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quinta-feira, 8 de março de 2018

El Calafate, a terra dos Glaciares Argentinos

1. - El Calafate, origens


El Calafate é uma pequena cidade localizada na província de Santa Cruz, na Argentina, próximo à fronteira com o Chile. Possui aproximadamente 25 000 habitantes. 

É a cidade mais próxima do Parque Nacional Los Glaciares, a cerca de 80 quilômetros, onde localiza-se a maior geleira em extensão horizontal do mundo: o Glaciar Perito Moreno, que encontra-se constantemente em evolução. Também se localiza próximo de outra importante geleira: o Glaciar Upsala.

El Calafate surgiu como localidade permanente nas primeiras décadas do século XX. Em sua origem, não era mais que um ponto de aprovisionamento dos transportes de lã a partir das estâncias da região, o que explica o nome originário de Kehek Aike.

Foi fundada oficialmente em 1927 pelo governo argentino, com fim de consolidar o povoamento da região.

Vista aérea de Calafate com seus lagos e habitações, foto historiacomgosto



2. - Parques Nacionais



A Administração dos Parques Nacionais foi a responsável de consolidar a localidade. Em 1943 começaram as obras de construção da intendência do Parque Nacional Los Glaciares (terminadas em 1946). Neste período então a localidade contava apenas com cerca de cem habitantes permanentes

Mapa do Parque Nacional dos Glaciares, foto historiacomgosto


Durante muitos anos, a Administração dos Parques Nacionais foi a instituição mais importante da localidade, trazendo a eletricidade, inaugurando o primeiro cinema, abrindo caminhos, construindo pontes, gerindo o primeiro hotel do povoado, entre outras infraestruturas. 


3. - Glaciares

 

Transformação de neve em gelo nos glaciares


A neve é a matéria prima dos glaciares. Na medida em que vai se depositando e compactando, a neve se converte em neviza e gelo. Debaixo da neve superficial se encontra a neviza ou firn, que tem persistido de invernos anteriores. O firn é estado intermediário entre a neve e o gelo glaciar. Seus cristais estão muito coesos, mas os espaços de ar ainda tem comunicação entre eles.

Ao longo do tempo a pressão continua compactando a neve. As bolhas presas no gelo ficam isoladas e da suavidade da neve nasce o consistente gelo glaciar.

A transformação de neve em gelo acontece muito mais rapidamente em regiões temperadas como a patagônia do que em regiões polares ou de altas altitudes onde as baixas temperaturas diminuem a velocidade do processo.

As camadas superiores de gelo tem densidade de 100~300 Kg/m3. Somente quando a densidade atinge 800~850 Kg/m3 é que a neve se torna gelo. 

Únicos e irrepetíveis

Os cristais de neve são hexagonais e carregam o princípio da simetria. Em forma de coluna, agulha ou estrela eles adquirem a forma de acordo com as condições metereológicas. Por isso cada cristal de neve é único e irrepetível.

quadro com variações dos cristais de gelo,
 foto historiacomgosto

 O Movimento 

Um glaciar não somente é uma massa de gelo, mas sobretudo, uma massa de gelo em movimentoE, como todo corpo em movimento o gelo é influenciado pela gravidade. Por isso quanto mais inclinado a zona de acumulação maior a tendência ao movimento (deslizamento).

 
glaciar, foto historiacomgosto

O interessante de se saber é que o deslizamento somente ocorre na presença de água. É necessário que uma pequena película de água atue como lubrificante entre o gelo e o substrato rochoso. 

Na patagônia o movimento dos glaciares ocorre principalmente pela gravidade.  

Além do deslizamento também ocorrem nos glaciares a deformação interna. Em locais com pouca inclinação como os polos esse fenômeno da deformação interna predomina.  

Resumo: Nos glaciares está sempre ocorrendo um processo dinâmico de formação de gelo a medida que a neve cai, seguindo-se a movimentação para frente devido a força da gravidade e o contato com água. Na frente os blocos vão se soltando e derretendo nas águas dos lagos / rios.  

As Glaciações


A última grande glaciação iniciou-se 100.000 anos atrás e terminou cerca de 10.000 a.c.,. A maior extensão de glaciares na região patagônica ocorreu a cerca de 18.000 anos atrás. As áreas congeladas eram cerca de três vezes maiores que os valores atuais. O nível do mar baixou cerca de 120 metros e grandes extensões de área que hoje estão cobertas por água do mar se transformaram em terra firme propiciando as grandes migrações humanas. O exemplo é a comunicação entre a Sibéria e o Alaska, entre a Europa e a Inglaterra e outros. 

Apesar de estarem bem reduzidos, os glaciares atuais ainda tem um papel preponderante no equilíbrio ambiental. Ocupando 10% da área exposta do planeta, os glaciares são responsáveis por 90 % da água doce existente na Terra. Eles também equilibram as correntes de ar e água, que sem os glaciares se tornariam asfixiantes. 

Estimativas apontam que se os glaciares atuais  derretessem todos, o nível do mar subiria entre 60 e 70 m.

 



Causas das glaciações


Embora não totalmente dominado, a teoria mas aceita hoje sobre a causa dos glaciações é a teoria astronômica. Ela aponta três fatores primordiais para o fenômeno:


a) Ciclo da Órbita Terrestre: A cada 100.000 anos,a órbita terrestre ao redor do sol muda de um quase círculo para uma elipse perfeita e depois volta para a forma circular. 

b) Ciclo da inclinação axial: A cada 41.000 anos, a inclinação do eixo da terra sobre sua órbita, passa de 21,5 graus para 24,5 graus e depois volta para 21,5 graus. 

c) Ciclo da precessão do equinócio: A cada 26.000 anos, o eixo da terra descreve um círculo total. 

 O gelo no mundo 

A Antártida abriga 84,5 % do gelo do mundo, a Groelândia 12 % e os demais países somente 3,5 %. A América do Sul tem 26,5 mil Km 2 de gelo representando 0,18 % do total.

A superfície total de gelo no planeta é de 14.896,1 mil Km 2.


As Glaciações na Patagônia

 

Por mais imponentes que hoje possam parecer, as glaciações da patagônia hoje são somente minúsculas relíquias das glaciações antigas.  

Mapa Google, mostrando El Calafate, Lago Argentino e Perito Moreno

 

Vista de cima


Google view, El Calafate, Lago Argentino, Perito Moreno e Sperazzini


4. - Perito Moreno

 

A geleira Perito Moreno é um glaciar argentino que está situado entre os 47º e 51º de latitude sul. Ela se estende desde o campo de gelo da Patagônia Sul, na fronteira entre Argentina e Chile, até o braço sul do lago Argentino, possuindo cinco quilômetros de largura, 250 Km2 de área e pontos de 60 metros de altura. Seu nome é uma homenagem a Francisco Pascasio Moreno, criador da Sociedade Científica Argentina e um renomado pesquisador da região austral daquele país. O glaciar é considerado uma das reservas de água doce mais importantes do mundo. 


Visão de frente da geleira do Perito Moreno, foto historiacomgosto


Em diversos pontos de sua extensão, a geleira represa as águas do lago Argentino, fazendo com que esse atinja uma altura de até 30 metros. Neste ponto a água começa a fazer pressão sobre o gelo. Essa pressão cria um túnel com uma abertura de mais de 50 metros, por onde as águas do rio Braço acabam descendo até o lago Argentino. A pressão da água provoca um desabamento na borda da geleira, formando um espetáculo incrível. 

Passarelas para visualização do Perito Moreno, foto historiacomgosto


Esse processo se repete ao longo de intervalos irregulares: o último desabamento ocorreu em 9 de julho de 2008. Os anteriores em 13 de março de 2006, dois anos após o desabamento ocorrido em 2004, sendo que o anterior ocorreu somente 16 anos antes, em fevereiro de 1988. Os turistas podem observar o fenômeno a 200 metros de distância, em instalações especialmente construídas para este fim. Este último desabamento foi presenciado por cerca de vinte felizardos.

Também é possível caminhar sobre a geleira, desde que se use sapatos e roupas adequados e acompanhado de guias especialmente treinados.



Visão frontal geleira Perito Moreno, foto historiacomgosto

 

Trekking  sobre a geleira Perito Moreno


No Perito Moreno é possível fazer um trekking sobre a superfície do gelo com guias especializados. Os guias de montanha levam para bem perto da geleira para pegar os crampones e formar grupos de até 20 pessoas para iniciar a travessia de aproximação.

Já na geleira e com os crampones colocados, o mundo toma uma nova perspectiva: lagoas azuis, profundas rachaduras, enormes sumideiros, mágicas covas.



Trekking sobre a geleira, foto historiacomgosto

Durante a caminhada de cerca de 1h30 os guias explicam sobre a flora e fauna e sobre glaciologias geral da região, explicando sobre o fenômeno específico de rupturas do Glaciar Perito Moreno.




5. - Rios de Hiello - Outros Glaciares no Parque Nacional


Além do Perito Moreno temos outros glaciares que podemos visitar navegando de catamarã pelo lago Argentino. O embarque é  no Porto Punta Bandera que fica a 47 Km de El  Calafate. 

A vista do lago em si já é algo surpreendente. A cor azul glaciar de suas águas acompanhadas do nascer do sol é uma combinação realmente perfeita!

Conforme se navega avista-se montanhas e em dias mais úmidos, podem ser avistados diversos arcos-íris pelo caminho.

Já mais próximos ao Glaciar Upsala, mesmo antes de vê-lo, já começamos a encontrar gelo e icebergs gigantes pelo lago. 

 
Rios de Hielo, foto historiacomgosto


Passamos muito próximos aos icebergs e podemos visualizar suas diferenças de cores e tamanho.


Iceberg, foto historiacomgosto


Entrando no Canal Upsala visualizamos então o famoso glaciar. Vemos sua imensa parede encostando a água e podemos observar parte de sua extensão pelas montanhas. Uma vista realmente privilegiada.

Glaciar Upsala 


Situado no Parque Nacional Los Glaciares, Upsala é o terceiro maior glaciar da América do Sul. Com superfície de 765 quilômetros quadrados e paredes de até 40 metros de altura, de acordo com medições do Centro de Interpretação Glaciarium, realizadas em maio de 2011, ocupa um vale alimentado por vários outros glaciares e flui desde o Campo de Gelo do Sul da Patagônia até o Lago Argentino. 


glaciar upsala, fonte Wikipedia


Atualmente, a geleira enfrenta um drástico processo de retrocesso que provoca desprendimentos de blocos de gelo com matizes impressionantes de azul que podem ser observados de perto em passeios de barco. Batizado em 1908, foi nomeado em homenagem à Universidade de Uppsala, uma das instituições de ensino mais antigas da Suécia, onde foram feitos os primeiros estudos sobre a região após o descobrimento do glaciar. (fonte: brasileiros na argentina)


Glaciar Spegazzini


O glaciar Spegazzini é uma das geleiras mais importantes do Parque Nacional Los Glaciares,  integrando a terceira maior extensão de gelo do planeta, o chamado Campo de gelo sul da Patagônia. É alimentado por dois outros glaciares: Mayo Norte e Peineta.

Em medições do ano de 2010, possuía 1,3 km de largura por 17 km de comprimento, totalizando 137 km² de superfície de gelo. A retração da geleira Spegazzini é considerada mínima em relação as demais geleiras da região, tendo retrocedido apenas 150 metros e perda de 0,07 km², no período 1968-2010.

Glaciar Sperazzini, foto historiacomgosto


Uma de suas características principais é a alta parede de desprendimento, considerada a mais alta do Parque Nacional Los Glaciares, com picos entre 80 e 130 metros, enquanto as de outros glaciares do parque ficam na media de 60 metros. Essa alta parede de gelo é a origem de icebergs de formas e cores variadas e está firmemente apoiada no fundo do lago a uma profundidade de cerca de 150 metros.

Deve seu nome ao botânico Carlos Luis Spegazzini, que foi o primeiro a estudar a flora local.

Glaciar Viedma 


O Viedma é o maior glaciar argentino e o segundo maior glaciar da América do Sul, logo depois do Pio XI, no Chile. O glaciar apresenta cerca de 25 km de comprimento e 2,3 km de largura numa massa aproximada de 945 km2. O acesso ao glaciar Viedma é feito a partir de El Chaten que fica a 213 Km de El Calafate, mas faz parte do Parque Nacional.


6. - Balcones


Os Balcones de Calafate se situam no Monte Huyliche, ao qual o acesso é feito por uma estrada acidentada e íngreme com carros com tração nas quatro rodas (4×4).

Os Balcones são mirantes naturais com vista panorâmica de El Calafate e do corpo principal do Lago Argentino. A paisagem é emoldurada pela Cordilheira dos Andes e, se o dia estiver claro, contempla o Monte Fitz Roy e o Cerro Torres, em El Chaltén, ao fundo, além de condores voando no céu.
 

Balcones, foto historiacomgosto

Pedra do Sombrero  

Nas proximidades, estão o Labirinto de Pedra (Laberinto de Piedras), que reúne formações do Período Cretáceo, e a Pedra dos Chapéus (Piedra de los Sombreros), uma rocha rara com agregação sólida de óxido de ferro. 


Pedra do Sombrero, foto historiacomgosto


7. - Glaciarium  


O Glaciarium é um moderno museu de explicação sobre glaciares e geleiras, construído para educar sobre a formação dos glaciares no campo de gelo da patagônia sul. Ele foi inaugurado em 17 de janeiro de 2011 e a Presidente Cristina Kirchener presenciou a cerimônia. 

Localização do Glaciarium -
 
Área em frente ao Glaciarium com vista para o Lago Argentino, foto historiacomgosto


Frente do Glaciarium

Entrada do Glaciarium, foto historiacomgosto


8. - El Calafate, Vila (fotos historiacomgosto) 


Rua Principal -Av. del Libertador General San Martin


Em El Calafate tudo gira em torno da avenida principal. Restaurantes, agencias de turismo, lojas de presentes, livrarias, orgãos públicos, tudo fica nessa avenida ou bem próximo a ela. É possível percorrê-la a pé e é um ótimo passeio conhecer as lojas da região.


Rua principal 2





Restaurante La Tablita e Prefeitura 

Em El Calafate temos ótimos restaurantes e, como não podia deixar de ser, a carne e o cordeiro patagônico são os pratos típicos. 



9. - Referências


Wikipedia

Brasileiros na Argentina

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