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sábado, 15 de abril de 2017

Quaresma X - Domingo de Páscoa, "A Ressurreição de Jesus Cristo", Piero della Francesca

I.- Domingo de Páscoa, "A Ressurreição de Jesus Cristo", Piero della Francesca, 1453



O afresco do 15o século de Piero della Francesca sobre "A Ressurreição de Jesus Cristo" vem de um lugar inesperado. Ao invés de uma igreja ou um santuário, ele adornou a parede da sala de reunião cívica da cidade toscana de Sansepolcro. Neste domingo de Páscoa, esta imagem triunfante de Cristo emergindo do túmulo nos leva a considerar o que sua vitória significa não só para a Igreja, mas para todo o nosso mundo.

O Evangelho nos conta como Maria Madalena e os outros discípulos descobriram o túmulo vazio e permitiram que sua tristeza evoluísse cautelosamente em possibilidade e depois em fé apaixonada. A Ressurreição aqui não nos conduz por esse caminho gradual, mas antes capta o momento em que Cristo emerge triunfante de seu túmulo. A imagem de Cristo é forte na vitória e pronta para a ação como um pé descansa em cima do seu túmulo, impulsionando-o para a frente. Seu olhar é direto, penetrante: expressão da ordem sobrenatural, da soberania suprema. Seu halo é como uma coroa, sua bandeira de triunfo é como um cetro; Cristo transita aqui não apenas da morte para a vida, mas do rabino que andou pelas estradas da Galiléia para o Senhor ressuscitado que reina em majestade. A Seqüência de Páscoa reverbera através da imagem:

A composição da cena é um dos contrastes justapostos para transmitir a transição. A forma forte e firme de Cristo emergindo da tumba contrasta com os corpos flácidos mas soltos dos quatro guardas dormindo diante dele. Em contraste especial são os olhos fechados, em oposição ao olhar direto do Senhor acima. As figuras estão dispostas em uma formação triangular, e é como se Cristo, no ápice do grupo, reunisse em si toda a nossa fraqueza humana, cegueira e apatia, e a transformasse em uma presença altiva e focalizada para a plenitude de vida. As árvores atrás dele reforçam este tema, à medida que as árvores secas e mortas à esquerda se transformam em folhagem total à direita na luz do amanhecer.



quadro de A Ressurreição de Cristo mostra o Cristo emergindo do túmulo triunfante com uma bandeira funcionando como o cetro da vitória.Tudo isso enquanto seus guardas dormem apáticos



Em Sansepolcro, este afresco estava na prefeitura, anunciando seu "Aleluia" não na igreja mas na esfera pública. Nesta época de Páscoa, Cristo ressuscitou nas nossas igrejas, mas também em nossas casas, comunidades e locais de trabalho. Toda a criação é iluminada pelo novo amanhecer iluminando o Senhor Ressuscitado. Cristo, nossa esperança surgiu - trazendo o triunfo da vida em todos os contextos em que vivemos.


Comentário é de Daniella Zsupan-Jerome, professora assistente de liturgia, catequese e evangelização na Universidade Loyola de Nova Orleans.


II. - Piero della Francesca


Piero Della Francesca (1415 — 1492) foi um pintor italiano do "Quattrocento", nome dado à segunda fase do movimento Renascentista italiano. Tal qual os grandes mestres de seu tempo, Piero primou sempre pela criatividade em relação ao passado medieval, apresentando técnicas e temáticas inovadoras como, por exemplo, o uso da tela e da pintura a óleo, o retrato, a representação da natureza, o nu, e, sobremaneira, a perspectiva e a criação do volume. 

No século XV, Piero Della Francesca, desenvolveu uma pintura pessoal e solene, misturando formas geométricas e cores intensas. Sua pintura se diferencia pela utilização da geometria espacial e abstração.


III. - Reflexão sobre a Ressurreição - Papa Francisco



Mensagem Urbi et Orbi da Páscoa de Ressurreição 2015

Queridos irmãos e irmãs,
Feliz Páscoa

Jesus Cristo ressuscitou!

O amor venceu o ódio, a vida venceu a morte, a luz afugentou as trevas!

Por nosso amor, Jesus Cristo despojou-Se da sua glória divina; esvaziou-Se a Si próprio, assumiu a forma de servo e humilhou-Se até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e fê-Lo Senhor do universo. Jesus é Senhor!

Com a sua morte e ressurreição, Jesus indica a todos o caminho da vida e da felicidade: este caminho é a humildade, que inclui a humilhação. Esta é a estrada que leva à glória. Somente quem se humilha pode caminhar para as «coisas do alto», para Deus (cf.Col 3, 1-4). O orgulhoso olha «de cima para baixo», o humilde olha «de baixo para cima».

Na manhã de Páscoa, informados pelas mulheres, Pedro e João correram até ao sepulcro e encontraram-no aberto e vazio. Então aproximaram-se e «inclinaram-se» para entrar no sepulcro. Para entrar no mistério, é preciso «inclinar-se», abaixar-se. Somente quem se abaixa compreende a glorificação de Jesus e pode segui-Lo na sua estrada.

A proposta do mundo é impor-se a todo o custo, competir, fazer-se valer… Mas os cristãos, pela graça de Cristo morto e ressuscitado, são os rebentos duma outra humanidade, em que se procura viver ao serviço uns dos outros, ser não arrogantes mas disponíveis e respeitadores.

Isto não é fraqueza, mas verdadeira força! Quem traz dentro de si a força de Deus, o seu amor e a sua justiça, não precisa de usar violência, mas fala e age com a força da verdade, da beleza e do amor.

Do Senhor ressuscitado imploramos hoje a graça de não cedermos ao orgulho que alimenta a violência e as guerras, mas termos a coragem humilde do perdão e da paz. A Jesus vitorioso pedimos que alivie os sofrimentos de tantos irmãos nossos perseguidos por causa do seu nome, bem como de todos aqueles que sofrem injustamente as consequências dos conflitos e das violências em curso, e que são tantas.

Pedimos paz, antes de tudo, para a amada Síria e o Iraque, para que cesse o fragor das armas e se restabeleça a boa convivência entre os diferentes grupos que compõem estes amados países. Que a comunidade internacional não permaneça inerte perante a imensa tragédia humanitária no interior destes países e o drama dos numerosos refugiados.

Imploramos paz para todos os habitantes da Terra Santa. Possa crescer entre israelitas e palestinianos a cultura do encontro e se retome o processo de paz a fim de pôr termo a tantos anos de sofrimentos e divisões.

Suplicamos paz para a Líbia a fim de que cesse o absurdo derramamento de sangue em curso e toda a bárbara violência, e aqueles que têm a peito o destino do país se esforcem por favorecer a reconciliação e construir uma sociedade fraterna que respeite a dignidade da pessoa. E almejamos que, também no Iémen, prevaleça uma vontade comum de pacificação a bem de toda a população.

Ao mesmo tempo, confiamos esperançosos ao Senhor, que é tão misericordioso, o acordo alcançado nestes dias em Lausanne, a fim de que seja um passo definitivo para um mundo mais seguro e fraterno.

Do Senhor Ressuscitado imploramos o dom da paz para a Nigéria, o Sudão do Sul e as várias regiões do Sudão e da República Democrática do Congo. De todas as pessoas de boa vontade se eleve incessante oração por aqueles que perderam a vida assassinados na quinta-feira passada numa Universidade de Garissa, no Quénia, por quantos foram raptados, por quem teve de abandonar a própria casa e os seus entes queridos.

A Ressurreição do Senhor leve luz à amada Ucrânia, sobretudo àqueles que sofreram as violências do conflito nos últimos meses. Possa o país reencontrar paz e esperança, graças ao empenho de todos as partes interessadas.

Paz e liberdade, pedimos para tantos homens e mulheres, sujeitos a formas novas e antigas de escravidão por parte de indivíduos e organizações criminosas. Paz e liberdade para as vítimas dos traficantes de droga, muitas vezes aliados com os poderes que deveriam defender a paz e a harmonia na família humana. E pedimos paz para este mundo sujeito aos traficantes de armas, que lucram com o sangue dos homens e das mulheres.

Aos marginalizados, aos encarcerados, aos pobres e aos migrantes que tantas vezes são rejeitados, maltratados e descartados; aos doentes e atribulados; às crianças, especialmente as vítimas de violência; a quantos estão hoje de luto; a todos os homens e mulheres de boa vontade chegue a voz consoladora e curativa do Senhor Jesus: «A paz esteja convosco!» (Lc 24, 36). «Não temais! Ressuscitei e estou convosco para sempre!» (cf. Missal Romano, Antífona de Entrada no dia de Páscoa).


IV. - Referências


Ressurreição de Piero della francesca -

Piero della Francesca - Wikipedia

Reflexão do Papa Francisco: 

V - Série "Quaresma"


Quaresma I - Fé e Arte

Quaresma II - A Transfiguração de Rafael Sanzio

Quaresma III - A Samaritana

Quaresma IV - Cristo cura o cego de nascença (El Greco)

Quaresma V - Ressurreição de Lázaro por Janos Vaszary

Quaresma VI - Domingo de Ramos, pintura de Giotto di Bondone

Quaresma VII - Cerimônia do Lava Pés (pintura de Bernhard Strigel)

Quaresma VIII - Cristo e o bom ladrão

Quaresma IX - Sábado santo, "Da descida da Cruz ao Triunfo"

Quaresma X - Domingo de Páscoa, "A Ressurreição de Jesus Cristo", Piero della Francesca
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