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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O Palácio Peterhof - Arredores de São Petersburgo

I - Peterhof - Resumo Histórico


Vista dos jardins e parte frontal do Palácio Peterhof, foto historiacomgosto


Construído pelo Imperador Pedro I, O Grande, pertencia a família imperial russa. O prédio da foto é conhecido como o "Grande Palácio". Existem várias outras construções / pavilhões nessa área.

Interessado em ter uma melhor via de acesso marítima para a Europa Ocidental, o Czar Pedro I, O Grande, iniciou a construção de São Petersburgo em 1703. Em 1712, mesmo com a cidade ainda inacabada, Pedro I transferiu a capital do império para São Petersburgo, que assim permaneceu até 1918.

Peterhof, que significa "a corte de Pedro", foi construída para ser uma residência de verão, local de descanso, e também local de receber convidados. Em Agosto de 1723 foi feita a abertura oficial de Peterhof com 03 palácios, 02 cascatas e 16 fontes.

O "Grande Palácio" as fontes e os jardins foram posteriormente sendo enriquecidos por Isabel, filha de Pedro I e sua sucessora, e também pela Imperatriz Catarina II que gostava de realizar grandes festas nos seus recintos.
Durante a II guerra mundial Peterhof foi ocupado pelos nazistas durante os 03 anos em que durou o cerco de Leningrado (São Petersburgo). Ao final do cerco os nazistas incediaram o "Grande Palácio" e destruíram a maior parte dos jardins ao redor.


Após o fim da guerra o complexo de Peterhoff foi aos poucos sendo recuperado e é hoje um dos maiores atrativos para quem visita São Petersburgo.


II -  Peterhof em detalhes


a)  A localização

Para garantir o acesso a Europa por via maritima o Czar Pedro precisava ter o livre acesso ao mar báltico via o golfo da Finlandia. Para uma maior proteção militar a ilha de Kotlin que fica logo na entrada de São Petersburgo, cerca de 30 Km de distância,  tinha uma importância estratégica.  Essa ilha pertencia a Suécia e o primeiro passo do Czar foi tomá-la em 1703. 

Na ilha de Kotlin Pedro construiu a fortaleza de Kronstadt e um porto comercial para São Petersburgo, visto que na entrada da cidade a profundidade era pequena para navios de guerra e comercial. 



Localização do Peterhof em relação a São Petersburgo e ao Golfo da Finlandia mostrando ainda a Ilha de Kotlin


A Suécia nessa época era a potencia dominante na área. No dia 27 de Junho de 1709, deu-se a Batalha de Poltava, na qual Pedro, o Grande conseguiu repelir as tropas do Rei Carlos XII da Suécia, o que lhe permitiu assumir de novo ao Golfo da Finlândia, controlando a franja litoral entre Duina Ocidental e Vyborg.

Estes territórios, considerados pelos russos como a porta do Ocidente, eram uma premissa essencial para garantir o desenvolvimento económico do país. A Batalha de Poltava merecia, por isso, ser dignamente celebrada, e a melhor forma de fazê-lo seria através da construção de uma suntuosa residência que fosse capaz de rivalizar com os mais faustosos palácios dos soberanos Ocidentais e, ao mesmo tempo , constituisse um símbolo do seu poder autocrático. 

Contudo, foi necessário esperar até 1714 para que, consolidadas as posições russas no Báltico Meridional, as obras pudessem ser iniciadas, num local junto ao mar e à fortaleza marítima de Kronstadt, onde Pedro, o Grande se instalava, desde 1705, durante as suas permanências em São Petersburgo.



As primeiras menções de Pedro, o Grande a Peterhof encontram-se no seu diário, com data de 1705, durante a Grande Guerra do Norte, referindo-se a ele como um bom local de construção de um pouso para usar nas viagens de e para a fortaleza insular de Kronstadt. 

Em 1714, Pedro começou a construção, no que viria a ser o parque de Peterhof, do palácio de Monplaisir (meu prazer), baseado nos seus próprios esboços. Este foi o Palácio de Verão que Pedro usaria nas suas viagens entre a Europa e o porto marítimo de Kronstadt.


b) O porto de chegada  

A melhor maneira de ir a Peterhof é de barco. A partida é em frente ao Museu Hermitage. No verão a procura é muito grande e dificilmente você chega e consegue embarcar na mesma hora. Por isso procure comprar o ticket logo cedo. O barco é um catamarã e a duração da viagem é em torno de 40 minutos. O desembarque é pelo lado dos jardins de baixo. Compre logo o bilhete de ida e volta e cuidado com o horário. Passamos uma tarde e foi pouco tempo. No verão, que foi o nosso caso, a fila de entrada para a visita do palácio durou mais de 01 hora. 



porto de chegada para o Palácio Peterhof, foto historiacomgosto


c) Canal / Jardins de Entrada

Um jardim barroco russo, inspirado em Versailles e desenhado por um aluno de Le Notre (Jean-Baptiste Le Blond). Pedro, o Grande era admirador de Versailles. Para seu próprio palácio de verão  ele escolheu uma localidade  com um bom abastecimento de água. Ele fica em um terraço natural com vista para o mar Báltico.

Uma cascata de mármore fabulosa flui do palácio em direção ao mar, ao longo do canal Samson. Ele simboliza a conquista da costa do Mar Báltico na Grande Guerra do Norte da Rússia. A cascata é forrada com estátuas douradas e leva a uma bacia com uma estátua dourada de Sansão. Na frente sul do palácio tem um jardim, como a própria St Peterburg, que é um símbolo impressionante do desejo de Pedro para fazer da Rússia uma potência europeia sofisticada. 

Ele contém 173 fontes. Elas estão alinhadas com o canal. Para além do simbolismo não intencional de um país pobre despejando água e ouro em um oceano do norte, a figura de Sansão combatendo o leão poderia retratar uma  personalidade um pouco bárbara, embriaguez ou o gosto de Pedro para a tortura. 

Em vez disso, o que se vê é o lado iluminado do seu caráter. Petrodvorets foi destruída na Segunda Guerra Mundial, mas depois reconstruída como um símbolo do imperialismo soviético. (https://www.gardenvisit.com/gardens/peterhof-petrodvorets)

vista áerea dos canais do jardim do Palácio, foto Anastasia Guseva shutterstock.com






d) O Grande Palácio e suas fontes

O núcleo original do Grande Palácio (Bolshoi Dvorets) foi criado para Pedro I da Rússia, pelo francês Alexandre Le Blond. Este edifício passou a dominar o soberbo declive do Parque Inferior a partir de 1725, disposto para entreter e acolher os ócios do casal Imperial, embora por pouco tempo, uma vez que Pedro faleceu nesse mesmo ano.


Escadaria principal com esculturas, foto historiacomgosto


A Grande Cascata e a Fonte de Sansão

Grande Cascata tomou como modelo uma outra construída por Luís XIV de França no seu Château de Marly, palácio que é igualmente comemorado num dos pavilhões de Peterhof, o Pavilhão de Marly.

No centro da cascata fica uma gruta artificial com duas escadarias, coberta no exterior e no interior com pedra castanha talhada. Actualmente, esta gruta contém um modesto musus da história das fontes. Uma das peças expostas é uma mesa carregando uma taça de frutos artificiais, uma réplica de outra mesa semelhante construida sob a direcção de Pedro I. A mesa e manipulada por jactos de água que molham os visitantes quando eles alcançam os frutos, um elemento dos jardins maneiristas que permaneceu popular na Alemanha. A gruta liga-se ao palácio por um corredor dissimulado.



Esculturas da Grande Cascata - foto HistoriacomGosto


As fontes da Grande Cascata estão localizadas abaixo da gruta, de cada um dos seus lados. As suas águas fluem para um tanque semi-circular, o final do Canal Marítimo alinahdo com a fonte. 

Na década de 1730, a grande Fonte de Sansão foi colocada no tanque. Esta tem um duplo simbolismo ao descrever o momento em que as lágrimas de Sansão abrem as mandíbulas do leão, representando a vitória da Rússia sobre a Suécia na Grande Guerra do Norte. O leão é um elemento do brasão da Suécia, e uma das grandes batalhas da guerra, a Batalha de Poltava, foi vencida no dia de São Sansão. A partir das mandíbulas do leão ergue-se um jacto de água vertical com vinte metros de altura, o mais alto de Peterhof.

 Esta obra de mestre, concebida por Mikhail Kozlovsky, foi pilhada pelos invasores alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Uma réplica da estátua foi instalada em 1947.


Fonte de Sansão contra o Leão, foto Ilona5555 em shutterstock.com


Provavelmente, a maior realização tecnológica de Peterhof consiste no fato de todas as fontes funcionarem sem o uso de bombas. A água é fornecida por nascentes naturais e recolhida em reservatórios situados nos Jardins Superiores. A diferença de elevação cria a pressão que activa as fontes dos Jardins Inferiores, incluindo a Grande Cascata. A Fonte de Sansão é abastecida por um aqueduto especial com mais de 4 km, o qual garante água e pressão a partir de uma fonte mais elevada.


Vista para o píer de embarque e desembarque - foto HistoriacomGosto


e) O interior do Grande Palácio


Isabel da Rússia, a filha e sucessora de Pedro, o Grande, que reinou entre 1741 e 1762, também se instalou em Peterhof, onde encarregou o arquitecto italiano Bartolomeo Rastrelli de proceder a várias obras de ampliação, sendo as mais notáveis as empreendidas no Grande Palácio, para atender o desejo de Isabel por um palácio mais adequado às exigências de representação da Corte. 

Depois de concluidas as obras, o palácio estava apto para acolher a Imperatriz Isabel, os hóspedes das suas memoráveis festas e os intelectuais do seu salão, como o historiador Tatiscev, o poeta Kantemir, ou o escritor e cientista Lomonosov, o fundador da Universidade de Moscovo.

Embora pareça ser muito grande visto de fora, o Grande Palácio na realidade é estreito e tem pé direito relativamente baixo. Entretanto a beleza de suas salas valoriza o seu interior.


Sala do Trono - foto de Sergey Bogomyako

Outra das Imperatrizes da Rússia a passar por Peterhof foi Catarina II, cujas festas, espectáculos pirotécnicos conversas eruditas com a nata da inteligentziaeuropeia, além do já conhecido desfile de amantes, alegraram as suas permanências no palácio. 

O espírito iluminado do seu reinado reflecte-se no equilíbrio interior das salas mais tardias do palácio, datadas da segunda metade do século XVIII, segundo austeros e imponentes cânones Neoclássicos, executados por G. Veldten, discípulo de Rastrelli.

Catarina II, também conhecida como Catarina casou-se com o filho de Isabel, Pedro III que logo faleceu e segundo a lenda vítima de um complô da própria esposa. 




Interior do Grande Palácio - fotos de Sergey Bogomyako


Sala de Chesma, Peterhof, foto de Sergey Bogomyako


A sala de Chesma está decorada com doze grandes pinturas sobre a batalha do mesmo nome, uma retumbante vitória naval da Guerra Russo-Turca, (1768-1774. Estes quadros foram pintados entre 1771 e 1773 pelo artista alemão Jacob Philipp Hackert. As suas primeiras interpretações das grandes cenas da batalha foram criticadas por testemunhas, por não mostrarem, de uma forma realista, o efeito das explosões dos navios — as madeiras voadoras, grandes chamas, fumo e bolas de fogo. 

Catarina II auxiliou o artista, ao fazer explodir uma fragata no porto de Livorno, Itália, para benefício de Hackert, que nunca assistira a uma batalha naval. Hackert também não investigou as posições reais das forças russas e turcas durante a batalha e, por esse motivo, as cenas representadas são um tanto fantásticas, embora transmitam, efectivamente, o drama e a destruição de uma batalha naval.


Portal - foto Sergey Bogomyako
Sala dos Retratos - foto de Sergey Bogomyako

Outra sala, localizada no centro do palácio, recebe o nome de Sala dos Retratos. As suas paredes estão quase totalmente cobertas por uma série de 368 retratos, a maior parte de mulheres vestidas de forma diversa, diferindo na aparência e mesmo na idade, e a maioria deles com um único modelo. Estes foram comprados, em 1764, à viúva do artista italiano P. Rotari, que morreu em São Petersburgo.


f) As capelas laterais


Ao lado do edifício principal do Grande Palácio temos duas capelas, uma de cada lado. 

Igreja de São pedro, foto historiacomgosto

g) Os jardins frontais do Grande Palácio




h) Jardim superior


Na parte de trás do Grande Palácio tem um jardim enorme chamado de Jardim Superior.


Jardim Superior do Peterhof - foto de Brian Kinney


h) MontPlaisir

Monplaisir foi o primeiro pavilhão construído por Pedro, o Grande no parque de Peterhof. Era aqui que o Pedro tinha o seu Estúdio Marítimo, do qual podia ver a Ilha de Kronstadt e São Petersburgo.


Pavilhão do Mont Plaisir, foto Telia em shutterstock.com


É o mais elegante dos edifícios construídos no parque. É uma construção baixa, de ladrilho, de linhas muito simples e ladeada por duas galerias fechadas por pequenos pavilhões; o interior é igualmente simples, com salas de boiseries (apainelamentos), painéis lacados e pequenas louças de majólica. A fachada meridional, aligeirada por grandes janelas, dá para um dos ângulos mais belos e retirados de todo o conjunto: um pequeno e silêncioso jardim quadrado, cheio de canteiros floridos, ousadas fontes, esculturas de bronze dourado e repuxos de água que brotam inesperadamente entre os matagais.

É neste pavilhão que se reúne uma parte da rica colecção de arte que Pedro, o Grande foi adquirindo durante as suas viagens ao estrangeiro.

i) Igreja de São Pedro e São Paulo


O trabalho de construção dessa igreja começou em 25 de julho de 1895. A construção foi projetada pelo arquiteto Sultanov, cujos trabalhos incorporavam as tradições da "arquitetura de velha Rússia". Conforme suas próprias palavras "os motivos da fachada foram inspiradospelas formas usadas nas igrejas russas dos séculos 16 e 17, caracterizadas por sua riqueza e beleza. 


Igreja de São Pedro e São Paulo em Peterhof, foto de lladyjane em Shutterstock


A construção constitue uma composição única com muitas camadas, coroada por cinco cúpulas e separada internamente por uma galeria coberta dedicada a procissões religiosas. As paredes exteriores são feitas com tijolos e telhas vitrificadas. 

O interior da Igreja, com três altares, são mavilhosamente decorados. Todas as iconostaes da igreja foram confecionadas com marmore de carrara.

Um processo de restauração foi iniciado em 1975 e em 1989 a igreja foi entregue ao Departamento Diocesano de São Petersburgo. 

III - Referências



Wikipedia - Peterhof; Maior parte do texto sobre Peterhof


http://www.gardenvisit.com/gardens/peterhof-petrodvorets - Texto sobre os jardins

Saint Petersburg - texto de Natalia Popova e Andrei Fedorov (Igreja São Pedro e São Paulo)

Fotos:
HistoriacomGosto: partes externas e outras qdo não houver crédito, 
Sergey Bogomyako  e outros em Shutterstock.com: partes internas e outras conforme créditos