da Inconfidência traz objetos de documentos relacionados com a inconfidencia, mas traz também objetos e documentos que retratam a vida na Vila Rica da época.

9 - Palácio do Governo / Cidade Imperial / Escola de Minas


Com o desenho e as especificações do Sargento-mor Engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim, a sua construção foi contratada, em 1741, pelo Governador e Capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro e Minas Gerais, Sargento-mor de Batalha Gomes Freire de Andrade (1733-1763), com o arquiteto português Manuel Francisco Lisboa, pai de "Aleijadinho", por 40 mil cruzados, tratando-se da primeira edificação na antiga Vila Rica do Pilar a ser construída em pedra e cal, aproveitando aitacolomita e o quartzito abundantes na região.

Também conhecido como Palácio Novo, apesar do caráter civil (palácio), a estrutura apresenta elementos e função de fortificação (Casa-forte).


Antigo Palácio do Governo, Escola de Minas, Museu de Mineralogia, foto historiacomgosto

9.1 - Cidade Imperial


Vila Rica virou cidade Imperial de Ouro Preto em 1823 e permaneceu como capital da província de Minas Gerais até 1897, ano da inauguração de Belo Horizonte e da transferência da sede do governo.

9.2 - Escola de Minas



Em viagem à França, o imperador D. Pedro II pediu a um colega, Auguste Daubrée, que fizesse um documento sobre as melhores formas de desenvolver o estudo e exploração mineral no Brasil. Ao retornar ao país, o imperador o convidou para visitar as minas brasileiras. Entretanto, Auguste teve que recusar o pedido, já que acabara de ser nomeado Diretor da Escola de Minas de Paris, e prometeu enviar pessoa confiável.

Nova Escola de minas - campus Morro do Cruzeiro

Chamado de "o jovem sábio" por Auguste Daubrée, Claude Henri Gorceix, aceitou assinar contrato em 1874 para organizar o ensino minerário no Rio de Janeiro. Depois de meticuloso estudo, Gorceix concluiu que Ouro Preto era o local ideal para sede da Escola devido à riqueza geológica da região que facilitaria o aprendizado dos estudantes.

Com a transferência da capital da provincia para Belo Horizonte, o prédio foi adaptado para o funcionamento da primeira escola de minas do Brasil. O curso funcionou nessa localização até recentemente quando foi trasnferido para o campus da UFOP no morro do cruzeiro. Atualmente no antigo prédio funciona o museu de mineralogia, ainda ligado a UFOP. (wikipedia: Escola de Minas)

10 - Casario Colonial / Preservação da Arquitetura


No Brasil colonial, as casas construídas no litoral eram feitas com pedras, já no sertão de São Paulo e Minas Gerais elas eram feitas de pau a pique. Eram construídas umas junto às outras, tal qual nas cidades portuguesas da Idade Média. Dessa forma uma escorava a outra, e seus telhados, com largos beirais, proporcionavam proteção contra a chuva às paredes.

casario colonial, ouro preto, foto historiacomgosto

O casario colonial portugês obedece o estilo de sobrado, onde frequentemente a parte de baixo funciona como comércio e a parte superior abriga a parte residencial. Com várias janelas, a parte superior frequentemente contém sacadas protegidas com grades de ferro trabalhadas. 


casario colonial,
foto: historia comgosto
casario colonial,
foto: historiacomgosto


Nas regiões litorâneas, normalmente o traçado das ruas segui linhas retas. Entretanto no interior, que era mais montanhoso, o traçado acompanhava o desnível das ruas. Especialmente em Ouro Preto as ruas são bastante inclinadas.


casario colonial - foto: historiacomgosto


10.1  - Transferência da Capital


Com o advento da proclamação da República a estagnada Ouro Preto com todas as suas limitações geográficas para expansão era visto como um impecilho para o crescimento do estado. Uma nova cidade chamada de Belo Horizonte passou a então ser planejada e construída para abrigar a nova sede do governo.

A transferência se deu em 1897 com a inauguração da nova cidade. 

O que foi ruim para a economia da cidade foi bom para a preservação do patrimônio histórico, pois a desocupação da cidade tornou desnecessária a derrubada de casas e ruas pafa construção de outras mais espaçosas. 

As igrejas barrocas e o casario colonial de Ouro Preto só voltaram a ficar evidenciados de forma positiva pelo movimento modernista, na década de 1920. Nesse momento, as obras de Aleijadinho e Mestre Ataíde passaram a ser vistas como manifestações primeiras de uma cultura genuinamente brasileira. O próprio tombamento da cidade faz parte do projeto de construção de nacionalidade brasileira, sendo o primeiro local do país considerado monumento nacional.


11.- Ouro Preto Atual - 


Contando com uma população de cerca de 70.000 habitantes Ouro Preto é hoje uma cidade estudantil devido a sua tradicional Escola de Minas, agora expandida para vários cursos, e turística devido ao seu patrimônio histórico relevante e extremamente bem conservado. 


Festival de Inverno

No mês de julho sempre ocorre o tradicional Festival de Inverno, com vários eventos culturais.

                    Pessoal junto a feirinha de artesanato aguardando 
                              apresentação da orquestra sifônica


12. - Referências


- Arte Brasileira / Arte Colonial / Barroco e rococó - Percival Tirapeli
- Barroco e Rococó no Brasil - Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira
- A corrida do ouro em Minas Gerais - Eduardo Bueno - Guia do Estudante
- Brasil: Uma História - Eduardo Bueno
- "Mineração no Brasil Colônia" - https://www.culturabrasil.org/mineracao.htm
- Wikipedia - Ouro Preto / Inconfidencia Mineira / Escola de MInas
- História de Ouro Preto - https://idasbrasil.com.br/