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terça-feira, 1 de novembro de 2016

A Dormição de Maria e a sua Abadia em Jerusalém

I - A Abadia da Dormição de Maria em Jerusalém


Abadia da Dormição é uma abadia e o nome de uma comunidade beneditina em Jerusalém, no Monte Sião do lado exterior das muralhas da Cidade Antiga, próxima ao Portão de Sião.



foto externa com visão geral da Abadia da Dormição de Maria
Abadia da Dormição, foto de eFesenko


De acordo com a tradição da região, foi neste local, próximo ao lugar da Última Ceia, que a Virgem Maria morreu. Na ortodoxia e no catolicismo, e também na linguagem da Bíblia, a "morte" é geralmente chamada de "sono" ou "dormição", e foi daí que surgiu o nome original do mosteiro, sendo que a igreja foi chamada de Basílica da Assunção (ou Basílica da Dormição).

II - A Tradição da Dormição e Assunção da Virgem Maria


Durante os primeiros quatro séculos, nada se escreveu sobre o fim da vida da Virgem Maria, embora se afirme, sem documentação sobrevivente, que a Festa da Dormição já era observada em Jerusalém logo depois do Concílio de Éfeso (431). A Igreja Católica não designa um local específico para a morte da Virgem.

A tradição da Dormição está associada principalmente com Jerusalém, que abriga o Túmulo de Maria e a Basílica da Dormição de Maria, e com Éfeso, onde está a Casa da Virgem (Meryem Ana).  

Apesar da Virgem muito provavelmente ter vivido em Éfeso, com São João existe a forte crença que a sua dormição ocorreu em Jerusalém Maria teria voltado de Éfeso para Jerusalém, onde moravam seus parentes, quando o Apóstolo João retornou para participar do primeiro Concílio da Igreja (At 15,6-29).


A crença católica e ortodoxa


Na ortodoxia e no catolicismo, na linguagem das escrituras, a morte é geralmente chamada de "dormição" ou "cair no sono" . Um importante exemplo disto é o nome desta festa; outro é a dormição de Santa Ana, a Mãe de Maria. 


pintura Dormição de Maria por El Greco
Dormição de Maria, El Greco, foto Wikipedia

De acordo com as tradições ortodoxa e católica, Maria, tendo passado sua vida depois do Pentecostes apoiando e servindo a igreja nascente, estava vivendo na casa do apóstolo João em Jerusalém, quando o arcanjo Gabriel lhe revelou que sua morte ocorreria em três dias. Os doze apóstolos, que estavam espalhados pelo mundo, teriam então sido milagrosamente transportados para estar ao lado dela em seu leito de morte. 



A única exceção teria sido Tomé, que se atrasou. Acredita-se que ele tenha chegado três dias depois da morte dela, ele a teria visto partindo numa nuvem em direção ao céu. Tomé perguntou-lhe "Onde estás indo, ó Santificada?" Ela então tomou a sua cinta e deu-a para o apóstolo dizendo "Recebe isto, meu amigo!" e desapareceu. Tomé foi levado para seus companheiros e pediu para ver o túmulo de Maria, de modo que pudesse se despedir dela. 

Maria havia sido enterrada no Getsêmani, a pedido dela. Quando eles chegaram ao túmulo, o corpo dela havia desaparecido e restava apenas uma doce fragrância. Uma aparição teria então confirmado que Jesus Cristo havia levado o corpo dela para o céu após três dias para que se reunisse com sua alma. 

A teologia ortodoxa ensina que a Teótoco já havia passado pela ressurreição que todos iremos experimentar na Segunda Vinda e está no céu num estado glorificado que os demais justos também experimentarão após o Juízo Final

Arte antiga sobre a Dormição de Maria


Além da pintura sobre a dormição de Maria de El Greco temos ainda algumas outras famosas como o mosaico da "Chora Church" em Istambul, a pintura de Andrea Mantegna no Museu do Prado, ...,.

 Mosaico dourado da Dormição de Maria na Chora Church em Istambul
Mosaico "Dormição de Maria" na Chora Church em Istambul, foto de José Luiz em Wikipedia

quadro Dormição de Maria de Andrea Mantegna
Andrea Mantegna, Museu do Prado, foto Wikipedia
 quadro com a versão de Teófanes o Grego para a Dormição de Maria
Téofanes o Grego, foto Wikipedia


III - Histórico do Prédio da Abadia



Durante sua visita a Jerusalém em 1898 para a dedicação da Igreja do Redentor (luterana), o kaiser Guilherme II comprou este pedaço de terra no Monte Sião por 120 000 marcos de ouro do sultão Abdul Hamid II e o presenteou para a "União Germânica da Terra Santa" ("Deutscher Verein vom Heiligen Lande").

Foto externa da Abadia com a visão de sua construção e dos lugares que a rodeiam - Por trás da Abadia da Abdia tem uma área pedregosa
Visão geral da Basílica e seus arredores, foto de Sofia Cohen em Wikimedia Commons


O arquiteto e gerente predial da Diocese de Colônia, Heinrich Renard (1868–1928), investigou o local em 1899 e descobriu restos de uma igreja bizantina construída no início do século V chamada "Hagia Sion" e ainda de uma outra igreja maior construída no século XII pelos cruzados, chamada de Santa Maria em Monte Sion, mas  que também foi destruída em 1187.  

A direção da nova construção foi de Theodor Sandel, um membro da Sociedade do Templo e um morador de Jerusalém. A pedra angular foi colocada em 7 de outubro de 1900 e a construção terminou em apenas dez anos; a basílica foi dedicada em 10 de abril de 1910 pelo patriarca latino de Jerusalém.


IV - A Igreja


A presente igreja é um edifício circular com diversos nichos contendo altares e um coro. Duas escadas espirais levam à cripta, o local onde se acredita que ocorreu a Dormição da Virgem Maria, e também ao órgão e à galeria, de onde duas das quatro torres da igreja podem ser alcançadas.




foto com a vista interna da Abadia da Dormição - Cúpula central com bonito mosaico em baixo no solo e capelas em círculo ao redor
Vista interna da Igreja, foto de Renata Sedmakova em Shutterstock.com



Por respeito ao vizinho local sagrado muçulmano de Nebi Daud ("túmulo de David"), que atualmente ocupa o edifício onde tradicionalmente se acredita que a Última Ceia se realizou (o "cenáculo"), a torre com o sino foi construída a uma distância suficiente para que sua sombra jamais chegue a Nebi Daud. Por isso, não é possível chegar até ela por dentro da igreja.

Internamente, a basílica circular é incrível pela sua simplicidade e beleza. No centro do seu abside semicircular há um mosaico de Maria e do menino Jesus, com as figuras dos doze profetas abaixo deles.


As Capelas

Em volta da igreja há seis capelas laterais decoradas por lindos mosaicos que descrevem cenas como Maria e o menino Jesus recebendo peregrinos, a árvore genealógica de Jesus, João Batista na margem do Rio Jordão, São Benedito - o fundador da ordem beneditina, e outros santos.



foto de duas capelas laterais na Abadia
Capelas, Abadia Dormição, foto de eFesenko em Shutterstock.com


A cripta  


Duas escaleiras espirais descem para a cripta, uma sala redonda sustentada por pilares com uma escultura de Maria "adormecida" no centro. No teto acima dela está a figura de Jesus, como se estivesse zelando por ela, rodeado pelas grandes mulheres da bíblia: Eva, Miriã, Yael, Rute, Ester e Judite. Atrás desta sala principal há várias outras capelas e outros altares doados por vários países.




 foto de escultura de Maria em cima do caixão na Cripta



Esse lugar suscita muitas emoções. É uma basílica simples, não é dos lugares mais visitados de Jerusalém, mas a sua espiritualidade é muito forte. 

As palavras do Papa Bento XVI nos ajuda a meditar sobre a assunção de Maria aos céus:

"Ao contemplar Maria na glória celeste, compreendemos que também para nós a terra não é a pátria definitiva e que, se vivermos voltados para os bens eternos, um dia partilharemos a sua mesma glória e também a terra se tornará mais bela."

(Papa Bento XVI, Audiência Geral em Castel Gandolfo, 16 de agosto de 2006)

Atrás desta sala principal há várias outras capelas e outros altares doados por vários países.


V - A comunidade beneditina em Jerusalem -  Beneditinos



 foto de Monges Beneditinos dando a benção
Benção em Mosteiro Beneditino
Os primeiros monges já haviam sido enviados para Jerusalém em 1906 vindos da Abadia de Beuron na Alemanha. Eles foram internados pela primeira vez entre 1918 e 1921, depois do final da Grande Guerra. Em 1926, o mosteiro foi elevado ao status de abadia dentro da Congregação de Beuron. Entre 1939 e 1945, os monges alemães foram internados pela segunda vez e, então, pela terceira como resultado da Guerra árabe-israelense de 1948 (1947-1949). A abadia estava localizada em território controlado pelos israelenses em Monte Sião, diretamente de frente para o território controlado pelos jordanos dentro da cidade murada.

Em 1951, a abadia se separou da Congregação de Beuron e foi colocada sob a supervisão direta do abade-primaz da Confederação Beneditina em Roma.

A comunidade elegeu seu primeiro abade em 1979.

VI - Referências


Wikipedia - Abadia da Dormição em Jerusalem / Dormição de Maria

A abadia da dormição:
https://www.holyland-pilgrimage.org/pt-pt/abadia-da-dormi%C3%A7%C3%A3o-no-monte-sion